Teologia

quarta-feira, 22 de junho de 2016

DESCARTANDO O DEUS DOS DEÍSTAS



Ricardo André

O século XVIII testemunhou a ascensão de uma ramificação do cristianismo chamada deísmo. Deísmo era uma religião fundamentada no raciocínio humano, em vez de na revelação divina. Foi grandemente estimulada pela ascensão da ciência moderna. A maioria dos filósofos iluministas era deísta. Possuo alguns colegas e alunos que se declaram deístas.

Descobertas como a lei da gravidade, por Isaac Newton, estabeleceram a cenário para os deístas. Os filósofos do Iluminismo eram apaixonados pelas leis da mecânica de Newton. Então, começaram a ver o Universo como uma grande máquina que funcionava por si mesma, de acordo com as leis da natureza. Naturalmente, ainda assim precisavam de um Deus para criar a máquina e especificar as leis de seu funcionamento. Mas parece óbvio aos deístas que, uma vez em funcionamento, a máquina cósmica podia funcionar muito bem sem a interferência de Deus.

Assim sendo, o Deus deles não interferiu nos assuntos da Terra e de seus habitantes. Depois da criação, Ele saiu de férias, por assim dizer, e deixou a humanidade por conta própria. Como resultado, eles desacreditaram de milagres, revelações sobrenaturais e de todos os outros elos de aproximação entre o divino e o humano. Essa maneira de ver o Universo é chamada de mecanicismo.

As Diversas Formas de Revelação de Deus

As Escrituras Sagradas assumem uma posição firme contra tais teorias. Elas apontam um Deus que se revela a nós. Aproxima-Se de nós, relaciona-Se conosco, manifesta-nos o Seu caráter, revelando Sua vontade e oferecendo-nos a salvação provida por Ele.

O Deus da Bíblia é um Deus relacional, que caminha com seus filhos. Enoque o sétimo depois de Adão foi um homem que experimentou um relacionamento de comunhão impressionante com Deus “Enoque andou com Deus, e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou”  (Gn 5.24). Deus tem diversas maneiras de revelar-se a nós, entre elas estão:

a) A Natureza.

Em Romanos 1:20, se diz: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis”.  O salmista também deixa claro que pode-se obter ampla revelação de Deus por meio da Natureza: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol” (Salmos 19:1-4, NVI).

Na Criação, todas as coisa, em sua perfeição original, eram uma expressão do pensamento de Deus; e, como tal, refletiam claramente a natureza divina e a bondade do Criador. A Natureza estava repleta do conhecimento de Deus, e evidenciava Sua sabedoria e amor. Quando, porém, Adão e Eva pecaram, as consequências do pecado tornaram-se visíveis nos danos causados ao nosso Planeta. “Mesmo nesta condição, muito do que é belo permanece. As lições objetivas de Deus, não são obliteradas; quando bem compreendida, a Natureza fala de seu Criador” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 18). A teologia chama essas manifestações de revelação geral.

b) As Sagradas Escrituras

Evidentemente que não é possível conhecer devidamente a Deus somente pelo mundo natural. O cientista poderá trabalhar por uma eternidade, sem chegar a conhecer a Deus e todos os Seus atributos. O homem é apenas uma criatura de um Criador; por isso, ele não pode ter conhecimento de Deus só pela investigação das obras criadas por Ele, mas necessita de uma revelação especial. Indubitavelmente, essa revelação especial é a Palavra de Deus, que foi dada nas Escrituras Sagradas.

Deus não nos enviou a Bíblia como volume impresso no Céu e despachado num trem noturno. Ele não contratou uma equipe de secretários temporários para ditar palavra por palavra do que deviam escrever. Inspirou, porém, os escritores da Bíblia, dando-lhes pensamentos e mensagens por meio de visões, sonhos, conversas com anjos e revelações especiais à mente do profeta. Os profetas escreveram então essas revelações em suas próprias palavras. Assim, embora fossem necessárias 40 pessoas para escrever a Bíblia, ela teve só um Autor: Deus (2 Pe 1:19-21; 1 Tm 3:16, 17).

A Bíblia não procura provar que é a Palavra de Deus. Ela simplesmente afirma que possui autoria divina. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16,17, NVI). “Também agradecemos a Deus sem cessar, pois, ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocês a aceitaram não como palavra de homens, mas segundo verdadeiramente é, como palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que creem” (1 Tessalonicenses 2:13, NVI). A prova dessa afirmação está no que ela pode fazer pelos que a aceitam.

