A MARCA PERMANENTE DA VERDADEIRA IGREJA
Hans
K. LaRondelle*
O Apocalipse de João
menciona repetidas vezes que a igreja de Cristo caracteriza-se por um duplo
princípio de fé: “a Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus.” Com algumas
variações, essa marca é descrita seis vezes em Apoc. 1:2, 9; 6:9; 12:17; 14:12;
20:4. Esta dupla descrição funciona como o padrão divino que define a
fidelidade do Cristão a Deus. A aplicação histórica desses textos em Apocalipse
cobre toda a era cristã.
Um paralelo básico da
marca da igreja pode ser encontrado no teste de Isaías para Israel: “A
lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva”
(Is 8:20). Este duplo padrão representava a autoridade final em Israel:
“Moisés e os Profetas” (cf. 2Rs 17:13).
Jesus referiu-se a esta
dupla autoridade em Mateus 7:17: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim
para revogar, vim para cumprir.” Novamente em sua parábola do rico e
Lázaro: “Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (Lc 16:29;
cf. 24:27).
Paulo também resumiu o
Antigo Testamento como “a Lei e os Profetas” (Rm 3:21).
Essas duas partes constituintes da Bíblia Hebraica formavam a norma canônica
para determinar a verdadeira adoração no antigo Israel.
A unidade das
Escrituras Hebraicas podia até ser sumariada em um termo: a Lei (em hebraico:
Torah), como Jesus fez quando citou um salmo perguntando: “Não está escrito na vossa lei:
Eu disse: sois deuses?” (Jo 10:34; SI 82:6).
Contudo, Jesus
reivindicou que Seu próprio testemunho expandiu o cânon da autoridade divina: “Quem
me rejeita e não recebe as Minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra
que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo 12:48).
O Novo Testamento
proclama o testemunho de Cristo como a Palavra de Deus expandida: “Havendo
Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb. 1:1-2).
A igreja apostólica
aceitou o testemunho de Jesus como autoridade final para interpretar a Lei e os
Profetas. Jesus explicou Sua autoridade desta maneira: “Quem veio do Céu está acima de
todos e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o Seu
testemunho” (Jo 3:31-32).
O testemunho de Jesus
era a Palavra de Deus, pois Deus não deu a Cristo Seu Espírito “por
medida” (Jo 3:34; Is 42:1). Jesus possuía o Espírito de profecia em
plenitude divina. Assim, o testemunho de Jesus colocou Israel diante do supremo
teste de fé na revelação progressiva da Palavra de Deus.
Esse testemunho de
Jesus é incorporado aos quatro evangelhos e interpretado nas epístolas
inspiradas do Novo Testamento. Paulo foi o apóstolo que deu à frase, “o
testemunho (rnartyrion) de Cristo,” seu conteúdo evangélico e
significado definitivos.
Ele escreveu à igreja
de Corinto que “o testemunho de Cristo tem sido confirmado” entre eles, como
evidenciado pelos seus muitos dons do Espírito (I Cor. 1:6). Paulo empregou a
frase “o testemunho de Cristo” no sentido de evangelho, a mensagem
proclamada de salvação em Cristo.
Para Paulo, o “testemunho
de Cristo” era igual ao “testemunho de Deus” (I Cor. 2:1).
Ele não se envergonhava de morrer pelo “testemunho de nosso Senhor” (2Tm 1:8).
João escreveu que ele
estava na ilha de Patmos “por causa da Palavra de Deus e do
Testemunho de Jesus” (Ap 1:9). Alguns exegetas entendem as expressões
no genitivo “de Deus” e “de Jesus,” em Apocalipse 1:2, 9,
como genitivos subjetivos, ou seja, como auto-revelações de Deus e de Jesus à
Igreja.
