Ricardo
André
As Sagradas Escrituras
ensinam claramente que nosso Senhor Jesus Cristo após Sua ressurreição e
ascensão ao santuário celestial, iniciou Seu ministério sacerdotal no “maior e
mais perfeito tabernáculo” (Hb 9:11), “para comparecer, [...] por nós, diante
de Deus” (v. 24). Como Sumo Sacerdote, Ele intercede em favor dos pecadores
arrependidos cobertos por Seu sangue, com base em Seu sacrifício perfeito na
cruz do Calvário, mediante a fé. Tal ministério fora prefigurado no santuário
terrestre do Antigo testamento por meio do ministério dos sacerdotes (Hb
8:1-6). Assim como cada sacrifício de animais antecipava a morte de Cristo,
assim cada sacerdote que ministrava no santuário terrestre antecipava o
ministério mediatório de Cristo como sacerdote no santuário celestial. O
escritor do livro de Hebreus afirma que Ele vive sempre “para interceder” por
nós (7:25).
“Como Sumo Sacerdote
perfeito, que realizou propiciação completa pelos pecados de Seu povo, Cristo
acha-Se agora à destra de Deus, aplicando à nossa vida os benefícios de Seu
perfeito sacrifício [...]. Ele faz isso como nosso Mediador, pois há “um
só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2:5).
Unicamente por Seu intermédio podemos ter acesso a Deus. Como Deus, Ele é
Mediador da divindade para com o homem perdido; e, como homem, Mediador do
homem para com Deus. Seu sacerdócio constitui o único meio de viva comunicação
entre Deus e o homem” (Questões Sobre Doutrinas, Tatuí, SP: CPB, 2008, p. 272,
273).
Como se vê, em 1 Timóteo 2:5, Cristo é claramente
chamado de único Mediador entre Deus e os homens. Não existe nenhum outro
porque, na verdade, ninguém mais é necessário. Por meio da obra de Cristo como
Mediador, salvação e conhecimento da verdade são disponíveis a todos (1 Tm
2:4).
Por
que precisamos da mediação de Cristo?
“Mediador” é um termo
do antigo mundo comercial e jurídico da Grécia. Ele descreve alguém que negocia
ou atua como árbitro entre duas partes, para remover uma discórdia ou para
alcançar um objetivo comum, a fim de estabelecer um contrato ou aliança. A
Bíblia revela que após a queda no pecado, nós, seres humanos, nos encontrávamos
numa verdadeira inimizade com Deus. Tanto é assim que, quando Deus anunciou
pela primeira vez a vinda do Libertador disse: “Porei inimizade entre você e a
mulher, entre a sua descendência e o descendente dela [...]” (Gênesis 3:15,
NVI). Ora, se Ele prometeu introduzir inimizade entre a mulher e o diabo, representado
pela serpente, é porque a partir da queda o homem tornou-se amigo de Satanás e
inimigo de Deus. A Bíblia Sagrada ensina que o pecado causou a separação entre
Deus e o homem. “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”
(Is 59:2).
Ofendemos a Deus. Não
com uma ofensa social, emocional, ou dessas que acontecem sem pensar. Nossa
ofensa era e é moral; a pior de todas. Neste caso, o mediador não pode mediar unicamente
negociando, ou conversando, ou encontrando uma troca de atitudes. Tem que
oferecer reparação. E desde os tempos
antigos o mediador sacerdotal foi sempre uma pessoa que oferecia um sacrifício
como meio simbólico de reparação pelo dano moral que o pecado causou. O
sacrifício era uma expiação pelo pecado, e o sacerdote, o mediador que a
oferecia.
“Ou, se pela sua oferta
trouxer uma cordeira como oferta pelo pecado, sem defeito a trará; porá a mão
sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a imolará por oferta pelo pecado, no
lugar em que se imola o holocausto.
Depois o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado,
e o porá sobre as pontas do altar do holocausto; então todo o resto do sangue
da oferta derramará à base do altar. Tirará toda a gordura, como se tira a
gordura do cordeiro do sacrifício pacífico e a queimará sobre o altar, em cima
das ofertas queimadas do Senhor; assim o sacerdote fará por ele expiação do
pecado que cometeu, e ele será perdoado” (Lv 4:32-35).
