Ricardo
André
No domingo, dia 03 de
janeiro de 2016, ao chegar de viagem de Pernambuco, com a família, fomos surpreendidos
com a triste notícia de que uma senhora bastante conhecida em Lagarto, esposa
do alfaiate Bispo, no dia anterior (02), num momento de profunda agonia e
depressão, havia cometido o suicídio, ao tomar veneno de matar ratos,
popularmente conhecido aqui como “chumbinho”. Diante desse fato, podemos refletir: existe
salvação para o suicida?
As cicatrizes
emocionais deixadas na família e amigos são profundas e produzem não apenas
sentimentos de solidão, mas particularmente senso de culpa e desnorteamento. No
provimento de uma resposta, terei de limitar meus comentários a algumas
sucintas observações.
Há três personagens
bíblicos que se suicidaram em circunstâncias que não oferecem esperança de
salvação. Um deles foi Aitofel, conselheiro de Davi, que, pela sua traição e
suicídio, é considerado o Judas do Antigo testamento (2 Sm 17:23). Saul
desobedeceu às ordens de Deus em várias ocasiões, e o Espírito do Senhor
apartou-Se dele. Após consultar uma médium, Saul pelejou contra os filisteus e
durante a batalha cometeu suicídio (1 Sm 1), Judas após trair o mestre,
devolveu as trintas moedas de prata aos sacerdotes e enforcou-se.
O impacto moral do
suicídio deve ser avaliado segundo a compreensão bíblica da vida humana: Deus
criou a vida, e não a possuímos para usá-la e descartá-la como bem entendermos.
O sexto mandamento também tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. “Não
Matarás”, diz o Mandamento (Êxodo 20:13). Um cristão, portanto, não
deveria considerar o suicídio como solução moralmente válida para o infortúnio
de viver num mundo onde existe dor física e moral.
Entretanto, como diz o
Dr. Calvin Rock, “há pessoas que sofrem
de depressão e se suicidam devido a um desequilíbrio químico não resultante de
um estilo de vida errôneo. Será que Deus responsabilizará uma pessoa que tomou
tal decisão tendo suas faculdades mentais seriamente enfraquecidas? Muitos
cristãos saudáveis e lúcidos são tão afetados por um acidente, doença ou
velhice e que perdem a lucidez e podem cometer suicídio. Meu conceito do amor
de Deus não exclui a possibilidade de sua salvação” (Adventist Review, 8 de
junho de 1989, p. 13).
A psicologia e a psiquiatria
têm revelado que o suicídio geralmente são o resultado de um profundo transtorno
emocional ou desequilíbrio bioquímico associado a um profundo estado de depressão
e medo. Vale ressaltar que há diferentes fases na depressão, uma na qual a
pessoa está sem forças mentais para resistir ao desejo de se matar. Não deveríamos
julgar as pessoas que optaram pelo suicídio sob tais circunstâncias.
A depressão possui
diversas causas, entre eles os eventos adversos da vida. Tais eventos podem
ser: sofrer uma confusão acerca da própria identidade, no caso das pessoas
jovens, o sentir-se excluídos dos demais; uma crise familiar pelo divórcio ou
pela morte de alguém próximo; a perda dos meios de subsistência, ocasionada por
uma crise econômica, por redução nos negócios ou nas empresas, o por algum
recorte de pessoal ou a eliminação de programas governamentais.
Em Sua misericórdia,
Deus levará isso em conta, com certeza. Assim, não podemos afirmar que uma
pessoa que cometeu o suicídio vá perder-se. Só Deus o sabe.
Caro amigo, se você tem
algum parente ou amigo que cometeu esse ato extremo, não se desespere. Deus
saberá julgá-lo com a mesma misericórdia que teve com outros seres humanos. A
Bíblia mostra nitidamente que a base de Seu trono e justiça é a misericórdia: "Compassivo
e justo é o SENHOR; o nosso Deus é misericordioso." Salmo 116:5.
"Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião
oportuna." Hebreus 4:16. "Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em
me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na
terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." Jeremias 9:24.
"Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para os que guardam
a sua aliança e os seus testemunhos." Salmo 25:10. Sua compaixão é
infinita: "Pois a tua misericórdia se eleva até aos céus, e a tua
fidelidade, até às nuvens." Salmo 57:10. “Dêem graças ao Senhor, porque
ele é bom. O seu amor dura para sempre!” (Salmos 136:1, NVI). Ele nos
compreende melhor que do que qualquer ser. Devemos colocar o futuro de nossos
queridos em Suas mãos de amor.
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