Levi
de Paula Tavares
Um dia ao ler dois
artigos sobre música, fiquei um tanto que incomodado devido a algumas
declarações feitas com o objetivo de abonar o uso das danças e dos tambores na
adoração. Uma das declarações dizia que a Bíblia se cala quando o assunto é
música. Será realmente que a bíblia se cala quando o assunto é a música? Será
que a bíblia tem respostas quanto ao uso de danças e tambores na liturgia? Por
esta razão pretendo apresentar algumas ideias bíblicas a respeito da música,
dança e em especial os tambores usados na adoração.
É óbvio que a Bíblia
não se cala a respeito das questões envolvidas no uso da música, principalmente
no uso da música na adoração a Deus. Na verdade, desde o cântico dos exércitos
celestiais durante a Criação (Jó 38:6-7) até o grande coro dos remidos e dos
anjos na majestosa recepção celestial aos salvos (Apocalipse 7:9-17), toda a
Bíblia está repleta de citações relativas à música.
A
Questão da Dança na Bíblia
Alguns usam até mesmo a
Bíblia para afirmar que as danças e os tambores eram comuns na adoração do povo
de Israel e que até reis e profetas fizeram uso dos mesmos. Estes argumentos
serviriam de base para a justificativa ao uso de tambores e danças na adoração
hodierna. Caso estes argumentos estivessem corretos, esta visão faria sentido,
uma vez que, sendo Deus imutável em Seus preceitos, podemos seguramente afirmar
que os mesmos princípios de adoração válidos para o tempo do Antigo Testamento,
são válidos para a igreja atual, guardadas as diferenças de contexto histórico
e teológico.
Vamos, então, analisar
alguns destes argumentos, à luz do que diz a Palavra de Deus, e ver se eles
resistem a uma confrontação com as verdades bíblicas:
Argumento
1 – Miriã, a profetisa, dançou com pandeiros e levou o povo de Israel ao mesmo.
(Êxodo 15:20,21)
A pergunta que surge é:
Moisés também dançou? Ao lermos atentamente o texto citado, podemos notar que
o relato bíblico não autoriza esta conclusão. Na verdade, o argumento é
capcioso ao insinuar que todo o povo tenha dançado, uma vez que, de acordo com
o relato bíblico, somente as mulheres dançaram.
Se Moisés não dançou,
porque não dançou? Devemos notar que o a dança de Miriã e das outras mulheres
reproduz uma prática da época. Pode-se argumentar, inclusive, que esta era uma
prática oriunda do Egito, de onde haviam acabado de sair. Se tivermos alguma
dúvida sobre as origens desta prática, podemos nos perguntar:
De onde as mulheres
trouxeram os tambores e adufes? Os tambores e adufes não foram trazidos de
outro lugar a não ser do Egito. Afinal de contas, não podem ter sido
construídos durante os poucos dias desde que haviam deixado o Egito.
É possível também que
este tipo de instrumento fizesse parte da cultura religiosa egípcia. O povo de
Israel viveu por mais de 400 anos no Egito, e este período longo foi suficiente
para aprenderem e adquirirem certos costumes entre eles até mesmo costumes
pagãos usados na adoração a ídolos e deuses egípcios. De fato, “em muitos
túmulos dos antigos egípcios encontramos representações de moças dançando em
festas particulares ao som de vários instrumentos, de maneira semelhante às
modernas dançarinas”. Carl Engel, Music of the Most Ancient Nations, págs. 258
e 259 (citado em "Música em Minha Bíblia", pág. 111).
Outro fator a ser
considerado é que o cântico de Miriã nada acrescenta ao cântico litúrgico de
Moisés e dos filhos de Israel: "Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente
triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro." (15:21). Além
disso, a dança praticada por Miriã e pelas mulheres não foi um ato de culto e
nem foi incorporada no culto do Antigo Testamento.
Depois do
estabelecimento do povo de Israel em Canaã, esta prática durou ainda algumas
centenas de anos. A Bíblia relata que as mulheres cantavam e dançavam por
ocasião de vitórias militares (I Samuel 18:6; 21:11; 29:5; Juízes 11:34).
Podemos argumentar que uma prática cultural popular trazida do Egito e
posteriormente abandonada, sem jamais ter sido incorporada ao serviço de
adoração no templo, seja uma justificativa para o uso da dança nos dias de
hoje? Apenas por coerência já teríamos que responder que não, mas, considerando
o espírito festivo da dança comemorativa das mulheres daquele tempo com a
sensualidade da dança aos pares da atualidade, temos que responder com um
enfático “JAMAIS”!
Argumento
2 – Davi “dançou diante do Senhor” (II Samuel 6:14-16)
A pergunta que surge é:
Qual era o contexto dessa dança de Davi? Este evento nos autoriza a utilização
desta expressão corporal nos nossos cultos de adoração a Deus, nos dias atuais?
A palavra hebraica
utilizada neste texto é karar. Esta palavra quer dizer, literalmente, saltar ou
pular. De fato, a Bíblia na versão Almeida, Revista e Corrigida descreve o
evento da seguinte forma: “E Davi saltava com todas as suas forças diante do
Senhor” (verso 14). A partir desta compreensão, podemos entender que o que Davi
estava fazendo não era uma dança exibicionista, sensual (como as danças
atuais), nem mesmo uma dança ritual ou litúrgica (o que, embora ocorresse entre
os povos pagãos cananitas, era completamente desconhecida na liturgia judaica);
ele estava simplesmente saltando de alegria, como uma criança que acaba de
ganhar um presente esperado há muito tempo.
Porém, antes de
continuarmos, devemos levar em conta três pontos: Primeiro, poderia surgir o
argumento de que saltar, ao som de música, é a mesma coisa que dançar. Em
segundo lugar, muitas versões bíblicas traduzem o termo karar neste verso como
“dançou”. E, terceiro, é óbvio que devemos admitir que, embora o contexto de II
Samuel 6:14 sugira outra coisa, “dança” é um significado possível para o termo karar.
Assim, nos parágrafos que se seguem, admitimos, para fins de argumentação, que
Davi tenha dançado de alegria, uma manifestação física espontânea, uma expressão
de júbilo diante do Senhor.
Ellen G. White descreve
o evento nos seguintes termos: “A música e dança, em jubiloso louvor a
Deus, por ocasião da mudança da arca, não tinham a mais pálida semelhança com a
dissipação da dança moderna. A primeira tendia à lembrança de Deus, e exaltava
Seu santo nome. A última é um ardil de Satanás para fazer os homens se
esquecerem de Deus e O desonrarem." (Patriarcas e Profetas, p. 707)
Para compreendermos
corretamente esta questão, vamos recapitular toda a história:
Antes da instituição da
monarquia em Israel – com a unção de Saul como rei – quando o povo de Israel
estava sendo atacado pelos filisteus, em vez de buscar qual seria a vontade do
Senhor, eles decidiram por si mesmos, levar a Arca da Aliança para a batalha,
confiando no objeto como um talismã, em vez de confiar no Senhor. Os filisteus
os derrotaram e tomaram a arca como um troféu de guerra (I Samuel 4:1-11).
Porém, os filisteus só
tiveram problemas com a Arca da Aliança, porque o Senhor infligia a eles todo
tipo de doenças (I Samuel 5:1-11). Então, eles decidiram devolver a Arca da
Aliança. Colocaram-na sobre uma carroça e duas vacas a levaram, sem ninguém
precisar dirigi-las, para o povo de Israel, no campo de um homem chamado Josué,
na cidade de Bete-Semes. Porém, alguns dos israelitas, por curiosidade, olharam
dentro da arca e morreram diante do Senhor (I Samuel 6:1-20). Por causa disso,
o pessoal da cidade pediu que a arca fosse levada dali. Ela foi levada para a
casa de Abinadabe, na cidade de Quiriate-Jearim e ficou ali por vinte anos (I
Samuel 6:21-7:2).
Durante todo o reinado
de Saul, a Arca da Aliança ficou em Quiriate-Jearim. Assim que Saul morreu, e
Davi foi ungido como rei de Israel, a primeira coisa que ele fez foi conquistar
a cidade de Jerusalém, que tornou-se a capital do império (I Crônicas 11:4-9;
II Samuel 5:6-13). A segunda coisa que ele fez foi planejar trazer a Arca da
Aliança para Jerusalém. É neste ponto que ocorreram os eventos que vamos
analisar, para compreender a questão da dança de Davi.
Este preâmbulo foi necessário, para que
pudéssemos compreender a importância deste fato para Davi, pessoalmente, e para
a nação Israelita, como um todo. Agora podemos entender porque Davi estava tão
feliz, a ponto de saltar de alegria, como destacamos acima.
Não podemos nos
esquecer também que Davi sempre havia sido, até este ponto, extremamente zeloso
com as coisas de Deus, sempre buscando a Sua vontade e realizando grandes
coisas em Seu nome. Porém, no planejamento do transporte da Arca da Aliança,
saindo de Quiriate-Jearim, Davi fez planos sem consultar ao Senhor. O relato
bíblico de Crônicas (tampouco o de Juízes 6) não menciona Davi consultando a
Deus em nenhum momento; seja acerca dos métodos a serem utilizados no
transporte, seja acerca da aprovação divina em trazer ou não a arca de volta.
Em vez de consultar os sacerdotes, ele consultou seus comandantes (I Crônicas
13:1-2).
