Teologia

sexta-feira, 24 de julho de 2020

ESFRIAMENTO DO AMOR: SINAL INEQUÍVOCO DO FIM


Ricardo André

Essa semana o mundo foi surpreendido com a notícia, amplamente repercutida pela imprensa nacional e internacional, de que o Presidente dos EUA, Donald Trump, comprou todas as doses da vacina contra o Covid-19 que serão produzidas ainda este ano, estabelecendo o monopólio da vacina, e deixando as populações de outros países do mundo sem ela. A Casa Branca gastará US$ 1,95 bilhão para se apoderar da produção de dois laboratórios. Apesar de Francis Collins, chefe do Instituto Nacional de Saúde (NIH), ter afirmado que o apoio à ideia de uma vacina contra a Covid-19 é “bem público global”, Donald Trump, que despreza qualquer ideia do tipo, apelou ao egoísmo e falta de amor latente da cultura ianque para garantir que a americana Pfizer e a alemã BioNTech entregassem aos Estados Unidos todo o suprimento de 2020 da vacina BNT162, uma das duas candidatas desenvolvidas pelas companhias. O velho ditado brasileiro se cumpre perfeitamente no egoísta Trump: “Comida pouca, meu pirão primeiro!”

Ao nos depararmos com uma notícia dessa percebemos que as Sagradas Escrituras estão se cumprindo, em relação ao que Jesus profetizou em Seu célebre “Sermão Escatológico”, que no tempo do fim aconteceriam muitas coisas, e dentre elas, o amor de muitos se esfriaria. Ele declara expressamente: “Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24:12, NVI). No meio de uma variedade de sinais astronômicos, cósmicos, sociológicos, políticos e religiosos, Ele mencionou o esfriamento do amor. O que queremos abordar nesse artigo é exatamente sobre esse sinal. Um dos sinais que mais deveria preocupar aqueles que são cristãos, uma vez que ela prever o cumprimento na vida de muitos deles. Alguém talvez argumente: Será que isso realmente seria relevante? Afinal, a falta de amor não existe desde o início do mundo?

O esfriamento do amor em decorrência do aumento da maldade

Na verdade, Jesus estava predizendo uma situação anormal, caracterizada pela maldade. Ele afirmou que os dias que precederiam Sua segunda vinda seriam marcados pelo esfriamento do amor. Tal esfriamento está diretamente relacionado ao crescimento da maldade ou do pecado em suas mais variadas formas. A palavra grega para amor empregada por Jesus nesse texto é ágape, que significa “amor na sua forma mais elevada e verdadeira, amor insuperável, amor que leva alguém a se sacrificar por outros (Jo 15:13). Indica reverência a Deus e respeito pelos semelhantes” (Comentário Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 352). Isso significa que Jesus profetizou que nos últimos dias esse amor do tipo ágape deixaria de existir em muitas pessoas. Ou seja, de tanto ver a maldade multiplicada em proporções nunca vistas na história, as pessoas se tornariam frias, sem sentimento, sem compaixão e empatia. As pessoas perderiam gradativamente o senso de amor a Deus e ao próximo. A religião seria uma formalidade cultural. Tendo a consciência neutralizada pelo mal e a paixão estimulada pelos desejos sensuais, muitos acabariam tendo uma mente reprovável e um comportamento monstruoso.

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Achamo-nos em um mundo de pecado e corrupção, rodeados de influências que tendem a seduzir ou desanimar os seguidores de Cristo. Disse o Salvador: ‘Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará’. Mateus 24:12” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 741).

