Teologia

terça-feira, 1 de outubro de 2019

O CORDEIRO MORTO – A ESPERANÇA DA RAÇA CAÍDA




Ricardo André

Neste estudo bíblico, apresentamos um comentário, explicação e estudo devocional sobre Apocalipse 5. Alguns estudiosos da Bíblia consideram a cena descrita nesse capítulo como uma das mais poderosas de toda a Bíblia. De fato, esse capítulo é maravilhoso, pois retrata simbolicamente o controle que Deus tem da história e do plano para salvar a raça caída. Pois bem, depois de descrever, no capítulo 4, a sala do trono de Deus depois da ascensão de Cristo, e a impressionante cena de adoração no Céu, João chama nossa atenção para o livro com sete selos na mão direita de Deus (Ap 5:1). A atenção do profeta se volta então para um anjo forte, que proclamava em grande voz: “Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?” (v. 2). Nenhum ser humano, nem anjo, nenhum ser no Universo inteiro se oferece para abrir o livro (v. 3). Todos permanecem em silêncio, enquanto João chora “muito”, angustiado ao descobrir que ninguém tinha poder para abrir os selos do misterioso livro escrito por dentro e por fora, que estava na mão do Pai (v. 4).

Nesse momento dramático, o Cordeiro Se adianta e toma “o livro da mão direita dAquele que estava sentado no trono” (vs. 6,7). Quando Cristo pega o livro, isso mostra que Ele tem o destino de toda a humanidade em Suas mãos. Então o coro celeste, de 24 anciãos, um número incontável de anjos ao redor do trono e todo ser criado no Universo, uni-se para cantar: “Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra". Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor" (vs. 8-13, NVI). Seu louvor é respondido com um “Amém” por parte dos quatro seres viventes e, em seguida, os 24 anciãos se prostram, concluindo assim essa adoração entusiasmada na sala do trono celestial. O Céu se comove e exulta frente à obra da redenção! E para você? O que significa o sacrifício de Cristo? E, o que há nesse livro para causar uma aclamação assim?

O Conteúdo do Livro Selado

Este não é um livro comum. Seu conteúdo tem que ver com o destino do mundo e seus habitantes. O conteúdo não poderá ser conhecido enquanto não for aberto o sétimo selo. Não se sabe ao certo o que contém este livro. O que sabemos é que ele contém as decisões do Céu sobre o destino final de todos os que pecaram. Ele anuncia quem está salvo e por quê, e quem está perdido e por quê.

Segundo a escritora cristã, Ellen G. White, o misterioso livro selado contém “a história das providências de Deus, e a história profética das nações e da igreja. Nesse livro, estavam contidas as declarações divinas, Sua autoridade, Seus mandamentos, Suas leis, todo o conselho simbólico do Eterno e a história de todos os poderes que governam as nações. Em linguagem simbólica, estava contida naquele livro a influência de toda nação, língua e povo desde o início da história da Terra até seu fim” (Ellen G. White, Manuscript Releases, v. 9, p. 27. Citado em Lição da Escola Sabatina, 1º Trim. 2019, ed. de Professor, p. 54). Portanto o livro selado representa o plano de Deus para salvar a humanidade caída.

Referindo-se aos líderes que rejeitaram a Cristo, Ellen G. White declara: “Sua decisão foi registrada no livro que João viu na mão dAquele que estava assentado no trono, no livro que ninguém podia abrir. Esta decisão lhes será apresentada em todo o seu caráter reivindicativo naquele dia em que o livro há de ser desselado pelo Leão da Tribo de Judá” (Parábolas de Jesus, p. 294). Quando essas cenas ocorrerem perante os habitantes do Universo, cada um ficará satisfeito porque o Cordeiro tratou com justiça os salvos, os perdidos, os anjos caídos e o próprio Satanás (Rm 14:10-12).