Mesmo assim, o intento
de Davi é colocado em ação. Aparentemente tudo está correto! Um carro novo
(último tipo!!!) é escolhido para o transporte, a orquestra improvisada toca
música “harpas, e com saltérios, e com tamboris, e com pandeiros, e com
címbalos” (II Samuel 6:5; ver também I Crônicas 13:8), Davi e todo o povo
vibram em excitação e o rei é aclamado por seu feito religioso e heróico. Até
que o imprevisível acontece. Os bois tropeçaram, a arca quase caiu e Uzá, um
mero mortal, toca a arca e morre, fulminado pela ira do Altíssimo. O evento da
morte de Uzá parece uma mensagem fortíssima ao rei de Israel; e este, inspirado
pelo Espírito Santo, faz uma declaração não menos poderosa e cheia de
compreensão do sinal de Deus: "Temeu Davi ao Senhor naquele dia, e disse:
Como trarei a mim a arca de Deus?"(II Samuel 6:9; ver também I Crônicas
13:12).
Davi poderia ter
blasfemado contra Deus ou exasperando-se contra o povo: "Infiéis!
Desobedecestes a ordem de Deus e tocastes a arca! Deixai-me passar, eu mesmo
levo isso! É a mim que Deus ungiu!". Mas não! Davi compreendeu plenamente
a mensagem de Deus implícita naquela morte tão pesarosa e percebeu logo que
algo estava muito errado. Sendo assim, preferiu Davi parar a procissão, para
que, em oração, pudesse permitir que Deus sondasse seu coração em busca de
alguma mancha de pecado ou erro E assim, a arca repousou na casa de Obede-Edom
por três meses.
Três meses depois, Davi
juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom. Davi faz nova
convocação ao povo e discursa sobre a velha missão, agora com nova perspectiva.
"Ninguém pode levar a arca de Deus, senão os levitas; porque o Senhor os
elegeu, para levar a arca de Deus, e o servirem para sempre" (I Crônicas
15:2).
Não só Davi reconheceu
seu erro no primeiro transporte da arca, como o corrigiu, assentindo com a
vontade de Deus. Davi percebeu a lição que Deus a ele queria mostrar, deixando
de lado a intenção egoísta de levar a arca apenas para sua promoção pessoal
(para que o povo o aclamasse como rei de Israel). Ao invés disso, invocou a
Deus, orou sem cessar, ouviu a voz do Altíssimo e atendeu-Lhe o pedido (ou a
ordem). Não seria para a promoção do rei, por maior e mais "bem
intencionado" que este fosse; porém sim para a glória de Deus, que a arca
seria levada. Houve alegria, mas ao contrário da primeira tentativa, desta vez
a orquestra não teve tambor, mas harpas, alaúdes e címbalos (I Crônicas 15:16).
Dessa vez sim, o transporte deu certo.
Davi era inclinado a
expressar fisicamente seu estado de espírito. Mesmo com a música mais branda
sem tambores e com menos instrumentos, ele dança no segundo transporte. Mas é
bom notar que da primeira viagem se diz ele dançava com todo o Israel, e na
segunda se diz que ele dançava, parecendo que o fazia sozinho (ver II Samuel
6:16 e I Crônicas 15:29).
Creio que o ponto mais
importante desses textos é a possibilidade de extrair daí o princípio da música
reverente. Embora Davi tenha dançado na segunda viagem – e parece que sozinho –
a música do templo não favoreceu mais a expressão física, visto que essa
prática não é comum desse momento para frente, ficando restrita a celebrações
populares.
Davi dançou
"diante do Senhor", contudo, não foi autorizado por Deus a introduzir
a dança no culto. Davi não abriu espaço para dança e instrumentos de percussão
quando planejou o serviço musical elaborado que seria realizado no templo que
Salomão construiria em Jerusalém (I Crônicas 23:2 a 26:32).
É importante notar que
Davi, que é considerado por muitos como o exemplo principal para a dança
religiosa na Bíblia, nunca deu instruções aos levitas com respeito a quando e
como dançariam no Templo. Se Davi cresse que a dança deveria ser um componente
na adoração divina, sem dúvida teria dado instruções relativas a ela aos
músicos levitas que designou para se apresentarem no templo. Sua omissão da
dança na adoração divina dificilmente pode ser considerada como um lapso. Ao
contrário, ela nos fala da distinção que Davi fez entre a música sacra,
executada na Casa de Deus e a música secular tocada fora do Templo para o
entretenimento.
Aquele episódio de
dança foi um ato de máxima e santa excitação pela glória de Deus presente na
arca. Santidade de um homem que, sem sombra de dúvidas, sabia da função da arca
dentro do templo, ou do santuário. Foi um ato único, espontâneo e imediato,
nascido diretamente da alegria suprema diante de certeza da aceitação de Deus a
todos os preparativos feitos anteriormente para o transporte da relíquia
sagrada. Esta manifestação não se repetiria mais em toda a narrativa Bíblica,
mesmo nos mais exaltados momentos de júbilo (e muito menos na liturgia do
Templo).
Embora Deus não tenha
rejeitado o culto e as manifestações de louvor, feitas ao estilo das
celebrações populares por parte dos israelitas, ele deu claras evidências de
que a música de adoração no templo deveria ser diferente da música secular.
Desvinculada das danças e das celebrações populares, a música do templo se
tornou um padrão para Israel, tendo sido assimilada pela igreja cristã no
período do Novo Testamento.
Quando o povo adorou a
Jesus na Sua entrada triunfal em Jerusalém, estenderam suas roupas e ramos de
árvores, clamando que Ele era o Filho de Davi (Mateus 21:8 e 9). Nessa ocasião
em específico, não há relato sobre danças ou qualquer outra manifestação do
gênero.
A questão a ser
respondida é: a menção de um costume mantido ou praticado pelos servos de Deus
no passado é suficiente para autorizar o mesmo costume para todos os tempos e
lugares? A resposta clara é "não". Pois, os servos de Deus no
passado, sob a influência da cultura prevalecente, usaram bebida forte, tiveram
mais de uma mulher e mantiveram escravos, entre outras coisas. Da mesma forma
que a revelação posterior, corroborada por estudo e reflexão, iluminou esses
fatos que aos poucos foram sendo eliminados. A questão da música também deve
ser objeto de estudo para compreensão e juízo acertados.
A dança relacionada com
o ritual sagrado, sempre foi característica de primitivismo, em quase todas as
religiões pagãs, e mesmo nas semi-cristãs. Como manifestação de jubilo sacro,
não deixa de ter a mesma feição. Quando Davi saltou de alegria quando trazia a
arca, não deixa de ser manifestação de relativo primitivismo e simplicidade que
não se verificaria, nem se verificou, em seu filho Salomão, quando a arca veio
para o templo (I Reis 8:1-11). E, mesmo assim, dada a diferença entre a
espontânea e inocente coreografia do rei-salmista com a prática sensual em que
se tornou a dança, não podemos torná-la uma prática livremente aceitável.
Falando sobre a
diferença entre a dança religiosa e a profana, o Seventh day Adventist Bible
Dictionary afirma que "a dança na Bíblia está sempre ligada com regozijo.
A natureza desse regozijo pode ser religiosa, festiva, ou meramente uma
expressão de alegria, que não tem nenhuma semelhança com as danças da moderna
civilização ocidental. De acordo com as Escrituras, a dança era geralmente
praticada por mulheres, mas em raras ocasiões os homens também participavam.
Entretanto, mesmo nessas ocasiões, não há qualquer evidência de contato físico
entre ambos os sexos" (Siegfried H. Horn, rev., Seventh day Adventist
Bible Dictionary (Washington, DC: Review and Herald, 1979), págs. 262 e 263.)
"A dança de Davi
em júbilo reverente, perante Deus, tem sido citada pelos amantes dos prazeres
para justificarem as danças modernas da moda; mas não há base para tal
argumento. Em nosso tempo a dança está associada com a extravagância e as
orgias noturnas. A saúde e a moral são sacrificadas ao prazer. Para os que
frequentam os bailes, Deus não é objeto de meditação e reverência; sentir-se-ia
estarem a oração e o cântico de louvor deslocados, na assembleia deles.
"Esta prova deve
ser decisiva. Diversões que tendem a enfraquecer o amor pelas coisas sagradas e
diminuir nossa alegria no serviço de Deus, não devem ser procuradas por
cristãos. A música e dança, em jubiloso louvor a Deus, por ocasião da mudança
da arca, não tinham a mais pálida semelhança com a dissipação da dança moderna.
A primeira tendia à lembrança de Deus, e exaltava Seu santo nome. A última é um
ardil de Satanás para fazer os homens se esquecerem de Deus e O
desonrarem." (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pp.313 e 314).
Argumento
3 – Os textos de Salmos 149:3 e 150:4 mandam louvar ao Senhor com danças.
Realmente, à primeira
vista, estes dois textos parecem dar o aval divino para a utilização de danças
no louvor. Porém, este argumento não se sustém diante de um estudo mais
aprofundado.
A palavra hebraica
utilizada nestes textos é machowl. Este termo tem o sentido
primário de “dar voltas”, “voltear”. Devido a isto, o sentido da tradução é
dúbio e vários estudiosos têm argumentado que, em tais textos, a palavra
hebraica deveria ser traduzida por um instrumento musical, provavelmente um
tipo de corneta ou trombeta que dava voltas ou era retorcida, ao invés de se
referir a uma dança propriamente dita.
