Levi de Paula Tavares
É
bastante comum, ao conversarmos sobre as questões envolvidas na utilização da
música na adoração, ouvirmos algumas declarações feitas com o objetivo de
abonar o uso dos instrumentos de percussão na adoração, notadamente a
utilização do conjunto de instrumentos de percussão, típico da música rock e
seus derivados, conhecido por bateria. Algumas das declarações chegam a dizer
que a Bíblia se cala quando o assunto é música.
Será
realmente que a bíblia se cala quando o assunto é a música? Será que a bíblia
tem respostas quanto ao uso de instrumentos de percussão na liturgia? É óbvio
que a Bíblia não se cala a respeito das questões envolvidas no uso da musica,
principalmente no uso da música na adoração a Deus. Na verdade, desde o cântico
dos exércitos celestiais durante a Criação (Jó 38:6-7) até o grande coro dos
remidos e dos anjos na majestosa recepção celestial aos salvos (Apocalipse
7:9-17).
Os Instrumentos de Percussão e a
Música no Templo
Tanto
a presença quanto a ausência do tambor em circunstâncias bíblicas específicas
ajudam a compreender a questão do uso da bateria na adoração a Deus. Vamos
analisar um relato específico, no qual foram utilizados instrumentos de
percussão pelo povo de Israel, em um evento religioso.
Quando
Davi planejou o transporte da Arca da Aliança, saindo de Quiriate-Jearim, fez
planos sem consultar ao Senhor. O relato bíblico de Crônicas (tampouco o de
Juízes 6) não menciona Davi consultando a Deus em nenhum momento; seja acerca
dos métodos a serem utilizados no transporte, seja acerca da aprovação divina
em trazer ou não a arca de volta. Em vez de consultar os sacerdotes, ele
consultou seus comandantes (I Crônicas 13:1-2).
Mesmo
assim, o intento de Davi é colocado em ação. Aparentemente tudo está correto!
Um carro novo (último tipo!!!) é escolhido para o transporte, a orquestra
improvisada toca música “harpas, e com saltérios, e com tamboris, e com
pandeiros, e com címbalos” (II Samuel 6:5; ver também I Crônicas 13:8), Davi e
todo o povo vibram em excitação e o rei é aclamado por seu feito religioso e
heróico. Até que o imprevisível acontece. Os bois tropeçaram, a arca quase caiu
e Uzá, um mero mortal, toca a arca e morre, fulminado pela ira do Altíssimo. O
evento da morte de Uzá parece uma mensagem fortíssima ao rei de Israel; e este,
inspirado pelo Espírito Santo, faz uma declaração não menos poderosa e cheia de
compreensão do sinal de Deus: "Temeu Davi ao Senhor naquele dia, e disse:
Como trarei a mim a arca de Deus?".(II Samuel 6:9; ver também I Crônicas
13:12).
Vemos
assim que, por ocasião da primeira tentativa de transporte da arca, tudo deu
errado, porque foram desconsideradas as instruções divinas, inclusive a
respeito dos instrumentos a serem utilizados no louvor. “O ritmo da festa e da
música fez Davi esquecer que só os levitas podiam conduzir a arca, e Uzá
ignorar que não podia tocá-la. Os bois tropeçaram, a arca quase caiu e Uzá
morreu ferido pelo Senhor (I Crônicas 13:9-10). Davi temeu e se perguntou: ‘Como
trarei a mim a arca de Deus?’ (Crônicas 13:12) . Três meses depois, o rei
juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom, desta vez, ele orientou
que ninguém conduziria a arca, senão os levitas (I Samuel15:16). Houve alegria
mas, ao contrário da primeira tentativa, desta vez a banda musical não teve
tambor, mas somente harpas, alaúdes e címbalos (I Crônicas 15:16).” (Vanderlei
Dorneles, Cristãos em Busca do Êxtase, pp. 192-193).
Após
a estabilização de Davi no poder, com todas as questões políticas e
territoriais resolvidas, o rei Davi sabia que não viveria muito tempo para
desfrutar esta paz. As batalhas, os problemas e suas muitas labutas o tinham
envelhecido.
Assim,
ele desejou fazer uma casa para o Senhor (II Samuel 7:1-3; I Crônicas 17:1-2; 22:7;
28:2). Mas Deus não o permitiu (II Samuel 7:4-17; I Crônicas 17:3-15). O motivo
desta negativa foi o fato de Davi ter sido um homem de guerra, que havia
derramado muito sangue (I Crônicas 22:8; 28:3). A casa de Deus deveria ser um
lugar de paz, desde o projeto.
Entretanto,
a Davi foi concedido o privilégio de fazer todos os preparativos para a
construção do templo. Ele preparou todo o material de construção, os artífices,
os líderes da obra (I Crônicas 22:2-5; 14-17). Ele entregou tudo nas mãos de
Salomão e deu-lhe instruções de como o templo deveria ser construído (I
Crônicas 22:6-13; 28:1-21).
Além
destes preparativos, Davi, seguindo as instruções divinas, também instituiu o
serviço levítico para o futuro templo. Em I Crônicas 23:2-5 lemos: “E reuniu a
todos os príncipes de Israel, como também aos sacerdotes e levitas. E foram
contados os levitas de trinta anos para cima; e foi o número deles, segundo as
suas cabeças, trinta e oito mil homens. Destes havia vinte e quatro mil, para
promoverem a obra da casa do Senhor, e seis mil oficiais e juízes, e quatro mil
porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos, que eu fiz
para o louvar, disse Davi.”
Pelo
texto acima, podemos notar que, dentre as diversas funções dos levitas na
supervisão e manutenção do trabalho no Templo, estava a música de adoração.
Inclusive, é curioso notar que o próprio Davi havia criado instrumentos
apropriados para a adoração.