Em outras palavras: A
revelação progressiva de Deus põe a Igreja diante da autoridade do Filho de
Deus (ver 1:1,2; 2:1-4; 10:26-31; 12:22-29). O livro de Apocalipse prepara a
Igreja para severas perseguições no futuro. Um grande número de crentes
deveriam ser trazidos diante dos tribunais humanos e condenados até mesmo a
morte. Por isso, Cristo encorajou-os a sustentarem o “testemunho de Jesus,”
assim como Ele havia testemunhado fielmente diante de Pôncio Pilatos (ITm
6:12-14: Ap 1:5, 9: 2:25: 3:11; 5:9; 12:11, 17).
O próprio “apocalipse
de Jesus Cristo” (Ap 1:2) torna-se uma parte constitutiva do testemunho
de Cristo às igrejas. E Seu testemunho às igrejas em particular (Ap 22:16:
1:2). Tudo isso diz respeito aos testemunhos bíblicos do Espírito que proclamam
o evangelho de Jesus Cristo. É por causa deste “testemunho de Jesus” que
João sofreu em Patmos (Ap 1:9), e mártires incontáveis sacrificaram a vida no
transcurso da história (Ap 6:9).
É este “testemunho
de Jesus” que também a Igreja remanescente terá ou sustentará durante o
conflito final com o anticristo (Ap 12:17), mesmo quando estiver sob a ameaça
de um decreto de morte (Ap 13:15-17).
Isso aponta para a
permanente validade do “testemunho de
Jesus” para a igreja dos séculos. “Ter”
o testemunho de Jesus não se restringe à Igreja do tempo do fim, mas é a marca
essencial dos seguidores de Cristo durante toda a era cristã. Isso pode ser
visto no seguinte diagrama:
Apocalipse 1:9 – Eu,
João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em
Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do
testemunho de Jesus.
Apocalipse 6:9 - Quando
ele abriu o Quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham
sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que
sustentavam.
Apocalipse 12:17 -
lrou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua
descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de
Jesus, e se pôs em pé sobre a areia do mar
Ao comparar as três
passagens paralelas, descobrimos que Apocalipse 12:17 deve ser compreendido à
luz das duas passagens anteriores. Apocalipse 1:9 e 6:9 são aparentemente
nossas diretrizes primárias para interpretar a marca da igreja remanescente em
Apocalipse 12:17.
A “Palavra de Deus e o Testemunho
de Jesus” era a “fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos” (ver Judas 3). É necessário perseverança para guardar “a fé
de Jesus” (Ap 14:12). No conflito final dos séculos, a Igreja de Deus é
chamada a permanecer firme no evangelho eterno e na lei de Deus, em continuidade
com a igreja dos apóstolos e mártires (ver Ap 14:6).
A Igreja do tempo do
fim será novamente conhecida por sua fidelidade aos mandamentos bíblicos de
Deus e ao Testemunho bíblico de Jesus (Ap 12:17). Dessa maneira o povo de Deus
no tempo do fim demonstra sua verdadeira sucessão apostólica.
“O testemunho”
que os mártires “deram” em Apocalipse 6:9 está em paralelo com “o
testemunho de Jesus” que o povo remanescente de Deus “tem”
em Apocalipse 12:17.
Este importante
paralelo é normalmente negligenciado. O verbo “ter” (echein) em 6:9 e 12:17 é o
mesmo e requer, naturalmente, o mesmo significado. Esse significado pode também
incluir a ideia de “guardar,” “preservar,” “manter,” como Paulo empregou o
verbo “ter” (echein) em I Timóteo 3:9 e II Timóteo 1:13.
Vários eruditos têm
argumentado persuasivamente que o “testemunho” que os mártires da era da igreja
deram (Ap 6:9) é idêntico ao “testemunho de Jesus” mencionado em outros lugares
de Apocalipse, como em 1:9; 12:17; 19:10; 20;4. Gerhard Pfandl aceita corretamente
isso para Apocalipse 6:9 ao afirmar:
Concordamos com Mounce
o qual diz que o testemunho dos mártires não era, primariamente, o testemunho
deles acerca de Jesus, mas o testemunho que eles receberam dEle (cf. 12:17;
20:4). Eles o aceitaram, recusaram-se a desistir e, consequentemente, foram
mortos, O testemunho, não menos que a “palavra,” era uma posse objetiva dos
mártires.