De fato, na tradução de
João Ferreira de Almeida, versão Revista e Atualizada, 2ª edição, o texto de
Salmos 149:3a é “Louvai ao seu nome com flautas”. Outras traduções seguem a
mesma linha de pensamento, como a Bíblia na Linguagem de Hoje, e a Edição
Contemporânea de Almeida, publicada pela Editora Vida. Esta também é a versão
de rodapé fornecida pela conhecida versão inglesa King James (KJV). O Salmo
149:3 declara: “Louvem-lhe o nome com danças” [ou “com órgão”, no rodapé da
KJV]. Em Salmos 150:4 lemos: “Louvai-O com adufes e com danças” [ou “órgão”,
rodapé da KJV]. Evidentemente, órgão, neste caso, não se refere aos grandes
instrumentos de tubos acionados por teclado que conhecemos hoje, mas a uma
flauta de tubos paralelos, como uma flauta Pã existente na atualidade,
utilizada especialmente na música tradicional da região andina.
Pelo contexto, machowl
parece ser uma referência a um instrumento musical, uma vez que em ambos os
textos, Salmos 149:3 e 150:4, o termo ocorre no contexto de uma lista de
instrumentos a serem usados no louvor ao Senhor. No Salmo 150 a lista possui
oito instrumentos: trompete, saltério, harpa, adufes, instrumentos de corda,
órgãos, címbalos sonoros, címbalos retumbantes (KJV). Como o salmista está
listando todos os instrumentos a serem usados no louvor do Senhor, é plausível
assumir que machowal também seja um instrumento musical, seja qual for a sua
natureza.
Porém, outros
estudiosos rejeitam esta interpretação e indicam que o significado “voltear” de
machowl deve ser aplicado a danças. Para fins de argumentação, devemos
considerar estas opiniões. Mesmo que esta interpretação esteja correta, não
podemos nos esquecer de que não há certeza entre os historiadores bíblicos a
respeito da cronologia dos Salmos e que, portanto é plausível afirmar que Davi
pode ter escrito estes versos antes de Deus lhe haver dado orientações claras
sobre os instrumentos, música e danças no contexto da adoração musical. Essas
orientações somente foram dadas no período da estruturação do santuário por
Davi e, posteriormente, por Salomão.
Quanto à compreensão
correta dos salmos, deveríamos ter em mente o princípio da hermenêutica bíblica
que diz que sempre deveríamos considerar o estilo literário do conteúdo em
estudo. É uma narrativa histórica? É uma parábola, uma declaração profética?
Estas perguntas devem ser feitas pelo estudioso diligente de forma que, a
partir de suas respostas, possa buscar uma interpretação coerente. Os salmos
devem ser compreendidos como fazendo parte do estilo literário poético e como
tais não deveriam ser interpretados como sendo literais.
O Dr. Samuele
Bacchiocchi, em seu livro “O Cristão e a Música Rock” concorda com este ponto
de vista, destacando a linguagem figurativa desses dois salmos, a qual,
dificilmente dá margem a uma interpretação literal de dança na Casa de Deus. O
Salmo 149:5 encoraja o povo a louvar o Senhor nos “leitos”. No verso 6, o
louvor é feito com “espadas de dois gumes” nas mãos. Nos versos 7 e 8, o Senhor
é louvado por castigar os povos, pôr os reis em cadeias, e os seus nobres em
grilhões de ferro. É evidente que a linguagem é figurativa porque é difícil
acreditar que Deus esperaria que as pessoas O louvassem estando em pé ou
saltando sobre as camas ou enquanto brandem uma espada de dois gumes.
O mesmo se aplica ao
Salmo 150, que fala em louvar a Deus, de modo altamente figurativo. O salmista
chama não somente o povo de Deus, mas todo ser que respira, ou seja, toda a
criação animada, para louvar o Senhor “pelos seus poderosos feitos” (verso 2)
em todo lugar possível e com todo instrumento musical disponível. Noutras
palavras, o salmo menciona o lugar onde louvar o Senhor, particularmente, “no
Seu santuário” e “no firmamento do Seu poder”; a razão citada para louvar o
Senhor, é por “Seus atos poderosos, conforme a excelência da sua grandeza”.
(verso 2); e os instrumentos a serem usados citados para louvar ao Senhor são
os oito listados acima.
O verso 6 nos diz que
instrumentos não podem, eles próprios, ser um canal de louvor. Somente coisas
que têm fôlego podem adorar. Somente almas viventes podem louvar ao Senhor. À
luz disto, o salmo somente faz sentido quando entendido como um salmo ricamente
figurativo, usando os tons característicos dos vários instrumentos para
descrever as diferentes emoções da verdadeira adoração.
O Dr. Samuele
Bacchiocchi conclui dizendo: “Este salmo só faz sentido se considerarmos
a linguagem como sendo altamente figurativa. Por exemplo, não há nenhuma
possibilidade do povo de Deus poder louvar o Senhor “no firmamento do Seu
poder”, porque eles vivem na terra e não no céu. O propósito do salmo não é
especificar o local e os instrumentos a serem usados na música de louvor na
igreja. Nem se pretende dar permissão para dançar para o Senhor na igreja.
Antes, seu propósito é convidar todo aquele que respira ou emite sons para
louvar ao Senhor em todos os lugares. Interpretar o salmo como sendo uma
permissão para dançar, ou tocar tambores na igreja, é interpretar de forma
incorreta a intenção do Salmo e contradizer as regras que o próprio Davi deu
com respeito ao uso de instrumentos na Casa de Deus.” (Bacchiocchi, O Cristão e
a Música Rock, p. 223-224).
Argumento
4 – Profetas em Israel profetizavam ao som de tambores. (I Samuel 10:5)
Vamos analisar este
argumento à luz do texto bíblico indicado. I Samuel 10:5 diz o seguinte: “Então
chegarás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser
que, entrando ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do
alto, e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e eles
estarão profetizando.”
Nem o texto indicado
nem o contexto imediato mencionam qualquer manifestação física acompanhando o
som destes instrumentos. Nem danças, nem saltos, nem volteios ou rodopios. Isto
parece sugerir que a música executada, embora utilizasse tambores, não era caracterizada
por um ritmo destacado de forma marcante. Isto pode ser presumido com certa
segurança porque sabemos que, “de todos os elementos musicais é o ritmo que
provoca a mais forte reação física” (Filosofia Adventista de Música, 1972).
Portanto, na falta desta reação física, é apropriado presumirmos que o estímulo
não estava presente.
Outro ponto a
considerar é que o tambor, em suas diversas formas, sempre fez parte da música
folclórica e popular hebraica. Porém, quando Davi, por ordem divina, planejou
e, posteriormente, Salomão instituiu o serviço levítico no Templo, nenhum
instrumento de percussão foi admitido na adoração. O evento descrito em I
Samuel 10 ocorre muitos anos antes de Davi haver estabelecido essas
orientações. E, mesmo depois dessas orientações, o povo continuou usando esses
instrumentos em suas manifestações musicais fora do Templo.
Com relação especificamente ao uso de
tambores, entraremos em maiores detalhe posteriormente, quando abordaremos os
instrumentos usados no Templo.
Argumento
5 – A filha de Jefté dançou diante do pai com adufes. (Juizes 11:34) Além
disso, as mulheres de Israel dançavam diante de Saul e de Davi com adufes. (I
Samuel 18:6; 21:11).
Uma importante
distinção deve ser feita entre música religiosa tocada para o entretenimento
social e a música sacra executada para adoração no Templo. Não devemos nos
esquecer que toda vida dos Israelitas era orientada pela religião. O
entretenimento era provido, não por concertos ou apresentações em um teatro ou
num circo, mas pela celebração de eventos religiosos ou festivais,
frequentemente através de danças folclóricas, com homens ou mulheres em grupos
separados.
A dança era
essencialmente uma celebração social de eventos especiais, como uma vitória
militar, um festival religioso, ou uma reunião familiar. Era praticada
principalmente por mulheres e crianças ou grupos específicos. A recepção aos
heróis era celebrada com cânticos, tocando tamborins e danças. Repetidamente
encontramos cenas na Bíblia onde um grupo de mulheres ou moças celebra a
vitória ou os vitoriosos desta forma.
Assim, vemos que, na
vida cultural e recreacional da nação não eram incomuns as manifestações de
dança. Os estudiosos nos dizem que a dança em rodopios ou volteios dos hebreus
era uma atividade popular nas vilas, especialmente entre as crianças e
adolescentes. Era completamente distanciada da dança de contato físico e de
estimulação à sexualidade, dos nossos dias, e tinha um legítimo lugar nos
grandes festivais cívicos.
Nenhuma dança de
orientação romântica ou sensual, realizada por casais, jamais ocorreu no antigo
Israel. A maioria das pessoas que recorrem à Bíblia para justificar a dança
romântica moderna não está nem um pouco interessada na dança dos povos
mencionados na Bíblia, onde não havia nenhum contato físico entre os homens e
as mulheres. A Bíblia não apoia o tipo de dança romântica ou sensual que é
popular em nossos dias. Nada na Bíblia indica que homens e mulheres tivessem
dançado juntos, de forma romântica, em pares. Cada grupo de homens, mulheres, e
crianças realizavam seu próprio “espetáculo”, que na maioria das vezes era um
tipo de marcha com cadência rítmica.
