Ricardo André
“Um
bom nome é melhor do que um perfume finíssimo” (Eclesiastes 7:1, NVI)
Em seu tom sapiencial,
Salomão enfatiza o valor de “um bom nome”, ou seja, o valor da boa reputação, da
boa fama, do bom caráter e de exercer influência positiva na vida das pessoas
que estão associadas a nós. Assim, de certo modo, Salomão fala de prioridades.
E uma das prioridades na vida é obter um bom nome, porque perdurará; uma pessoa
má, ímpia, estará aqui e passará, talvez como a fragrância de um perfume. Salomão
está nos lembrando que a busca desenfreada por prazeres, fama e riqueza
terrenos não deve obscurecer a importância da nossa reputação e do nosso
legado. O bom nome e a honra que deixamos para trás tem um valor duradouro e
transcendem a efemeridade das satisfações momentâneas. Então, como é importante que priorizemos
nossas ações. Que coisas fazemos que terão efeito duradouro, mesmo eterno, em
contraste com as coisas que logo passarão e serão esquecidas? Certamente, vale
a pena pensar sobre isso.
Todas as pessoas que
nascem recebem um nome, comumente escolhido pelos pais ou por outro parente. Alguém
já disse que “o nome é uma etiqueta que carregaremos por toda a nossa vida”.
Todo mundo tem direito ao nome, que é composto de prenome e sobrenome. O nome é
uma das primeiras escolhas que os pais fazem para o seu filho e, a principal
função do nome é nos identificar, nos permitir que sejamos diferenciados entre
as outras pessoas. Há quem diga que o nome poderá definir a personalidade da criança
e, até mesmo, influenciará no sucesso do seu futuro profissional e amoroso.
Porém, mais que isso, o nome está diretamente ligado à formação da identidade
do nosso filho. Você sabe a razão por que foi colocado seu nome e o significado
dele? Alguém pode ter recebido o nome em homenagem ao pai ou algum antepassado,
ou porque o seu nome tem um significado especial, ou porque queriam um nome
bíblico, impressionados por alguma celebridade.
O nome de meu único
filho é Martin Luther King Santana Souza. Mesmo antes de casar, quando ainda
era um jovem professor de História, eu tinha escolhido esse nome para colocar
no meu filho quando casasse e tivesse um. Como eu gosto muito da história de
Martin Luther King, o grande ativista dos direitos civis dos negros estadunidenses,
em homenagem a ele e por tudo o que ele representou para os negros, pus seu
nome no meu filho.
Os nomes tendem a
seguir a moda por um tempo e logo desaparecem. Por exemplo, segundo a Agência
Brasil, em 2023, os nomes preferidos pelos brasileiros e mais registrados nos
cartórios brasileiros foram: Miguel, Helena, Gael, Davi, Ravi, Noah, Isaac,
Aurora, Ísis, Maya, Liz, Maitê, Eloá, Theo, Arthur, Heitor, Maria Alice, Alice e
Laura. Sabemos que os nomes são importantes nas Sagradas Escrituras, tanto é
verdade que alguns nomes de personagens bíblicos foram trocados, a exemplo de Saulo
para Paulo, Jacó para Israel, Daniel para Beltessazar.
Estamos falando da
relevância dos nomes, porque quero dizer que faz 163 anos, que em 1860, um nome
foi escolhido e que se tornou muito importante para todos nós.
A
ESCOLHA DO NOSSO NOME DENOMINACIONAL
O ano de 1860 tem sido
lembrado por vários historiadores por várias de razões, algumas delas muito
significativas, por outro lado outras sem muito significado: (1) Invenção da
fotografia colorida pelo físico e matemático escocês James
Clerk Maxwell. (2) Giuseppe Garibaldi começou seu ataque a Palermo, Sicília, o
marco da Unificação Italiana. (3) Abraão Lincoln foi eleito presidente dos
Estados Unidos. (4) Carolina do Sul (USA) foi o primeiro estado a separar-se
dos Estados Unidos da América.