Se for estudado com oração e humildade, e com a orientação do Espírito Santo, todo ensino Bíblico tornar-se-á um quadro que nos ajuda a ver mais claramente a Deus. A pessoa terá de reprimir intencionalmente a revelação que Deus faz de Si mesmo em Sua Palavra e na Natureza, para chegar à conclusão de que Ele não existe. A Bíblia declara o seguinte: “Diz o tolo em seu coração: "Deus não existe" (Salmos 14:1, NVI).

Para aqueles, porém, que aprendem a usar corretamente a revelação de Deus na Natureza, “a Terra jamais será um lugar solitário e desolado. Será a casa de seu Pai, repleta da presença dAquele que uma vez habitou entre os homens” (Ellen G. White, Educação, p. 120).

c) Jesus Cristo

De modo especial, a Bíblia nos revela a Deus em Cristo. O Salvador compassivo, por Sua vez, é a mais clara revelação do caráter amoroso de Deus que o mundo já viu. Ele é o pensamento de Deus audível. É o caráter de Deus tornado tangível. É o pensamento de Deus tornado compreensível. Cristo declarou que se estudarmos diligentemente as Escrituras, notaremos que elas falam a Seu respeito. “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito” (João 5:39, NVI).

Não só era Jesus um divino elo entre o Céu e a Terra por meio da encarnação, mas esse próprio Deus, de acordo com Hebreus 1:1-3, é o Deus Criador e Mantenedor do dia a dia da existência na Terra. “Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas” (Hebreus 1:1-3, NVI).

“Para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mateus 5:45, NVI).

Ellen G. White enfatiza os ensinos de Hebreus 1 e Mateus 5:45 ao escrever: “Não é em virtude de um poder inerente que a Terra produz ano após ano sua abundância (...) É por meio de Seu poder [de Deus] que verão e inverno, semente e sega, dia e noite se seguem em sucessão regular. É por meio de Sua palavra que a vegetação floresce. (...) Todas as boas coisas que possuímos, todo raio de Sol e toda chuva, todo bocado de pão, todo momento de vida, é um dom [uma dádiva] de amor” (O Maior Discurso de Cristo, p. 74 e 75).

Somos agradecidos a Deus porque Ele “faz nascer o Seu sol” e “vir chuvas”.

Jesus Cristo, o Deus Encarnado nos convida a um relacionamento Feliz com Ele

"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30, NVI). O Senhor Jesus está sempre convidado Seus filhos para que participem com Ele, para que estejam com Ele, para que venham às Bodas do Cordeiro com Ele! Mateus 11:28-30 traduzem a mais linda mensagem da Palavra de Deus e um convite especial do Mestre a cada um de nós. É o convite para um relacionamento feliz e saudável com Ele, é o convite para o alívio do fardo do pecado, o descanso, a paz de espírito. Desde que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, homens e mulheres não tem mais tranquilidade. Por quê? Porque quando estamos longe de Deus, nos afastamos dEle, não há sossego em nosso coração.

A maior prova dessa ansiedade e intranquilidade do homem são as muitas pílulas, pastilhas, drogas, tranquilizantes que ingere para poder minar um pouco o sofrimento e agir calmamente no trabalho e no lar. Os grandes dramas sociais resultam dessa falta de paz de espírito, dessa ansiedade mórbida que avassala a humanidade. O resultado: Divórcios, crimes, infelicidades, abusos, vícios, entre outros.

Os jornais e revistas faturam, publicando problemas dos outros, falando das dificuldades dos artistas, da corrupção dos líderes políticos, da falha dos executivos, e especialmente o “fuxico” que permeia a sociedade como uma verdadeira praga, onde o ser humano só tem prazer quando está falando mal de alguém, destruindo seu próximo.