De fato, estamos vivendo num mundo marcado pelo aumento do pecado, da corrupção e da maldade. Lamentavelmente, ouvimos falar quase que diariamente nos noticiários da imprensa de violência doméstica. Mulheres são espancadas e mortas pelos parceiros ou ex-parceiros, deixando inúmeras crianças órfãs. De acordo com o Mapa da Violência, elaborado a partir de dados do Ministério da Saúde, revela que o Brasil ocupa hoje a 5ª posição no ranking de feminicídio, em um grupo de 83 países. São 4,8 assassinatos para cada grupo de 100 mil mulheres. O número de estupros passa de 500 mil por ano em todo o país. No caso dos assassinatos, 55,3% foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

Ouvimos falar de filhos que matam seus pais; crianças são jogadas no lixo ou em rios, espancadas até a morte. Outras, vítimas de violência sexual por familiares de confiança ou pessoas próximas da família. No Brasil, entre 2011 e 2017, o Disque 100, canal de denúncias oficial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), registrou 203.275 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. No mesmo período, o Ministério da Saúde recebeu 141.160 notificações da mesma violência.

“Devido ao aumento da maldade”.  Estas palavras chamaram minha atenção ao escrever essas linhas, porque me fizeram lembrar do jovem Alexandre Nardone, na cidade de São Paulo, que assassinou sua própria filha Isabella Nardone, de 5 anos, jogando-a do 6º andar do apartamento onde moravam, no Edifício London, no dia 29 de março de 2008. Esse crime chocou o país. O pior de tudo foi seu álibi, procurando convencer o país e a polícia de que sua filha tinha sido assassinada por uma outra pessoa desconhecida que teria entrado no apartamento e praticado o crime. Quase que diariamente ouvimos falar de pais que matam os filhos e de filhos que assassinam seus pais.

As pessoas assassinas estão matando outras sem precisarem de muitos motivos. Mata-se por motivos fúteis, irrelevantes ou banais. São moradores em situação de rua queimados por “brincadeira”, brigas entre vizinhos, discussões no trânsito e desentendimentos familiares que resultam em morte. Um enorme número de adolescentes em conflito com alei aceitam com entusiasmo a ideias de estourar os miolos de outro ser humano, sem mais nem menos. A vida perdeu o valor.

O crime e a violência são um fenômeno mundial. Além disso, os crimes hoje, são mais violentos. A generalizada ondas de crimes e a crescente população carcerária do mundo mostram que milhões de pessoas têm intenções criminosas e pouca vontade de mudar. Muitos chegam até acreditar que o crime compensa. Assim, o mundo mudou – para pior. Indubitavelmente, ficou mais perigoso.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, um a cada três casamentos termina em divórcio. Esse elevado índice de divórcio, os maus tratos aos idosos e os abortos também são evidências de que muitos mostram completa falta de afeições humanas normais.

Cada vez mais os valores estão sendo invertidos; de forma intencional, sarcástica e agressiva, os valores cristãos vem sendo combatidos e apresentados como ultrapassados e sem valor; cada vez mais a mentira tem se tornado verdade nos ouvidos dos homens. Com total irreverência, programas de TV e vídeos na internet debocham do nome de Deus e dos ensinos da Bíblia Sagrada. De acordo com Jesus, a disseminação de pecados desse tipo faz o amor de muita gente cair abaixo de zero no termômetro espiritual.

O pecado já é visto como o novo padrão a ser exaltado e seguido, enquanto que a santidade já é identificada como algo a ser reprovado e combatido. A maldade está se multiplicando.

“Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará”, que realidade a de nossos dias!

O esfriamento do amor: sinal da volta de Jesus

Os ventos frios da falta de amor têm soprado fortemente em nossos dias. Enquanto a temperatura da maldade humana aumenta, a temperatura do ágape diminui. Foi o Senhor Jesus quem falou que o amor de muitos se esfriará com o aumento da iniquidade (Mateus 24:12).

