Ricardo
André
O dia de Natal é
considerado o mais jubiloso feriado de todo o ano, destinado à celebração do
nascimento de Jesus Cristo, o Senhor. Entretanto, muitos cristãos o rejeitam
alegando tratar-se de uma festa de origem pagã. É o Natal uma festividade pagã?
Deve os cristãos comemorar o Natal? É certo que Cristo não nasceu no dia 25 de
dezembro. Nada existe na Palavra de Deus, nem na história secular, onde se
possa determinar Seu aniversário. Ele nasceu, provavelmente, no ano 4 ou 5 a.C.
Mas, o dia certo ninguém sabe. A Bíblia não menciona o dia, nem o mês,
possivelmente para evitar a idolatria de uma data. A Bíblia informa que, quando Jesus nasceu, os
pastores estavam no campo com suas ovelhas. Lucas 2:8 diz: "Ora, havia naquela mesma região
pastores que estavam no campo, e guardavam os seus rebanhos, durante as
vigílias da noite.” Pois bem, de março a meados de novembro, eles
talvez pastoreassem à noite; mas dificilmente dormiriam ao ar livre no mês de
dezembro, que é a estação fria na Palestina. Isso reforça a tese de que o Natal
pode estar em dia errado. Nos primeiros séculos, o Natal foi celebrado em 25 de
março, 6 de janeiro (na festa das
Epifanias, no Oriente) e mesmo em 25 de dezembro. A última data, porém
só se firmou no quarto século, numa cristianização da grande festa
mitraico-pagã Natale Solis Invicti (nascimento do Sol invencível). Na época,
havia várias festividades situadas no solístico de inverno, em dezembro, como a
Saturnália dos romanos e os cultos solares dos celtas. Foi o papa Júlio I que
optou pelo dia 25. Isso teria acontecido por volta de 336. A data pegou primeiro
no Ocidente, depois no Ocidente.
Deve
os Cristãos Rejeitar as Celebrações Natalinas?
Por conta da origem
pagã da data, muitas pessoas questionam se os cristãos devem comemorar o Natal.
Deveríamos nós adventistas rejeitar o Natal por origens pagãs? Não,
pois não há na celebração da Natividade “origens pagãs”. Apesar de o Natal
possivelmente coincidir com outras datas seculares, em si, seu estabelecimento
celebra um evento profundamente Cristão, a encarnação de Jesus Cristo. O EVENTO
celebrado é que cristianiza a data. A Bíblia tem vários exemplos de símbolos
pagãos que foram usados para expressar verdades eternas, como a serpente no
deserto que era símbolo de um Deus egípcio e símbolo do Dragão (Apo. 12), mas
que Deus usou como símbolo de Cristo (João 3:14). A cruz era símbolo de tortura
e opressão pelos romanos mas Deus a usou para realizar a expiação. O uso
cristão desses símbolos modificou suas conotações.
Invertendo um pouco a
analogia, o arco-íris foi usurpado pelo movimento homossexual e tem hoje fortes
associações pagãs. Por que não vemos os críticos do Natal rejeitando o
arco-íris como um símbolo da promessa divina por causa dessa associação?
Como Celebrar o Natal?
Assim sendo, é correto
que celebremos o Natal? Respondemos: Sim, se o celebramos de maneira correta,
coerentemente, se temos em mente o maravilhoso acontecimento que ele visa
comemorar. Portanto, a questão é como celebrar o Natal. É como celebramos o
Natal que agrada ou desagrada o Senhor. Que não devemos celebrar a data, isso é
consenso entre os cristãos. Saber a data é irrelevante, pois comemoramos o
evento e não uma data! Quem sabe Deus velou a data para nos concentrarmos
justamente no evento, já pensou nisso? Na verdade, nessa ocasião deveríamos
volver-nos, em espírito, ao magnífico dom do Salvador aos homens. O natal é uma
oportunidade de refletirmos sobre o quanto Cristo está vivo em nossos corações,
é tempo de renovarmos nossa entrega a Ele e, principalmente agradecermos ao
Nosso Maravilhoso Deus por nos ter dado Seu Supremo Filho, Emanuel, Deus Conosco (Mt 1:23). Portanto, hoje celebramos
simbolicamente o Natal em 25 de dezembro, mas esta não é com certeza a data em
que Cristo nasceu. Como já foi dito dezembro é estação de inverno no hemisfério
norte, onde não encontraríamos nenhum pastor cuidando do rebanho ao ar livre,
como descreve o relato bíblico, e época também em que o Imperador não exigiria
que houvesse um censo que obrigasse as pessoas a viajarem em pleno inverno.
