Teologia

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

O QUE HÁ EM UM NOME?


 Ricardo André

“Um bom nome é melhor do que um perfume finíssimo” (Eclesiastes 7:1, NVI)

Em seu tom sapiencial, Salomão enfatiza o valor de “um bom nome”, ou seja, o valor da boa reputação, da boa fama, do bom caráter e de exercer influência positiva na vida das pessoas que estão associadas a nós. Assim, de certo modo, Salomão fala de prioridades. E uma das prioridades na vida é obter um bom nome, porque perdurará; uma pessoa má, ímpia, estará aqui e passará, talvez como a fragrância de um perfume. Salomão está nos lembrando que a busca desenfreada por prazeres, fama e riqueza terrenos não deve obscurecer a importância da nossa reputação e do nosso legado. O bom nome e a honra que deixamos para trás tem um valor duradouro e transcendem a efemeridade das satisfações momentâneas.  Então, como é importante que priorizemos nossas ações. Que coisas fazemos que terão efeito duradouro, mesmo eterno, em contraste com as coisas que logo passarão e serão esquecidas? Certamente, vale a pena pensar sobre isso.

Todas as pessoas que nascem recebem um nome, comumente escolhido pelos pais ou por outro parente. Alguém já disse que “o nome é uma etiqueta que carregaremos por toda a nossa vida”. Todo mundo tem direito ao nome, que é composto de prenome e sobrenome. O nome é uma das primeiras escolhas que os pais fazem para o seu filho e, a principal função do nome é nos identificar, nos permitir que sejamos diferenciados entre as outras pessoas. Há quem diga que o nome poderá definir a personalidade da criança e, até mesmo, influenciará no sucesso do seu futuro profissional e amoroso. Porém, mais que isso, o nome está diretamente ligado à formação da identidade do nosso filho. Você sabe a razão por que foi colocado seu nome e o significado dele? Alguém pode ter recebido o nome em homenagem ao pai ou algum antepassado, ou porque o seu nome tem um significado especial, ou porque queriam um nome bíblico, impressionados por alguma celebridade.

O nome de meu único filho é Martin Luther King Santana Souza. Mesmo antes de casar, quando ainda era um jovem professor de História, eu tinha escolhido esse nome para colocar no meu filho quando casasse e tivesse um. Como eu gosto muito da história de Martin Luther King, o grande ativista dos direitos civis dos negros estadunidenses, em homenagem a ele e por tudo o que ele representou para os negros, pus seu nome no meu filho.

Os nomes tendem a seguir a moda por um tempo e logo desaparecem. Por exemplo, segundo a Agência Brasil, em 2023, os nomes preferidos pelos brasileiros e mais registrados nos cartórios brasileiros foram: Miguel, Helena, Gael, Davi, Ravi, Noah, Isaac, Aurora, Ísis, Maya, Liz, Maitê, Eloá, Theo, Arthur, Heitor, Maria Alice, Alice e Laura. Sabemos que os nomes são importantes nas Sagradas Escrituras, tanto é verdade que alguns nomes de personagens bíblicos foram trocados, a exemplo de Saulo para Paulo, Jacó para Israel, Daniel para Beltessazar.

Estamos falando da relevância dos nomes, porque quero dizer que faz 163 anos, que em 1860, um nome foi escolhido e que se tornou muito importante para todos nós.

A ESCOLHA DO NOSSO NOME DENOMINACIONAL

O ano de 1860 tem sido lembrado por vários historiadores por várias de razões, algumas delas muito significativas, por outro lado outras sem muito significado: (1) Invenção da fotografia colorida pelo físico e matemático escocês James Clerk Maxwell. (2) Giuseppe Garibaldi começou seu ataque a Palermo, Sicília, o marco da Unificação Italiana. (3) Abraão Lincoln foi eleito presidente dos Estados Unidos. (4) Carolina do Sul (USA) foi o primeiro estado a separar-se dos Estados Unidos da América.

No entanto, algo de maior importância para nós aconteceu nesse mesmo ano. Quando os adventistas decidiram enquadrar a obra de publicações na leis do estado de Michigan, sentiram a necessidade de escolher um nome. Eles resistiram durante quase 40 anos escolher um nome para sua denominação emergente. Algumas pessoas se opuseram à escolha de um nome, porque receavam que isso levasse os adventistas a se tornar uma denominação a mais. Pior ainda, a igreja poderia ser vista como "Babilônia". No dia primeiro de outubro de 1860, um grupo de Adventistas guardadores do sábado  reunidos em assembleia da Associação Geral (28 de setembro a 1° de outubro), numa casa em Batel Creek, Michigan para, entre outras coisas, escolher o nome não somente para incorporar à primeira imprensa da igreja, como também foi recomendado para as nossas igrejas locais. Alguns delegados sugeriram “Igreja de Deus”. Contudo, a liderança ressaltou que havia muitos grupos com esse nome. Finalmente, David Hewit, conhecido como “o homem mais honesto” em Battle Creek, levantou-se e propôs: “Resolvido, que adotemos o nome de Adventista do Sétimo Dia”. (C. Mervyn Maxwell. História do Adventismo [Santo André, SP: CPB, 1982], p. 148,149). Sua proposta foi aprovada, e muitos delegados reconheceram que era um nome “expressivo de nossa fé e posição [doutrinária]”. Quando esse nome foi discutido, Deus impressionou os líderes da igreja que esse nome era o melhor.