Porém, mesmo admitindo
a prática da dança nos festejos populares e nacionais, também somos obrigados a
admitir que nenhum tipo de dança foi admitido na adoração no Templo. Nenhum
texto bíblico autoriza supormos que houve qualquer manifestação de expressões
físicas na adoração levítica no Templo. Se Davi cresse que a dança deveria ser
um componente na adoração divina, sem dúvida teria dado instruções relativas a
ela aos músicos levitas que designou para se apresentarem no templo.
Negligência não parece
ser a razão para a exclusão da dança do culto divino, porque observamos que
foram dadas instruções claras com respeito ao ministério da música no templo.
Instrumentos de percussão como tambores e adufes, geralmente usados para
executar música dançante, foram claramente proibidos. O motivo para esta
proibição foi porque estes instrumentos estavam associados à adoração e à
cultura pagãs, ou porque eles eram tocados, costumeiramente, por mulheres, para
o entretenimento. Este fato demonstra que havia uma distinção entre a música
sacra, tocada dentro do Templo e a música secular tocada do lado de fora, nas
comemorações populares.
A falta de instruções
por parte da Davi com relação à dança, juntamente com a proibição aos
instrumentos de percussão no Templo sugerem fortemente que a música do templo
não era de caráter dançante e que, portanto, não há base bíblica que sustente a
utilização de danças nos momentos de adoração. O que foi verdade no Templo
também foi verdade para a sinagoga e mais tarde para a igreja apostólica.
Nenhuma dança ou entretenimento musical jamais foi permitido na Casa de Deus.
Conclusão
Ao analisarmos os
principais argumentos utilizados pelos defensores da dança na adoração, vimos
que eles não se sustentam diante da Palavra de Deus e do conhecimento que temos
da história e dos costumes do Israel do Antigo Testamento, e que, portanto, não
podem ser usados por cristãos sérios e comprometidos com a vontade de Deus na
defesa de danças na adoração atual.
Os princípios bíblicos
de música esboçados acima são especialmente relevantes hoje, quando a igreja e
o lar estão sendo invadidos por vários estilos de música mundana, sensual e
excitante, que descaradamente rejeitam os valores morais e as convicções
religiosas abraçadas pelo Cristianismo. Em uma época em que a distinção entre
música sacra e secular é vaga e imprecisa, e muitos estão promovendo versões
modificadas de música popular secular para uso na igreja, precisamos nos
lembrar que a Bíblia nos conclama a “adorar o Senhor na beleza de Sua
santidade” (I Crônicas 16:29; cf. Salmos 29:2; 96:9).
BATERIA
E A MÚSICA DO TEMPLO
Tanto a presença quanto
a ausência do tambor em circunstâncias bíblicas específicas ajudam a
compreender a questão do uso da bateria na adoração a Deus. Já vimos que na
condução da arca de Quiriate-Jearim até a casa de Obede-Edom, houve música com
tambores e Davi dançou e se alegrou, ao ritmo da banda (II Samuel 6:5; e I Crônicas
13:8).
As perguntas que surgem
são O que aconteceu após este evento? Quais foram os desenvolvimentos da música
sacra depois disto, principalmente na música para adoração no Templo?
Acrescentaremos a esta análise o fato de que Davi, que dançou na condução da
arca, foi quem planejou e instituiu o serviço levítico.
Recapitulando nossas
considerações anteriores, vimos que, por ocasião da primeira tentativa de
transporte da arca, tudo deu errado, porque foram desconsideradas as instruções
divinas, inclusive a respeito dos instrumentos a serem utilizados no louvor. “O
ritmo da festa e da música fez Davi esquecer que só os levitas podiam conduzir
a arca, e Uzá ignorar que não podia tocá-la. Os bois tropeçaram, a arca quase
caiu e Uzá morreu ferido pelo Senhor (I Crônicas 13:9-10). Davi temeu e se
perguntou: ‘Como trarei a mim a arca de Deus?’ (Crônicas 13:12) . Três meses
depois, o rei juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom, desta
vez, ele orientou que ninguém conduziria a arca, senão os levitas (I
Samuel15:16). Houve alegria mas, ao contrário da primeira tentativa, desta vez
a banda musical não teve tambor, mas somente harpas, alaúdes e címbalos (I
Crônicas 15:16).” (Vanderlei Dorneles, Cristãos em Busca do Êxtase, pp.
192-193).
Após a estabilização de
Davi no poder, com todas as questões políticas e territoriais resolvidas, o rei
Davi sabia que não viveria muito tempo para desfrutar esta paz. As batalhas, os
problemas e suas muitas labutas o tinham envelhecido.
Assim, ele desejou
fazer uma casa para o Senhor (II Samuel 7:1-3; I Crônicas 17:1-2; 22:7; 28:2).
Mas Deus não o permitiu (II Samuel 7:4-17; I Crônicas 17:3-15). O motivo desta
negativa foi o fato de Davi ter sido um homem de guerra, que havia derramado
muito sangue (I Crônicas 22:8; 28:3). A casa de Deus deveria ser um lugar de
paz, desde o projeto.
Entretanto, a Davi foi
concedido o privilégio de fazer todos os preparativos para a construção do
templo. Ele preparou todo o material de construção, os artífices, os líderes da
obra (I Crônicas 22:2-5; 14-17). Ele entregou tudo nas mãos de Salomão e
deu-lhe instruções de como o templo deveria ser construído (I Crônicas 22:6-13;
28:1-21).
Além destes
preparativos, Davi, seguindo as instruções divinas, também instituiu o serviço
levítico para o futuro templo. Em I Crônicas 23:2-5 lemos: “E reuniu a todos os
príncipes de Israel, como também aos sacerdotes e levitas. E foram contados os
levitas de trinta anos para cima; e foi o número deles, segundo as suas
cabeças, trinta e oito mil homens. Destes havia vinte e quatro mil, para
promoverem a obra da casa do Senhor, e seis mil oficiais e juízes, e quatro mil
porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos, que eu fiz
para o louvar, disse Davi.”
Pelo texto acima,
podemos notar que, dentre as diversas funções dos levitas na supervisão e
manutenção do trabalho no Templo, estava a música de adoração. Inclusive, é
curioso notar que o próprio Davi havia criado instrumentos apropriados para a
adoração.
De acordo com o relato bíblico, os
instrumentos usados pelos levitas com esta finalidade eram divididos em quatro
categorias:
1
– Voz (cânticos) (I Crônicas 15:16, 22, 27; II Crônicas 5:12,13; 9:11)
A voz era,
evidentemente, o instrumento de destaque. Os levitas eram acima de tudo, cantores.
Em II Crônicas 5:12, primeira parte, a Escritura diz: “E os levitas, que eram
cantores, todos eles, (...)” ( ver também I Crônicas 9:33; 15:16, 19, 27). Em I
Crônicas 25:1-7, o número total de músicos era de 288, dos quais cerca de 260
formavam o coral.
O coro levítico era
acompanhado, normalmente, somente por instrumentos de corda de diferentes
modelos, tamanhos e tessituras (ver I Crônicas 15:20-21). Na verdade, podemos
inferir, pela leitura dos textos acima (especialmente I Crônicas 15:16 e II
Crônicas 5:12), que, normalmente, os cantores acompanhavam a si mesmos,
cantando e tocando suas harpas.
2
– Címbalos (instrumentos de sinalização) (I Crônicas 15:19; 16:5, 42; 25:1, 6;
II Crônicas 5:12,13
Os címbalos de metal
eram constituídos por dois pequenos discos de metal, com suas beiras dobradas.
Quando golpeados verticalmente, produziam um toque agudo, como um tinido, cuja
sonoridade era ouvida a grandes distâncias. Alguns apelam para o uso dos címbalos
(que são, portanto, instrumentos de percussão) para argumentar que a música do
templo tinha uma batida rítmica e, por conseguinte, a Bíblia não proíbe
instrumentos de percussão na igreja hoje. Tal argumento ignora o fato de que,
como explica Kleinig (John W. Kleining, The Lord’s Song: The Basis, Function
and Significance of Choral Music in Chronicles (Sheffield, England, 1993) p.
82-83), “os címbalos não eram usados pelo cantor-mor na condução do cântico,
batendo o ritmo da música, mas sim para anunciar o começo de uma estrofe ou de
um cântico. Uma vez que eles eram usados para introduzir o cântico, eram
brandidos pelo líder do coro em ocasiões ordinárias (I Crônicas 16:5) ou pelos
três líderes dos grupos em ocasiões extraordinárias (I Crônicas 15:19)”. E
estes três líderes estavam “sob a supervisão do rei” Davi (I Crônicas 25:6). De
modo semelhante, Curt Sachs em Rhythm and Tempo (Nova York, 1953), p. 79)
explica que “A música no templo incluía címbalos, e o leitor moderno poderia
concluir que a presença de instrumentos de percussão indicaria ritmos precisos.
Mas há pouca dúvida de que os címbalos, como em qualquer outro lugar, marcavam
o fim de uma linha e não o ritmo dentro de um verso.”
Observe também as
explanações de John Kleinig e A. Z. Idelssohn, sobre como os címbalos eram
utilizados: "Os címbalos não eram usados pelo cantor para conduzir os
cânticos mediante a marcação do ritmo da canção, mas para anunciar seu início
ou estrofe." John Kleinig, A Canção do Senhor, pág. 82. "Os instrumentos
de percussão eram reduzidos a um címbalo, que não era empregado na música
propriamente, mas simplesmente para marcar pausas e intervalos." A. Z.