Nesse contexto Jesus colocou o esfriamento do amor em decorrência da multiplicação da maldade entre os sinais que caracterizam um período que Ele chamou de “o princípio das dores” (Mt 24:8). Ao lermos o capítulo 24:4-14 notamos que os sinais mencionados por Jesus no seu sermão profético foram os seguintes: surgimento de falsos profetas e falsos cristos; guerras e rumores de guerras em conflitos internacionais; miséria e fome; catástrofes naturais; ferozes perseguições contra a Igreja; esfriamento do amor por causa da multiplicação da iniquidade; e a expansão mundial da pregação do Evangelho.

Ele destacou que quando esses sinais cumprirem-se virá o fim (Mateus 24:14). Isso significa que esses sinais servem para apontar para a o retorno de Jesus em glória e majestade. Mas, que período é esse denominado por Jesus de princípio das dores?  É o período que se estende desde Cristo até os nossos dias, e precede imediatamente a grande tribulação descrita em Mateus 24:15-28. Essa grande tribulação ocorrerá após o decreto dominical emitido pela nação americana, representada pela besta de dois chifres de Ap 13:11-18.

É importante destacar que esse esfriamento do amor de muitos, tanto para com Deus quanto para com o próximo, não está se cumprindo somente nas pessoas ímpias do mundo, mas também entre as pessoas que se dizem cristãs. Se observarmos o contexto da declaração de Jesus veremos que Ele fala especificamente aos que creem. É evidente que podemos ver o amor esfriando no mundo ao nosso redor também, mas, como Ele estava falando com os discípulos, e, fala claramente sobre a perseverança para salvação, fica claro que Ele está falando sobre os que creem, ou seja, sobre os cristãos!

Deveras, a cada dia temos visto e ouvido falar de uma crescente frieza na igreja de Deus. Muitos jovens cristãos já não sentem mais o coração aquecido com a Palavra de Deus, desconhecem o fervor espiritual, e a chama da graça de Cristo não queima mais em seu coração congelado pelas influências mundanas. Os ventos frios do relativismo secam o conceito de verdade absoluta da mente de muita gente. Como consequência, passa-se a acreditar que “tudo é relativo”, “tudo é normal”. Expressões como “não tem nada a ver” e “isso é coisa do passado” são usadas como jargões por muitos cristãos para justificar suas práticas pecaminosas.

Nesse tempo de pandemia da Covid-19, em que os cultos presenciais foram suspensos, muitos crentes tem abandonando a fé. Por conta da falta de oração, estudo devocional das Sagradas Escrituras, consagração e da comunhão com Deus e com os irmãos muitos estão afastando-se dEle e de Sua igreja. Muitos que professam serem cristãos estão demonstrando um coração frio na maneira como tratam as outras pessoas, são ingratos, amantes de si mesmos. Temos deixado de lado o amor e o cuidado para com o nosso próximo. Estamos mais preocupados conosco mesmos e menos com nosso próximo. Quando vemos cenas de pessoas famintas, crianças e adultos abandonados, excluídas da nossa sociedade, sem-terra, morando nas ruas, em barracos sem nenhuma condição de higiene, etc., nos emocionamos, nos indignamos e até prometemos ajudar de alguma forma, mas os dias passam e voltamos a cuidar apenas de nossas vidas, nos esquecemos de nossas promessas. Existe, infelizmente, muitas outras ações que nós, cristãos, praticamos que evidenciam falta de amor, ou que nosso amor esteja esfriando e com isso corremos sérios riscos de naufragarmos na fé (1Tm 1:18-20).

Nós somos o povo de Deus e temos professado que somos embaixadores do Senhor Deus aqui na terra, que somos a Igreja Remanescente da profecia bíblica (Ap 12:17) e temos a “verdade presente” (2Pd 1:12) como resposta aos problemas da existência humana. Tudo isso é verdade e está na Bíblia, mas temos em muitas oportunidades agido totalmente ao contrário daquilo que pregamos. A base e o princípio do cristianismo é o amor, fomos alcançados pelo amor do Senhor Jesus para com as nossas vidas conforme lemos em João 3:16: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Jesus Cristo nos disse: "Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros" (Jo 13:34, 35, NVI).

