Teologia

sábado, 1 de agosto de 2020

A MULHER QUE VIVEU A TRAGÉDIA DO “QUASE” SALVA, COMPLETAMENTE PERDIDA


Ricardo André

Quero neste artigo refletir no 2º menor texto bíblico, mas cheio de importantes lições espirituais para os cristãos que vivem no tempo do fim. O texto é do evangelho de Lucas (17:32). O médico amado narrou: “Lembrem-se da mulher de Ló!” (NVI).

Jesus proferiu essas palavras no contexto de uma profecia do fim do tempo e de Sua segunda vinda – uma advertência solene para não se repetirem as trágicas atitudes e padrões de comportamento que transformaram a mulher de Ló em cloreto de sódio. Sempre que leio esta passagem do evangelho vejo o quanto é importante e muito sério eu me preparar para a segunda vinda de Cristo. Que ao findar minha vida aqui eu possa dizer como o apóstolo Paulo: "Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda” (2 Tm 4:7-8). Mas, quem era essa mulher? Lembrar o quê dela? Por que perdera a salvação? E ainda: Quais são as lições relevantes que podemos aprender de seus erros, enquanto aguardamos a vinda de Cristo?

Quem era a mulher de Ló?

As Sagradas Escrituras relatam que Ló e sua família moravam com Abraão na terra de Canaã, hoje Palestina. Como seu tio Abraão, Ló tinha grandes rebanhos, e, quando começaram as brigas entre os pastores de ambas as famílias quanto ao pasto disponível, Abraão sugeriu a Ló: “Aí está a terra inteira diante de você. Vamos nos separar! Se você for para a esquerda, irei para a direita; se for para a direita, irei para a esquerda" (Gn 13:9, NVI).

Ló olhou bem aquela terra. Viu que uma parte muito linda do país tinha água e muito pasto para os seus animais. Era o Distrito do Jordão. Ao mesmo tempo, se colocou num deserto espiritual. Além de se separar de um homem bom e justo, seu tio Abraão, Ló mudou-se para lá, com sua família e seus animais. Finalmente, estabeleceram-se na cidade de Sodoma (Gn 13:12).

Ocorre que, “os homens de Sodoma eram extremamente perversos e pecadores contra o Senhor” (Gn 13:13, NVI). Isso perturbou Ló, porque ele era homem bom. Perturbou também a Deus. Por fim, Deus mandou dois anjos para avisar Ló de que ia destruir Sodoma e a cidade vizinha de Gomorra, por causa de sua maldade.

Os anjos disseram a Ló: “Você tem mais alguém na cidade — genros, filhos ou filhas, ou qualquer outro parente? Tire-os daqui, porque estamos para destruir este lugar. As acusações feitas ao Senhor contra este povo são tantas que ele nos enviou para destruir a cidade" (Gn 19:12, 13).

Como Ló e sua família se demorassem, os anjos os pegaram pela mão e os puseram fora de Sodoma (Gn 19:16). O juízo de Deus estava para cair sobre a ímpia cidade, e Ló ainda se mostrava moroso. Um dos anjos disse: “Fuja por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície! Fuja para as montanhas, ou você será morto” (Gn 19:17, NVI). Ló e suas filhas olham diretamente para a frente enquanto fogem de Sodoma. Eles obedeceram, fugindo para longe de Sodoma. Não pararam e não olharam para trás. Mas a esposa de Ló desconsiderou a advertência e desobedeceu. A certa distância da cidade, ela parou e olhou para trás. A mulher de Ló tornou-se então uma estátua de sal, tornando-se, assim, num monumento representativo dos resultados do amor ao pecado e da desobediência às ordens de Deus.

A história bíblica nos fornece pouca informação a respeito dessa mulher; seu nome nem mesmo é mencionado. Mas podemos captar o suficiente para compreender que ela foi “mulher egoísta, irreligiosa, e sua influência exercesse no sentido de separar de Abraão o seu marido. A não ter sido por causa dela, Ló não teria permanecido em Sodoma, privado do conselho do patriarca sábio e temente a Deus” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 174). Por ser irreligiosa, “provavelmente uma nativa de Canaã” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 340). Então embora não saibamos muita coisa sobre a mulher de Ló, sabemos que não podemos repetir o seu comportamento.

Por que a mulher de Ló olhou para trás?

Da leitura da narrativa do Gênesis depreende-se que o pecado básico da mulher de Ló foi o pecado da desobediência. Na narrativa vemos também o terrível juízo de Deus sobre ela por causa de um simples gesto seu: ela olhou para trás. Por que a mulher de Ló olhou para trás? Seu olhar não era simples curiosidade, mas o resultado de muitos anos de rebelião contra Deus. Suas afeições nunca foram de fato colocadas nas coisas que são do alto. As luzes da cidade eram tão atraentes para esta mulher, que ela não conseguia se desprender. Seu coração ainda estava em Sodoma. Gostava de viver ali e não queria sair da cidade. Talvez ela vivesse dizendo a seu marido quando lhe apontava algum comportamento que destoava da vontade de Deus: "Eu não acho nada demais!” Ora, se ela amava Sodoma, possivelmente tivesse um comportamento similar ao dos moradores do lugar, que, de acordo com as Sagradas Escrituras, eram ociosos, amantes do prazer e do luxo e não ajudavam os pobres. “Ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados” (Ez 16:49, NVI).

Desde o princípio, quando foi tomada a decisão de se mudarem para o vale, um tipo de insensatez coletiva dominou a família. Enquanto Ló sonhava com a posse de bens mundanos, indubitavelmente sua esposa pensava nas maravilhosas oportunidades de compras em Sodoma. Haveria muitas “vantagens” para os filhos também. Além de tudo, ela não queria que as crianças crescessem como rústicos matutos das colinas. Eles poderiam ouvir a “Sinfonia Sodomita” a aprender todo o ensino e cultura daquelas florescentes cidades da planície.