Idelssohn, A Música Judaica em Seu Desenvolvimento Histórico, pág. 17.
Vemos, desta forma,
que, apesar de os címbalos serem, verdadeiramente, instrumentos de percussão,
não é apropriado afirmar que estes instrumentos fossem utilizados como
utilizamos os instrumentos de percussão atualmente, ou seja, para marcação
rítmica. A sua função era de sinalização, assim como as trombetas (que veremos
adiante); com a diferença que as trombetas sinalizavam para o povo e os
címbalos eram utilizados como sinalização para os cantores e instrumentistas,
quase da mesma forma que um regente faz sinais corporais para os músicos de uma
orquestra na atualidade, indicando as entradas dos diversos instrumentos.
3
– Harpas, Saltérios, Alaúdes, Cítaras e Liras (instrumentos de cordas; a
nomenclatura depende da tradução empregada) (I Crônicas 15:20-21;16:5; 25:1,6).
Suas origens são assaz
remotas: antes do dilúvio já se menciona a Jubal, o qual “foi o pai de todos os
que tocam harpa e flauta” (Gênesis 4:21). Há razões para supor que em realidade
se tratava de liras e flautas rudimentares, respectivamente.
Existem palavras
diferentes nos textos originais para designar os instrumentos de cordas, como
kinnor, nebel, asor e sabekka. Porém, não existe um conceito entre os eruditos
sobre como seria, exatamente, cada um destes instrumentos.
As versões em português citam principalmente
as harpas e os saltérios (outras traduções falam em alaúdes, liras e cítaras) –
mas qualquer uma das palavras pode representar uma variedade enorme de
instrumentos. Por exemplo: as harpas variavam de tamanho e estilo. Algumas
talvez fossem enormes, mas a maioria era pequena e bem leve. Salmo 137:2 fala
de pendurar as harpas nos salgueiros, indicando que elas não eram instrumentos
grandes. Normalmente a harpa podia ser tocada enquanto era levada em procissões
ou marchas (ver I Samuel 10:5; I Crônicas 13:7-7; Isaías 23:16). Os instrumentos
eram tocados tangendo-se as cordas com os dedos ou com um plectro, nunca com
arco, que era completamente desconhecido naquela época e região, conforme a The
International Standard Bible Enclyclopedia. Os saltérios também possuíam muitas
variedades. O Salmo 33:2 parece indicar que alguns saltérios tinham dez cordas
– provavelmente uns tinham mais e outros menos.
Enquanto Israel usava
uma variedade de instrumentos na vida comum, na adoração eram utilizados
somente os instrumentos autorizados por Davi, principalmente harpas, liras e
címbalos (Ver I Crônicas 25:6 e 7, e também 15:16). De fato, em algumas
ocasiões, somente cordas são mencionadas (Ver Salmos 92:3; 33:2; 108:2). No
contexto da cultura bíblica, isso significava que a adoração regular era acompanhada
por suave som de cordas com uns poucos címbalos (provavelmente um par, tangido
pelo guia), usados para propósito de sinalização. Garen Wolf explica:
“Instrumentos de cordas eram usados extensivamente para acompanhar os cânticos,
desde que não cobrissem a voz ou a ‘palavra de Jeová’ que estava sendo
cantada.” Garen Wolf, A Música da Bíblia na Perspectiva Cristã, pág. 287.
No Livro dos Salmos,
vemos que harpas e saltérios eram os instrumentos básicos para o acompanhamento
dos salmos cantados. O Salmo 92 fornece um exemplo desta instrução. O título ou
cabeçalho do salmo diz que era 'Um Salmo e Cântico para o Dia do Sábado'. Ele
devia ser cantado (verso 3) com um instrumento de dez cordas, o saltério, e a
'harpa com um som solene'.
Os seguintes salmos
também estabelecem a regra que salmos eram para ser cantados ao som de harpas e
saltérios: Salmo 33, 43, 49, 57, 71, 92, 108, 144 e 147. Nos Salmos 4 e 55 os
títulos mencionam instrumentos de corda, e no Salmo 12 o título prescreve uma
lira (um tipo de harpa) de oito cordas. Com estes instrumentos modestos e
apropriados o canto era acompanhado na adoração.
Trombetas,
Cornetas, Buzinas (instrumentos de sopro; a nomenclatura depende da tradução
empregada) (I Crônicas 16:6; II Crônicas 15:14)
Na
verdade, havia apenas dois instrumentos básicos:
a) As grandes trombetas
de prata (chatsotserah), construídas de acordo com as instruções específicas de
Deus a Moisés (Números 10:2), comunicavam as várias atividades do acampamento,
tais como reuniões, montagem do acampamento, assembléias, guerra, bem como
festas e celebrações (Números 10:3-10). Como uma lei perpétua, era permitido
apenas aos sacerdotes tocarem as trombetas (Números 10:8). Deviam ser tocadas
em festas especiais e no começo do mês durante a queima das ofertas, para
lembrar o povo da natureza da sua libertação histórica. Geralmente, o número de
trombetas usadas em ocasiões especiais continuou a ser de duas (I Crônicas
16:6).
b) O schofar (trombeta
de chifre de carneiro) também era limitado a papéis específicos, tais como a
sinalização da guerra e dos eventos de culto. O shofar ocupa um lugar de
destaque entre os instrumentos de Israel. Cercado de simbolismo religioso e
espiritual, a história de seu uso é traçada pela tradição até o sacrifício de
Isaque. Este pequeno, mas poderoso instrumento aparece no sexto capítulo do
livro de Josué, quando trombetas foram sopradas e as muralhas de Jericó ruíram.
Excepcionalmente, em
grandes ocasiões solenes, as trombetas eram tocadas juntamente com os outros
instrumentos (II Samuel 6:15; I Crônicas 13:8; 15:28; 16:42; II Crônicas
5:12-13).
Os músicos não tocavam
qualquer instrumento, à sua escolha: Davi não instituiu apenas o tempo, o
lugar, e as músicas para a apresentação do coro levítico, mas também “fez” os
instrumentos musicais para serem usados no seu ministério (I Crônicas_23:5; II
Crônicas_7:6). É por isso que eles são chamados “os instrumentos de Davi” (II
Crônicas_29:26-27). Além das trombetas que o Senhor tinha ordenado por Moisés
(Números 10:2), Davi acrescentou címbalos, alaúdes, e harpas (I Crônicas_15:16;
I Crônicas_16:5-6). A importância desta combinação de instrumentos como sendo
uma ordem divina é indicada pelo fato de que esta combinação foi respeitada por
muitos séculos, até a destruição do Templo. (II Crônicas_29:25)
Digno de nota é a
ausência de qualquer instrumento de percussão da classe dos membranofones, ou
seja, instrumentos que produzem som a partir da vibração de uma membrana
(normalmente uma pele de animal esticada sobre um aro). Não que estes instrumentos
não fossem conhecidos na época, nem que fossem estranhos a Davi, conforme vimos
em nossas considerações anteriores sobre a dança . O tamboris ou adufes (toph)
foram utilizados pelo próprio Davi na primeira tentativa de trazer a arca a
Jerusalém (II Samuel 6:5; I Crônicas 13:8).
Na verdade, o
substantivo toph é um termo genérico para tamborins e tambores médios (os
instrumentos de percussão mais comuns nos tempos antigos), dos quais foram
encontrados exemplares em escavações no Egito e na Mesopotâmia. Este
instrumento era parecido com o pandeiro brasileiro, ou seja, era um tambor de
mão composto por uma armação de madeira, em volta da qual uma única pele era
esticada. Era usado para acompanhar, ritmadamente, a música e a dança, nas
festividades e nos cortejos.
A falta de instruções
com relação à utilização de instrumentos de percussão, para marcação rítmica na
música do Templo dificilmente pode ser creditada a negligência ou esquecimento
por parte de Davi, uma vez que as instruções relativas a esta instrumentação
estavam “conforme ao mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta
Natã; porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas” (II
Crônicas 29:25).
O Dr. Samuele
Bacchiocchi, em seu livro “O Cristão e a Música Rock”, pp. 207-208, complementa
da seguinte forma:
“Alguns estudiosos
argumentam que instrumentos como tambores, tamboril (que era um pandeiro),
flautas, e o dúlcimer, foram banidos do Templo, porque estavam associados à
adoração e à cultura pagãs, ou porque eles eram tocados, costumeiramente, por
mulheres, para o entretenimento. Este bem poderia ser o caso, mas isso apenas
mostra que havia uma distinção entre a música sacra, tocada dentro do Templo e
a música secular tocada do lado de fora.”
“Uma restrição foi
colocada aos instrumentos musicais e às expressões artísticas usadas na Casa de
Deus. Deus proibiu vários instrumentos, os quais eram permitidos fora do templo
nas festividades nacionais e no prazer social. A razão não é que certos
instrumentos de percussão fossem maus per se. Os sons produzidos por quaisquer
instrumentos musicais são neutros, como uma letra do alfabeto. Em vez disso, a
razão é que estes instrumentos eram comumente usados para produzir música de
entretenimento, a qual era imprópria para a adoração na Casa de Deus. Através
da proibição desses instrumentos e de estilos de música, como a dança,
associados ao entretenimento secular, o Senhor ensinou ao Seu povo uma
distinção clara entre a música sacra, tocada no templo, e a música secular, de
entretenimento, usada na vida social.”