Sob inspiração divina, Ellen White escreveu essas duras mas verdadeiras palavras: “Egoísmo e fria formalidade têm quase extinguido o fogo do amor, dissipando as graças que seriam por assim dizer a fragrância do caráter. Muitos dos que professam Seu nome, deixaram de considerar o fato de que os cristãos têm de representar a Cristo. A menos que haja sacrifício prático em bem de outros, no círculo da família, na vizinhança, na igreja e onde quer que estejamos, não seremos cristãos, seja qual for a nossa profissão” (Beneficência Social, p. 42).

O alerta que Jesus nos faz é muito grave: “o amor de muitos esfriará”. Esse verso é traduzido da seguinte forma na versão Almeida Revista e Atualizada: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos”. Mas aqui há algo importante: definitivamente o amor não se esfriará de todos. Louvado seja Deus!

Isso significa que apesar de a iniquidade se multiplicar e o amor de muitos se esfriar, há ainda aqueles que em cuja vida arde o genuíno amor. A chama do amor a Deus, ao “Evangelho Eterno” (Ap 14:6-12) e ao próximo, continua ardendo na vida dessas pessoas. Estes não são meros cristãos professos comprometidos com o mundo; mas são cristãos que verdadeiramente experimentaram uma conversão genuína a Cristo. Estes são também aqueles que pelo poder de Deus perseverarão até o fim, até que possam desfrutar da salvação em toda sua plenitude, quando Jesus voltar (Mt 24:13; 1 Co 1:8).

O comportamento perverso está presente na história da humanidade desde a queda do primeiro casal humano, Adão e Eva. Mas ele vem crescendo e se intensificando, à medida que avançamos para o fim da história. A multiplicação da iniquidade pode ser facilmente percebida por todos os lados. Muitos, ao comtemplar o panorama mundial contemporâneo diante da maré crescente de maldade, corrupção e luxúria que invade o mundo e a igreja, são vencidos pelo desalento. Porém, aquele que estuda as Sagradas Escrituras, sabe que o velho e bom livro de Deus prenuncia o aumento da maldade e da corrupção moral precisamente para o tempo que precede o maior acontecimento da História, a saber, a segunda vinda de Cristo a este mundo.

Após a densa noite de pecados e vícios que cobre o mundo, um dia feliz raiará, quando Cristo descer do Céu para instaurar o Seu reino de luz, pureza, justiça e amor (I Ts 4:13-18; Dn 2:44; 2Pd 3:13; Ap 21:1-5).

E enquanto aguardamos o raiar brilhante do dia do Senhor, somos exortados pelo Deus Espírito Santo a valer-nos do poder divino ao nosso alcance para resistir ao poder do mal, e através de uma relação pessoal com Jesus, desenvolver um caráter irrepreensível e sem mácula.

Caro amigo leitor, a profecia de Jesus está se cumprindo dramaticamente em nossos dias, mas ela não precisa se cumprir em nós. Ame mais as pessoas! Se você recebeu algum dia o amor de Deus em seu coração, mantenha-o vivo e distribua-o para outras pessoas. Para seu amor não morrer de frio, aqueça-se hoje com a graça de Cristo e livre-se, pelo poder de Deus, dos efeitos congelantes do pecado. Ore, pois, busque mesmo a ajuda de Deus para amá-Lo mais e ao próximo. Os tempos estão indo... indo embora e Jesus está retornando para buscar Seu povo.

Que o compassivo Salvador te abençoe ricamente.

 

2 comentários:

  1. Como é difícil convivermos harmonicamente com a vontade de Deus, quando nossa mente está contaminada pelo pecado e suas nefastas consequências. Só a misericórdia do Pai, o amor de Jesus e a insistência do Espírito Santo para nós mudar, de forma a produzirmos frutos dignos de amor. Deus está pronto. Queremos nós isso? A decisão é nossa. De cada um.

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