O
Inferno na Bíblia
A palavra inferno vem
do latim inferii e significa lugar inferior. A ideia de inferno como um lugar
de fogo para onde vão almas incorpóreas condenadas não se encontra nas
Escrituras, apesar de aplicações que se fazem de textos simbólicos e parábolas.
Também a palavra
inferno não faz parte do texto original da Bíblia como acontece com as palavras
evangelho, batismo e outras que estão na Palavra de Deus.
A palavra inferno foi
colocada nas traduções em português para substituir cinco outras palavras com
significado completamente diferente do conceito religioso popular de inferno.
Isso ocorreu devido à crença que o tradutor nutria previamente e que o
influenciou a colocar a palavra inferno nas traduções que fez.
Algumas Bíblias antigas
trazem inferno em I Cor 15:55 mas algumas modernas como a Almeida Atualizada
trás “morte”, que é o correto. O mesmo ocorre em Apoc 20:13 onde se lia “a
morte e o inferno”, encontra-se agora, “a morte e o além”, mas a palavra lá é
hades (grego) e significa “sepultura”.
A doutrina do inferno é
de origem grega e romana e as pessoas são induzidas a crer nela pela formação
religiosa anterior que receberem além das falhas das traduções que geralmente
usam e fortalecem um pensamento anti-bíblico.
As cinco palavras que
foram erroneamente traduzidas por “inferno” são:
1.
GEENA (hebraico) que é uma forma simplificada da
expressão ge (vale) bem (filho) e Hinom (nome da família proprietária da área),
ou seja, vale dos filhos de Hinom. Essa palavra se encontra nos evangelhos como
em Mateus 5:22, 29 e nada tem a ver com um inferno de fogo eterno. Era um vale
onde, no passado, se fazia sacrifícios humanos e se queimavam os corpos de
pessoas aos ídolos. O profeta Jeremias profetizou que ali seriam lançados os
corpos dos desobedientes e que ali ficariam expostos (Jer. 7:31-34). Nos dias
de Jesus o local continuava a ser depósito de animais e lixo em putrefação e os
moradores sempre ateavam fogo para consumir os restos ali deixados. Esse lugar
Jesus usou para simbolizar o fim trágico que aguarda os desobedientes. Apenas
corpos físicos eram consumidos no GEENA por isso que havia bichos nos corpos
podres, coisa que almas não têm. Nada a ver com almas num fogo eterno.
2.
HADES (grego) usada no NT juntamente com Sheol (hebraico)
usada no AT significam “sepultura, lugar dos mortos, morada dos mortos”. Entre
outros textos esta palavra (hades) encontra-se em Apoc. 20:13. Aqui o inferno
(na verdade a sepultura) é o lugar onde estão os mortos, pois ele mesmo, o
inferno=sepultura, é lançado no lago de fogo onde é destruído (Apoc. 20:14)
pois a sepultura é o símbolo da morte que Jesus destruiu. Sheol, seu
equivalente hebraico, também significa sepultura, sendo equivocadamente
traduzida por “inferno”. Em Jó 17:16 declara-se que os mortos ficam no pó e em Isa.
14:9-11 se declara que o inferno (sheol) é um lugar onde os bichos comem os
cadáveres. Também nada a ver com lugar de fogo eterno. Aliás, ainda em Apoc.
20:10 se diz que o próprio Diabo somente será lançado no lago de fogo, que se
forma quando Jesus volta no Juízo Final, quando Deus derrama fogo do céu. No
verso 14 diz que o próprio inferno (sepultura) também é lançado nesse final
lago de fogo. Ao final explicaremos sobre o fogo ser “eterno”.
3.
TANATO (grego). Esta palavra ocorre em vários lugares, mas
é traduzida em I Cor. 15:55 como inferno. Na realidade a falha de tradução foi
tão clara que nem os que crêem no inferno tradicional mantiveram o erro, e
corrigiram na Almeida Atualizada. Lá diz “onde está ó morte (tanato) a tua
vitória onde está ó inferno (tanato=morte) o teu aguilhão?” O verso 54,
anterior, diz que a morte (inferno) perde a vitória e o aguilhão porque Jesus
nos dá a imortalidade. Também não tem nada a ver com um lugar de fogo onde as
pessoas ficam queimando.
4. A quinta e última
palavra é TÁRTAROS (lugar de
trevas). Esta palavra ocorre na Bíblia apenas uma vez em II Pedro 2:4. O
próprio texto declara que os anjos foram expulsos da presença de Deus, ou seja,
onde está a verdadeira luz, para o exterior que são as trevas, privados da luz
do céu onde moravam e sem ela neles uma vez que pecaram. Conforme diz o texto
esse “inferno” também não tem fogo, somente a escuridão da ausência de Deus.
Além do mais, em harmonia com Apoc, 20:9,10,14 eles estão aguardando o Juízo
Final quando, somente então, serão lançados no Lago de Fogo produzido pelo fogo
que desce do Céu e que os destrói juntamente com os que rejeitaram a salvação
de Cristo. Esta palavra, a última, também nada tem a ver com o inferno
tradicional.
Surge então a pergunta:
e o fogo eterno que diz Apoc. 20 se formará depois do milênio com o fogo e
enxofre que desce do céu?