De
acordo com o relato bíblico, os instrumentos usados pelos levitas com esta
finalidade eram divididos em quatro categorias:
1
– Voz (cânticos) (I Crônicas 15:16, 22, 27; II Crônicas 5:12,13; 9:11)
A
voz era, evidentemente, o instrumento de destaque. Os levitas eram acima de
tudo, cantores. Em II Crônicas 5:12, primeira parte, a Escritura diz: “E os
levitas, que eram cantores, todos eles, (...)” ( ver também I Crônicas 9:33;
15:16, 19, 27). Em I Crônicas 25:1-7, o número total de músicos era de 288, dos
quais cerca de 260 formavam o coral.
O
coro levítico era acompanhado, normalmente, somente por instrumentos de corda
de diferentes modelos, tamanhos e tessituras (ver I Crônicas 15:20-21). Na
verdade, podemos inferir, pela leitura dos textos acima (especialmente I
Crônicas 15:16 e II Crônicas 5:12), que, normalmente, os cantores acompanhavam
a si mesmos, cantando e tocando suas harpas.
2
– Címbalos (instrumentos de sinalização) (I Crônicas 15:19; 16:5, 42; 25:1, 6;
II Crônicas 5:12,13
Os
címbalos de metal eram constituídos por dois pequenos discos de metal, com suas
beiras dobradas. Quando golpeados verticalmente, produziam um toque agudo, como
um tinido, cuja sonoridade era ouvida a grandes distâncias. Alguns apelam para
o uso dos címbalos (que são, portanto, instrumentos de percussão) para
argumentar que a música do templo tinha uma batida rítmica e, por conseguinte,
a Bíblia não proíbe instrumentos de percussão na igreja hoje. Tal argumento
ignora o fato de que, como explica Kleinig (John W. Kleining, The Lord’s Song:
The Basis, Function and Significance of Choral Music in Chronicles (Sheffield,
England, 1993) p. 82-83), “os címbalos não eram usados pelo cantor-mor na
condução do cântico, batendo o ritmo da música, mas sim para anunciar o começo
de uma estrofe ou de um cântico. Uma vez que eles eram usados para introduzir o
cântico, eram brandidos pelo líder do coro em ocasiões ordinárias (I Crônicas
16:5) ou pelos três líderes dos grupos em ocasiões extraordinárias (I Crônicas
15:19)”. E estes três líderes estavam “sob a supervisão do rei” Davi (I
Crônicas 25:6).
De
modo semelhante, Curt Sachs em Rhythm and Tempo (Nova York, 1953), p. 79)
explica que “A música no templo incluía címbalos, e o leitor moderno poderia
concluir que a presença de instrumentos de percussão indicaria ritmos precisos.
Mas há pouca dúvida de que os címbalos, como em qualquer outro lugar, marcavam
o fim de uma linha e não o ritmo dentro de um verso.”
Observe
também as explanações de John Kleinig e A. Z. Idelssohn, sobre como os címbalos
eram utilizados: "Os címbalos não eram usados pelo cantor para conduzir os
cânticos mediante a marcação do ritmo da canção, mas para anunciar seu início
ou estrofe." John Kleinig, A Canção do Senhor, pág. 82. "Os
instrumentos de percussão eram reduzidos a um címbalo, que não era empregado na
música propriamente, mas simplesmente para marcar pausas e intervalos." A.
Z. Idelssohn, A Música Judaica em Seu Desenvolvimento Histórico, pág. 17.
Vemos,
desta forma, que, apesar de os címbalos serem, verdadeiramente, instrumentos de
percussão, não é apropriado afirmar que estes instrumentos fossem utilizados
como utilizamos os instrumentos de percussão atualmente, ou seja, para marcação
rítmica. A sua função era de sinalização, assim como as trombetas (que veremos
adiante); com a diferença que as trombetas sinalizavam para o povo e os
címbalos eram utilizados como sinalização para os cantores e instrumentistas,
quase da mesma forma que um regente faz sinais corporais para os músicos de uma
orquestra na atualidade, indicando as entradas dos diversos instrumentos.
3
– Harpas, Saltérios, Alaúdes, Cítaras e Liras (instrumentos de cordas; a
nomenclatura depende da tradução empregada) (I Crônicas 15:20-21;16:5; 25:1,6)
Suas
origens são assaz remotas: antes do dilúvio já se menciona a Jubal, o qual “foi
o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gênesis 4:21). Há razões para
supor que em realidade se tratava de liras e flautas rudimentares,
respectivamente.
Existem
palavras diferentes nos textos originais para designar os instrumentos de
cordas, como kinnor, nebel, asor e sabekka. Porém, não existe um conceito entre
os eruditos sobre como seria, exatamente, cada um destes instrumentos.
As
versões em português citam principalmente as harpas e os saltérios (outras
traduções falam em alaúdes, liras e cítaras) – mas qualquer uma das palavras
pode representar uma variedade enorme de instrumentos. Por exemplo: as harpas
variavam de tamanho e estilo. Algumas talvez fossem enormes, mas a maioria era
pequena e bem leve. Salmo 137:2 fala de pendurar as harpas nos salgueiros,
indicando que elas não eram instrumentos grandes. Normalmente a harpa podia ser
tocada enquanto era levada em procissões ou marchas (ver I Samuel 10:5; I
Crônicas 13:7-7; Isaías 23:16). Os instrumentos eram tocados tangendo-se as
cordas com os dedos ou com um plectro, nunca com arco, que era completamente
desconhecido naquela época e região, conforme a
The International Standard Bible Enclyclopedia. Os saltérios também
possuíam muitas variedades. O Salmo 33:2 parece indicar que alguns saltérios
tinham dez cordas – provavelmente uns tinham mais e outros menos.