O sacerdote era um
mediador para expiar o pecado. Mas, em realidade não o expiava ele mesmo,
apenas atuava de forma simbólica, e o sacrifício que oferecia também era um
símbolo, pois, como dissemos, o pecado era uma ofensa moral. Só o sangue de
Cristo, ilustrado por aqueles sacrifícios, pode expiar os pecados da humanidade
(Rm 3:21-25; 1 Jo 1:7). A vida de
Cristo, como nosso Mediador, é fascinante! Ele, sendo Deus (Fl 2:5-8; Rm 9:5),
veio à Terra como um homem, nascido de mulher, para poder ser realmente humano.
E assim identificou-Se com a família humana, sem nunca tornar-se um pecador (Jo
1:1-3, 14; Gl 4:4). Por quê? Por causa da ofensa moral do ser humano. Como Ele
queria ser o Mediador e o Substituto, tinha que ser também um ser humano.
Por meio de Sua morte,
ressurreição e intercessão no santuário celestial, Cristo fez a reconciliação
(2 Co 5:19). Embora o pecado tivesse destruído a íntima comunhão entre a
humanidade e Deus, o que poderia ter levado à destruição da humanidade, Jesus
veio ao mundo e restaurou a conexão. Isso é reconciliação. Somente Ele é o elo
entre Deus e a humanidade. Por meio desse elo podemos desfrutar pleno
relacionamento de aliança com Ele (Hb 8:6; 9:15; 12:24).
As
TJ não aproveitam o que Cristo nos ofereceu
A questão fundamental
para todos nós é se aproveitaremos o que Cristo nos ofereceu, independentemente
de nosso status, etnia, caráter ou
ações passadas. O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová pensa e ensina
completamente diferente do ensino bíblico a respeito do papel mediador de Cristo.
A Sociedade Torre de
Vigia (STV), de forma equivocada, afirma categoricamente que Jesus NÃO É O
MEDIADOR entre Deus e toda a humanidade. Dizem que Ele é meramente o mediador
do pacto que foi celebrado somente para os 144.000 ungidos que têm esperança de
morar com Cristo no Céu. É exatamente
assim que os líderes que dirigem todas as Testemunha de Jeová no mundo pensam.
Creio que muitos que são testemunhas de Jeová não sabem deste fato. E como isso
é triste de ser lido. Eu tenho profunda tristeza em ler afirmações como a que
vou descrever aos leitores logo abaixo. Eu descobri isso a partir da pesquisa
das publicações da STV que possuo em minha biblioteca. Como isto contrasta com
textos como os que acabamos de explicitar acima. Vejamos:
"Claramente,
pois, o novo pacto não é um arranjo livre, aberto a toda a humanidade. Trata-se
duma cuidadosamente providenciada provisão legal envolvendo Deus e os cristãos
ungidos."(A sentinela 15/08/1989, p. 30, 31).
"Assim,
o sacrifício de resgate é fundamental para o novo pacto, do qual Jesus é o Mediador.
Paulo escreveu: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e homens, um homem,
Cristo Jesus, o qual se entregou como resgate correspondente por todos — isto é
o que se há de testemunhar nos seus próprios tempos específicos.” (1 Timóteo
2:5, 6) Estas palavras aplicam-se em especial aos 144.000, com quem o novo
pacto é feito." (A Sentinela 15/02/1991, p. 17, parágrafo
8).
“O
apóstolo Paulo declara que existe “um só mediador entre Deus e os homens, um
homem, Cristo Jesus, o qual se entregou como resgate correspondente por todos”
– tanto pelos judeus como pelos gentios. (1 Ti 2:5, 6) Ele media o novo pacto
entre Deus e os aceitos no novo pacto, a congregação do Israel espiritual. (He
8:10-13; 12:24; Ef 5:25-27) [...]Ele lhes transmitiu o prometido espírito
santo, com o qual são selados e rebem um penhor daquilo que há de vir, sua
herança celestial. (2Co 5:5; Ef 1:13, 14) O número total dos definitiva e
permanentemente selados é revelado em Revelação (Apocalipse) 7:4-8 como
144.000.” (Estudo Perspicaz das Escrituras, v. 2, p. 789).
