Teologia

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

CÂNCER: É ESSA DOENÇA TERRÍVEL PROVOCADA POR DEUS?


Ricardo André

No mês de outubro anualmente ocorre uma campanha mundial, com a intenção de alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama, chamada de “Outubro Rosa”. O câncer de mama, bem como diversos outros tipos de câncer é uma doença temível por todas as pessoas, por serem tumores malignos que podem levar a morte das pessoas acometidas por ele. O câncer é uma doença que não faz acepção de pessoas. Não escolhe raça, sexo ou religião para atacar. E, agride com ferocidade assustadora, impondo um sofrimento raramente visto em outras doenças. No dia 23 de novembro de 2016, ele ceifou a vida da minha querida sogra, Janilda Matos; em 18 de novembro de 2018 da grande amiga Hilda Bojart, meses antes, no dia 26 de fevereiro arrebatou a vida de uma ex-aluna querida, Laiane Azevedo.  Quando soube do falecimento dela, meu coração gritou: Não! É tão injusto! Ela era tão jovem! Laiane tinha apenas 21 anos de idade quando sua luta contra o câncer terminou. A perda dessas e de outras pessoas queridas para o câncer doeu muito! Era como se tivessem me cortado ao meio. Elas e tantas outras milhares de pessoas foram vencidas na guerra contra o câncer. Conheço tantos outros amigos e amigas que estão atualmente na batalha contra essa doença horrível.

As notícias concernentes a essa doença são desanimadoras quando são projetados os próximos anos. Projeta-se que, os casos de câncer aumentarão 50% até 2030, quando serão diagnosticados em todo o mundo quase 22 milhões de casos de câncer. Ao mesmo tempo, as mortes por câncer passarão de 8,2 milhões a 13 milhões por ano. Isso quer dizer que o número de pessoas que enfrentarão a perda de seus queridos por causa dessa doença aumentará. Milhões ao redor do mundo enfrentam, hoje, o doloroso luto. A tendência é que esse número aumente consideravelmente até 2030. Diante desse quadro devastador, muitos nos perguntam: Quando somos atingidos por doenças, isto é sempre alguma provação de Deus ou pecados? Se Deus existe e é tão bom, amoroso e poderoso, por que há tanto sofrimento? O sofrimento vai algum dia terminar?

Deus não é o autor das doenças

Primeiramente devemos entender que Deus não é responsável pelas doenças. O Senhor nunca coloca uma doença em nós. Ele pode sim permitir que fiquemos doentes, mas não nos torna doentes. A Bíblia Sagrada afirma que “Deus é amor” (1Jo 4:8), isto é, o amor é a caraterística essencial da natureza de Deus. Tudo que Deus faz está ligado ao Seu amor. O amor de Deus é incondicional.

“Ao João considerar a altura, profundidade e largura do amor do Pai para com a humanidade a perecer, enche-se de admiração e reverência. Ele não pode achar linguagem mais adequada para expressar esse amor, mas convoca o mundo para contemplá-lo: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus.” 1 João 3:1. Que valor isso coloca sobre o homem!” Deus é o autor só de coisas boas. Jamais traria sofrimento para seus filhos.

Existem várias causas para a origem das doenças, mas a original é a entrada do pecado em nosso planeta. Foi o pecado que trouxe as doenças. Antes da existência do mal, havia paz e alegria por todo o Universo. Tudo estava em perfeita harmonia com a vontade do Criador. O amor a Deus era supremo; imparcial, o amor de uns para com outros. A escritora cristã Ellen G. White afirmou que a “lei do amor” era o fundamento do governo de Deus. Ela observou que, visto que Deus não deseja uma “obediência forçada”, Ele “concedeu livre-arbítrio” a todas as Suas criaturas morais. “Houve, porém, um ser que preferiu perverter esta liberdade que Deus concedeu às Suas criaturas. O pecado teve origem com aquele que, abaixo de Cristo, fora o mais honrado por Deus, e o mais elevado em poder e glória entre os habitantes do Céu” (Patriarcas e Profetas, p. 35).  

As Sagradas Escrituras nos dizem que esse ser procurava ser como Deus; ele era um anjo em cujo coração nasceu a iniquidade (Ez 28:12-15) e que pretendia ser como Deus (Is 14:14). A origem do pecado no coração de Satanás é um mistério que não pode ser plenamente explicado. Deve fazer parte daquilo que 2 Tessalonicenses 2:7 chama de “mistério da iniquidade”. Orgulho, inveja e ambição foram as causas da queda de Lúcifer.

Ellen G. White escreveu um comentário poderoso quanto a esse assunto: “É impossível explicar a origem do pecado de maneira a dar a razão de sua existência [...] O pecado é um intruso, por cuja presença nenhuma razão pode ser dada. É misterioso, inexplicável; desculpá-lo corresponde a defendê-lo (Ellen G. White, O Grande Conflito, 492, 493). Se para ele se pudesse encontrar desculpa, ou mostrar-se causa para a sua existência, deixaria de ser pecado.