Enquanto
Israel usava uma variedade de instrumentos na vida comum, na adoração eram
utilizados somente os instrumentos autorizados por Davi, principalmente harpas, liras e címbalos (Ver
I Crônicas 25:6 e 7, e também 15:16). De fato, em algumas ocasiões, somente
cordas são mencionadas (Ver Salmos 92:3; 33:2; 108:2). No contexto da cultura
bíblica, isso significava que a adoração regular era acompanhada por suave som
de cordas com uns poucos címbalos (provavelmente um par, tangido pelo guia),
usados para propósito de sinalização. Garen Wolf explica: “Instrumentos de
cordas eram usados extensivamente para acompanhar os cânticos, desde que não
cobrissem a voz ou a ‘palavra de Jeová’ que estava sendo cantada.” Garen Wolf,
A Música da Bíblia na Perspectiva Cristã, pág. 287.
No
Livro dos Salmos, vemos que harpas e saltérios eram os instrumentos básicos
para o acompanhamento dos salmos cantados. O Salmo 92 fornece um exemplo desta
instrução. O título ou cabeçalho do salmo diz que era 'Um Salmo e Cântico para
o Dia do Sábado'. Ele devia ser cantado (verso 3) com um instrumento de dez
cordas, o saltério, e a 'harpa com um som solene'.
Os
seguintes salmos também estabelecem a regra que salmos eram para ser cantados
ao som de harpas e saltérios: Salmo 33, 43, 49, 57, 71, 92, 108, 144 e 147. Nos
Salmos 4 e 55 os títulos mencionam instrumentos de corda, e no Salmo 12 o
título prescreve uma lira (um tipo de harpa) de oito cordas. Com estes
instrumentos modestos e apropriados o canto era acompanhado na adoração.
Trombetas,
Cornetas, Buzinas (instrumentos de sopro; a nomenclatura depende da tradução
empregada) (I Crônicas 16:6; II Crônicas 15:14)
Na
verdade, havia apenas dois instrumentos básicos:
a)
As grandes trombetas de prata (chatsotserah), construídas de acordo com as
instruções específicas de Deus a Moisés (Números 10:2), comunicavam as várias
atividades do acampamento, tais como reuniões, montagem do acampamento,
assembléias, guerra, bem como festas e celebrações (Números 10:3-10). Como uma
lei perpétua, era permitido apenas aos sacerdotes tocarem as trombetas (Números
10:8). Deviam ser tocadas em festas especiais e no começo do mês durante a
queima das ofertas, para lembrar o povo da natureza da sua libertação
histórica. Geralmente, o número de trombetas usadas em ocasiões especiais
continuou a ser de duas (I Crônicas 16:6).
b)
O schofar (trombeta de chifre de carneiro) também era limitado a papéis
específicos, tais como a sinalização da guerra e dos eventos de culto. O shofar
ocupa um lugar de destaque entre os instrumentos de Israel. Cercado de
simbolismo religioso e espiritual, a história de seu uso é traçada pela
tradição até o sacrifício de Isaque. Este pequeno, mas poderoso instrumento
aparece no sexto capítulo do livro de Josué, quando trombetas foram sopradas e
as muralhas de Jericó ruíram.
Excepcionalmente,
em grandes ocasiões solenes, as trombetas eram tocadas juntamente com os outros
instrumentos (II Samuel 6:15; I Crônicas 13:8; 15:28; 16:42; II Crônicas
5:12-13).
Os
músicos não tocavam qualquer instrumento, à sua escolha: Davi não instituiu
apenas o tempo, o lugar, e as músicas para a apresentação do coro levítico, mas
também “fez” os instrumentos musicais para serem usados no seu ministério (I
Crônicas_23:5; II Crônicas_7:6). É por isso que eles são chamados “os
instrumentos de Davi” (II Crônicas_29:26-27). Além das trombetas que o Senhor
tinha ordenado por Moisés (Números 10:2), Davi acrescentou címbalos, alaúdes, e
harpas (I Crônicas_15:16; I Crônicas_16:5-6). A importância desta combinação de
instrumentos como sendo uma ordem divina é indicada pelo fato de que esta
combinação foi respeitada por muitos séculos, até a destruição do Templo. (II
Crônicas_29:25)
Digno
de nota é a ausência de qualquer instrumento de percussão da classe dos
membranofones, ou seja, instrumentos que produzem som a partir da vibração de
uma membrana (normalmente uma pele de animal esticada sobre um aro). Não que
estes instrumentos não fossem conhecidos na época, nem que fossem estranhos a
Davi. O tamboris ou adufes (toph) foram utilizados pelo próprio Davi na
primeira tentativa de trazer a arca a Jerusalém (II Samuel 6:5; I Crônicas
13:8).
Na
verdade, o substantivo toph é um termo genérico para tamborins e tambores
médios (os instrumentos de percussão mais comuns nos tempos antigos), dos quais
foram encontrados exemplares em escavações no Egito e na Mesopotâmia. Este
instrumento era parecido com o pandeiro brasileiro, ou seja, era um tambor de
mão composto por uma armação de madeira, em volta da qual uma única pele era
esticada. Era usado para acompanhar, ritmadamente, a música e a dança, nas
festividades e nos cortejos.
A
falta de instruções com relação à utilização de instrumentos de percussão, para
marcação rítmica na música do Templo dificilmente pode ser creditada a
negligência ou esquecimento por parte de Davi, uma vez que as instruções
relativas a esta instrumentação estavam “conforme ao mandado de Davi e de Gade,
o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor, por
mão de seus profetas” (II Crônicas 29:25).
O
Dr. Samuele Bacchiocchi, em seu livro “O Cristão e a Música Rock”, pp. 207-208,
complementa da seguinte forma:
“Alguns
estudiosos argumentam que instrumentos como tambores, tamboril (que era um
pandeiro), flautas, e o dúlcimer, foram banidos do Templo, porque estavam
associados à adoração e à cultura pagãs, ou porque eles eram tocados,
costumeiramente, por mulheres, para o entretenimento. Este bem poderia ser o
caso, mas isso apenas mostra que havia uma distinção entre a música sacra,
tocada dentro do Templo e a música secular tocada do lado de fora.”
