Teologia

sábado, 16 de janeiro de 2016

HÁ ESPERANÇA PARA OS SUICIDAS?



Ricardo André

No domingo, dia 03 de janeiro de 2016, ao chegar de viagem de Pernambuco, com a família, fomos surpreendidos com a triste notícia de que uma senhora bastante conhecida em Lagarto, esposa do alfaiate Bispo, no dia anterior (02), num momento de profunda agonia e depressão, havia cometido o suicídio, ao tomar veneno de matar ratos, popularmente conhecido aqui como “chumbinho”.  Diante desse fato, podemos refletir: existe salvação para o suicida?

As cicatrizes emocionais deixadas na família e amigos são profundas e produzem não apenas sentimentos de solidão, mas particularmente senso de culpa e desnorteamento. No provimento de uma resposta, terei de limitar meus comentários a algumas sucintas observações.

Há três personagens bíblicos que se suicidaram em circunstâncias que não oferecem esperança de salvação. Um deles foi Aitofel, conselheiro de Davi, que, pela sua traição e suicídio, é considerado o Judas do Antigo testamento (2 Sm 17:23). Saul desobedeceu às ordens de Deus em várias ocasiões, e o Espírito do Senhor apartou-Se dele. Após consultar uma médium, Saul pelejou contra os filisteus e durante a batalha cometeu suicídio (1 Sm 1), Judas após trair o mestre, devolveu as trintas moedas de prata aos sacerdotes e enforcou-se.

O impacto moral do suicídio deve ser avaliado segundo a compreensão bíblica da vida humana: Deus criou a vida, e não a possuímos para usá-la e descartá-la como bem entendermos. O sexto mandamento também tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. “Não Matarás”, diz o Mandamento (Êxodo 20:13). Um cristão, portanto, não deveria considerar o suicídio como solução moralmente válida para o infortúnio de viver num mundo onde existe dor física e moral.

Entretanto, como diz o Dr. Calvin Rock, “há pessoas que sofrem de depressão e se suicidam devido a um desequilíbrio químico não resultante de um estilo de vida errôneo. Será que Deus responsabilizará uma pessoa que tomou tal decisão tendo suas faculdades mentais seriamente enfraquecidas? Muitos cristãos saudáveis e lúcidos são tão afetados por um acidente, doença ou velhice e que perdem a lucidez e podem cometer suicídio. Meu conceito do amor de Deus não exclui a possibilidade de sua salvação” (Adventist Review, 8 de junho de 1989, p. 13).

A psicologia e a psiquiatria têm revelado que o suicídio geralmente são o resultado de um profundo transtorno emocional ou desequilíbrio bioquímico associado a um profundo estado de depressão e medo. Vale ressaltar que há diferentes fases na depressão, uma na qual a pessoa está sem forças mentais para resistir ao desejo de se matar. Não deveríamos julgar as pessoas que optaram pelo suicídio sob tais circunstâncias.

A depressão possui diversas causas, entre eles os eventos adversos da vida. Tais eventos podem ser: sofrer uma confusão acerca da própria identidade, no caso das pessoas jovens, o sentir-se excluídos dos demais; uma crise familiar pelo divórcio ou pela morte de alguém próximo; a perda dos meios de subsistência, ocasionada por uma crise econômica, por redução nos negócios ou nas empresas, o por algum recorte de pessoal ou a eliminação de programas governamentais.

Em Sua misericórdia, Deus levará isso em conta, com certeza. Assim, não podemos afirmar que uma pessoa que cometeu o suicídio vá perder-se. Só Deus o sabe.

Caro amigo, se você tem algum parente ou amigo que cometeu esse ato extremo, não se desespere. Deus saberá julgá-lo com a mesma misericórdia que teve com outros seres humanos. A Bíblia mostra nitidamente que a base de Seu trono e justiça é a misericórdia: "Compassivo e justo é o SENHOR; o nosso Deus é misericordioso." Salmo 116:5. "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna." Hebreus 4:16. "Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." Jeremias 9:24. "Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos." Salmo 25:10. Sua compaixão é infinita: "Pois a tua misericórdia se eleva até aos céus, e a tua fidelidade, até às nuvens." Salmo 57:10. “Dêem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu amor dura para sempre!” (Salmos 136:1, NVI). Ele nos compreende melhor que do que qualquer ser. Devemos colocar o futuro de nossos queridos em Suas mãos de amor.


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