Mas o que é pecado? Nossa única definição de pecado é a que é dada na Palavra de Deus; é: “quebrantamento da lei”; é o efeito de um princípio em conflito com a grande lei do amor, que é o fundamento do governo divino. O pecado entrou no mundo porque Satanás ao ser expulso do Céu veio à Terra e levou o primeiro casal humano a pecar, a lei de Deus foi transgredida e isto ocasionou as doenças e morte (Gn 3; Rm 5:12). Eles viraram as costas para Deus e sofreram as consequências. Hoje estamos sentindo os efeitos dessa péssima escolha. Toda a humanidade vive as consequências da queda. Mas de forma alguma foi Deus quem deu origem ao sofrimento humano. A Bíblia diz: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1:13, NVI).

Tudo aquilo que nos faz sofrer vem da mente do inimigo de Deus que quer fazer sofrer o povo do Senhor. Ademais, estamos envolvido no grande conflito (Ap 12:7-10), e temos um inimigo que está à solta para nos causar danos. Muitas doenças são causadas por ele. Outras decorrem de nossas próprias escolhas erradas.  Estas, em sua grande maioria, vêm a nós como uma "consequência da transgressão das leis de Deus de saúde". Quando ficamos doentes, isto se dá porque não seguimos corretamente as orientações de Deus sobre nosso corpo. Deus permite muitas vezes que fiquemos doentes por que nós escolhemos isto e, se ao transgredirmos as leis da saúde Deus não impedisse que colhêssemos aquilo que plantamos, estaria nos estimulando à negligência, fazendo com que continuássemos a destruir nosso corpo.

Indubitavelmente, há causas para o câncer que não conseguimos prevenir, como alterações genéticas ou mutações celulares. Mas há uma série de fatores que são modificáveis, que entram como prevenção. São eles: evitar a obesidade, praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável, com frutas e verduras, fugir das bebidas alcoólicas e combater o tabagismo, que está relacionado a uma infinidade de tumores, não só de pulmão. Se escolhêssemos adotar um estilo de vida mais saudável evitaríamos contrair diversos tipos de câncer. O uso de carne vermelha, ou de aves ou até de peixe, mais de 3 vezes por semana, parece mais do que dobrar o risco de câncer de bexiga (Adventist Health Study). Por isso, mais uma vez Ellen White estava certa quando disse em 1909: “Se a alimentação de carne foi saudável algum dia, é perigosa agora. Constitui em grande parte a causa dos cânceres, tumores e moléstias dos pulmões.” (Conselhos Sobre Saúde, p. 133). Não obstante, muitas pessoas que não fumavam e nem bebiam contraíram o câncer e morreram. No fim das contas nem sempre sabemos por que o sofrimento acontece de determinada forma, não conhecemos todas as razões para as coisas terríveis que acontecem.

A boa notícia é que, em meio a tudo isso, podemos ter certeza de que Deus está conosco. Ele interage conosco intimamente. Não importam as nossas dores, problemas e dificuldades, podemos ter a certeza de que Deus está perto de nós e podemos confiar nEle. Sejam quais forem as razões para as provações que enfrentamos, ou as atuais consequências dessas provações, temos a garantia do amor de Deus – um amor tão grande que Jesus veio e morreu na cruz por nós, um único ato que promete dar um fim a todo sofrimento.

O sofrimento não é eterno

Jesus sabe de nossas angústias, dificuldades, sofrimentos, tristezas e decepções. A fim de confortar-nos, Ele deu-nos uma das mais belas promessas da Bíblia, registrada em João 14:1-3. “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver”.

É uma promessa maravilhosa! Que esperança! Que conforto! Jesus diz aos Seus que não se preocupem, que não deixem seu coração se turbar. Quer que vivamos felizes, espera que tenhamos confiança em Sua promessa.

Embora existam lutas, sofrimentos e dificuldades, nós temos uma esperança – Ele voltará para trazer Seu reino eterno (Dn 2:44). E, quando isso acontecer o sofrimento de toda espécie cessará, e toda doença, inclusive o temível câncer, a obra da morte terá um termo; sua história terá um ponto final. Será finalmente destruída (I Co 15:26, 27). Antes que isso aconteça, não fomos abandonados em nossas tristezas.  A Bíblia relata que “Jesus chorou” por Lázaro, Seu amigo, que havia morrido, por suas irmãs e amigos (Jo 11:11-43). Jesus também sabe e Se entristece por nossas angústias e dores. O extremo da nossa dor é a morte. Ele bem sabe disso, pois passou por essa experiência. Agora, Ele está à direita do Pai intercedendo por nós. “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hebreus 4:16).