A mulher de Ló era do tipo que não podia ver benefício real em qualquer coisa espiritual. Sua vida estava envolvida no acúmulo de coisas e no turbilhão da vida social. Acostumara-se a viver nesta cidade cheia de pecados, luxúria e carnalidade. Muitas vezes, nós que somos cristãos, crentes em Jesus, vivemos em um ambiente onde o pecado existe mas nós nem percebemos, pois já estamos acostumados. E, pior do que isso, praticamos todo tipo de pecado e quando um amigo aconselha-nos a abandoná-los, dizemos: “Eu não acho nada demais!”

Quando chegou a noite final, a mulher de Ló se sentou atordoada. Não era possível ser verdade. Pensar em deixar sua bela casa, seus bens materiais que lutaram para conseguir durante toda a vida e todos os seu amigos e parentes, era demais. Como não podia correr, sentou-se. Quando amanheceu e o “tic-tac” dos segundos anunciou o momento final, ela não gostou do último aviso dos anjos. Há muito tempo havia se esquecido da bondade e do amor de Deus, e agora, levando em conta tudo que possuía, parecia muito para deixar. Ingrata pela libertação, rebelou-se contra Deus por separá-la de tudo que realmente amava.

O ato dela olhar para trás foi, indubitavelmente, um nítido sinal de que tinha um coração dividido. Ela tinha até saído de Sodoma, mas Sodoma não havia saído dela. “Ao mesmo tempo em que seu corpo estava sobre a planície, o coração apegava-se a Sodoma, e ela pereceu com a mesma” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 161). Puxa! Havia chegado tão perto da salvação. Havia sido levada para fora de Sodoma e colocada no caminho do escape. Ela estava quase lá, nos portões de Zoar, a cidade de refúgio. Bastava apenas dar alguns passos mais. Todavia, “olhou para trás” e pereceu com a cidade condenada. Esta é a tragédia do “quase” salvo, completamente perdido. Está quase salvo significa estar completamente perdido.

Com isso, há muito a ser aprendido. Vejo uma lição nesse texto, que é da maior relevância nos dias de hoje. Vivemos em um tempo em que existem muitas pessoas semelhantes à mulher de Ló. A lição que o episódio da mulher de Ló quer nos ensinar, é que uma pessoa pode viver em pleno fulgor das riquezas de oportunidades e dos recursos da graça, pode conhecer sobre Deus e Seus ensinamentos; pode frequentar a igreja, habitar em meio à luz, ao conhecimento, à santidade e às boas companhias; pode conviver com tudo isso e permanecer sem conversão, mas, no final, estar perdido para sempre. À semelhança da mulher de Ló, milhares se perderão porque professam seguir a Jesus, mas o mundo permanece arraigado em seu coração, vivem, portanto, uma religião de aparência.

O coração “empedernido tornou a lembrança dessa mulher uma advertência perpétua para aqueles que gostariam de ser salvos, mas se contentam com meias medidas, que parecem abandonar o mundo, mas ainda estão com o coração nele. Por não perseverarem até o fim, não podem ser salvos (Mt 24:13; Fp 1:6)” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 340).

O trágico fim da mulher de Ló e a relevante advertência para os cristãos que vivem nos últimos dias

Ao falar sobre a importância de estarmos preparados para a Sua vinda, Cristo aconselha-nos: “Lembrem-se da mulher de Ló!” (Lc 17:32, NVI). O propósito de Jesus com essa declaração é nos alertar para não sermos como essa mulher que entrou para a história sem ter seu nome revelado, mas que foi petrificada de costas para Deus e de frente para a destruição.

O mundo atual é a Sodoma de nossos dias. Ele está para ser destruído. Diz a Palavra de Deus: O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2 Pedro 3:10-13, NVI). A ira divina não suportará mais os pecados e desatinos humanos. A noite da paciência de Deus está chegando ao fim, e a alvorada já desenha os primeiros raios da segunda vinda de Cristo. Assim, logo mais terminará a oportunidade para fuga.

Ellen G. White escreveu: “Estamos em caminho para casa. Aquele que nos amou de tal maneira que morreu por nós, construiu para nós uma cidade. A Nova Jerusalém é o nosso lugar de repouso” (Testemunhos Seletos, p. 434).

Caro amigo leitor, este mundo pecaminoso não é o nosso lugar de descanso. Breve o senhor virá e trará consigo o Seu reino eterno (Dn 2:44). Que dia maravilhoso não será quando Jesus voltar à Terra! Qual é a nossa atitude? Será que estamos fazendo todos os preparativos para Sua vinda? Será que muitas vezes desanimamos, “olhamos para trás” como fez a mulher de Ló, preocupados com as coisas deste mundo? O anjo disse: – “não olhes para trás”. Jesus, que pediu que nós nos lembrássemos dela, também disse estas palavras: – “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lucas 9:62, NVI). Não devemos olhar para os prazeres desta vida, não devemos olhar para trás como fez a mulher de Ló, desobedecendo ao que os anjos lhe ordenara, mas olhar para o alto onde Jesus, por tanto nos amar, está preparando uma linda mansão para mim e também para você que já O aceitou como Salvador de sua vida. E, o melhor de tudo, é que iremos viver eternamente com Ele e com todos aqueles que amamos e que foram redimidos pelo Seu sangue. Se você não quer ficar endurecido, paralisado pelo pecado e perder a salvação eterna, ouça Jesus e desapegue-se desse mundo perdido e do pecado, e receba a certeza da entrada na Nova Jerusalém. Lembre-se da mulher de Ló!


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