Há uma insegurança total na humanidade! Ficam ainda mais apavorados quando desastres assolam a humanidade, e compreendem mais e mais a fragilidade de nossa vida. O convite de Jesus é simplesmente maravilhoso e adequado para os dias modernos. “Cristo fala a todos os seres humanos. Saibam eles ou não, todos estão cansados e oprimidos. Todos se acham curvados sob fardos que só Cristo pode remover. O fardo mais pesado que levamos é o pecado. Se fôssemos deixados a suportar esse peso, ele nos esmagaria. Mas o inocente tomou nosso lugar. [...] Ele nos convida a lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, pois nos traz em Seu coração” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 328, 329).O que os homens e mulheres precisam compreender que longe de Cristo não há solução para o pecado. Com o pecado, somos impotentes, sem esperança e ficamos sobrecarregados.

Quanto mais tentamos salvar a nós mesmos do pecado, mais forte é a tragédia da ansiedade. O pecado não é um problema de saúde, um risco no trabalho, uma fantasia, ou mesmo um fracasso moral. Pecado é rebelião contra Deus, e somente o Senhor pode solucionar esse problema. A solução é Jesus, Aquele que disse: “Vinde a Mim”. Jesus nos chama para uma identificação pessoal com Ele, com Sua cruz, Sua graça, Seu caminho e Seu jugo. Ele nos chama a um relacionamento de amor com Ele. Um relacionamento com Deus fundamentalmente acontece pelo Espírito, através da Palavra. Não tente correr da Bíblia tentando achar uma relação com Deus nos bosques ou em algum tipo de encontro esotérico, ou na filosofia. De fato, Deus usa arte, a poesia para nos despertar. Mas se nós não centrarmos na Bíblia, onde ele fala infalivelmente, então nosso relacionamento tornar-se-á distorcido pelo erro e pelo pecado. Portanto, deixemos a Bíblia ser o lugar onde Deus encontra e fala conosco. O relacionamento reside nesta comunhão: Ele para nós e nós para Ele. E isso ocorre o tempo todo ao longo do dia.

Caro migo leitor, ao contrário do que pensam os deístas, Deus é um Ser que se revela a nós e está interessado em manter um relacionamento amoroso conosco. Ele diz: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Apocalipse 3:20, NVI). Em nossa vida Deus precisa ocupar o principal lugar e ter o controle de tudo! A vida sem a presença de Deus é vazia. O ser humano procura preencher esse vácuo se atirando nas aventuras mais extravagantes. Tenta fazer carreira, planeja sua vida até nos mínimos detalhes e busca segurança de todas as formas. Mas em seu coração continua infeliz. Encontramos centenas de pessoas importantes na sociedade, mas envolvidas com drogas, alcoolismo e com uma vida toda desregrada. A justificativa disto é que muitas destas pessoas sem Deus, tem necessidade de preencher o vazio da alma e estes são os caminhos que encontram,(Sl 42:7). Os que por tais caminhos enveredam, nem sempre é mau-caratismo, mas necessidade Deus.

Elas precisam de um relacionamento com Deus através de Jesus Cristo. Por essa razão o salmista diz: "Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo."(Sl 16:2) Chamar a Jesus Cristo de meu Senhor, nisso reside a felicidade permanente. Por isso o salmista continua confessando: "Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente" (v. 11).

O caminho para uma vida plena de felicidade e alegria se chama Jesus Cristo e consiste naquilo que Ele realizou na cruz por nós, que é o perdão dos pecados. Outra passagem da Bíblia diz: "Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade" (Sl 32:1, 2). Exatamente para isto Jesus veio a este mundo, morreu na cruz, foi sepultado e ressuscitou dos mortos, para nos colocar outra vez em comunhão com Deus pelo perdão dos pecados. Existe um hino no Hinário Adventista que exprime isso de maneira muito acertada:

"(...) Sou feliz com Jesus!
Sou feliz com Jesus
Meu Senhor!

Jesus meu Senhor, ao morrer sobre a cruz
Livrou-me da culpa e do mal
Salvou-me Jesus, oh, mercê sem igual!
Sou feliz, hoje vivo na luz "
(...)

HASD, nº 230

“Quando por meio de Jesus, entramos no repouso, o Céu começa aqui. Atendemos-Lhe ao convite: Vinde, aprendei de Mim; e assim fazendo começamos a vida eterna” (Ellen G. White, A Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 367 [MM, 1959]).

Acredite no Deus da Bíblia, aceite-O como seu Salvador pessoal e experimentarás a paz, a alegria do viver,  a felicidade , o começo da vida eterna, enfim.


Nenhum comentário:

Postar um comentário