Ricardo
André
Moisés é a figura
proeminente do Antigo Testamento. É considerado um dos maiores líderes da
história do povo hebreu. Foi o escolhido de Deus para libertar Seu povo da
escravidão egípcia. Ele quase não sobreviveu à sua infância. Ameaçado pelo
crescente número de israelitas no Egito, o Faraó decretou que todos os meninos
hebreus com menos de dois anos fossem mortos (Êx 1:22). A mãe de Moisés
escondeu seu bebê. Ela o colocou em um “cesto de junco” e largou-o no carriçal
à beira do rio” (Êx 2:3). Milagrosamente, a filha do Faraó descobriu o bebê,
que chorava. A irmã de Moisés, Miriã, que olhava o bebê à distância, ofereceu
sua mãe como ama para criar Moisés Êx 2:4-10).
Os anos da infância de
Moisés passaram rápidos como um sonho. A Bíblia não informa quanto tempo Moisés
esteve com sua mãe biológica, mas Ellen G. White afirma que Joquebede, sua mãe,
“conservou consigo o rapaz tanto quanto pôde; foi, porém, obrigada a entrega-lo
quando ele teve aproximadamente doze anos” (Patriarcas e Profetas, p. 244). Portanto,
Moisés ficou com sua mãe apenas 12 anos, mas foram suficientes para que sua mãe
transmitisse os valores que o protegeram “da exaltação, de ser corrompido pelo
pecado e de se tornar soberbo em meio ao esplendor e à extravagância da vida na
corte” (Ellen G. White, História da Redenção, p. 108).
Chegou a hora de deixar
seu legítimo lar para ir morar no palácio. Moisés saiu do humilde lar de
escravos para morar no palácio de Faraó. Ele era o filho adotivo da princesa
Hatshepsut (1504-4582), filha do Faraó Tutmés I (1525-1508). A filha de Faraó
passou a criar a Moisés como se fosse seu próprio filho, porque era um menino
muito formoso, o que o fazia se distinguir como futuro rei do Egito. Podemos
razoavelmente presumir que, no Palácio real, Moisés recebeu a melhor educação
nas áreas de leitura, escrita, história, geografia, ciências políticas,
administração, liderança, armamentos e cavalaria –lições que ele utilizou muito
bem, quando, mais tarde, guiou os israelitas para longe do cativeiro egípcio. “Contudo,
mesmo ali, ele não perdeu as impressões recebidas na infância. As lições
aprendidas ao lado de sua mãe, não as esquecia. Eram um escudo contra o
orgulho, a incredulidade e o vício, que medravam por entre os esplendores da
corte” (Ellen G. White, Patriarcas e profetas, p. 244).
Logo Moisés teve que
fazer opções que demonstraram que estava qualificado para realizar os planos de
Deus. Ele teve que tomar uma decisão crucial. A narrativa bíblica afirma que
“pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó,
preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado
durante algum tempo. Por amor de Cristo, considerou a desonra riqueza maior do
que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. Pela fé saiu do
Egito, não temendo a ira do rei, e perseverou, porque via aquele que é
invisível” (Hebreus 11:24-27, NVI).
Se recusar ser filho da
filha de Faraó era a mesma coisa que renunciar a possibilidade de se tornar um
monarca poderoso da terra do Egito. Ele escolheu um bando de escravos em vez do
trono do Egito. Seria seu líder. Humanamente falando, qualquer uma pessoa de
bom senso teria classificado Moisés de louco, uma vez que, ele estava diante da
chance de se tornar uma pessoa de grande posição, com grandes poderes diante de
uma nação, renunciando a muitos prestígios. Ele tinha prazer - todos os seus
desejos poderiam ser satisfeitos. E ele tinha possessões - toda a riqueza do
mundo estava concentrada no Egito. Na perspectiva humana não dá para entender
sua decisão. Ele tinha tudo nas mãos para conquistar o mundo dos seus dias. Ellen
White afirma que “Moisés estava em condições para ter preeminência entre os
grandes da Terra, para brilhar nas cortes do mais glorioso dentre os reinos e
para empunhar o cetro do poder. Sua grandeza intelectual o distingue, acima dos
grandes homens de todos os tempos. Como historiador, poeta filósofo, general de
exércitos e legislador, não tem par. Todavia, com o mundo diante de si, teve a
força moral para recusar as lisonjeiras perspectivas da riqueza, grandeza e
fama, ‘escolhendo antes ser maltratado com o povo de deus do que por um pouco
de tempo ter o gozo do pecado’” (Patriarcas e profetas, p. 246).
Impressionante! Moisés escolheu servir ao Senhor, renunciando às mordomias,
poder e riqueza do Egito para sofrer ao lado de seu povo. Foi uma decisão
nobre, de tirar o fôlego.
Se por um lado entender
a recusa de Moisés já é difícil, por outro lado entender a escolha para ser
“maltratado com o povo de Deus” é mais difícil ainda, visto que agora ele iria
trocar o trono de Faraó que estava à sua espera pela chicotadas dos egípcios
sobre os hebreus, que eram tratados como escravos naqueles dias.
O Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 517, afirma: “Moisés
recusou a honra, aposição e o poder, por causa de sua confiança no elevado
destino que Deus havia assinalado para ele e seu povo. Ao que tudo indica, nada
poderia ser mais inútil do que a esperança em uma coisa dessas, visto que o
povo hebreu estava em abjeta servidão à nação mais poderosa da Terra. Só a fé
nas promessas de Deus poderia leva-lo a recusar o trono do Egito”
A atitude de Moisés foi
o resultado de um amadurecimento espiritual dos heróis da fé, que não vai pela
aparente vantagem nas coisas desta vida. Na realidade, entre a vantagem e a
desvantagem, o grande legislador estava optando pela desvantagem. No entanto,
olhando para o resultado final, se percebe que Moisés tomou a decisão certa,
passando a viver pelos planos de Deus.
Moisés morreu antes de
entrar na Terra Prometida (Dt 34:5, 6). “Mas não ficou muito tempo no túmulo. O
próprio Cristo, com os anjos que sepultaram a Moisés, desceu do Céu para chamar
o santo que dormia. [...] Moisés saiu do túmulo glorificado, e ascendeu com seu
Libertador à cidade de Deus” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 478).
O livro de Judas, verso
9, revela uma disputa pelo corpo de Moisés entre Cristo, identificado como
Miguel, e Satanás. Este alegava ser de sua posse o corpo de Moisés e que o
servo de Deus era seu prisioneiro. Cristo recusou-se a entrar em controvérsia
com Satanás, “mas disse: "O Senhor o repreenda" (Judas 1:9, NVI).
Ressuscitou seu santo servo e levou-o para o Céu. “O fato de Moisés ter
aparecido com Elias no monte da transfiguração leva à conclusão de que o Senhor
triunfou na disputa com o diabo e ressuscitou Moisés de sua sepultura, fazendo
dele a primeira pessoa conhecida a provar o poder vivificador de Cristo”
(Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 781).
Em 1889, arqueólogos
encontraram uma múmia já danificada do Faraó Tutmés III, sobrinho e enteado da
mãe adotiva de Moisés, que ocupou o trono que Moisés renunciou. Ela foi enviada
para um museu da Europa. Na alfândega, houve uma dificuldade para classificar
aquela múmia que estava sendo exportada. Finalmente a classificaram como
“bacalhau seco”. Ali estava o valor passageiros das riquezas que Moisés
recusou.
Moisés deveria estar no
lugar daquele Faraó, e seria classificado como um simples bacalhau seco. No
entanto, aquele filho de escravos fez a melhor escolha, e hoje está no Céu. Foi
honrado por Deus.
Qual
é a nossa escolha?
À semelhança de Moisés
e de tantos outros personagens da Bíblia, somos chamados a fazermos a escolha
mais importante da nossa vida, dizemos mais importante porque ela determina
nosso destino eterno. Cristo nos recomenda que renunciemos a fama, a honra
mundana, a fortuna, as pretensas vantagens, os relacionamentos que constituem
um obstáculos à nossa salvação e ameaçam estorvar a obra que Ele tem para nós. Ellen
White declara de forma sucinta: “Tudo o que é ofensivo a Deus tem de ser
renunciado” (Caminho a Cristo, p. 39). Cristo diz: “(...) Se alguém quiser
acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a
encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma? Pois o Filho do homem
virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um de
acordo com o que tenha feito” (Mateus 16:24-27, NVI).
A cultura em que
vivemos nos diz que devemos seguir nossos sonhos e sacrificar tudo pelo que
queremos. Mas Jesus nos diz o oposto. Ele nos convida a renunciar nossos sonhos
e entrega-los aos Senhor. A verdadeira fé é a dolorosa experiência de renunciar
ao que mais se deseja. Quando deixamos de nos apegar aos nossos sonhos, estamos
“perdendo a vida” e, ao mesmo tempo, a estamos encontrando.
Quantos hoje se deixam
fascinar pelas atrações e facilidades que o mundo oferece, rejeitando o reino
que está sendo preparado por Jesus! Cristo honra os que dizem “não” aos sonhos
da fama e dos prazeres momentâneos, dispostos a dedicar-Lhe inteiramente a
vida, sem reserva. O gozo do pecado é passageiro, é fugaz, mas a alegria da
salvação é duradoura e eterna. Tivesse Moisés escolhido o trono do Egito não
estaria na eternidade com Deus. Quando, porém, volveu costas para a fama, o
poder e riquezas, para cumprir o plano de Deus para sua vida e libertar o Seu
povo, foi honrado pelo Céu, sendo ressuscitado por Cristo logo após sua morte e
levado para o Céu. A ele foi dado o privilégio
de ser um dos conselheiros de Jesus no monte da transfiguração. Agora,
provavelmente, ele tem a responsabilidade por alguma área administrativa no
governo celestial de Deus. Quão maravilhoso é que ele soube como fazer a escolha
certa! Essa é a mesma recompensa que Deus quer dar a todos que
entregarem o coração a Deus e a vida ao seu serviço.
Josué disse isso: “Escolham
hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além
do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo.
Mas, eu e a minha família serviremos ao Senhor.” (Js. 14:15, NVI)
Querido amigo leitor, escolha
ficar ao lado de Jesus, mesmo que seja necessário pagar um alto preço. Mas, o
Senhor te garante a vitória e a herança imortal quando Ele voltar em glória e majestade.
Deus tem um plano grandioso para sua vida! Não importa em que lar você vive,
nem a poluição moral do ambiente, nem suas condições financeiras. Você deve
estar consciente de que não entrou na vida por acaso, Deus tem um plano para
você. Siga-o!
Amém!!! Seguir a Cristo e sempre um grande desafio, mas jamais seremos decepcionados!
ResponderExcluirMuito bom
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