“Uma
restrição foi colocada aos instrumentos musicais e às expressões artísticas
usadas na Casa de Deus. Deus proibiu vários instrumentos, os quais eram
permitidos fora do templo nas festividades nacionais e no prazer social. A
razão não é que certos instrumentos de percussão fossem maus per se. Os sons
produzidos por quaisquer instrumentos musicais são neutros, como uma letra do
alfabeto. Em vez disso, a razão é que estes instrumentos eram comumente usados
para produzir música de entretenimento, a qual era imprópria para a adoração na
Casa de Deus. Através da proibição desses instrumentos e de estilos de música,
como a dança, associados ao entretenimento secular, o Senhor ensinou ao Seu
povo uma distinção clara entre a música sacra, tocada no templo, e a música
secular, de entretenimento, usada na vida social.”
O
Prof. Vanderlei Dorneles sustenta que “A
exclusão do tambor no templo pode indicar que Deus não quis o instrumento na
música de adoração por causa de sua relação direta com o misticismo e por sua
influência no sentido de excitar as danças e embotar a consciência e o juízo.”
(Cristão em Busca do Êxtase, páginas 193 e 194).
Dr.
Wolfgang Stefani considera que o ritmo, produzido mais propriamente pelo
tambor, é a característica mais eminente e essencial da música africana, já
amplamente relacionada com as experiências de transe e possessão, e demais
processos de alteração do estado de consciência, com consequente redução da
capacidade de julgamento. (Cristãos em Busca do Êxtase – Pág. 193).
A
música de adoração após o Santuário
A
música utilizada no Templo de Jerusalém seguiu, através dos séculos, as
instruções deixadas por Davi, conforme explica o Dr. Samuele Bacchiocchi, em
seu livro “O Cristão e a Música Rock”, p. 208:
“A restrição no uso desses
instrumentos deveria ser uma regra válida para as futuras gerações. Quando o
Rei Ezequias reavivou a adoração do Templo em 715 A.C., ele seguiu
meticulosamente as instruções dadas por Davi. Nós lemos que o rei “estabeleceu
os levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de
Davi. . . porque este mandado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas”.
(II Crônicas 29:25).”
“Dois séculos e meio mais tarde
quando o Templo foi reconstruído sob a liderança de Esdras e Neemias, a mesma
restrição foi aplicada novamente. Nenhum instrumento de percussão foi permitido
para acompanhar o coro levítico ou tocar como uma orquestra no Templo (Esdras
3:10; Neemias 12:27, 36). Isto confirma que a regra era clara e válida por
muitos séculos. O canto e a música instrumental no templo deveriam diferir
daquela usada na vida social do povo.”
Já
vimos que a música e os instrumentos usados para louvar a Deus fora do Templo,
durante as celebrações das festas eram bem diferentes da música tocada dentro
do Templo. Instrumentos como tambores, flautas, oboés, e o dúlcimer não podiam
ser usados no Templo por causa de sua associação com o entretenimento secular.
O mesmo princípio também foi respeitado na sinagoga e na igreja apostólica.
A
função da música na sinagoga diferia da música no Templo, principalmente porque
as duas instituições tinham propósitos diferentes. O Templo era, primariamente,
o lugar onde eram oferecidos sacrifícios em nome de toda nação e dos crentes
individualmente. A sinagoga, por outro lado, apareceu provavelmente durante o
exílio babilônico como o lugar onde eram oferecidas orações e as Escrituras
eram lidas e ensinadas. Esta diferença de funções também se refletia nos
diferentes papéis que a música desempenhava nessas duas instituições. Enquanto
a música no templo era predominantemente vocal, com instrumentos de cordas que
ajudavam no canto, a música na sinagoga era exclusivamente vocal, sem qualquer
instrumento. A única exceção era o shofar (trombeta feita de chifre de
carneiro) que servia como um instrumento sinalizador.
Além
desta diferença de funções, existem outras explicações para a proibição ao uso
de instrumentos na sinagoga judaica e, posteriormente, na igreja apostólica. As
que possuem maior consenso entre os eruditos são: (1) por oposição à pressão e
à influência das religiões pagãs, com suas práticas orgiásticas, as quais estavam
presentes nas comunidades judaicas dispersas; (2) a falta de músicos treinados,
como os levitas que serviam no Templo; (3) depois da destruição do Templo de
Jerusalém pelos romanos, os rabinos baniram completamente o uso de instrumentos
na sinagoga, como uma expressão de lamentação pela destruição do templo.
A música de adoração na Igreja
Apostólica
O
cristianismo apostólico emergiu, desenvolveu-se e organizou-se principalmente
dentro do contexto da sinagoga. Portanto, era natural para os primeiros cristãos
que mantivessem o que conheciam da música da sinagoga em sua própria adoração.
É evidente que a comunidade cristã copiou o estilo do culto da sinagoga, pondo
ênfase no ensino da Palavra e na oração. O ensino chegou a ser sua maior
característica na medida que se criava uma separação entre aqueles judeus
“ciumentos da lei”, que continuavam com os costumes da lei, dos que se
“convertiam” de coração a Cristo (Atos 21:20-21). Os cultos eram conduzidos de
maneira informal, por pessoas leigas liderando a oração, leitura, cânticos, e
exortação.
Quanto
à música para esses primeiros cultos, o cristianismo continuou a fazer uso de
certos elementos do culto judaico, ou seja, preservou o que era tradicional.
Essa tradição musical podia ser encontrada na leitura dos textos sacros, os
quais eram lidos em forma de cantochão – o que ainda ocorre até os nossos dias
nas sinagogas judaicas. Encontrava-se ainda no canto congregacional
responsorial dos refrões nos Salmos e nas vocalizações feitas com várias notas
no final das frases (como a forma ornamental do canto da última vogal a da
palavra aleluia). Os cristãos também adotaram o Livro dos Salmos como o livro
de orações da igreja. Os estudiosos ressaltam a familiaridade com que os novos
cristãos utilizavam os Salmos da tradição.
