Dr.
Alberto Timm
Este é um assunto
complexo e de fácil distorção, no qual muitos são tentados a substituir a
revelação divina por suas próprias teorias especulativas. Mas existem algumas
declarações inspiradas que nos ajudam a compreender melhor o assunto. Por
exemplo, em Isaías 9:6, Cristo é chamado de “Pai da Eternidade”. Em João 11:25,
Ele mesmo afirma: “Eu sou a ressurreição e a vida”. Em João 10:17, 18, Ele
acrescenta: “porque Eu dou a Minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de
Mim; pelo contrário, Eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar
e também para reavê-la.” E no livro O Desejado de Todas as Nações, p. 530,
Ellen G. White diz: “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada.”
Em harmonia com essas
declarações, Ellen White argumenta no livro Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 301:
“Aquele que disse: ‘Dou a Minha vida para tornar a tomá-la’ (João 10:17),
ressurgiu do túmulo para a vida que estava nEle mesmo. A humanidade morreu; a
divindade não morreu. Em Sua divindade, possuía Cristo o poder de romper os
laços da morte. Declara Ele que tem vida nEle mesmo, para dar vida a quem quer.
[…] É Ele a fonte, o manancial da vida. Unicamente Aquele que tem, Ele só, a
imortalidade, e habita na luz e vida, podia dizer: ‘Tenho poder para a dar [a
vida], e poder para tornar a tomá-la.’ João 10:18.”
Nos comentários de
Ellen White em The Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 5, p. 1.113, o
mesmo conceito é corroborado: “Foi a natureza humana do Filho de Maria
transformada na natureza divina do Filho de Deus? Não. As duas naturezas foram
misteriosamente fundidas em uma pessoa – o homem Cristo Jesus. Nele habitou
corporalmente toda a plenitude da Divindade [Cl 2:9]. Ao ser Cristo
crucificado, foi Sua natureza humana que morreu. A Divindade não sucumbiu nem
morreu. Isso teria sido impossível. […] Quando a voz do anjo foi ouvida
dizendo: ‘O Teu Pai Te chama’, Aquele que havia dito: ‘Eu dou a Minha vida para
a reassumir’ [Jo 10:17] e ‘Destruí este santuário, e em três dias o
reconstruirei’ [Jo 2:19], ressurgiu da sepultura para a vida que havia em Si
mesmo. A Divindade não morreu. A humanidade morreu; mas Cristo agora proclama
sobre o sepulcro de José: ‘Eu sou a ressurreição e a vida’ [Jo 11:25]. Em Sua
divindade Cristo possuía o poder de romper os laços da morte. Ele declara ter
vida em Si mesmo para conceder a quem Ele quiser.”
Nas Meditações Matinais
de Ellen G. White publicadas sob o título Exaltai-O! (1992), p.346, ela
acrescenta: “Jesus Cristo depôs o manto real, Sua régia coroa e revestiu Sua
divindade com a humanidade, a fim de tornar-Se um substituto e penhor pelo
gênero humano, para que, morrendo em forma humana, por Sua morte pudesse
destruir aquele que tinha o poder da morte. Ele não poderia ter feito isso como
Deus; mas, tornando-Se como o homem, Cristo podia morrer. Pela morte venceu a
morte.”
Mas, se mesmo “a vida
de um anjo não poderia pagar a dívida” pela queda da raça humana (Ellen G.
White, Patriarcas e Profetas, p. 64, 65), seria suficiente que apenas a
natureza humana de Cristo morresse na cruz? Este é, sem dúvida, um mistério
para o qual não temos todas as respostas. No entanto, não devemos nos esquecer
de que Cristo veio como o “último Adão” (1Co 15:45) para pagar o preço pelo
resgate da raça humana (ver Rm 5:12-21; 1Co 15:20-22). Ele morreu como homem
por todos os seres humanos. Além disso, Cristo morreu a “segunda morte” (Ap 2:11;
20:6, 14; 21:8) da qual não existe ressurreição de criaturas. Como essa morte
representa a eterna alienação da criatura do seu Criador, somente Aquele que
tem vida em Si mesmo poderia ressuscitar dessa morte.
Portanto, mesmo que não
tenhamos respostas a todas as indagações que possam surgir com respeito ao
“mistério da piedade” (1Tm 3:16), pela fé aceitamos as declarações inspiradas
que nos dizem que na cruz morreu apenas a natureza humana de Cristo, e não a
Sua natureza divina, que ficou misteriosamente velada durante a encarnação.
FONTE:
Revista do Ancião, abril – junho de 2009.
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