Teologia

quinta-feira, 9 de junho de 2016

SEI DE UMA CIDADE QUE NÃO TEM CEMITÉRIO



Ricardo André

Quando falamos em morte logo pensamos em cemitério. Para nós, ocidentais, cemitério não é um lugar agradável. Porque ele sempre lembra-nos perda, choro, desgosto, sofrimento. Alguns se lembram de enfermidades, violência, agressões. Outros se recordam de tragédias, de mortes súbitas, de traumas. Outros de filhos que se foram ceifados pela morte antes dos seus pais. E alguns outros, que são exceção, podem até ver o cemitério como um lugar de paz, de sossego, de despedidas boas.

Cemitério é, na verdade, uma constatação da inevitável realidade humana: todos chegaremos a um fim único: a morte. Essa é a grande certeza humana. A morte nos faz sentir que não somos assim tão poderosos quanto nos imaginamos. Seja rico ou pobre, alto ou baixo, nordestino ou sulista, todos nos encontraremos, um dia, a sete palmos abaixo da terra. Gostando ou não, a morte nos aguarda.

Em 1985, aos 12 anos, fui pela primeira vez a um cemitério, ao Cemitério publico Municipal da Cidade do Cabo de Santo Agostinho/PE. Fui ao sepultamento de um irmão em Cristo. Depois voltei novamente ao cemitério do Centro da Cidade para o sepultamento do meu avô José Cordeiro. Em nenhuma dessas minhas idas ao Cemitério foi agradável. Daí para frente fui poucas vezes ao Cemitério. Até hoje não me sinto bem ao entrar nele. Muito raramente entro nele. Na maioria dos enterros que participo, acompanho o cortejo até a porta do cemitério.

Na Cidade do Cabo há cinco cemitérios públicos. Toda cidade possui um ou mais cemitérios. Nunca vamos encontrar uma cidade que não tem cemitérios. Todavia, queremos neste artigo  falar exatamente sobre isso: Uma Cidade que não tem cemitério nenhum, a cidade dos meus sonhos. Essa cidade existe? Se existe, onde se localiza?

O patriarca Abraão – o pai da fé e pai de todos os que creem nas promessas de Deus, andava como um peregrino aqui nesta Terra. Ele peregrinava, sem saber aonde ia, mas procurava uma cidade sem cemitério, porque, diz a Bíblia: “Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hebreus 11:10). Naturalmente, essa cidade que Abraão aguardava, não era “qualquer cidade da terra de Canaã. O objetivo final de Abraão era a herança eterna que Deus providenciara para aqueles que O amam e O servem (comparar com Hb 12:22; 13:14)” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, p. 515).

A Cidade que Deus prometeu a Abraão e a nós, seus herdeiros é a que Ele mesmo nos preparou: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também“ (João 14:1-3). Nesta Cidade de ouro e cristal não terá cemitérios. Lemos em Ap 21:2-4:  "E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo. E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas."

Que promessa maravilhosa! Na Cidade Santa, a Nova Jerusalém, não haverá cemitério, porque não haverá mais morte, pranto, lágrimas. Ap 21:4 descreve o fim de toda tristeza, o aniquilamento da morte e a destruição de todos os hospitais, ambulâncias, cadeias, remédios e os cemitérios. Nela não haverá luto: ninguém vai se vestir de preto, mas de vestes brancas, que são símbolo de vitória.

O apóstolo Paulo escreve sobre essa inexcedível vitória. Notem as suas palavras em: I Cor. 15:54, 55: "Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?"

Quanto sofrimento tenho presenciado em minha curta vida! Já tive a amarga experiência de sepultar os meus avós maternos, minha querida mãe, amigos e irmãos de fé queridos. Quando o Senhor Jesus Cristo vier na Sua glória e majestade, quando Ele chamar os mortos e transformar os vivos, "quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade", então a palavra vitória será pequena demais para descrever o acontecimento. E quando todos os remidos do Senhor de todos os tempos se reunirem numa grande e inumerável multidão, e atravessarem os portais da Cidade Eterna, a Cidade que não tem cemitérios, então a palavra vitória não será suficientemente grande para descrever a ocorrência.

