Dr.
Alberto Timm
Algumas pessoas alegam
que os remidos jamais verão a Deus Pai, pois o apóstolo Paulo diz que Deus
“habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver”
(1Tm 6:16), e o apóstolo João acrescenta que “ninguém jamais viu a Deus” (Jo 1:18;
1Jo 4:12). Se isolarmos o conteúdo desses textos do consenso das Escrituras,
poderemos ser tentados a assumir indevidamente que Deus é invisível a todas as
Suas criaturas, mesmo aos seres que nunca pecaram. Mas, para entendermos melhor
o assunto, devemos reconhecer que, no Jardim do Éden, Adão e Eva mantinham
plena comunhão com a Divindade, inclusive com Deus Pai. No entanto, “desde o
pecado de nossos primeiros pais, não tem havido comunicação direta entre Deus e
o homem”, pois “o Pai entregou o mundo nas mãos de Cristo” (Patriarcas e
Profetas, p. 366). Portanto, os textos acima mencionados devem ser
compreendidos no contexto do pecado. Como “Deus é fogo consumidor” para o
pecado (Hb 12:29), se seres humanos pecaminosos O vissem, seriam por Ele
destruídos.
Por outro lado, existem
várias declarações bíblicas que falam a respeito de Deus como sendo visto pelos
remidos no Céu. Por exemplo, o apóstolo João afirma que, quando Deus Se
manifestar, “seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como Ele é”
(1Jo 3:2, 3); e que os servos de Deus “O servirão” e “contemplarão a Sua face”
(Ap 22:3, 4). Embora a manifestação de Deus possa se referir à segunda vinda de
Cristo, a contemplação da face de Deus parece algo mais amplo do que a comunhão
apenas com Cristo. Mas, a realidade da contemplação de Deus Pai é confirmada
nas seguintes palavras de Cristo: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus” (Mt 5:8). Nessa declaração, Cristo não estava Se referindo apenas
a Si mesmo, que já estava sendo visto pelos Seus discípulos, e sim a Deus Pai.
Nos escritos de Ellen
G. White encontramos várias ocasiões em que ela se refere a Deus Pai como sendo
visto pelos remidos no Céu. Por exemplo, no livro O Maior Discurso de Cristo, p. 27,
ela afirma: “Os puros de coração vivem como na visível presença de Deus durante o
tempo que Ele lhes concede neste mundo. E também O verão face a face no estado
futuro, imortal, assim como fazia Adão quando andava e falava com Deus no Éden.
‘Agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face’ (1Co
13:12).” Já em O Grande Conflito, p. 676-677,
aparece a seguinte declaração: “O povo de Deus tem o privilégio de entreter
franca comunhão com o Pai e o Filho. ‘Agora vemos por espelho em enigma’ (1Co
13:12). Contemplamos a imagem de Deus refletida como que em espelho, nas obras
da natureza e em Seu trato com os homens; mas então O conheceremos face a face,
sem um véu obscurecedor de separação. Estaremos em Sua presença, e
contemplaremos a glória de Seu rosto.” E em Testemunhos para a Igreja, v. 8,
p. 268, a Sra. White comenta Apocalipse 22:4 de forma ainda mais
explícita: “E qual é a felicidade do Céu senão a de ver a Deus? Que maior júbilo
poderá ter o pecador salvo pela graça de Cristo do que contemplar a face de
Deus, e tê-Lo por Pai?”
Além disso, a Sra.
White nos adverte a respeito de distinções especulativas entre as Pessoas da
Divindade: “Os sentimentos dos que andam em busca de avançadas ideias científicas,
não são para confiar. Fazem-se definições como essas: ‘O Pai é como a luz
invisível; o Filho é como a luz corporificada; o Espírito é a luz derramada.’ (…)Todas
essas definições espiritualistas são simplesmente nada. São imperfeitas,
inverídicas. (…) O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e
invisível aos olhos mortais (Evangelismo, 614).” Quaisquer distinções entre as Pessoas
da Divindade, como as mencionadas acima, acabam distorcendo os atributos
divinos. Portanto, existem suficientes evidências bíblicas e nos escritos de
Ellen White para crermos que Deus Pai é “invisível aos olhos mortais”, mas não
aos seres imortais, e que os remidos no Céu realmente “contemplarão a Sua
face”.
FONTE: Revista do Ancião (abril – junho de 2008).
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