O
zelo dos novos conversos pela "doutrina dos apóstolos" também
legitimava afastar de seu meio aquilo que era praticado nos ambientes pagãos.
Embora aparentemente representasse um retrocesso, o banimento dos instrumentos
musicais do culto cristão, na época bastante usados nas festas pagãs, era uma
forma de expressar este zelo, conforme já vimos acima, com relação à sinagoga.
Um outro fator que pode ter sido importante para a proibição ao uso de
instrumentos é que, muitas vezes, os cultos eram feitos às escondidas, às vezes
em catacumbas, devido às perseguições romanas.
Outro
fator que ajuda a moldar o estilo musical de uma comunidade tem a ver com o
tipo de arquitetura. Ambientes grandes e imponentes induzem a um estilo de
música semelhantemente grandiosa. Não foi o caso da nova comunidade cristã,
pois herdou da sinagoga o costume de uma reunião mais íntima em construções
pequenas e domésticas. Além disso, o culto espiritualizado, descrito por João e
embasado por Mateus, prestou-se bem a esse tipo de ambiente. A comunidade
reunida nas casas dos crentes permitiu atitudes menos formais, que foram
traduzidas em hinos espontâneos e no abandono do uso dos instrumentos musicais
que eram característicos do culto mais formal. Era, portanto, necessário
adequar os cânticos a ambientes menos formais, para assembléias informais.
Porém,
apesar das questões levantadas acima, falar sobre um ministério de música no
Novo Testamento pode parecer completamente fora de propósito. Isto pode parecer
estranho a nós, que estamos acostumados a ter e incentivar um ministério
musical rico e espiritualmente frutífero, mas a verdade é que o Novo Testamento
faz silêncio sobre qualquer cargo “musical” na igreja. Com exceção do livro do
Apocalipse, no qual a música faz parte de um rico drama escatológico, apenas
uma dúzia de passagens se refere à música.
Nenhuma
destas passagens, entretanto, dá-nos um retrato claro do papel que a música
desempenhava nos cultos na igreja durante o período do Novo Testamento. Isto
não surpreende, porque os crentes deste período não viam seus grupos de
adoração como sendo muito diferentes dos da sinagoga, conforme vimos acima.
Ambos eram conduzidos de maneira informal, por pessoas leigas liderando a
oração, leitura, cânticos, e exortação. A diferença fundamental entre os dois
era a proclamação messiânica que estava presente apenas na adoração Cristã.
Das
doze referências à música no Novo Testamento, cinco se referem a ela
metaforicamente (Mateus 6:2; 11:17; Lucas 7:32; I Coríntios 13:1; 14:7-8) e,
por conseguinte, não são relevantes ao nosso estudo. As sete restantes derramam
luz importante, especialmente quando são vistas dentro do contexto mais
abrangente da adoração na sinagoga, a qual era conhecida e praticada pelos
cristãos.
São
encontradas quatro referências à música nos Evangelhos. Duas mencionam música
instrumental e dança em conjunção com o luto pela morte de uma menina (Mateus
9:23) e com a celebração no retorno do Filho Pródigo (Lucas 15:25). Duas
passagens são paralelas e mencionam Cristo cantando um hino com os Seus
discípulos no final da Última Ceia (Mateus 26:30; Marcos 14:26). Muito
provavelmente esta era a segunda porção do Aleluia judaico, cantado na
conclusão da Páscoa. Consistia dos Salmos 113 a 118.
Um
texto se refere a Paulo e Silas que cantavam enquanto estavam em prisão (Atos
16:25). Não temos como saber se eles cantaram salmos ou hinos cristãos
compostos recentemente. Os exemplos acima nos falam que a música acompanhava
várias atividades na vida social e religiosa do povo, mas não nos informam
sobre o papel da música na igreja e, portanto não serão consideradas em maiores
detalhes.
São
encontradas poucas instruções relativas à música para a igreja nas Epístolas.
Tiago afirma que, se uma pessoa está alegre, “Cante louvores”. (Tiago 5:13). A
implicação é que o canto deveria brotar de em um coração alegre. Presumivelmente
os cânticos de louvores não aconteceriam apenas reservadamente em casa, mas
também publicamente na igreja. Outros textos sugerem que cantar hinos de louvor
fosse uma característica do serviço da igreja.
Informação
mais específica nos vem através de Paulo, proporcionando uma maior percepção no
papel da música no serviço de adoração do Novo Testamento. No contexto de suas
advertências com respeito às manifestações arrebatadoras na igreja de Corinto,
Paulo pede equilíbrio na elaboração da música, aconselhando que o canto seja
feito com a mente e também com o espírito: “cantarei com o espírito, mas também
cantarei com o entendimento”. (I Coríntios 14:15). Aparentemente alguns
cantaram em êxtase, sem que a mente tomasse parte. O cântico sem sentido é como
o discurso sem sentido. Ambos desonram a Deus. Como diz Paulo: “porque Deus não
é de confusão, e sim de paz”. (I Coríntios 14:33).
A
advertência de Paulo para se cantar com a mente, ou com o entendimento, é
relevante para nós hoje, numa época em que o canto realizado em algumas igrejas
carismáticas consiste de explosões emocionais de gritos extáticos que ninguém
pode entender. Nosso canto deve ser feito com o entendimento porque Deus espera
de Suas criaturas inteligentes “uma adoração racional” (Romanos 12:2–“logike”,
ou seja, lógica, no grego).
Cantar
deveria ser para a edificação espiritual e não para excitação física. Paulo
diz: “Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação,
aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para
edificação”. (I Coríntios 14:26). O ponto importante é que o canto, como todas
as partes do serviço da igreja, era para edificar a congregação. O princípio
bíblico, então, é que a música na igreja deveria contribuir para a edificação espiritual
dos crentes.
Os
dois textos paulinos restantes (Efésios 5:19 e Colossenses 3:16) são os mais
informativos acerca da música no Novo Testamento. Paulo encoraja os efésios,
“enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de
coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais”. De modo semelhante, o
apóstolo aconselha os Colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de
Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a
Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso
coração”.