É por isso que Paulo disse em sua carta aos Romanos que “em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8:3, NVI). É uma vitória tão grande, é algo tão maravilhoso que a língua humana não poderá jamais descrever, porque como o próprio apóstolo escreveu: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que O amam." (I Cor. 2:9). Ninguém, na vida presente, pode assimilar completamente a ideia de como será o Céu. Aquilo que Deus preparou para os que O amam está além de nossas mais caras esperanças ou mais ousados sonhos, “mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito” (I Co 2:10).

Descrição da Cidade Santa

Caro leitor, pense por um momento na descrição de Deus sobre o mundo maravilhoso que preparou para nós. Como será a Cidade Eterna, como será a Cidade que não tem cemitérios? Onde será localizada a Cidade celestial?

1) A Bíblia diz que a Nova Jerusalém será construída de ouro puro, semelhante a vidro límpido. (Apoc. 21:18). Portanto, será uma cidade muito rica. Os homens que a contemplarem nunca viram tanto ouro na sua vida. A visão da Cidade de Ouro parece vidro cristalino.

2) A Bíblia diz ainda que a cidade terá a glória de Deus; e por isso, o seu fulgor, seu brilho, será semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. (21:11). E se a Cidade terá a glória de Deus, não precisa nem do Sol nem da Lua para lhe darem claridade. A refulgente glória de Jesus Cristo será a lâmpada que irá iluminar a cidade de cristal (21:23). Ele é chamado o Sol da Justiça, e o Seu fulgor encherá toda a Cidade.

3) A Cidade de Jerusalém celestial estará adornada também de todos os tipos de pedras preciosas, lindas, raras, jamais vistas pelos mortais. Haverá 12 portas nos muros da Cidade, e cada porta será feita de pérola, cada uma das 12 portas será uma só pérola. A praça central da Cidade é de ouro, semelhante a vidro transparente. (21:21).

4) O trono de Deus estará no centro da Cidade eterna, e do trono sai o rio da água da vida, brilhante como cristal, e de uma a outra margem desse rio, está a árvore da vida, que produz 12 espécies de fruto, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore terão valor de preservar a saúde dos povos. Todos quantos beberem da água da vida, todos que comerem do fruto da árvore da vida participarão da vida eterna, uma vida que se compara com a vida de Deus. De uma lua nova a outra – de mês em mês – os remidos visitarão a Cidade e comerão dos 12 tipos de frutos da árvore da vida, e beberão a água cristalina. E diz o profeta que de sábado em sábado virá toda a humanidade para adorar o Rei da glória, Jesus Cristo. Esse foi o dia que Ele criou para a nossa adoração a Deus, para que nós descansássemos de nossas atividades, nossos trabalhos, e nos dirigíssemos a um encontro com o nosso Criador, a fim de recebermos mais de Sua Santidade e Perfeição. E isso continuará por toda a eternidade, lá nos Céus. “De uma lua nova a outra e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se inclinará diante de mim", diz o Senhor” (Isaías 66:23, NVI).

O apóstolo João disse que a viu descer do Céu à Terra (Apo. 21:2), e o profeta Zacarias disse que o monte das Oliveiras se dividirá ao meio, (Zac. 14:4) tornando-se numa grande planície para receber a Cidade eterna. Este mundo será transformado para receber a cidade celestial.

As Condições de Vida na Nova Terra

O apóstolo Pedro nos lembra a promessa da transformação do nosso velho mundo, o que lemos em II Ped. 3:13: "Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça." Deus prometeu, e é fiel Aquele que prometeu restaurar todas as coisas e renovar a nossa Terra. A Bíblia diz: "E dirão (os remidos): Esta terra que estava assolada tem-se tornado como jardim do Éden; e as cidades solitárias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas e habitadas" (Ez. 36:35). É o fogo de Deus que descerá do céu no final do Milênio que purificará esse globo, eliminando pecado e pecadores, e então Ele fará surgir das cinzas desta Terra um maravilhoso Paraíso, no qual haverá justiça (Ap 21:7-14). Um mundo completamente restaurado, todo florido, semelhante e até mais belo que o jardim do Éden. Os desertos serão revestidos de linda folhagem e encantadora vegetação, o ermo florescerá abundantemente como a rosa e o narciso (Isa. 35:1). Disse o profeta: "Florescerá (a Terra) abundantemente, jubilará de alegria e exultará; deu-se-lhes a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom; eles (os justos) verão a glória do SENHOR, o esplendor do nosso Deus."