"De
modo que este homem, Cristo Jesus, foi o primeiro duma nova criação, ungido
para fazer a vontade de Deus. Mais tarde, à base da sua morte sacrificial,
Jesus tornou-se o Mediador dum novo pacto entre Deus e um grupo seleto de
homens" (A Sentinela 01/01/1993, p. 5).
Este "seleto grupo
de homens" no caso aqui são os 144.000 – homens e mulheres - que possuem “esperança de vida celestial”, e
reinarão com Cristo no Seu Reino milenar. Segundo a Torre de Vigia somente eles
estão autorizados a participar do pão e do vinho no memorial, ou Refeição Noturna do Senhor das testemunhas de Jeová (Comemoração
da Morte de Cristo). Em 2015, foram mais de 18.000 testemunhas de Jeová ungidas
que participaram desses emblemas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Comemora%C3%A7%C3%A3o_da_Morte_de_Cristo).
Como se vê, para as
Testemunhas de Jeová, Cristo é o mediador apenas dos 144.000
"ungidos" da Torre de Vigia que vão para o céu (que hoje chegam a uns
18.000 vivos). Isto é uma distorção do claro ensino bíblico. Isto é algo muito
sério, pois a STV tem de fato desviado as pessoas do único Mediador (Jesus),
colocando em perigo espiritual a vida de mais de milhões de pessoas.
Somente a frase de 1 Timóteo 2:5 de um "só mediador
entre Deus e os homens" não dá margem para uma outra interpretação. Isto
está claro como cristal e a Sociedade faz ginástica teológica para ensinar o
contrário.
Ademais, dizer que
Cristo fez um pacto ou aliança somente com 144.000 literal é uma verdadeira
aberração teológica. De acordo com Jeremias 31:31-34, a aliança de Deus é dada
primeiramente ao Seu povo, e então, por sua vez, Seu povo partilha a aliança
com o mundo. “Estão chegando os dias", declara o Senhor, "quando
farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não
será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão
para tirá-los do Egito; porque quebraram a minha aliança, apesar de eu ser o
Senhor deles", diz o Senhor. Esta é a aliança que farei com a comunidade
de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor: "Porei a minha lei
no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão
o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo:
‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o
maior", diz o Senhor. "Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei
mais dos seus pecados."
Essa mesma promessa é
ratificada no livro de Hebreus 8:8-10. Note que a Bíblia afirma tanto em
Jeremias como em Hebreus que a nova aliança é feita “com a casa de Israel e com
a casa de Judá.” Mas, os textos não quer dizer que a nova aliança está confinada
ao crente judeu. Embora o anúncio dela seja dirigido diretamente aos judeus,
ela se aplica a todos os crentes em Jesus. Vale ressaltar que, quando a nação
de Israel rejeitou o objetivo de Deus para ela, Ele levou o Evangelho aos
gentios. A igreja cristã é agora a nação de Deus. É a casa e o templo
espiritual. Somos sacerdotes espirituais (1 Pe 2:9). As promessas para o Israel
literal são espiritualmente cumpridas no Israel espiritual, e em todos aqueles
que aceitarem Jesus – judeu ou gentio convertido. Escrevendo aos gentios
convertidos ao cristianismo, Pedro diz: “Vós, que outrora nem éreis povo, e
agora sois de Deus [...]” (1 Pe 2:10). Observe a forma como isto é
repetidamente enfatizado no Novo Testamento.
“Não é judeu quem o é
apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é meramente exterior e física.
Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo
Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens,
mas de Deus” (Romanos 2:28, 29, NVI).
Portanto, lembrem-se de
que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão
pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que naquela
época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros
quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora,
em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o
sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a
barreira, o muro de inimizade” (Efésios 2:11-14, NVI).