O Prof. Vanderlei
Dorneles sustenta que “A exclusão do tambor no templo pode indicar
que Deus não quis o instrumento na música de adoração por causa de sua relação
direta com o misticismo e por sua influência no sentido de excitar as danças e
embotar a consciência e o juízo.” (Cristão em Busca do Êxtase, páginas 193 e
194).
Dr. Wolfgang Stefani
considera que o ritmo, produzido mais propriamente pelo tambor, é a
característica mais eminente e essencial da música africana, já amplamente
relacionada com as experiências de transe e possessão. (Cristãos em Busca do
Êxtase – Pág. 193).
A
música de adoração após o Santuário
A música utilizada no
Templo de Jerusalém seguiu, através dos séculos, as instruções deixadas por
Davi, conforme explica o Dr. Samuele Bacchiocchi, em seu livro “O Cristão e a
Música Rock”, p. 208:
“A restrição no uso
desses instrumentos deveria ser uma regra válida para as futuras gerações.
Quando o Rei Ezequias reavivou a adoração do Templo em 715 A.C., ele seguiu
meticulosamente as instruções dadas por Davi. Nós lemos que o rei “estabeleceu
os levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de
Davi. . . porque este mandado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas”.
(II Crônicas 29:25).”
“Dois séculos e meio
mais tarde quando o Templo foi reconstruído sob a liderança de Esdras e
Neemias, a mesma restrição foi aplicada novamente. Nenhum instrumento de
percussão foi permitido para acompanhar o coro levítico ou tocar como uma
orquestra no Templo (Esdras 3:10; Neemias 12:27, 36). Isto confirma que a regra
era clara e válida por muitos séculos. O canto e a música instrumental no
templo deveriam diferir daquela usada na vida social do povo.”
Já vimos que a música e
os instrumentos usados para louvar a Deus fora do Templo, durante as
celebrações das festas eram bem diferentes da música tocada dentro do Templo.
Instrumentos como tambores, flautas, oboés, e o dúlcimer não podiam ser usados
no Templo por causa de sua associação com o entretenimento secular. O mesmo
princípio também foi respeitado na sinagoga e na igreja apostólica.
A função da música na
sinagoga diferia da música no Templo, principalmente porque as duas
instituições tinham propósitos diferentes. O Templo era, primariamente, o lugar
onde eram oferecidos sacrifícios em nome de toda nação e dos crentes
individualmente. A sinagoga, por outro lado, apareceu provavelmente durante o
exílio babilônico como o lugar onde eram oferecidas orações e as Escrituras
eram lidas e ensinadas. Esta diferença de funções também se refletia nos
diferentes papéis que a música desempenhava nessas duas instituições. Enquanto
a música no templo era predominantemente vocal, com instrumentos de cordas que
ajudavam no canto, a música na sinagoga era exclusivamente vocal, sem qualquer
instrumento. A única exceção era o shofar (trombeta feita de chifre de
carneiro) que servia como um instrumento sinalizador.
Além desta diferença de
funções, existem outras explicações para a proibição ao uso de instrumentos na
sinagoga judaica e, posteriormente, na igreja apostólica. As que possuem maior
consenso entre os eruditos são: (1) por oposição à pressão e à influência das
religiões pagãs, com suas práticas orgiásticas, as quais estavam presentes nas
comunidades judaicas dispersas; (2) a falta de músicos treinados, como os
levitas que serviam no Templo; (3) depois da destruição do Templo de Jerusalém
pelos romanos, os rabinos baniram completamente o uso de instrumentos na
sinagoga, como uma expressão de lamentação pela destruição do templo.
A
música de adoração na Igreja Apostólica
O cristianismo
apostólico emergiu, desenvolveu-se e organizou-se principalmente dentro do
contexto da sinagoga. Portanto, era natural para os primeiros cristãos que
mantivessem o que conheciam da música da sinagoga em sua própria adoração. É
evidente que a comunidade cristã copiou o estilo do culto da sinagoga, pondo
ênfase no ensino da Palavra e na oração. O ensino chegou a ser sua maior
característica na medida que se criava uma separação entre aqueles judeus
“ciumentos da lei”, que continuavam com os costumes da lei, dos que se
“convertiam” de coração a Cristo (Atos 21:20-21). Os cultos eram conduzidos de
maneira informal, por pessoas leigas liderando a oração, leitura, cânticos, e
exortação.
Quanto à música para
esses primeiros cultos, o cristianismo continuou a fazer uso de certos
elementos do culto judaico, ou seja, preservou o que era tradicional. Essa
tradição musical podia ser encontrada na leitura dos textos sacros, os quais
eram lidos em forma de cantochão – o que ainda ocorre até os nossos dias nas
sinagogas judaicas. Encontrava-se ainda no canto congregacional responsorial
dos refrões nos Salmos e nas vocalizações feitas com várias notas no final das
frases (como a forma ornamental do canto da última vogal a da palavra aleluia).
Os cristãos também adotaram o Livro dos Salmos como o livro de orações da
igreja. Os estudiosos ressaltam a familiaridade com que os novos cristãos
utilizavam os Salmos da tradição.
O zelo dos novos
conversos pela "doutrina dos apóstolos" também legitimava afastar de
seu meio aquilo que era praticado nos ambientes pagãos. Embora aparentemente
representasse um retrocesso, o banimento dos instrumentos musicais do culto
cristão, na época bastante usados nas festas pagãs, era uma forma de expressar
este zelo, conforme já vimos acima, com relação à sinagoga. Um outro fator que
pode ter sido importante para a proibição ao uso de instrumentos é que, muitas
vezes, os cultos eram feitos às escondidas, às vezes em catacumbas, devido às
perseguições romanas.
Outro fator que ajuda a
moldar o estilo musical de uma comunidade tem a ver com o tipo de arquitetura.
Ambientes grandes e imponentes induzem a um estilo de música semelhantemente
grandiosa. Não foi o caso da nova comunidade cristã, pois herdou da sinagoga o
costume de uma reunião mais íntima em construções pequenas e domésticas. Além
disso, o culto espiritualizado, descrito por João e embasado por Mateus,
prestou-se bem a esse tipo de ambiente. A comunidade reunida nas casas dos crentes
permitiu atitudes menos formais, que foram traduzidas em hinos espontâneos e no
abandono do uso dos instrumentos musicais que eram característicos do culto
mais formal. Era, portanto, necessário adequar os cânticos a ambientes menos
formais, para assembleias informais.
Porém, apesar das
questões levantadas acima, falar sobre um ministério de música no Novo
Testamento pode parecer completamente fora de propósito. Isto pode parecer
estranho a nós, que estamos acostumados a ter e incentivar um ministério musical
rico e espiritualmente frutífero, mas a verdade é que o Novo Testamento faz
silêncio sobre qualquer cargo “musical” na igreja. Com exceção do livro do
Apocalipse, no qual a música faz parte de um rico drama escatológico, apenas
uma dúzia de passagens se refere à música.
Nenhuma destas
passagens, entretanto, dá-nos um retrato claro do papel que a música
desempenhava nos cultos na igreja durante o período do Novo Testamento. Isto
não surpreende, porque os crentes deste período não viam seus grupos de adoração
como sendo muito diferentes dos da sinagoga, conforme vimos acima. Ambos eram
conduzidos de maneira informal, por pessoas leigas liderando a oração, leitura,
cânticos, e exortação. A diferença fundamental entre os dois era a proclamação
messiânica que estava presente apenas na adoração Cristã.
Das doze referências à
música no Novo Testamento, cinco se referem a ela metaforicamente (Mateus 6:2;
11:17; Lucas 7:32; I Coríntios 13:1; 14:7-8) e, por conseguinte, não são
relevantes ao nosso estudo. As sete restantes derramam luz importante,
especialmente quando são vistas dentro do contexto mais abrangente da adoração
na sinagoga, a qual era conhecida e praticada pelos cristãos.
São encontradas quatro
referências à música nos Evangelhos. Duas mencionam música instrumental e dança
em conjunção com o luto pela morte de uma menina (Mateus 9:23) e com a
celebração no retorno do Filho Pródigo (Lucas 15:25). Duas passagens são
paralelas e mencionam Cristo cantando um hino com os Seus discípulos no final
da Última Ceia (Mateus 26:30; Marcos 14:26). Muito provavelmente esta era a
segunda porção do Aleluia judaico, cantado na conclusão da Páscoa. Consistia
dos Salmos 113 a 118.
Um texto se refere a
Paulo e Silas que cantavam enquanto estavam em prisão (Atos 16:25). Não temos
como saber se eles cantaram salmos ou hinos cristãos compostos recentemente. Os
exemplos acima nos falam que a música acompanhava várias atividades na vida
social e religiosa do povo, mas não nos informam sobre o papel da música na
igreja e, portanto não serão consideradas em maiores detalhes.
São encontradas poucas
instruções relativas à música para a igreja nas Epístolas. Tiago afirma que, se
uma pessoa está alegre, “Cante louvores”. (Tiago 5:13). A implicação é que o
canto deveria brotar de em um coração alegre. Presumivelmente os cânticos de
louvores não aconteceriam apenas reservadamente em casa, mas também
publicamente na igreja. Outros textos sugerem que cantar hinos de louvor fosse
uma característica do serviço da igreja.