Ambas
as passagens proveem a indicação mais antiga de como a igreja apostólica fazia
diferença entre salmos, hinos e cânticos espirituais. É difícil fazer
distinções firmes e rápidas entre estes termos. A maioria dos estudiosos
concorda que os três termos se referem, livremente, às várias formas de
composições musicais usadas no culto de adoração.
A
frase “aconselhai-vos mutuamente (...) com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais,” sugere que o canto fosse interativo. Presumivelmente uma parte do
cântico era responsiva, com a congregação respondendo ao líder do cântico. O
canto devia ser feito com “gratidão” e “de todo o coração”. Através de seus
cânticos, os cristãos expressavam sua gratidão incondicional “ao Senhor” por
Sua maravilhosa provisão em salvá-los.
Nenhuma
das referências sobre música no Novo Testamento examinadas acima faz qualquer
alusão a instrumentos musicais usados pelos cristãos do Novo Testamento para
acompanhar o canto. Aparentemente os cristãos seguiam a tradição da sinagoga
proibindo o uso de instrumentos musicais nos cultos da igreja por causa de sua
associação pagã.
Paulo
entendia, indubitavelmente, que a música poderia ser um recurso efetivo para
ajudar a igreja a cumprir as tremendas tarefas da evangelização dos Gentios.
Ele sabia o que funcionaria para atrair as pessoas. Porém, ele buscava alcançar
as pessoas, não lhes dando o que elas queriam, mas pregando-lhes aquilo que
elas necessitavam. “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os
judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus
como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”. (I
Coríntios 1:23-24).
Ao
contrário da atual filosofia reinante atualmente, de que os estilos e os
instrumentos característicos da música popular secularizada e profana de nossos
dias poderiam ser adotados e adaptados para alcançar a sociedade secular, os
primeiros cristãos se distanciavam não apenas das canções seculares, mas também
dos instrumentos musicais usados para o entretenimento secular e adoração pagã.
A
igreja apostólica reconhecia o perigo de trazer para a igreja a música e os
instrumentos que foram associados com um estilo de vida pagão, bem como
entendia a verdade fundamental de que a adoção da música pagã, e dos
instrumentos usados para produzi-la, poderiam, eventualmente, corromper a
mensagem Cristã, sua identidade, e seu testemunho, além de tentar as pessoas a
voltar aos seus estilos de vida pagãos.
Eventualmente
isto foi o que aconteceu. A partir do quarto século, quando o cristianismo se
tornou a religião do império por conveniências políticas, a igreja tentou
alcançar os pagãos adotando algumas de suas práticas, como, por exemplo, a
instituição do dia do Natal - em substituição a uma festa pagã comemorada neste
dia; a adoção do domingo (o Dia do Sol Invicto, de origem pagã) como dia de
adoração - em substituição à adoração bíblica no sábado (o memorial da Criação
(Gênesis 2:1-3; Êxodo 20:8-11)); a introdução de adoração aos
"santos" cristãos - que substituiriam os deuses pagãos. Todas estas
práticas pagãs contrariavam a instrução bíblica a respeito da adoração. O
resultado tem sido a secularização gradual do cristianismo, num processo que
continua ainda hoje. A lição da história é clara. Evangelizar as pessoas com
sua linguagem secular, no final das contas resultará na secularização da
própria igreja.
Concluindo,
vimos que em todo Novo Testamento os adufes e tambores não são mencionados
nenhuma vez em conotação com a adoração, tanto na sinagoga, quanto na igreja
apostólica. Assim, os eventos posteriores ao santuário parecem indicar que a
adoração em Israel e, depois na igreja cristã, afastou-se cada vez mais dos
costumes profanos e se concentrou no padrão pretendido por Deus.
A música de adoração no Apocalipse
Um
quadro musical exuberante, no Novo Testamento, aparece apenas no livro do
Apocalipse, em relação com as visões apocalípticas de João sobre o céu e o
futuro estabelecimento do reinado eterno de Deus. Em suas visões, João relata
aspectos da adoração a Deus pelos seres celestiais e pelo coro de anjos
(Apocalipse 5:8-14). A adoração é feita no contexto do santuário celestial, no
qual Jesus ministra como Messias e Sumo Sacerdote. A música é feita com harpas
e um cântico que envolve toda a criação. Em Apocalipse 7:9-12; 14:1-3; e
15:2-4, vemos uma apresentação escatológica do grupo daqueles que foram
redimidos, agora adorando a Deus com cânticos de louvor e música de harpas.
Eles ficam em pé junto ao mar de vidro, na Sião celestial, e cantam o Cântico
de Moisés e o Cântico do Cordeiro.
Quando
expressamos adoração a Deus pela música, somos privilegiados em unir-nos àquela
sinfonia de louvor. "A música faz parte do culto de Deus, nas cortes
celestiais, e devemos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos
aproximar tanto quanto possível da harmonia dos coros celestiais. ... O
cântico, como parte do culto religioso, é um ato de adoração, tanto como a
prece. O coração deve sentir o espírito do cântico, a fim de dar a este a expressão
correta." – Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 594.
Um
estudo cuidadoso dos vários hinos do Apocalipse revela que, apesar de todas as
referências ao sofrimento do povo de Deus, o livro ainda consegue provar-se
como sendo uma das composições mais felizes já escritas. Mesmo assim, na
adoração celestial como descrito no livro de Apocalipse, o único instrumento
musical citado é a harpa (e.g., Apocalipse 5:8).
A
música triunfante de Apocalipse é inspirada, não pela pulsação hipnótica de
instrumentos de percussão, mas pela revelação maravilhosa dos feitos redentores
de Deus por Seu povo. Conforme os adoradores do santuário celestial são
privilegiados em revisar a forma providencial pela qual Cristo, o Cordeiro que
foi morto, resgatou pessoas de todas as nações, eles cantam com uma excitação
dramática no seu louvor doxológico à Divindade.