A seguinte questão é
crucial: por que tipo de testemunho de Jesus “objetivo” estavam os mártires
dispostos a dar a vida? Um erudito explica, corretamente, como sendo, “um
depósito de ensinos do Senhor, mandamentos e ensinos que têm conteúdo e forma
específicos, de forma que possam ser guardados e sustentados.”
Os mártires em
Apocalipse 6:9 e 20:4 morreram por causa do próprio testemunho histórico de
Jesus e, em sentido subordinado, por terem testificado do testemunho de Jesus.
O mesmo vale para a geração final do povo de Deus em Apocalipse 12:17. Beatrice
S. Neall confirma essa exegese:
“A palavra de Deus e o
testemunho de Jesus’ devem ser compreendidos como o evangelho da morte e
ressurreição de Jesus (Ap 1:18), Seu poder para salvar do pecado (1:5;
12:10-11) e transformar homens a sua semelhança (14:1) mediante o sangue do
cordeiro (7:14; 12:11)”.
Notavelmente,
Apocalipse 20:4 menciona a fidelidade ao “testemunho de Jesus” até mesmo como a
característica primaria dos mártires do tempo do fim:
“E vi as almas daqueles
que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não
adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão
(Ap 20:4).
Dessa forma, a Igreja
remanescente, em sua batalha com a “besta,” permanecerá fiel ao “Cordeiro.” Sua
controvérsia não é essencialmente diferente das crises anteriores no livro do
Apocalipse. O assunto foi esclarecido várias vezes por Kenneth Strand:
“No livro de Apocalipse
a fidelidade á ‘palavra de Deus’ e ao ‘testemunho de Jesus Cristo’ separa o
fiel do infiel, e provoca perseguição que inclui o próprio exílio de João e o
martírio de outros crentes (ver novamente 1:9; 6:9; 12:17; 20:4; etc.).’
O testemunho do AT e o
testemunho apostólico (…) levaram uma mensagem que propiciou conforto e
esperança para os cristãos do primeiro século e tem feito o mesmo por todos os
crentes desde aquele tempo”.
O povo remanescente e
sua lealdade a Cristo são mencionados novamente em Apocalipse 14:12, o que
funciona como um paralelo explicativo para Apocalipse 12:17, como pode ser
visto no seguinte diagrama:
Apocalipse 12:17 - E o
dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os
que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.
Apocalipse 14:12 - Aqui
está a paciência dos santos: aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e
a fé de Jesus.
O povo remanescente não
apenas “guarda” os mandamentos de Deus, mas também “guarda” a “fé de Jesus”
(14:12). Esta “fé de Jesus,” a qual Seus seguidores “guardam,” não é
simplesmente a fé subjetiva deles em Jesus, mas a fé objetiva dos ensinamentos
de Jesus, que os apóstolos ensinaram e guardaram fielmente (At 2:42; 2Tm 4:7).
Judas o irmão de Tiago, urgiu a igreja “a batalhar pela fé que uma vez foi dada
aos santos” (Jd 3, ver também v. 20).
O comentário de William
G. Johnsson sobre Apocalipse 14:12 é instrutivo:
“Eles guardam a fé de
Jesus. Essa expressão não significa que o povo de Deus tenha fé em Jesus
(embora a tenham), porque a fé de Jesus é algo que eles guardam. “A fé”
provavelmente refere-se á tradição cristã, ao corpo de ensinos que se
centralizam em Jesus. Judas 3 pode prover um paralelo: ‘fé que uma vez foi dada
aos santos.’ Quando os seguidores leais de Deus guardam a fé de Jesus, eles
permanecem leais ao cristianismo básico — eles ‘guardam a fé.”