No entanto, algo de
maior importância para nós aconteceu nesse mesmo ano. Quando os adventistas
decidiram enquadrar a obra de publicações na leis do estado de Michigan,
sentiram a necessidade de escolher um nome. Eles resistiram durante quase 40
anos escolher um nome para sua denominação emergente. Algumas pessoas se opuseram
à escolha de um nome, porque receavam que isso levasse os adventistas a se
tornar uma denominação a mais. Pior ainda, a igreja poderia ser vista como
"Babilônia". No dia primeiro de outubro de 1860, um grupo de Adventistas
guardadores do sábado reunidos em
assembleia da Associação Geral (28 de setembro a 1° de outubro), numa casa em
Batel Creek, Michigan para, entre outras coisas, escolher o nome não somente
para incorporar à primeira imprensa da igreja, como também foi recomendado para
as nossas igrejas locais. Alguns delegados sugeriram “Igreja de Deus”. Contudo,
a liderança ressaltou que havia muitos grupos com esse nome. Finalmente, David
Hewit, conhecido como “o homem mais honesto” em Battle Creek, levantou-se e
propôs: “Resolvido, que adotemos o nome de Adventista do Sétimo Dia”. (C.
Mervyn Maxwell. História do Adventismo
[Santo André, SP: CPB, 1982], p. 148,149). Sua proposta foi aprovada, e
muitos delegados reconheceram que era um nome “expressivo de nossa fé e posição
[doutrinária]”. Quando esse nome foi discutido, Deus
impressionou os líderes da igreja que esse nome era o melhor.
Ellen G. White,
presente naquela histórica assembleia, permaneceu em silêncio durante o debate,
mas posteriormente, em 1861, declarou sua célebre opinião. Após as reuniões,
escreveu: “Não podemos adotar outro nome melhor do que esse, que concorda com a
nossa doutrina, exprime a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome
Adventista do Sétimo Dia é uma contínua acusação ao mundo protestante. [...] O
nome Adventista do Sétimo Dia exibe o verdadeiro caráter de nossa fé. [...] Como
uma flecha na aljava do Senhor, fere os transgressores da lei divina, induzindo
ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus Cristo” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [Tatuí, SP: CPB, 2009],
v. 1, p. 223, 224).
Ellen G. White afirma
categoricamente que nunca deveríamos nos envergonhar ou temer usar o nosso nome
denominacional, pelo contrário, temos que tomar firme posição às verdades que o
nome de nossa igreja carrega. Ela escreveu: “Somos adventistas do sétimo dia.
Envergonhamo-nos, acaso, de nosso nome? Respondemos: ‘Não, não! Não nos
envergonhamos. É o nome que o Senhor nos
deu. Esse nome indica a verdade que deve ser o teste das igrejas.’ Carta
110, 1902.
“Somos adventistas do
sétimo dia, e desse nome nunca nos devemos envergonhar. Cumpre-nos, como um
povo tomar firme posição ao lado da verdade e da justiça. Assim glorificaremos
a Deus. Havemos de ser livrados de perigos, e não enredados nem corrompidos por
eles. Para que isto aconteça, precisamos olhar sempre a Jesus, Autor e Consumador
de nossa fé. Carta 106, 1903.” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas [Tatuí, SP: CPB, 1988], v. 2 p. 384)
O SIGNIFICADO DO NOME
O nome "Adventista
do Sétimo Dia" move-se em duas direções: "O Sétimo Dia" aponta
para trás, para a crença de que Deus criou o mundo, enquanto
"Adventista" aponta para frente, para a crença de que Deus tem um
destino escatológico para aquele mundo. Enquanto o sábado do sétimo dia nos
enraíza na origem do Criador da vida, a esperança do Advento nos leva ao fim da
história e ao início do novo céu e da nova terra.
Considerando, portanto,
quanto de quem somos e daquilo em que acreditamos se encontra em nosso próprio
nome, é razoável perguntar: O que é um
Adventista do Sétimo Dia?