Líderes
da adoração que estão insistindo no uso de baterias, contrabaixos, guitarras
rítmicas para dar uma pulsação de rock à música de suas igrejas, deveriam notar
o fato que tanto no Templo de Jerusalém quanto no santuário celestial, nenhum
instrumento de percussão foi permitido. O único instrumento usado pelos coros
celestiais é um conjunto de harpas (Apocalipse 5:8; 14:2). É de se notar que o
apoio instrumental não suplanta a importância das palavras do texto nem contém
uma mistura de instrumentos diversos.
Em
Apocalipse os que saíram da grande tribulação são vistos em pé diante do trono
de Deus, enquanto cantam um novo cântico que diz: “Ao nosso Deus, que se assenta
no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”. (Apocalipse 7:10). Cantar
louvores a Deus é uma experiência que começa nesta vida e continuará no mundo
por vir.
Os
Adventistas do Sétimo Dia consideram Apocalipse 14:6-12 como um texto chave
acerca do culto e adoração na igreja do fim dos tempos, num contexto de crise
escatológica. O autêntico culto está centralizado na pregação e no louvor, não
há dicotomia entre louvor e proclamação. “Vi outro anjo voando pelo meio do
céu, tendo o evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a
toda nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e
dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o
céu, a terra, o mar e as fontes das águas.” Apocalipse 14.6-7.
No
descerrar das cortinas do drama apocalíptico, onde as nações serão induzidas a
uma falsa adoração, Satanás não vai depender só das ideologias políticas, dos
acordos econômicos, da força e de distorcidas interpretações teológicas para
reunir condições em que possa organizar e integrar socialmente o mundo para o
ato final de adoração. À medida que se aproxima o tempo do fim, Satanás
intensifica cada vez mais seus esforços contra Deus e Seu povo, porque sabe que
pouco tempo lhe resta (Apocalipse 12:12). Seus ataques são dirigidos
especialmente para a igreja remanescente (Apocalipse 12:17), procurando afastar
seus membros de Cristo. Para atingir este propósito, seus vastos conhecimentos
musicais são grandemente úteis. Mais do que ninguém, ele conhece o efeito que
diferentes estilos de música podem exercer sobre o corpo e a mente. Porque
através da música, “Satanás sabe que órgãos excitar para animar, absorver e
seduzir a mente, de maneira que Cristo não seja desejado.” Ellen G. White,
Testemunhos para a Igreja, vol. I, p. 496
O
chamado das Três Mensagens Angélicas para sairmos da Babilônia espiritual, pela
rejeição de sua falsa adoração, poderia muito bem incluir também a rejeição da
música secular mundana de Babilônia. Logo o mundo inteiro será ajuntado para o
conflito final na antitípica planície apocalíptica de Dura e “todo tipo de
música” será tocada para levar os habitantes da terra a “adorar a besta e sua
imagem” (Apocalipse 14:9). É digno de nota que, no Apocalipse, o resultado do
conflito envolva o silenciar dos instrumentos de música da Babilônia. “Com
igual ímpeto será lançada Babilônia, a grande cidade, e nunca mais será achada.
E em ti não se ouvirá mais o som de harpistas, de músicos, de flautistas e de
trombeteiros.” (Apocalipse 18:21-22).
A
adoração é o tema do conflito entre Cristo e Satanás. Apocalipse 14 é a mais
solene convocação para adorar o único Deus, Criador e Redentor. Mas é, ao mesmo
tempo, a mais séria advertência sobre o que implica a falsa adoração. A
convocação deve ser anunciada nos termos do “evangelho eterno”, isto é, a pura
revelação da obra de Deus em Cristo. O resultado da aceitação da mensagem do
evangelho é uma vida de fé e obediência ao Senhor (Apocalipse 14:12).
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Conselhos
de Ellen White
“Vi
que todos devem cantar com o espírito e com o entendimento também...E quanto
mais perto o povo de Deus se puder aproximar do canto correto, harmonioso,
tanto mais Ele é glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos
favoravelmente impressionados”. Evangelismo, p. 508.
“A
música pode exercer uma grande influência para o bem; mesmo que não estejamos
fazendo o máximo para este setor da adoração. O canto é geralmente praticado
por impulso ou para atender casos especiais, e em outras vezes, aqueles que
cantam são deixados a persistir no erro, e a música perde seu efeito próprio
sobre a mente dos ouvintes presentes. A música deveria ter beleza, sentimento e
poder. Que as vozes se elevem em cânticos de louvor e de devoção. Traga em seu
auxílio, se possível, instrumentos musicais, e deixe a harmonia gloriosa
ascender a Deus, em agradável oferenda.” Testemunhos para a Igreja, vol. IV, p. 71.
“Exibição
não é religião nem santificação. Não há nada mais ofensivo à vista de Deus que
o exibicionismo de música instrumental, quando os que tomam parte não são
consagrados e não fazem melodia em seus corações ao Senhor. A oferenda mais
doce e aceitável aos olhos de Deus é um coração humilde obtido pela recusa
própria, pelo levantar a cruz e seguir a Jesus. Não temos tempo para gastar agora
na procura de coisas que somente distraem a mente.” Review and Herald vol. 76
nº 46 de 14-11-1899.
“Escolha-se
um grupo de pessoas para tomar parte no serviço de canto. E seja este
acompanhado por instrumentos de música habilmente tocados. Não nos devemos opor
ao uso de instrumentos musicais em nossa obra. Esta parte do serviço deve ser
cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em cântico. Nem sempre o canto
deve ser feito apenas por alguns. Permita-se o quanto possível que toda a
congregação dele participe. ...” Obreiros Evangélicos p. 357 e 358.