Em função da tremenda importância que esse capítulo de Apocalipse representa, a Srª Ellen White exorta: “O quinto Capítulo de Apocalipse precisa ser detidamente estudado. Ele é a da maior importância para os que haverão de participar da obra de Deus nestes últimos dias” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 414).

As Verdades Contidas no Capítulo

1) Somente Jesus sabe quem será Salvo. Como Jesus foi o único ser em todo o Universo, capaz de abrir o livro dos sete selos, somente Ele sabe quem será salvo e quem irá perder-se. Ele, somente Ele, pode ler os corações e compreender quem em verdade é Seu. É necessário que entreguemos a vida a Ele. Só Jesus pode limpar-nos do pecado (I Jo 1:9). Somente Ele é “poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da glória de Deus” (Judas 24). “Abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12). Jesus é a nossa única esperança de libertação dos pecados, vícios e misérias.

2) Jesus é a Esperança do Pecador. Quando João descobriu que ninguém era habilitado para abrir os selos do misterioso livro, ele chorou sem consolo e sem esperança até que apareceu Jesus. João chorou (Ap 5:4) porque o plano da salvação não seria implementado a menos que alguém fosse considerado digno de abrir o livro. Sem um veredicto divino ninguém poderia ser salvo. Se o livro não pudesse ser aberto, não haveria salvação para pessoa alguma. O choro de João expressa as lágrimas do povo de Deus, desde Adão, pela salvação da escravidão do pecado, bem como uma ilustração da situação da humanidade pecadora. A Bíblia revela que todos somos pecadores e estamos destituídos da Glória de Deus (Rm 3:23), separados de Deus (Is 59:1,2), condenados a morrer eternamente (Rm 6:23).

Todos nós temos um caso pendente no tribunal de Deus, pois somos todos culpados. “Todos pecaram”. Rm 3:23. Embora Deus nos tenha criado à Sua imagem, o pecado a desfigurou parcialmente, mas sem eliminá-la. É por isso que temos um impulso invencível, uma fome eterna por salvação em nossa alma. Não descansamos nunca, não nos sentimos em paz jamais, não ficamos satisfeitos enquanto não encontramos a Jesus e aceitamos o Seu perdão para o nosso passado. Não podemos evitar a sentença de morte que pende sobre nós enquanto alguém não tomar o nosso lugar e morrer por nós. Jesus é a única via de escape, a única esperança.

Embora mereçamos a morte eterna, Deus provê a solução – “o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 6:23). Cristo concordou morrer em nosso lugar para libertar-nos da culpa do pecado.

Diz Ellen White: “A morte de Cristo na cruz do Calvário é a nossa única esperança neste mundo, e será nosso tema no mundo porvir. Não compreendemos o valor da expiação! Se o compreendêssemos, falaríamos mais sobre ela. O dom de Deus em Seu Filho amado foi a expressão de um amor incompreensível. Foi o extremo do que Deus podia fazer para preservar a honra de Sua lei e ainda salvar o transgressor” (Ellen G. White, Signs of the Times, 30 de dezembro de 1889, Lição da Esc. Sabatina, 4º Trim. De 2008, p.165).

Todos temos problemas e desafios que muitas vezes nos fazem chorar. Mas em meio aos problemas da vida, você não precisa se desesperar, pois o Leão da tribo de Judá venceu! Sim Jesus venceu por nós. Ele mesmo declarou: "Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (Jo 16:33, NVI).

Martinho Lutero, muito aflito em determinada ocasião, pediu o conselho de um erudito amigo seu, Johannes Von Staupitz. Este declarou: “Olhe para as feridas de Cristo”.

Jesus, o Cordeiro ferido, tem trazido esperança e ânimo para milhares de angustiados sofredores. Assim como Staupitz em relação a um aflito Lutero, João convida cada angustiado sofredor a contemplar o Cordeiro ferido, em busca de esperança e coragem em meio ao sofrimento.

