Teologia

sábado, 5 de janeiro de 2019

A ESCOLHA MAIS CERTA QUE PODEMOS FAZER NA VIDA


Ricardo André

Moisés é a figura proeminente do Antigo Testamento. É considerado um dos maiores líderes da história do povo hebreu. Foi o escolhido de Deus para libertar Seu povo da escravidão egípcia. Ele quase não sobreviveu à sua infância. Ameaçado pelo crescente número de israelitas no Egito, o Faraó decretou que todos os meninos hebreus com menos de dois anos fossem mortos (Êx 1:22). A mãe de Moisés escondeu seu bebê. Ela o colocou em um “cesto de junco” e largou-o no carriçal à beira do rio” (Êx 2:3). Milagrosamente, a filha do Faraó descobriu o bebê, que chorava. A irmã de Moisés, Miriã, que olhava o bebê à distância, ofereceu sua mãe como ama para criar Moisés Êx 2:4-10).

Os anos da infância de Moisés passaram rápidos como um sonho. A Bíblia não informa quanto tempo Moisés esteve com sua mãe biológica, mas Ellen G. White afirma que Joquebede, sua mãe, “conservou consigo o rapaz tanto quanto pôde; foi, porém, obrigada a entrega-lo quando ele teve aproximadamente doze anos” (Patriarcas e Profetas, p. 244). Portanto, Moisés ficou com sua mãe apenas 12 anos, mas foram suficientes para que sua mãe transmitisse os valores que o protegeram “da exaltação, de ser corrompido pelo pecado e de se tornar soberbo em meio ao esplendor e à extravagância da vida na corte” (Ellen G. White, História da Redenção, p. 108).

Chegou a hora de deixar seu legítimo lar para ir morar no palácio. Moisés saiu do humilde lar de escravos para morar no palácio de Faraó. Ele era o filho adotivo da princesa Hatshepsut (1504-4582), filha do Faraó Tutmés I (1525-1508). A filha de Faraó passou a criar a Moisés como se fosse seu próprio filho, porque era um menino muito formoso, o que o fazia se distinguir como futuro rei do Egito. Podemos razoavelmente presumir que, no Palácio real, Moisés recebeu a melhor educação nas áreas de leitura, escrita, história, geografia, ciências políticas, administração, liderança, armamentos e cavalaria –lições que ele utilizou muito bem, quando, mais tarde, guiou os israelitas para longe do cativeiro egípcio. “Contudo, mesmo ali, ele não perdeu as impressões recebidas na infância. As lições aprendidas ao lado de sua mãe, não as esquecia. Eram um escudo contra o orgulho, a incredulidade e o vício, que medravam por entre os esplendores da corte” (Ellen G. White, Patriarcas e profetas, p. 244).

Logo Moisés teve que fazer opções que demonstraram que estava qualificado para realizar os planos de Deus. Ele teve que tomar uma decisão crucial. A narrativa bíblica afirma que “pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado durante algum tempo. Por amor de Cristo, considerou a desonra riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. Pela fé saiu do Egito, não temendo a ira do rei, e perseverou, porque via aquele que é invisível” (Hebreus 11:24-27, NVI).

Se recusar ser filho da filha de Faraó era a mesma coisa que renunciar a possibilidade de se tornar um monarca poderoso da terra do Egito. Ele escolheu um bando de escravos em vez do trono do Egito. Seria seu líder. Humanamente falando, qualquer uma pessoa de bom senso teria classificado Moisés de louco, uma vez que, ele estava diante da chance de se tornar uma pessoa de grande posição, com grandes poderes diante de uma nação, renunciando a muitos prestígios. Ele tinha prazer - todos os seus desejos poderiam ser satisfeitos. E ele tinha possessões - toda a riqueza do mundo estava concentrada no Egito. Na perspectiva humana não dá para entender sua decisão. Ele tinha tudo nas mãos para conquistar o mundo dos seus dias. Ellen White afirma que “Moisés estava em condições para ter preeminência entre os grandes da Terra, para brilhar nas cortes do mais glorioso dentre os reinos e para empunhar o cetro do poder. Sua grandeza intelectual o distingue, acima dos grandes homens de todos os tempos. Como historiador, poeta filósofo, general de exércitos e legislador, não tem par. Todavia, com o mundo diante de si, teve a força moral para recusar as lisonjeiras perspectivas da riqueza, grandeza e fama, ‘escolhendo antes ser maltratado com o povo de deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado’” (Patriarcas e profetas, p. 246). Impressionante! Moisés escolheu servir ao Senhor, renunciando às mordomias, poder e riqueza do Egito para sofrer ao lado de seu povo. Foi uma decisão nobre, de tirar o fôlego.

Se por um lado entender a recusa de Moisés já é difícil, por outro lado entender a escolha para ser “maltratado com o povo de Deus” é mais difícil ainda, visto que agora ele iria trocar o trono de Faraó que estava à sua espera pela chicotadas dos egípcios sobre os hebreus, que eram tratados como escravos naqueles dias.

O Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 517, afirma: “Moisés recusou a honra, aposição e o poder, por causa de sua confiança no elevado destino que Deus havia assinalado para ele e seu povo. Ao que tudo indica, nada poderia ser mais inútil do que a esperança em uma coisa dessas, visto que o povo hebreu estava em abjeta servidão à nação mais poderosa da Terra. Só a fé nas promessas de Deus poderia leva-lo a recusar o trono do Egito”

A atitude de Moisés foi o resultado de um amadurecimento espiritual dos heróis da fé, que não vai pela aparente vantagem nas coisas desta vida. Na realidade, entre a vantagem e a desvantagem, o grande legislador estava optando pela desvantagem. No entanto, olhando para o resultado final, se percebe que Moisés tomou a decisão certa, passando a viver pelos planos de Deus.

Moisés morreu antes de entrar na Terra Prometida (Dt 34:5, 6). “Mas não ficou muito tempo no túmulo. O próprio Cristo, com os anjos que sepultaram a Moisés, desceu do Céu para chamar o santo que dormia. [...] Moisés saiu do túmulo glorificado, e ascendeu com seu Libertador à cidade de Deus” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 478).

O livro de Judas, verso 9, revela uma disputa pelo corpo de Moisés entre Cristo, identificado como Miguel, e Satanás. Este alegava ser de sua posse o corpo de Moisés e que o servo de Deus era seu prisioneiro. Cristo recusou-se a entrar em controvérsia com Satanás, “mas disse: "O Senhor o repreenda" (Judas 1:9, NVI). Ressuscitou seu santo servo e levou-o para o Céu. “O fato de Moisés ter aparecido com Elias no monte da transfiguração leva à conclusão de que o Senhor triunfou na disputa com o diabo e ressuscitou Moisés de sua sepultura, fazendo dele a primeira pessoa conhecida a provar o poder vivificador de Cristo” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 781).

Em 1889, arqueólogos encontraram uma múmia já danificada do Faraó Tutmés III, sobrinho e enteado da mãe adotiva de Moisés, que ocupou o trono que Moisés renunciou. Ela foi enviada para um museu da Europa. Na alfândega, houve uma dificuldade para classificar aquela múmia que estava sendo exportada. Finalmente a classificaram como “bacalhau seco”. Ali estava o valor passageiros das riquezas que Moisés recusou.

Moisés deveria estar no lugar daquele Faraó, e seria classificado como um simples bacalhau seco. No entanto, aquele filho de escravos fez a melhor escolha, e hoje está no Céu. Foi honrado por Deus.

Qual é a nossa escolha?

À semelhança de Moisés e de tantos outros personagens da Bíblia, somos chamados a fazermos a escolha mais importante da nossa vida, dizemos mais importante porque ela determina nosso destino eterno. Cristo nos recomenda que renunciemos a fama, a honra mundana, a fortuna, as pretensas vantagens, os relacionamentos que constituem um obstáculos à nossa salvação e ameaçam estorvar a obra que Ele tem para nós. Ellen White declara de forma sucinta: “Tudo o que é ofensivo a Deus tem de ser renunciado” (Caminho a Cristo, p. 39). Cristo diz: “(...) Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma? Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um de acordo com o que tenha feito” (Mateus 16:24-27, NVI).

A cultura em que vivemos nos diz que devemos seguir nossos sonhos e sacrificar tudo pelo que queremos. Mas Jesus nos diz o oposto. Ele nos convida a renunciar nossos sonhos e entrega-los aos Senhor. A verdadeira fé é a dolorosa experiência de renunciar ao que mais se deseja. Quando deixamos de nos apegar aos nossos sonhos, estamos “perdendo a vida” e, ao mesmo tempo, a estamos encontrando.

Quantos hoje se deixam fascinar pelas atrações e facilidades que o mundo oferece, rejeitando o reino que está sendo preparado por Jesus! Cristo honra os que dizem “não” aos sonhos da fama e dos prazeres momentâneos, dispostos a dedicar-Lhe inteiramente a vida, sem reserva. O gozo do pecado é passageiro, é fugaz, mas a alegria da salvação é duradoura e eterna. Tivesse Moisés escolhido o trono do Egito não estaria na eternidade com Deus. Quando, porém, volveu costas para a fama, o poder e riquezas, para cumprir o plano de Deus para sua vida e libertar o Seu povo, foi honrado pelo Céu, sendo ressuscitado por Cristo logo após sua morte e levado para o Céu. A ele foi dado o privilégio de ser um dos conselheiros de Jesus no monte da transfiguração. Agora, provavelmente, ele tem a responsabilidade por alguma área administrativa no governo celestial de Deus. Quão maravilhoso é que ele soube como fazer a escolha certa! Essa é a mesma recompensa que Deus quer dar a todos que entregarem o coração a Deus e a vida ao seu serviço.

Josué disse isso: “Escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas, eu e a minha família serviremos ao Senhor.” (Js. 14:15, NVI)

Querido amigo leitor, escolha ficar ao lado de Jesus, mesmo que seja necessário pagar um alto preço. Mas, o Senhor te garante a vitória e a herança imortal quando Ele voltar em glória e majestade. Deus tem um plano grandioso para sua vida! Não importa em que lar você vive, nem a poluição moral do ambiente, nem suas condições financeiras. Você deve estar consciente de que não entrou na vida por acaso, Deus tem um plano para você. Siga-o!



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