Informação mais específica
nos vem através de Paulo, proporcionando uma maior percepção no papel da música
no serviço de adoração do Novo Testamento. No contexto de suas advertências com
respeito às manifestações arrebatadoras na igreja de Corinto, Paulo pede
equilíbrio na elaboração da música, aconselhando que o canto seja feito com a
mente e também com o espírito: “cantarei com o espírito, mas também cantarei
com o entendimento”. (I Coríntios 14:15). Aparentemente alguns cantaram em
êxtase, sem que a mente tomasse parte. O cântico sem sentido é como o discurso
sem sentido. Ambos desonram a Deus. Como diz Paulo: “porque Deus não é de
confusão, e sim de paz”. (I Coríntios 14:33).
A advertência de Paulo
para se cantar com a mente, ou com o entendimento, é relevante para nós hoje,
numa época em que o canto realizado em algumas igrejas carismáticas consiste de
explosões emocionais de gritos extáticos que ninguém pode entender. Nosso canto
deve ser feito com o entendimento porque Deus espera de Suas criaturas
inteligentes “uma adoração racional” (Romanos 12:2–“logike”, ou seja, lógica,
no grego).
Cantar deveria ser para
a edificação espiritual e não para excitação física. Paulo diz: “Quando vos
reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra
língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação”. (I
Coríntios 14:26). O ponto importante é que o canto, como todas as partes do
serviço da igreja, era para edificar a congregação. O princípio bíblico, então,
é que a música na igreja deveria contribuir para a edificação espiritual dos
crentes.
Os dois textos paulinos
restantes (Efésios 5:19 e Colossenses 3:16) são os mais informativos acerca da
música no Novo Testamento. Paulo encoraja os efésios, “enchei-vos do Espírito,
falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com
hinos e cânticos espirituais”. De modo semelhante, o apóstolo aconselha os
Colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e
aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”.
Ambas as passagens
proveem a indicação mais antiga de como a igreja apostólica fazia diferença
entre salmos, hinos e cânticos espirituais. É difícil fazer distinções firmes e
rápidas entre estes termos. A maioria dos estudiosos concorda que os três
termos se referem, livremente, às várias formas de composições musicais usadas
no culto de adoração.
A frase “aconselhai-vos
mutuamente (...) com salmos, e hinos, e cânticos espirituais,” sugere que o
canto fosse interativo. Presumivelmente uma parte do cântico era responsiva,
com a congregação respondendo ao líder do cântico. O canto devia ser feito com
“gratidão” e “de todo o coração”. Através de seus cânticos, os cristãos expressavam
sua gratidão incondicional “ao Senhor” por Sua maravilhosa provisão em
salvá-los.
Nenhuma das referências
sobre música no Novo Testamento examinadas acima faz qualquer alusão a
instrumentos musicais usados pelos cristãos do Novo Testamento para acompanhar
o canto. Aparentemente os cristãos seguiam a tradição da sinagoga proibindo o
uso de instrumentos musicais nos cultos da igreja por causa de sua associação
pagã.
Paulo entendia,
indubitavelmente, que a música poderia ser um recurso efetivo para ajudar a
igreja a cumprir as tremendas tarefas da evangelização dos Gentios. Ele sabia o
que funcionaria para atrair as pessoas. Porém, ele buscava alcançar as pessoas,
não lhes dando o que elas queriam, mas pregando-lhes aquilo que elas
necessitavam. “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus,
loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como
gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”. (I Coríntios
1:23-24).
Ao contrário da atual
filosofia reinante atualmente, de que os estilos e os instrumentos
característicos da música popular secularizada e profana de nossos dias
poderiam ser adotados e adaptados para alcançar a sociedade secular, os
primeiros cristãos se distanciavam não apenas das canções seculares, mas também
dos instrumentos musicais usados para o entretenimento secular e adoração pagã.
A igreja apostólica reconhecia o perigo de
trazer para a igreja a música e os instrumentos que foram associados com um
estilo de vida pagão, bem como entendia a verdade fundamental de que a adoção
da música pagã, e dos instrumentos usados para produzi-la, poderiam,
eventualmente, corromper a mensagem Cristã, sua identidade, e seu testemunho,
além de tentar as pessoas a voltar aos seus estilos de vida pagãos.
Eventualmente isto foi
o que aconteceu. A partir do quarto século, quando o cristianismo se tornou a
religião do império, a igreja tentou alcançar os pagãos adotando algumas de
suas práticas, incluindo sua música. O resultado tem sido a secularização gradual
do cristianismo, num processo que continua ainda hoje. A lição da história é
clara. Evangelizar as pessoas com sua linguagem secular, no final das contas
resultará na secularização da própria igreja.
Concluindo, vimos que
em todo Novo Testamento os adufes e tambores não são mencionados nenhuma vez e
as danças são mencionadas somente em celebrações seculares e familiares, sem
qualquer conotação com a adoração, tanto na sinagoga, quanto na igreja
apostólica. Assim, os eventos posteriores ao santuário parecem indicar que a
adoração em Israel e, depois na igreja cristã, afastou-se cada vez mais dos
costumes profanos e se concentrou no padrão pretendido por Deus.
A
música de adoração no Apocalipse
Um quadro musical
exuberante, no Novo Testamento, aparece apenas no livro do Apocalipse, em
relação com as visões apocalípticas de João sobre o céu e o futuro
estabelecimento do reinado eterno de Deus. Em suas visões, João relata aspectos
da adoração a Deus pelos seres celestiais e pelo coro de anjos (Apocalipse
5:8-14). A adoração é feita no contexto do santuário celestial, no qual Jesus
ministra como Messias e Sumo Sacerdote. A música é feita com harpas e um
cântico que envolve toda a criação. Em Apocalipse 7:9-12; 14:1-3; e 15:2-4,
vemos uma apresentação escatológica do grupo daqueles que foram redimidos,
agora adorando a Deus com cânticos de louvor e música de harpas. Eles ficam em
pé junto ao mar de vidro, na Sião celestial, e cantam o Cântico de Moisés e o
Cântico do Cordeiro.
Quando expressamos
adoração a Deus pela música, somos privilegiados em unir-nos àquela sinfonia de
louvor. "A música faz parte do culto de Deus, nas cortes celestiais, e
devemos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos aproximar tanto
quanto possível da harmonia dos coros celestiais. (...) O cântico, como parte
do culto religioso, é um ato de adoração, tanto como a prece. O coração deve
sentir o espírito do cântico, a fim de dar a este a expressão correta." –
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 594.
Um estudo cuidadoso dos
vários hinos do Apocalipse revela que, apesar de todas as referências ao
sofrimento do povo de Deus, o livro ainda consegue provar-se como sendo uma das
composições mais felizes já escritas. Mesmo assim, na adoração celestial como
descrito no livro de Apocalipse, o único instrumento musical citado é a harpa
(e.g., Apocalipse 5:8.)
A música triunfante de
Apocalipse é inspirada, não pela pulsação hipnótica de instrumentos de
percussão, mas pela revelação maravilhosa dos feitos redentores de Deus por Seu
povo. Conforme os adoradores do santuário celestial são privilegiados em
revisar a forma providencial pela qual Cristo, o Cordeiro que foi morto
resgatou pessoas de todas as nações, eles cantam com uma excitação dramática no
seu louvor doxológico à Divindade.
Líderes da adoração que
estão insistindo no uso de baterias, contrabaixos, guitarras rítmicas para dar
uma pulsação de rock à música de suas igrejas, deveriam notar o fato que tanto
no Templo de Jerusalém quanto no santuário celestial, nenhum instrumento de
percussão foi permitido. O único instrumento usado pelos coros celestiais é um
conjunto de harpas (Apocalipse 5:8; 14:2). É de se notar que o apoio
instrumental não suplanta a importância das palavras do texto nem contém uma
mistura de instrumentos diversos.
Em Apocalipse os que
saíram da grande tribulação são vistos em pé diante do trono de Deus, enquanto
cantam um novo cântico que diz: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao
Cordeiro, pertence a salvação”. (Apocalipse 7:10). Cantar louvores a Deus é uma
experiência que começa nesta vida e continuará no mundo por vir.
Os Adventistas do
Sétimo Dia consideram Apocalipse 14:6-12 como um texto chave acerca do culto e
adoração na igreja do fim dos tempos, num contexto de crise escatológica. O
autêntico culto está centralizado na pregação e no louvor, não há dicotomia
entre louvor e proclamação. “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo o
evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e
tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe
glória, porque é chegada a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, a
terra, o mar e as fontes das águas.” Apocalipse 14.6-7.
No descerrar das cortinas
do drama apocalíptico, onde as nações serão induzidas a uma falsa adoração,
Satanás não vai depender só das ideologias políticas, dos acordos econômicos,
da força e de distorcidas interpretações teológicas para reunir condições em
que possa organizar e integrar socialmente o mundo para o ato final de
adoração. À medida que se aproxima o tempo do fim, Satanás intensifica cada vez
mais seus esforços contra Deus e Seu povo, porque sabe que pouco tempo lhe
resta (Apocalipse 12:12). Seus ataques são dirigidos especialmente para a
igreja remanescente (Apocalipse 12:17), procurando afastar seus membros de
Cristo. Para atingir este propósito, seus vastos conhecimentos musicais são
grandemente úteis. Mais do que ninguém, ele conhece o efeito que diferentes
estilos de música podem exercer sobre o corpo e a mente. Porque através da
música, “Satanás sabe que órgãos excitar para animar, absorver e seduzir a
mente, de maneira que Cristo não seja desejado.” Ellen G. White, Testemunhos
para a Igreja, vol. I, p. 496
O chamado das Três
Mensagens Angélicas para sairmos da Babilônia espiritual, pela rejeição de sua
falsa adoração, poderia muito bem incluir também a rejeição da música secular
mundana de Babilônia. Logo o mundo inteiro será ajuntado para o conflito final
na antitípica planície apocalíptica de Dura e “todo tipo de música” será tocada
para levar os habitantes da terra a “adorar a besta e sua imagem” (Apocalipse
14:9). É digno de nota que, no Apocalipse, o resultado do conflito envolva o
silenciar dos instrumentos de música da Babilônia. “Com igual ímpeto será
lançada Babilônia, a grande cidade, e nunca mais será achada. E em ti não se
ouvirá mais o som de harpistas, de músicos, de flautistas e de trombeteiros.”