“Não somos dignos do amor de Deus, mas Cristo, nossa segurança, é digno, e capaz de salvar abundantemente todos os que forem a Ele. Qualquer que tenha sido nossa vida passada, por mais desanimadoras que sejam vossas circunstâncias presentes, se fordes a Jesus exatamente como sóis, fracos, incapazes e em desespero, nosso compassivo Salvador irá grande distância ao vosso encontro, e em torno de vós lançará os braços de amor e as vestes de Sua justiça” (Ellen G. White, Maior Discurso de Cristo, p. 8 e 9).

Charlote Elliot, uma das hinistas mais destacadas do séc. XIX nasceu em Londres, em 1789. Foi membro de uma família de certa cultura e tradição ministerial (dois irmãos, um tio e um avô foram pastores).  Mostrou seu talento poético desde cedo, escrevendo poesias humorísticas.

Uma doença séria em 1821 deixou Charlotte inválida para o resto da sua vida. No início, foi rebelde para com Deus. Queixou-se certa vez: “Se Deus me amasse, não teria me tratado desta maneira”. A visita do ilustre pastor e líder da hinologia francesa, H. A. César Malan, mudou sua vida. O Pastor perguntou a Charlotte se ela realmente tinha aceitado a Cristo. Ela se ressentiu com esta pergunta.

Malan, prudentemente, não insistiu, mas disse: “Não insisto em falar nisso, mas orarei para que você entregue o seu coração a Cristo e que se torne uma grande obreira em sua causa”. Duas semanas depois, Charlotte procurou aquele grande evangelista. Falou das suas frustrações e dos seus sentimentos:

- “Que devo fazer para ser crente? ”, perguntou ao amigo.

- “Deve ser entregar a Cristo, tal qual está”, veio a resposta.

- “Será que Deus me recebe, tal qual estou? ”, perguntou Charlotte, pensando na sua rebeldia, seus temores, e no seu rancor.

- “Sim, tal qual está”, respondeu o Dr. Milan.

Charlotte fez isso e, dali em diante, dedicou sua vida a servir ao Senhor. Estas palavras, "Tal qual estou", ficaram gravadas na mente de Charlotte Elliott e a inspiraram a compor o hino que é frequentemente cantado em nossos cultos evangelísticos.

Tem servido de semente plantada em muitos corações e tem produzido fruto em abundância:

Tal qual estou, eu venho a Ti,
Aceita-me, ó Salvador!
Confiante sou em Teu amor;
Ó Salvador, me achego a Ti!

Tal qual estou, eu venho a Ti,
Perdão me podes conceder,
E minhas faltas esquecer;
Ó Salvador, me achego a Ti!

Tal qual estou, eu venho a Ti,
E Tu minh’alma limparás,
Com Teu amor me envolverás;
O Salvador, me achego a Ti.

(HASD, 278).

Ao todo, escreveu 150 hinos, que refletiam seu amor pela poesia e pela música. Escreveu muitos hinos especialmente procurando ajudar todas as pessoas que sofriam. Foram publicados em alguns hinários da época. Depois da sua morte, em 1871, descobriram mais de 1.000 cartas de agradecimento por este hino.

Caro leitor, você tem a certeza da aceitação de Cristo, conforme descreve a passagem da Pena Inspirada? Se não, Cristo o convida agora a lançar seus cuidados sobre Ele. Ele o receberá sem hesitação ou repulsa, mesmo que você tenha deixado de viver uma vida vitoriosa, vez por vez. Todos os que vem a Ele, de modo algum serão lançados fora (Jo 6:37).

Ele porá em você um novo coração que se deleitará em fazer Sua vontade e o capacitará a obedecer à Sua palavra. Não quer você voltar-se para Jesus? Não quer você receber em sua vida os resultados do Calvário? Quer alegrar-se na salvação em Cristo no tempo presente? (Tito 3:5-7; Cl 1:13, 14). Quer experimentar constante crescimento espiritual e vitória sobre o pecado, e cada vez mais comunhão com Jesus?

Nenhum comentário:

Postar um comentário