A expressão “a fé de
Jesus” em apocalipse 14:12 esclarece “o testemunho de Jesus em 12:17 e não
acrescenta necessariamente uma terceira característica da igreja remanescente.
“Guardar a fé de Jesus” implica guardar os ensinos de Jesus (ver Ap 3:8; 10;
22:7).
Para sua aplicação
histórica, merece menção que um pequeno grupo de seguidores do pregador batista
Guilherme Miller, em Battle Creek, Michigan, decidiram em 1861, associar-se a
uma nova denominação eclesiástica, “tomando o nome de Adventistas do Sétimo
Dia, fazendo um pacto de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus
Cristo.”
Esse evento mostra quão
influentes são as profecias do tempo do fim do Apocalipse de João na história
da Igreja. Também revela que obrigação solene uma denominação aceita ao
reivindicar ser a verdadeira Igreja.
Em Apocalipse 19:10 o
anjo esclarece o “testemunho de Jesus”:
“E eu lancei-me a seus
pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de
teus irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de
Jesus é o espírito de profecia”.
Cada texto deve ser
interpretado por seu contexto. A abordagem contextual serve de salvaguarda
contra a manipulação inconsciente de um texto ou frase. Pelo fato de a
expressão “testemunho de Jesus” ocorrer duas vezes em Apocalipse 19:10, esse
texto tem recebido escrutínio especial e exegese cuidadosa da parte de alguns
exegetas profissionais.
Surge um problema
quando a última sentença de Apocalipse 19:10 é retirada de seu contexto e
dotada de um significado que substitui o testemunho de Jesus, tal como
registrado no Novo Testamento pelo dom permanente de profecia. Tal compreensão
tomaria o testemunho de Jesus em Apocalipse 12:17 exclusivamente um dom de
visões para alguns crentes escolhidos no tempo do fim.
Este conceito reduz o
significado do testemunho de Jesus no livro de Apocalipse. O anjo não tenciona
substituir o Espírito de profecia pelo testemunho histórico de Jesus, como se o
Novo Testamento fosse repentinamente excluído ou ignorado. Sua última
declaração em 19:10 não é tanto uma definição, como uma explicação. Ela explica
como o anjo e João são conservos e, assim como todos os profetas, compartilham
do testemunho de Jesus, porque o testemunho de Jesus é o Espírito de profecia.
Richard Bauckham
oferece esta explicação muito útil:
“O Espírito divino, que
dá a João a experiência visionária na qual ele pode receber revelação, não
comunica os ensinos de um anjo, mas o testemunho que Jesus dá… O equivalente á
referência ao ‘testemunho de Jesus’ em 19:10 é agora encontrado nas palavras do
epílogo, no qual o anjo desaparece de vista e Jesus testifica diretamente: ‘Eu,
Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas.”
Cristo explicou que o
Espírito da verdade “não falará de si mesmo,… Ele me glorificará, porque há de
receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16:13, 14; ver também 14:26).
Isso tem sido realizado pelo Espírito de Profecia nas Escrituras do Novo
Testamento, o qual, portanto, comunica à Igreja o testemunho de Jesus com
autoridade canônica.
O que o Espírito diz, é
Cristo quem diz. Isso ocorre sete vezes nas cartas de Cristo, as quais concluem
cada vez com as palavras: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas” (2:7, 11, etc.).
O anjo explica a João
que, quando o Espírito inspira a profecia, seu conteúdo e autoridade vem do
próprio Jesus (19:10). Assim, o Espírito de profecia revela o testemunho de
Jesus. Todos os verdadeiros profetas “têm o testemunho de Jesus” (19:10;
comparar com 22:9).
O anjo instrui a João
para que ele não adore um anjo, ou qualquer conservo seu, porque eles são
apenas instrumentos de Deus e Cristo. O livro de Apocalipse é um livro
orientado para a adoração. O grande objetivo – “Adorai a Deus” – é o tema
central de todo o apocalipse.