“Como
posso eu suportar a idéia de que a maioria da juventude nesta época vai perder
a vida eterna? Oh, se o som dos instrumentos de música cessasse, e os jovens
não esbanjassem tanto o seu precioso tempo em agradar as suas próprias
fantasias e caprichos.” Testemunhos para a Igreja, vol. II, p. 144.
“Eu
me senti alarmada quando testemunhei por toda parte a frivolidade de moços e
moças que professam crer na verdade. Deus não parecia estar em seus pensamentos.
Suas mentes estavam cheias de tolices, insensatez. Sua conversação era vazia e
inútil. Possuíam ouvidos afinados para música, e Satanás sabia que órgão
excitar para estimular, controlar e fascinar a mente, de tal maneira que Cristo
não fosse desejado. Os desejos espirituais de suas almas, para um conhecimento
divino, para um crescimento na graça, eram deficientes.” Testemunhos para a
Igreja, vol. I, p. 496.
“A
mim me foi mostrado que a juventude deve tomar uma posição mais elevada, e
fazer da palavra de Deus a fonte de suas consultas e seu guia. Solenes
responsabilidades repousam sobre os jovens, as quais eles voluvelmente
observam. A introdução da música em seus lares, em vez de estimular para a
santidade e espiritualidade, tem sido o meio para distrair suas mentes da
verdade. As canções frívolas e as músicas populares de hoje parecem agradar
seus corações. Os instrumentos de música têm absorvido o tempo que deveria ser
devotado à oração. A música, quando é empregada para bons fins, é uma grande
benção; mas quando mal empregada é uma terrível maldição." Testemunhos
para a Igreja, vol. I, p. 497.
“As
coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que
haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á
tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos
dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles
quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.”
“O
Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído.
Isso é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para
anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante
verdade para este tempo. É melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com
música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me
apresentado em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões campais. A
verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de
converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo
que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das
instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para ter um
carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo.” Mensagens
Escolhidas, vol. II, p. 36
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Bibliografia
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Araújo, Dario Pires - Música, Adventismo e Eternidade (Publicação independente.
Disponível na Internet em http://www.musicaeadoracao.com.br/livros/index.htm,
com autorização do autor)
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Bacchiocchi, Dr. Samuele - O Cristão e a Música Rock (Não publicado em
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Dorneles, Vanderlei - Cristãos em Busca do Êxtase - Para compreender a Nova
Liturgia e o Papel da Música na Adoração Contemporânea (Unaspress - Imprensa
Universitária Adventista - 2003.)
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Grauman, Helen G. - Música em Minha Bíblia (Casa Publicadora Brasileira - 1968)
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McCommon, Paul - A Música na Bíblia - (Editora JUERP - 1982)
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Osterman, Eurydice V. - O Que Deus Diz Sobre a Música (Unaspress - Imprensa
Universitária Adventista - 2003)
-
White, Ellen G. - Música - Sua Influência na Vida do Cristão (Casa Publicadora
Brasileira - 2005)
Artigos
On-line
Os
artigos listados abaixo forneceram importantes subsídios para elaboração teste
texto e podem servir de fonte de pesquisa para o leitor que busca mais detalhes
sobre o assunto.
Artigos
disponíveis em http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/meio/index.htm
-
A Bateria à Luz da Antropologia e da Bíblia - Vanderlei Dorneles
-
A Dualidade Divina para a Música e Adoração - Adrian Theodor
-
A Escolha da Música é Realmente Importante? - Marvin L. Robertson
-
A Música na Igreja - Parcival Módolo
-
A Música na Igreja - Vandir Rudolfo Schaffer
-
A Música na Igreja de Cristo - Walter Andrade Campelo
-
A Música no Grande Conflito entre Cristo e Satanás - Carlos A. Steger
-
Artimanhas Evangelísticas: A Loucura da Pregação ou a Pregação da Loucura - Samuel
Koranteng-Pipim
-
As Influências do Culto do Antigo Testamento na Liturgia - Gerard Van Groningen
-
Batuque à Beira-Mar - Adrian Theodor
-
Considerações para a Avaliação da Música na Igreja: Uma Abordagem Bíblica -
Vernon E. Andrews
-
Dança na Bíblia - Samuele Bacchiocchi
-
Davi nos Aprova a Dança? - Adrian Theodor
-
Devemos Dançar? - O. E. Allison
-
Fogo Estranho Diante do Altar - Gerson Pires de Araújo
-
Melodia, Ritmo e Harmonia - Pr. Jorge Mário de Oliveira
-
Metais, Cordas e Percussão? - Dr. Peter Masters
-
Música na Igreja - Questão de Princípios - Elias Tavares
-
Música no Novo Testamento - Reinaldo Siqueira
-
Música Sacra para a Igreja de Hoje - Levi de Paula Tavares
-
Música: do Divino ao Maligno - João Wilson Faustini
-
O Evangelho do Entretenimento - Ciro Sanches Zibordi
-
O Papel da Música na Adoração - Elias Tavares e Levi de Paula Tavares
-
Palavras para Dança nas Escrituras Sagradas - Pr. Jorge Mario de Oliveira
-
Por Que o Adventista Não Pode Cantar e Dançar Como Davi? - Dario P. Araújo
-
Shows Cristãos: Culto, Entretenimento ou Mundanismo?- Pr. Douglas Reis
-
Uma Filosofia Bíblica da Música Cristã - Dr. Thomas Cassidy
Artigos
disponíveis em http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/adoracao/index.htm
-
A Adoração e a Bíblia - Miguel Angel Darino
-
A Teologia da Música Sacra - Gerald A. Klingbeil
-
Adoração Bíblica - Arival Dias Casimiro
-
Bases Bíblicas Para Uma Teologia de Música e Adoração - Levi de Paula Tavares
Artigos
disponíveis em http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/adoracao/index.htm
-
Perguntas Sobre Música - Pr. Jorge Mario de Oliveira
-
Música: Moralmente Neutra? - Dr. Wolfang Hans Martin Stefani, Ph.D.
Fonte:
Música Sacra e Adoração
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