(Apocalipse 18:21-22)
A adoração é o tema do
conflito entre Cristo e Satanás. Apocalipse 14 é a mais solene convocação para
adorar o único Deus, Criador e Redentor. Mas é, ao mesmo tempo, a mais séria
advertência sobre o que implica a falsa adoração. A convocação deve ser
anunciada nos termos do “evangelho eterno”, isto é, a pura revelação da obra de
Deus em Cristo. O resultado da aceitação da mensagem do evangelho é uma vida de
fé e obediência ao Senhor (Apocalipse 14:12).
Conselhos
de Ellen White
“Vi que todos devem
cantar com o espírito e com o entendimento também.(...) E quanto mais perto o
povo de Deus se puder aproximar do canto correto, harmonioso, tanto mais Ele é
glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos favoravelmente
impressionados”. Evangelismo, p. 508.
“A música pode exercer
uma grande influência para o bem; mesmo que não estejamos fazendo o máximo para
este setor da adoração. O canto é geralmente praticado por impulso ou para
atender casos especiais, e em outras vezes, aqueles que cantam são deixados a
persistir no erro, e a música perde seu efeito próprio sobre a mente dos
ouvintes presentes. A música deveria ter beleza, sentimento e poder. Que as
vozes se elevem em cânticos de louvor e de devoção. Traga em seu auxílio, se
possível, instrumentos musicais, e deixe a harmonia gloriosa ascender a Deus,
em agradável oferenda.” Testemunhos para a Igreja, vol. IV, p. 71.
“Exibição não é
religião nem santificação. Não há nada mais ofensivo à vista de Deus que o
exibicionismo de música instrumental, quando os que tomam parte não são
consagrados e não fazem melodia em seus corações ao Senhor. A oferenda mais
doce e aceitável aos olhos de Deus é um coração humilde obtido pela recusa
própria, pelo levantar a cruz e seguir a Jesus. Não temos tempo para gastar
agora na procura de coisas que somente distraem a mente.” Review and Herald
vol. 76 nº 46 de 14-11-1899.
“Escolha-se um grupo de
pessoas para tomar parte no serviço de canto. E seja este acompanhado por
instrumentos de música habilmente tocados. Não nos devemos opor ao uso de
instrumentos musicais em nossa obra. Esta parte do serviço deve ser
cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em cântico. Nem sempre o canto
deve ser feito apenas por alguns. Permita-se o quanto possível que toda a
congregação dele participe. (...)” Obreiros Evangélicos p. 357 e 358.
“Como posso eu suportar
a ideia de que a maioria da juventude nesta época vai perder a vida eterna? Oh,
se o som dos instrumentos de música cessasse, e os jovens não esbanjassem tanto
o seu precioso tempo em agradar as suas próprias fantasias e caprichos.”
Testemunhos para a Igreja, vol. II, p. 144.
“Eu me senti alarmada
quando testemunhei por toda parte a frivolidade de moços e moças que professam
crer na verdade. Deus não parecia estar em seus pensamentos. Suas mentes
estavam cheias de tolices, insensatez. Sua conversação era vazia e inútil.
Possuíam ouvidos afinados para música, e Satanás sabia que órgão excitar para
estimular, controlar e fascinar a mente, de tal maneira que Cristo não fosse
desejado. Os desejos espirituais de suas almas, para um conhecimento divino,
para um crescimento na graça, eram deficientes.” Testemunhos para a Igreja,
vol. I, p. 496.
“A mim me foi mostrado
que a juventude deve tomar uma posição mais elevada, e fazer da palavra de Deus
a fonte de suas consultas e seu guia. Solenes responsabilidades repousam sobre
os jovens, as quais eles voluvelmente observam. A introdução da música em seus
lares, em vez de estimular para a santidade e espiritualidade, tem sido o meio
para distrair suas mentes da verdade. As canções frívolas e as músicas
populares de hoje parecem agradar seus corações. Os instrumentos de música têm
absorvido o tempo que deveria ser devotado à oração. A música, quando é
empregada para bons fins, é uma grande benção; mas quando mal empregada é uma
terrível maldição." Testemunhos para a Igreja, vol. I, p. 497.
“As coisas que
descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de
ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto
é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres
racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a
decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.”
“O Espírito Santo nunca
Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído. Isso é uma invenção de
Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura,
sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo. É
melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com música do que usar instrumentos
músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último, seria
introduzida em nossas reuniões campais. A verdade para este tempo não necessita
nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho
choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma
bênção. As forças das instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e
barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo.”
Mensagens Escolhidas, vol. II, p. 36
Bibliografia
- Araújo, Dario Pires -
Música, Adventismo e Eternidade (Publicação independente. Disponível na
Internet em http://www.musicaeadoracao.com.br/livros/index.htm, com autorização
do autor)
- Bacchiocchi, Dr.
Samuele - O Cristão e a Música Rock (Não publicado em portugês. Disponível na
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do autor)
- Dorneles, Vanderlei -
Cristãos em Busca do Êxtase - Para compreender a Nova Liturgia e o Papel da
Música na Adoração Contemporânea (Unaspress - Imprensa Universitária Adventista
- 2003.)
- Grauman, Helen G. -
Música em Minha Bíblia (Casa Publicadora Brasileira - 1968)
- McCommon, Paul - A
Música na Bíblia - (Editora JUERP - 1982)
- Osterman, Eurydice V.
- O Que Deus Diz Sobre a Música (Unaspress - Imprensa Universitária Adventista
- 2003)
- White, Ellen G. -
Música - Sua Influência na Vida do Cristão (Casa Publicadora Brasileira - 2005)
Artigos On-line
Os artigos listados
abaixo forneceram importantes subsídios para elaboração teste texto e podem
servir de fonte de pesquisa para o leitor que busca mais detalhes sobre o
assunto.
Artigos disponívelis em
http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/meio/index.htm
- A Bateria à Luz da
Antropologia e da Bíblia - Vanderlei Dorneles
- A Dualidade Divina
para a Música e Adoração - Adrian Theodor
- A Escolha da Música é
Realmente Importante? - Marvin L. Robertson
- A Música na Igreja -
Parcival Módolo
- A Música na Igreja -
Vandir Rudolfo Schaffer
- A Música na Igreja de
Cristo - Walter Andrade Campelo
- A Música no Grande
Conflito entre Cristo e Satanás - Carlos A. Steger
- Artimanhas
Evangelísticas: A Loucura da Pregação ou a Pregação da Loucura - Samuel
Koranteng-Pipim
- As Influências do
Culto do Antigo Testamento na Liturgia - Gerard Van Groningen
- Batuque à Beira-Mar -
Adrian Theodor
- Considerações para a
Avaliação da Música na Igreja: Uma Abordagem Bíblica - Vernon E. Andrews
- Dança na Bíblia -
Samuele Bacchiocchi
- Davi nos Aprova a
Dança? - Adrian Theodor
- Devemos Dançar? - O.
E. Allison
- Fogo Estranho Diante
do Altar - Gerson Pires de Araújo
- Melodia, Ritmo e
Harmonia - Pr. Jorge Mário de Oliveira
- Metais, Cordas e
Percussão? - Dr. Peter Masters
- Música na Igreja -
Questão de Princípios - Elias Tavares
- Música no Novo
Testamento - Reinaldo Siqueira
- Música Sacra para a
Igreja de Hoje - Levi de Paula Tavares
- Música: do Divino ao
Maligno - João Wilson Faustini
- O Evangelho do
Entretenimento - Ciro Sanches Zibordi
- O Papel da Música na
Adoração - Elias Tavares e Levi de Paula Tavares
- Palavras para Dança
nas Escrituras Sagradas - Pr. Jorge Mario de Oliveira
- Por Que o Adventista
Não Pode Cantar e Dançar Como Davi? - Dario P. Araújo
- Shows Cristãos:
Culto, Entretenimento ou Mundanismo?- Pr. Douglas Reis
- Uma Filosofia Bíblica
da Música Cristã - Dr. Thomas Cassidy
Artigos disponívelis em
http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/adoracao/index.htm
- A Adoração e a Bíblia
- Miguel Angel Darino
- A Teologia da Música
Sacra - Gerald A. Klingbeil
- Adoração Bíblica -
Arival Dias Casimiro
- Bases Bíblicas Para
Uma Teologia de Música e Adoração - Levi de Paula Tavares
Artigos disponívelis em
http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/adoracao/index.htm
- Perguntas Sobre
Música - Pr. Jorge Mario de Oliveira
- Música: Moralmente
Neutra? - Dr. Wolfang Hans Martin Stefani, Ph.D
FONTE: www.musicaeadoracao.com.br
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