Um adventista é aquele
que aguarda com expectativa o segundo advento de Cristo por quem “todas as
coisas foram criadas: as coisas nos céus e na terra, visíveis e invisíveis” (Cl
1:16), que marcará o fim deste velho mundo de pecado, sofrimento e dor, e o
início de uma nova ordem de coisas apenas porque Aquele que vem revelou-se
capaz de originar uma criação "muito boa" (Gn 1:31), mesmo do nada
(Hb 11:3). É com base nesta verdade bíblica que os Adventistas do Sétimo Dia
acreditam que a redenção da humanidade se materializará – não através da
melhoria do mundo atual, mas através da criação de um novo (Ap 21:1-5).
Esperamos o advento do
Criador, e o Criador é o Redentor. Para muitos, a mensagem da segunda vinda de
Cristo não passa de mito, mas o Senhor prometeu que voltaria, e Sua Palavra não
falha. “Voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou,
estejais vós também” (Jo 14:1-3). Essa promessa é a “bendita esperança”
de todo crente (Tito 2:13), porque marcará o início de uma nova vida que jamais
terá fim. Assim, Ele pode prometer: “Estou fazendo novas todas as coisas”, e
nós, por sua vez, podemos confiar que “estas palavras são verdadeiras e dignas
de confiança". (Apocalipse 21: 5).
Já a expressão “Sétimo
Dia” aponta para o Sábado, que vem da Criação. A criação é muito relevante,
fundamental para tudo o que cremos como cristãos; é a maior evidência de Seu
poder, grandeza e natureza divina (Rm 1:19, 20). Portanto, não admira que o
indestrutível monumento comemorativo da criação – o sábado seja tão importante.
Ele fala das nossas raízes mais profundas. O Senhor quer lembrar-nos, cada
semana, que estamos aqui não por acaso, mas porque Ele nos criou. O sábado é
esse lembrete semanal. O quarto mandamento da Lei de Deus diz:
“Lembra-te do dia de
sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o
sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu,
nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu
animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez
o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia,
descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo
20:8-11). Se o guardamos da maneira como Ele quer, nunca estaremos em perigo de
esquecer nossas raízes. A discussão sobre o sábado não trata meramente de um
dia; trata de sermos lembrados – cada semana! – da verdade mais fundamental e
mais básica de nossa existência – somos seres criados por Deus com um
propósito.
O sábado é também
símbolo da salvação e redenção. Na segunda versão da
Lei de Deus, registrada no livro de Deuteronômio, está escrito: “Porque te
lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou
dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te
ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt 5:15). A razão adicional do
mandamento do sábado é que Deus tem um plano concreto para nos salvar da
escravidão do pecado. “Assim como o Israel literal foi liberto da servidão do
Egito, o povo de Deus em Cristo foi liberto da servidão do pecado (Rm 6:16-18).
Portanto, o sábado se torna para o cristão um memorial não apenas da criação,
mas da recriação da imagem de Deus no coração e na mente. Assim o sábado é um
sinal de santificação (Ez 20:12), de redenção, bem como de criação” (Comentário Bíblico Adventista (Tatuí, SP:
CPB, 2011], v. 1, p. 1065). Além da redenção, é também a maior demonstração
do Seu amor. Os adventistas do sétimo dia celebram estes dois eventos – a
criação e depois a redenção. O sábado simboliza ambos.
Ellen White escreveu: “A
todos quantos recebem o sábado como sinal do poder criador e redentor de
Cristo, ele será um deleite. Vendo nele Cristo, nEle se deleitam. O sábado lhes
aponta as obras da criação, como testemunho de Seu grande poder em redimir. Ao
passo que evoca a perdida paz edênica, fala da paz restaurada por meio do
Salvador. E tudo na Natureza Lhe repete o convite: "Vinde a Mim, todos os
que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei." Mat. 11:28” (O Desejado de Todas as Nações [Tatuí, SP:
CPB, 2004], p. 289).