A expressão eterno é
“aion” (grego) que significa uma duração relativa ao que se refere. Pode estar
falando que é eterno sem fim ou que é eterno “enquanto dura” como disse certo
poeta. Ou seja, precisamos examinar o contexto para saber se é eterno sem fim
ou eterno até que acabe.
Em Apoc. 20:10 diz que
serão atormentados pelos séculos dos séculos (“aion ton aion” em grego= para
sempre, eternamente conforme algumas traduções). Mas esse “pelos séculos dos
séculos é previamente explicado no verso anterior, o v. 9 que diz que o fogo
que desceu “do céu os CONSUMIU”, logo, serão atormentados eternamente até que
toda a substância seja consumida, e seu resultado, a destruição, será eterna,
pois o fumo, ou fumaça que disso resultar estará no espaço “para sempre”, isto
é, até que tudo que pode ser queimado, acabe.
Mas, além do
significado gramatical de “eterno” e da explicação de Apoc. v. 9, há muitas
passagens declarando que o fogo que destrói os maus nos últimos dias é um
eterno até que consuma tudo e somente deixe as cinzas. Por exemplo, Judas 6,7
diz de forma clara que os anjos estão em trevas esperando o Juízo (igual diz
Pedro como já vimos) em “algemas ETERNAS” (aion) . Ora, as algemas eternas
serão tiradas quando chegar o Juízo e a condenação final, e a sentença for
decretada., assim, a algema é eterna somente até que se cumpra o objetivo e
sejam consumidos.
O verso 7 diz que o
“exemplo do fogo eterno” é o da punição que caiu sobre Sodoma e Gomorra e as
cidades vizinhas. Qual foi a punição de Sodoma e Gomorra? Estão queimando até
hoje? A Bíblia diz que não, veja Gênesis 19:24-29. O apóstolo Pedro declara que
Sodoma e Gomorra se tornaram em “cinzas” (II Pedro 2:6) para mostrar o exemplo
do que acontecerá aos que vivem impiamente. Portanto, o fogo é eterno até
consumir tudo neste planeta e Deus criar aqui um Novo céu e uma Nova Terra.
Apoc. 21:1, 5 diz que Deus, então, fará novas todas as coisas.
Deus é amor, como
deixaria alguém ficar por milênios, pela eternidade afora, se queimando em
dores inimagináveis por pecados de uma vida passageira. Ele não prometeu isso,
mas disse que o homem que pecasse, morreria. Se comesse da árvore da Ciência do
Bem e do Mal morreria.
Para finalizar a Bíblia
diz que TODOS os ímpios se tornarão cinzas no dia do Senhor. (Malaquias 4:1-3)
o que concorda plenamente com o dizer de Apoc. 20:9; II Pedro 2:6 entre outras
passagens. E o próprio Satanás será consumido, o que concorda com Apoc 20:9.
Veja Ezequiel 28:14-19.
Mas, e a parábola do
rico e Lázaro? (Lucas 16:19-31). O nome do relato já diz é uma “parábola” onde
não se vai para o céu, mas para o simbólico “seio Abraão”, também não se trata
de “almas” no fogo mas de corpo físico com dedo, língua e que sente calor e
pede água para matar a sede, fisiologia de corpo vivo que está sendo queimado,
como ocorrerá no Juízo Final. Também deixa clara, a parábola que o mendigo
morto e salvo foi levado “pelos anjos”, o que somente ocorrerá no futuro, na
volta de Jesus (Veja I Tessalonicenses 4:13-17 entre outras passagens). E
quanto a recompensa dos salvos (como no caso do mendigo da parábola) ou dos
Perdidos (representado pelo rico da parábola) a mesma parábola declara que
ambas as situações somente ocorrerão quando a chegar a ressurreição, que é a
única forma (como vimos na passagem anterior) de se voltar de entre os mortos
seja para a vida, seja para a morte eterna. (verso 32 e João 5:28, 29).
Finalmente, o apóstolo
Paulo ensina que mesmo os que morreram em Cristo não estão salvos a não ser
quando ocorrer a ressurreição. Eles não vão para o céu ou um lugar de tormento
ao morrerem. Isso somente ocorrerá com a final destruição dos ímpios na volta
de Jesus. Também não vão como almas sem corpo. A Bíblia ensina que se não
houver ressurreição “naquele dia”, todos os que morreram em Cristo, mesmo eles,
estarão perdidos. Leia I Coríntios 15:16-18.
Em Ezequiel 18:23, 32
Deus declara que não tem prazer na MORTE do ímpio, não se compraz em seu
tormento eterno. “Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor
Jeová, convertei-vos, pois e vivei.”
Perder a salvação,
sofrer “conforme as suas obras” e receber a morte e o esquecimento eterno é a
maior punição que Deus pode dar a alguém. Sadismo é se deleitar na dor
prolongada de alguém. Deus não se deleita nem mesmo no ato da morte quanto mais
na contemplação eterna de alguém em infinitas agonias. Graças a Deus que sua
Palavra nos informa: “não tenho prazer na morte do que morre” mesmo que seja
ímpio. A extinção é a pena máxima.
Graças a Deus pois Ele
é amor!
Pr Demóstenes Neves da
Silva
SALT/NE.novembro/2002
FONTE: Extraído do livro
eletrônico Estudos Bíblicos Temas Atuais
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