As Escrituras ensinam que a morte é um sono (Jo 11:11-14), e que os mortos nadam sabem, estão em absoluta inconsciência (Ec 9:5, 6). Porém, há esperança para eles. A Palavra de Deus afirma que, um dia, todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz de Cristo, “e os que tiverem feito o bem, [sairão] para a ressurreição da vida” (Jo 5:28, 29). O apóstolo Paulo em I Coríntios 15:52 descreve esta cena: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Coríntios 15:52). Na sua carta aos Tessalonicenses 4:13-18 ele nos consola com a agradável esperança de uma reunião feliz e eterna com aqueles que morreram quando o Senhor Jesus aparecer em glória. Na ocasião, ocorrerão dois dos acontecimentos mais esperados pelos cristãos de todas as eras: a ressurreição dos santos mortos e a transformação dos santos vivos. O quadro pintado por Paulo será a concretização de todos os que creram e que creem em Jesus e que, vivos ou mortos, aguardam ansiosos por Sua segunda vinda à Terra. Para eles, a morte não é o fim de todas as coisas; é simplesmente um sono de espera pela ressurreição e a vida eterna.

Na manhã da ressurreição, todos os defeitos e deformidades serão deixados no túmulo. O nosso corpo, antes mortal, poluído pelo pecado, carcomido pelo câncer, maltratado pelo sofrimento e pela dor, recebe novas formas, cheias de beleza e juventude. Quando as pessoas morrem, seu corpo se desmancha até virá pó. Como é possível um corpo que se deteriorou virando pó poderá se reconstruído? É aí que entra a promessa da Bíblia: “Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: "A morte foi destruída pela vitória"(I Coríntios 15:51-54, NVI). Jesus remodelará nosso corpo e ressuscitaremos “incorruptíveis”. Nosso corpo ressuscitado será eterno e muito mais bonito do que nesta vida. Inegavelmente, será um momento muito glorioso. Será a vitória final de Jesus sobre as tristezas, dores, doenças, e a morte! Esta certeza nos conforta e nos anima na jornada, enquanto aguardamos o grande dia da volta de Jesus. O mal não ocorrerá outra vez (Na 1:9)

Esta ESPERANÇA está baseada sobre um sólido e indestrutível fundamento... Sim, ela se baseia na realidade de um Cristo vivo (v.14). A ressurreição do Senhor é o fundamento de nossa esperança (I Ped. 1:3. 2). Assim como Deus, o Pai, trouxe Jesus, nosso Salvador, dentre os mortos na manhã de Sua ressurreição no jardim, fora dos muros de Jerusalém, assim com Ele também trará nossos queridos mortos à vida novamente, quando voltar a segunda vez. Ela também está fundamentada no prometido e esperado retorno do Senhor à Terra (I Tes. 1:10; Atos. 1:10, 11).

Então uma reunião final, feliz e eterna acontecerá. Os salvos estarão reunidos para nunca mais se separarem. Imagine a alegria que inundará o coração dos salvos ao poderem abraçar os queridos ressuscitados, que morreram crendo em Jesus. Não mais terão o rosto macilento e triste, marcado pela doença e a morte. Terão na face a alegria e a felicidade de uma nova vida ressurgida para a eternidade. Será maravilhoso aquela reunião quando, na presença de Cristo, junto ao belo portal da Cidade, uma mãe receber a recompensa de seus labores, tendo todos os seus filhos lá dentro.  Inegavelmente, será um momento muito glorioso. Será a vitória final de Jesus sobre as tristezas, dores, doenças, e a morte! Eu quero reencontrar com minha querida mãe, meu avós amigos queridos que já se foram. Há tanta gente para conhecer! Há tantos novos irmãos... Cada sábado teremos oportunidade de louvar e adorar o nosso Deus e agradecer mais uma vez por Sua infinda misericórdia, amorável paciência e por ter enviado Seu Filho para morrer na cruz do Calvário, por nós (Is 66:22). Essa certeza nos conforta e nos anima na jornada, enquanto aguardamos o grande dia da volta de Jesus.

A escritora cristã Ellen G. White, escreveu: “Estamos em caminho para casa. Aquele que nos amou de tal maneira que morreu por nós, construiu para nós uma cidade. A Nova Jerusalém é o nosso lugar de repouso” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 434).

Caro amigo leitor, não precisamos mergulhar em trevas, ao contemplar as doenças, a dor e a morte. Além das negras nuvens brilha o Sol. E além da escura morte está Jesus, o Sol da Justiça, que dentro em pouco chamará os que O amaram para Sua maravilhosa luz.

Eu e minha família estamos fazendo planos para estar lá e sentar-se face a face com Jesus!  Nós desejamos muito as moradas eternas. Tenho dedicado minha vida para o serviço de Deus, procurando, assim, conduzir o máximo de pessoas para este santo e bom lugar. Ver nosso Salvador e andar com Jesus será uma experiência de comovedor encanto. Eu quero estar lá. E você, gostaria de entrar lá?






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