Especialmente suas
profecias do tempo do fim exigem a distinção entre adoração verdadeira e
idolatria (14:6-12). O anjo faz dois apelos a João para adorar a Deus (19:10 e
22:9): um na conclusão da visão acerca de Babilônia, a prostituta (17:1-19:10);
outro, na conclusão da visão acerca de Jerusalém, a noiva (21:9-22:9). Cada vez
o anjo reforça o ponto: não adore a besta, nem mesmo os servos de Deus, os
anjos. Adorai a Deus!
O verso paralelo de
Apocalipse 22:9 expande o grupo que tem o testemunho de Jesus a todos os
membros da igreja: “eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos
que guardam as palavras deste livro.” Este círculo ampliado de cristãos fiéis
que “têm” o testemunho de Jesus também está em vista em Apocalipse 6:9 e 12:17.
Bauckham extrai esta
conclusão prática:
“Isto (Ap 19:10) é um
reconhecimento de que a função para a qual o Apocalipse chama todos os cristãos
é, em essência, o mesmo dos profetas: dar o testemunho de Jesus, permanecendo
fiel em palavras e atos ao Deus único verdadeiro e Sua justiça.”
Essa responsabilidade
compartilhada, da Igreja, não nega a liberdade do Espírito de conceder a
indivíduos escolhidos o dom espiritual de profecia (ver ICo 12:7-11) para a
edificação da Igreja (I Cor. 14:1, 4). A manifestação do dom permanente de
profecia na Igreja pós-apostólica é parte deste cumprimento expandido de Joel
2:28-29.
O anjo ensina a João,
contudo, que o “testemunho de Jesus,” já concedido, é o teste da verdade para
João, para seus conservos profetas, para a igreja e para os anjos de Deus (cf.
22:9). Este “testemunho de Jesus” é a norma suprema para toda adoração cristã e
manifestações do dom de profecia)5 Sustentar fielmente este “testemunho de
Jesus” canônico é o dever sagrado de anjos e profetas. Esse é o testemunho do
anjo intérprete em Apocalipse 19:10.
Em um tempo em que João
estava lutando contra uma crescente onda de falsas profecias nas igrejas da
Ásia (Ap 2:20; IJo 4:1), algumas das quais estavam enganando os crentes de
Tiatira com“as profundezas de satanás” (Ap 2:24), João é lembrado de que o
Espírito de profecia medeia “o testemunho de Cristo.”
Beasley Murray comenta:
“O fardo da profecia, portanto, é o testemunho que Jesus deu”. Todas as
mensagens inspiradas dos profetas pós-apostólicos devem ser testadas pelo
testemunho canônico de Jesus (veja-se Ap 22:18, 19; 1 Ts 5:19-21; 2 Pe 3:2, 15,
16; Mt 24:24).
Este testemunho
normativo de Jesus vai desmascarar as alegações enganosas do “falso profeta” no
tempo do fim (ver Ap 16:13; 19:20 e 20:10). A Igreja remanescente de Apocalipse
12:17 e 14:12 é caracterizada pela restauração dos mandamentos históricos de
Deus e do testemunho ou fé histórica de Jesus.
Essas duas
características eram a marca identificadora da Igreja apostólica (Ap 1:9) e dos
santos pós-apostólicos (Ap 6:9). Também constitui-se na marca da Igreja
remanescente, a qual Deus se dignou em conceder o dom do Espírito de profecia.
O testemunho bíblico de
Jesus, contudo, traça a linha de demarcação entre o fiel e o infiel no livro de
Apocalipse. Concordamos com a conclusão de Kenneth A. Strand que “a Palavra de
Deus” e “o testemunho de Jesus” no livro de Apocalipse referem-se ao “que hoje
chamaríamos de mensagem profética do Antigo Testamento e testemunho apostólico
do Novo Testamento”.
*Hans K. LaRondelle,
Th.D, professor emérito da Andrews University.
FONTE: Revista
Teológica do SALT-IAENE, Janeiro-Junho de 1999.
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