Ellen G. White, presente naquela histórica assembleia, permaneceu em silêncio durante o debate, mas posteriormente, em 1861, declarou sua célebre opinião. Após as reuniões, escreveu: “Não podemos adotar outro nome melhor do que esse, que concorda com a nossa doutrina, exprime a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adventista do Sétimo Dia é uma contínua acusação ao mundo protestante. [...] O nome Adventista do Sétimo Dia exibe o verdadeiro caráter de nossa fé. [...] Como uma flecha na aljava do Senhor, fere os transgressores da lei divina, induzindo ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus Cristo” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [Tatuí, SP: CPB, 2009], v. 1, p. 223, 224).

Ellen G. White afirma categoricamente que nunca deveríamos nos envergonhar ou temer usar o nosso nome denominacional, pelo contrário, temos que tomar firme posição às verdades que o nome de nossa igreja carrega. Ela escreveu: “Somos adventistas do sétimo dia. Envergonhamo-nos, acaso, de nosso nome? Respondemos: ‘Não, não! Não nos envergonhamos. É o nome que o Senhor nos deu. Esse nome indica a verdade que deve ser o teste das igrejas.’ Carta 110, 1902.

“Somos adventistas do sétimo dia, e desse nome nunca nos devemos envergonhar. Cumpre-nos, como um povo tomar firme posição ao lado da verdade e da justiça. Assim glorificaremos a Deus. Havemos de ser livrados de perigos, e não enredados nem corrompidos por eles. Para que isto aconteça, precisamos olhar sempre a Jesus, Autor e Consumador de nossa fé. Carta 106, 1903.” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas [Tatuí, SP: CPB, 1988], v. 2 p. 384)

 O SIGNIFICADO DO NOME

O nome "Adventista do Sétimo Dia" move-se em duas direções: "O Sétimo Dia" aponta para trás, para a crença de que Deus criou o mundo, enquanto "Adventista" aponta para frente, para a crença de que Deus tem um destino escatológico para aquele mundo. Enquanto o sábado do sétimo dia nos enraíza na origem do Criador da vida, a esperança do Advento nos leva ao fim da história e ao início do novo céu e da nova terra.

Considerando, portanto, quanto de quem somos e daquilo em que acreditamos se encontra em nosso próprio nome, é razoável perguntar: O que é um Adventista do Sétimo Dia?

Um adventista é aquele que aguarda com expectativa o segundo advento de Cristo por quem “todas as coisas foram criadas: as coisas nos céus e na terra, visíveis e invisíveis” (Cl 1:16), que marcará o fim deste velho mundo de pecado, sofrimento e dor, e o início de uma nova ordem de coisas apenas porque Aquele que vem revelou-se capaz de originar uma criação "muito boa" (Gn 1:31), mesmo do nada (Hb 11:3). É com base nesta verdade bíblica que os Adventistas do Sétimo Dia acreditam que a redenção da humanidade se materializará – não através da melhoria do mundo atual, mas através da criação de um novo (Ap 21:1-5).

Esperamos o advento do Criador, e o Criador é o Redentor. Para muitos, a mensagem da segunda vinda de Cristo não passa de mito, mas o Senhor prometeu que voltaria, e Sua Palavra não falha. “Voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também” (Jo 14:1-3). Essa promessa é a “bendita esperança” de todo crente (Tito 2:13), porque marcará o início de uma nova vida que jamais terá fim. Assim, Ele pode prometer: “Estou fazendo novas todas as coisas”, e nós, por sua vez, podemos confiar que “estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança". (Apocalipse 21: 5).

Já a expressão “Sétimo Dia” aponta para o Sábado, que vem da Criação. A criação é muito relevante, fundamental para tudo o que cremos como cristãos; é a maior evidência de Seu poder, grandeza e natureza divina (Rm 1:19, 20). Portanto, não admira que o indestrutível monumento comemorativo da criação – o sábado seja tão importante. Ele fala das nossas raízes mais profundas. O Senhor quer lembrar-nos, cada semana, que estamos aqui não por acaso, mas porque Ele nos criou. O sábado é esse lembrete semanal. O quarto mandamento da Lei de Deus diz:

“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo 20:8-11). Se o guardamos da maneira como Ele quer, nunca estaremos em perigo de esquecer nossas raízes. A discussão sobre o sábado não trata meramente de um dia; trata de sermos lembrados – cada semana! – da verdade mais fundamental e mais básica de nossa existência – somos seres criados por Deus com um propósito.