Santificar o sábado é
uma exaltação tão poderosa de Deus como Senhor da vida que, como disse Ellen
White, “houvesse sido o sábado sempre observado de maneira sagrada, e nunca
poderia ter havido um ateu ou um idólatra” (Patriarcas e Profetas [Tatuí, SP: CPB, 2007], p. 336). Apenas por
santificar o sábado, sem qualquer proclamação adicional, cada crente adventista
do sétimo dia exalta a Deus e testifica que Ele fez o mundo em seis dias e
descansou no sétimo. Tal observância também testemunharia o amor de Deus pela
humanidade, conforme revelado desde a Criação, dando aos Seus filhos, todas as
semanas, um dia para descanso e comunhão especial (Mc 2:27). Ao adorar no
sábado, os Adventistas do Sétimo Dia demonstram a sua convicção pessoal de que
Deus, e não um processo evolutivo, é responsável pela existência de tudo o que
existe. A crença no sábado constitui o maior baluarte contra o progresso da
teoria da evolução.
Tal como aconteceu com
o Segundo Advento, o mesmo acontece com a guarda do sábado. O dia é importante
apenas por causa da Pessoa com quem adoramos e com quem temos comunhão durante
seu horário. Nenhum outro dia tem o mesmo significado que um dia de adoração
para os Adventistas do Sétimo Dia, porque o Criador reservou apenas o sábado
para esse propósito especial.
Quem,
então, é adventista do sétimo dia? No contexto da
doutrina bíblica da Criação, um Adventista do Sétimo Dia é um cristão que
acredita e defende a Criação bíblica, que declara ao mundo que Deus é o Criador
de todas as coisas, que adora e serve ao Criador – o Único a seja louvado para
sempre (Rm 1.25), que observa o sábado do sétimo dia como um memorial da
Criação e da redenção, e que espera pela consumação final de todas as coisas
quando a criação se unir para proclamar: “Digno és, nosso Senhor e Deus, para
receber glória, honra e poder, pois tu criaste todas as coisas, e por tua
vontade elas foram criadas e existem” (Ap 4:11).
CONCLUSÃO
Por 163 anos o Senhor
tem abençoado a sua Igreja. Por esse motivo estou muito feliz e orgulhoso de
ser um Adventista do Sétimo Dia. Você também está feliz? A Igreja Adventista do
Sétimo Dia tem, hoje, mais de 22 milhões de membros em todo o mundo e seu nome
se tornou amplamente conhecido e respeitado. Os adventistas do sétimo dia são
conhecidos como cristãos honestos, estudiosos da Bíblia e dignos de confiança.
Portanto, se você e eu somos membros dessa igreja, também somos responsáveis
por esse bom “nome que o Senhor nos deu”.
O que temos feito para
preservar a boa reputação dessa denominação entre nossos vizinhos, colegas de
trabalho, escola e amigos? Lembre-se de que muitas pessoas julgarão a nossa
igreja inteira com base em seu comportamento e atitudes.
Agora é o momento para
sermos a voz humana de Deus, chamando as pessoas para fora da Babilônia
espiritual, como indicado em Apocalipse 14 e Apocalipse 18. Em uma cultura
impregnada de pluralismo, relativismo, humanismo e hedonismo, Deus tem chamado
adventistas do sétimo dia para ser uma contracultura, o movimento final de
época em que todos os membros - na humilde confiança semelhante à de Cristo. –
são chamados para proclamar o sublime amor de Deus.
Para conseguir isso, é
preciso que cada um de nós na Igreja Adventista do Sétimo Dia nos unamos
através do poder do Espírito Santo em terminar o trabalho que nos foi confiado.
Vamos todos os que trabalham em um esforço conjunto, proclamar as boas novas do
evangelho eterno.
Concluo com a seguinte
declaração poderosa da mensageira do Senhor, onde ela explicita a razão pela
qual devemos redobrar o ânimo a cada dia e podemos seguir confiantes que a mão
de Deus cuidará do seu povo:
“Ao recapitular a nossa
história passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso até ao
nosso estado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem
executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada
temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor
nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas [Tatuí, SP: CPB, 1987,
v. 3, p. 162).
Caro irmão, o nome
“Adventista do Sétimo Dia” faz a diferença em sua vida pessoal? Está você
disposto a transmitir às gerações vindouras a importância do nosso nome?
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