Na Nova Terra, mergulharemos em pensamentos e atos criativos. Edificaremos belas casas, fora da Nova Jerusalém, para nós mesmos (Is 65:21, 22) e apreciaremos rios, árvores, jardins e flores em sua edênica beleza (Is 51:3). Como pessoais reais, que se associam com familiares e amigos (I Co 13:12), experimentaremos um estilo de vida vibrante e saudável (Is 33:24). A vida será tão satisfatória que as lágrimas humanas jamais cairão. A fria mão da morte não reclamará vítimas, as pessoas nunca falarão palavras amargas, a elasticidade da juventude permanecerá para sempre e o sofrimento humano será desconhecido. O melhor de tudo é que Jesus ministrará pessoalmente aos redimidos nessa terra de sonhos do amanhã (Ap 21:3).

Nós teremos a feliz companhia de animais que serão lindos, mas não serão ferozes: o leão, o lobo, o leopardo, o elefante, e todas as belas criaturas de Deus. Eles serão os nossos companheiros no Céu; nós gostaremos de brincar com eles. (Isa. 11:6). Aqui está o ideal de Deus: beleza sem ferocidade, sem violência, mas plena harmonia em toda a Sua criação.

Lá os santos conhecerão como eles são conhecidos. Lá nós poderemos nos reconhecer. Teremos o nosso nome, teremos a semelhança que nos possibilitará o reconhecimento (1Cor. 13:12). Lá nós veremos Abraão, Isaque, Jacó, e todos os patriarcas, profetas e apóstolos, e também o próprio Adão ao lado de Eva. Lá nós reconheceremos os nossos familiares, mas a nossa maior alegria será reconhecer a Jesus Cristo, contemplar o nosso Salvador, Aquele mesmo que morreu por nossos pecados, que deu a Sua vida para que nós pudéssemos entrar na Cidade eterna. Sim, esta é a Cidade que não tem cemitérios, porque abriga os redimidos de todas as eras – aqueles que, aceitando a salvação em Cristo, obtiveram direito e acesso à Vida Eterna (Apoc. 22:14).

Então esta reunião final, feliz e eterna acontecerá. Os salvos estarão reunidos para nunca mais se separarem. Imagine a alegria que inundará o coração dos salvos ao poderem abraçar os queridos ressuscitados, que morreram crendo em Jesus. Não mais terão o rosto macilento e triste, marcado pela doença e a morte. Terão na face a alegria e a felicidade de uma nova vida ressurgida para a eternidade. Será maravilhoso aquela reunião quando, na presença de Cristo, junto ao belo portal da Cidade, uma mãe  receber a recompensa de seus labores, tendo todos os seus filhos lá dentro.  Inegavelmente, será um momento muito glorioso. Será a vitória final de Jesus sobre as tristezas, dores, doenças, e a morte! Essa certeza nos conforta e nos anima na jornada, enquanto aguardamos o grande dia da volta de Jesus.

A escritora cristã Ellen G. White, escreveu: “Estamos em caminho para casa. Aquele que nos amou de tal maneira que morreu por nós, construiu para nós uma cidade. A Nova Jerusalém é o nosso lugar de repouso” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 434).

Caro amigo leitor, eu e minha família estamos fazendo planos para estar lá e sentar-se face a face com Jesus!  Nós desejamos muito as moradas eternas. Tenho dedicado minha vida para o serviço de Deus, procurando, assim, conduzir o máximo de pessoas para este santo e bom lugar. Ver nosso Salvador e andar com Jesus será uma experiência de comovedor encanto. Eu quero estar lá. E você, gostaria de entrar lá?




                   




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