Contudo, não é pecado celebrar o Natal em 25 de dezembro ou em qualquer outro
dia. Na verdade poderíamos e deveríamos celebrar e viver o espírito do Natal
todos os dias do ano. Podemos, com propriedade, ler os relatos desse nascimento
nos evangelhos de Mateus e de Lucas.
Não deveríamos celebrar
egoisticamente essa ocasião. Caso presenteemos nossos familiares e amigos,
devemos fazê-lo com coisas úteis e de real valor. E muito adequado é lembrarmo-nos,
nessa ocasião, dos pobres e necessitados, dos doentes e sofredores. Achamos que
o costume de muitas famílias e indivíduos de mandar cestas de Natal aos
necessitados, é na verdade um belo costume.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil há 21criou um Projeto denominado
de “Mutirão de Natal”, que consiste na distribuição de cestas básicas, roupas e
brinquedos a famílias carentes no período natalino. Penso que essa é uma
maneira correta de celebrar esse evento maravilhoso. “As festividades de Natal e Ano
Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado
quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar”. (Ellen
G. White, Manuscrito 13, 1896).
Cremos que o leitor
pode ampliar essa compreensão, e ampliá-la grandemente, na verdade, suplantá-la
por um ideal mais elevado, e este é colocando uma árvore de Natal na igreja,
numa cerimônia apropriada para a ocasião, e colocar nela dádivas em dinheiro
para o avançamento do evangelho. E quão adequado seria, realmente, celebrar o
nascimento de Jesus prestando apoio à obra de pregação, levar a luz do
evangelho aos que não o conhecem.
Comemorar o Natal, em
si, não tem nada de errado. Mas o modo como o celebramos pode tornar-se errado.
Por exemplo:
a) Enfatizar demais a
figura do Papai Noel não faz bem a nossos filhos.
O personagem central do Natal não é o Papai Noel, mas Jesus. Ele deve ser o
objetivo supremo; mas da maneira em que o Natal tem sido observado, a glória é
desviada dEle para o homem mortal, cujo caráter pecaminoso e defeituoso tornou
necessário que Ele viesse ao nosso mundo.
b) Valorizar
apenas o ato de ganhar muitos presentes;
c)
Exagerar nos alimentos ingeridos. “Lembremo-nos de que o Natal é
celebrado em comemoração do nascimento do Redentor do mundo. Este dia é
geralmente gasto em festas e glutonaria. Grandes somas de dinheiro são gastas
em desnecessárias condescendências pessoais. O apetite e os prazeres sensuais
são satisfeitos a expensas da força física, mental e moral. Todavia, isto se
tornou um hábito. O orgulho, a moda e a satisfação do paladar têm tragado
imensas quantias que a ninguém, em verdade, beneficiaram, mas animaram uma
prodigalidade de meios desagradável a Deus. Esses dias são passados mais em
glorificar ao próprio eu do que ao Senhor. A saúde tem sido sacrificada, o
dinheiro, pior do que se fosse jogado fora; muitos têm perdido a vida. (Ellen
G. White, Mensagens aos jovens, p. 311).
c)
Extravagância nos gastos. Diz-nos Ellen G. White: “Pelo
mundo os feriados são passados em frivolidades e extravagância, glutonaria e
ostentação. (...) Milhares de dólares serão gastos de modo pior do que se
fossem lançados fora, no próximo Natal e Ano Novo, em condescendências
desnecessárias. Mas temos o privilégio de afastar-nos dos costumes e práticas
desta época degenerada; e em vez de gastar meios meramente na satisfação do
apetite, ou com ornamentos desnecessários ou artigos de vestuário, podemos
tornar as festividades vindouras uma ocasião para honrar e glorificar a Deus”.
Review and Herald, 11 de dezembro de 1879.
Conclusão
Embora alguns cristãos
não concordem com a celebração do Natal não encontramos na Bíblia nenhuma
proibição contra a comemoração do mesmo. Utilizar as belezas de uma árvore (criada
por Deus), decorá-la e utiliza-la no Natal em si mesmo nada têm de idólatra ou
pecaminoso. Votando à questão que levantamos no início: o Natal é uma festa pagã? Tudo depende de COMO o celebramos: Se nos
ajoelhamos perante os deuses consumistas desse século, ele será pagão e
secular. Se nos ajoelhamos ao pé da manjedoura e contemplamos o mistério da
encarnação, faremos de Cristo o centro!
Caro amigo leitor,
desejo que seu Natal seja um período de luz, paz e ESPERANÇA!
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