Quando nascemos de novo
(Jo 3:3, 5), nós os cristãos gentios, tornamo-nos um com os judeus cristãos. Somos todos um em Cristo.
Portanto, vocês já não
são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da
família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas,
tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e
cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão
sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito”
(Efésios 2:19-22, NVI).
“Todos vocês são filhos
de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados,
de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem
mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são
descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:26-29, NVI).
Assim, no Novo
Testamento, o Israel não se aplica somente aos judeus literais, mas também para
todos aqueles que são nascidos em Cristo, Sua igreja! Em outras palavras, todos
os verdadeiros cristãos são agora o Israel Espiritual de Deus. Paulo escreveu: “nem
todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Romanos 9:6). Ou seja,
nem todos são parte do Israel espiritual de Deus que é a nação literal de
Israel. Paulo continuou, “não são os filhos naturais [descendentes
físicos de Abraão], que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são
considerados descendência de Abraão.” (Romanos 9:8). Os filhos da carne
são apenas os descendentes naturais de Abraão, mas os filhos da promessa são
contados como semente verdadeira. Hoje qualquer pessoa, judeu ou gentio pode
tornar-se parte desta nação espiritual de Israel por meio da fé em Jesus
Cristo. Uma vez que o Israel espiritual representa o povo de Deus do Novo Testamento
constituído por todos os que creem em Cristo, Ele não estabeleceu um pacto
somente com cristãos judeus ou com apenas 144.000 seres humanos. Logo, Jesus é,
de fato, como diz o texto bíblico, o Mediador de todos os que aceitam a Ele
como Senhor e Salvador de sua vida.
Através do sacrifício
perfeito de Jesus na cruz, todos os nossos pecados foram perdoados (Mt
20.28; Mc 10.45; Tt 2.14; 1Pe 1.18-19). Para recebemos
esse perdão em nossa vida basta nos arrependermos e aceitarmos Jesus como nosso
Salvador (Jo 1:11, 12, 3:16; Rm 6:24; 1 Jo 1:9). “Dos seus pecados jamais Me
lembrarei!”, é a promessa final de Jeremias 31:34. Essa é a nova aliança. Foi
ratificada, não com o sangue de um animal, mas com o sangue de Jesus Cristo (Hb
9:13, 14). Agora Deus mora dentro de cada crente e muda seu coração, e escreve
Suas leis morais em seu coração, e pela fé em Cristo, o crente vive em
obediência à estas leis. Qualquer pessoa – seja judeu ou não-judeu – é
convidada a entrar em aliança com Deus. Basta aceitar sacrifício do Filho de
Deus feito em seu próprio favor. Portanto, não existe base bíblica para
restringir essas bênçãos da nova aliança somente aos judeus tampouco a um
“grupo seletos de homens”.
Caro amigo leitor,
desde o dia em que Jesus retornou para o Céu, Ele tem estado com Seu povo. Como
nosso solícito Sumo Sacerdote, Ele é exatamente a pessoa de quem precisávamos,
pois vive sempre para interceder” por nós (Hb 7:25). Seu único propósito ao
vir, viver, morrer, ressuscitar e ascender foi o de poder mediar a salvação aos
sofredores. “Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por
meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles.”
Como nosso solícito
Mediador, Jesus espera constantemente ajudar-nos a vencer o pecado quando
enfrentamos a tentação. Embora não seja visível aos olhos físicos, podemos
sentir-Lhe a presença com os olhos espirituais. O mesmo Jesus que mostrou
compaixão para com a mulher apanhada em adultério, que perdoou ao ladrão
moribundo e auxiliou tantos a encontrar a liberdade de sua vida de pecado, é um
socorro bem presente para nós hoje. Ele está conosco ao enfrentarmos os
desafios, as dificuldades e alegrias da vida – Era dEle que precisávamos. Assim,
ao encararmos os remorsos decorrentes de pecados cometidos no passado, olhe
para Jesus, pois Ele é um conselheiro solidário que “vive para interceder” e
para “salvar definitivamente.”
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