O sábado é também símbolo da salvação e redenção. Na segunda versão da Lei de Deus, registrada no livro de Deuteronômio, está escrito: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt 5:15). A razão adicional do mandamento do sábado é que Deus tem um plano concreto para nos salvar da escravidão do pecado. “Assim como o Israel literal foi liberto da servidão do Egito, o povo de Deus em Cristo foi liberto da servidão do pecado (Rm 6:16-18). Portanto, o sábado se torna para o cristão um memorial não apenas da criação, mas da recriação da imagem de Deus no coração e na mente. Assim o sábado é um sinal de santificação (Ez 20:12), de redenção, bem como de criação” (Comentário Bíblico Adventista (Tatuí, SP: CPB, 2011], v. 1, p. 1065). Além da redenção, é também a maior demonstração do Seu amor. Os adventistas do sétimo dia celebram estes dois eventos – a criação e depois a redenção. O sábado simboliza ambos.

Ellen White escreveu: “A todos quantos recebem o sábado como sinal do poder criador e redentor de Cristo, ele será um deleite. Vendo nele Cristo, nEle se deleitam. O sábado lhes aponta as obras da criação, como testemunho de Seu grande poder em redimir. Ao passo que evoca a perdida paz edênica, fala da paz restaurada por meio do Salvador. E tudo na Natureza Lhe repete o convite: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei." Mat. 11:28” (O Desejado de Todas as Nações [Tatuí, SP: CPB, 2004], p. 289).

Santificar o sábado é uma exaltação tão poderosa de Deus como Senhor da vida que, como disse Ellen White, “houvesse sido o sábado sempre observado de maneira sagrada, e nunca poderia ter havido um ateu ou um idólatra” (Patriarcas e Profetas [Tatuí, SP: CPB, 2007], p. 336). Apenas por santificar o sábado, sem qualquer proclamação adicional, cada crente adventista do sétimo dia exalta a Deus e testifica que Ele fez o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Tal observância também testemunharia o amor de Deus pela humanidade, conforme revelado desde a Criação, dando aos Seus filhos, todas as semanas, um dia para descanso e comunhão especial (Mc 2:27). Ao adorar no sábado, os Adventistas do Sétimo Dia demonstram a sua convicção pessoal de que Deus, e não um processo evolutivo, é responsável pela existência de tudo o que existe. A crença no sábado constitui o maior baluarte contra o progresso da teoria da evolução.

Tal como aconteceu com o Segundo Advento, o mesmo acontece com a guarda do sábado. O dia é importante apenas por causa da Pessoa com quem adoramos e com quem temos comunhão durante seu horário. Nenhum outro dia tem o mesmo significado que um dia de adoração para os Adventistas do Sétimo Dia, porque o Criador reservou apenas o sábado para esse propósito especial.

Quem, então, é adventista do sétimo dia? No contexto da doutrina bíblica da Criação, um Adventista do Sétimo Dia é um cristão que acredita e defende a Criação bíblica, que declara ao mundo que Deus é o Criador de todas as coisas, que adora e serve ao Criador – o Único a seja louvado para sempre (Rm 1.25), que observa o sábado do sétimo dia como um memorial da Criação e da redenção, e que espera pela consumação final de todas as coisas quando a criação se unir para proclamar: “Digno és, nosso Senhor e Deus, para receber glória, honra e poder, pois tu criaste todas as coisas, e por tua vontade elas foram criadas e existem” (Ap 4:11).

CONCLUSÃO

Por 163 anos o Senhor tem abençoado a sua Igreja. Por esse motivo estou muito feliz e orgulhoso de ser um Adventista do Sétimo Dia. Você também está feliz? A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem, hoje, mais de 22 milhões de membros em todo o mundo e seu nome se tornou amplamente conhecido e respeitado. Os adventistas do sétimo dia são conhecidos como cristãos honestos, estudiosos da Bíblia e dignos de confiança. Portanto, se você e eu somos membros dessa igreja, também somos responsáveis por esse bom “nome que o Senhor nos deu”.

O que temos feito para preservar a boa reputação dessa denominação entre nossos vizinhos, colegas de trabalho, escola e amigos? Lembre-se de que muitas pessoas julgarão a nossa igreja inteira com base em seu comportamento e atitudes.

Agora é o momento para sermos a voz humana de Deus, chamando as pessoas para fora da Babilônia espiritual, como indicado em Apocalipse 14 e Apocalipse 18. Em uma cultura impregnada de pluralismo, relativismo, humanismo e hedonismo, Deus tem chamado adventistas do sétimo dia para ser uma contracultura, o movimento final de época em que todos os membros - na humilde confiança semelhante à de Cristo. – são chamados para proclamar o sublime amor de Deus.

Para conseguir isso, é preciso que cada um de nós na Igreja Adventista do Sétimo Dia nos unamos através do poder do Espírito Santo em terminar o trabalho que nos foi confiado. Vamos todos os que trabalham em um esforço conjunto, proclamar as boas novas do evangelho eterno.

Concluo com a seguinte declaração poderosa da mensageira do Senhor, onde ela explicita a razão pela qual devemos redobrar o ânimo a cada dia e podemos seguir confiantes que a mão de Deus cuidará do seu povo:

“Ao recapitular a nossa história passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso até ao nosso estado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas [Tatuí, SP: CPB, 1987, v. 3, p. 162).

Caro irmão, o nome “Adventista do Sétimo Dia” faz a diferença em sua vida pessoal? Está você disposto a transmitir às gerações vindouras a importância do nosso nome?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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