Por Marcos De Benedicto
Cientistas e teólogos discutem qual será o destino do planeta e do
Universo
Desde tempos imemoriais, o ser humano vem debatendo se o início do
Universo tem ou não as digitais de um Criador. Para os ateus, a resposta é um
óbvio "não"; já para religiosos, em maior número, é um claro
"sim".
Agora, os cientistas e teólogos passaram também a discutir se o
fim do cosmos terá ou não o toque do dedo de Deus. Igualmente, a resposta varia
de acordo com a visão de mundo assumida.
PERSPECTIVA DO CAOS
O interessante é que, nesse tipo de discussão sobre o futuro do
Universo, quase todas as perspectivas dos cientistas são negativas e
pessimistas. Se depender deles, ninguém escapará da lei da entropia, o
movimento espontâneo da ordem para a desordem. Algum dia, o fim será uma triste
realidade, em seqüência, para (1) a civilização, (2) o planeta, (3) o nosso
sistema solar e (4) o Universo.
No livro The End of the World and the Ends of God (Trinity Press
International, 2000), um grupo de autores de primeiro time discute o assunto de
várias perspectivas. Um teólogo do Vaticano, William Stoeger, analisa as
sombrias previsões dos cosmólogos e revela seu próprio pessimismo: "Se a
civilização e a vida na Terra sobreviverem aos impactos ocasionais de grandes
asteróides e cometas, certamente não sobreviverão às catastróficas mudanças
finais no Sol." Para ele, assim como o Sol tem sido fundamental para a
vida na Terra, também será o responsável pelo nosso fim.
Um cenário prevê que, se o Universo for finito ou fechado, ele entrará
em colapso fatal quando a sua expansão cessar, devido à força da gravidade. A
matéria e a energia seriam comprimidas até alcançar um estado de altíssima
densidade igual ao do suposto Big Bang. O Universo implodiria, eliminando tudo,
inclusive o espaço-tempo. Esse cenário é chamado de Big Crunch. Alguns
cientistas sugerem que o Big Crunch criaria uma espécie de denso vácuo; outros
conjecturam que ele produziria um novo Big Bang, reiniciando o processo de
expansão do Universo.
Outro cenário prevê que, se a força que leva o Universo a se expandir
for maior do que a força da gravidade, então o Universo se tornará cada vez
mais frio e escuro, até ficar inabitável. Ou seja, em vez de terminar numa
explosão incandescente, o cosmos teria uma morte lenta e agonizante.
A maioria das teorias sobre o fim do Universo depende das teorias sobre
o seu início. O problema é que, nesse campo, há muitas teorias rivais, e os
cientistas são freqüentemente surpreendidos por novas descobertas. A teoria
mais aceita hoje é a do Big Bang. Segundo ela, o Universo estaria se expandindo
e se esfriando.
Ao mesmo tempo em que pintam cenários apocalípticos e desoladores para o
Universo, os cientistas costumam apresentar algumas notas de esperança.
Alguns lembram que o Universo ainda vai continuar hospitaleiro por 100
bilhões de anos, pelo menos. Ou talvez 100 trilhões. Há também quem aposte na
capacidade humana de criar tecnologia, alterar o ambiente e encontrar soluções.
Afinal, para o bem e para o mal, o poder humano de interferir no ambiente
físico é cada vez maior.
Num artigo intitulado "The End" publicado pela Time, Michael
Lemonick elogia a rapidez com que a cosmologia está encontrando respostas para
as grandes perguntas sobre a origem e o destino do Universo e conclui com um
misto de desilusão e ilusão: "Quando o último capítulo da história cósmica
for escrito - num futuro mais distante do que nossa mente possa imaginar - a
humanidade, e talvez a biologia, terá desaparecido há muito tempo. Contudo, é
concebível que a consciência irá sobreviver, talvez na forma de uma
inteligência digital desincorporada. Se isso acontecer, então alguém ainda
poderá estar por aí para notar que o Universo, uma vez aceso com a luz de
inumeráveis estrelas, se tornou um lugar inimaginavelmente vasto, frio, escuro
e profundamente solitário."
VISÃO DA ESPERANÇA
Se os cientistas seculares praticamente só conseguem vislumbrar saídas
para o Universo quando adicionam o fator acaso e o elemento humano, já os
teólogos e os cientistas religiosos contam com um diferencial decisivo: Deus.
Eles crêem que Deus é o Criador e o Mantenedor do cosmos. Ele tem poder para
preservar o Universo e dirigi-lo na direção desejável.
Em matéria de futuro do Universo, a Bíblia é por excelência o livro da
esperança. Se o livro sagrado dos cristãos fala do fim, enfatiza também o
recomeço; se reconhece uma descontinuidade, prevê igualmente uma continuidade.
A catástrofe que marca o "fim" é, na verdade, a passagem para um
estágio mais significativo.
O apóstolo Pedro diz que "os céus passarão com estrepitoso
estrondo, e os elementos se desfarão abrasados", mas logo acrescenta que
os crentes aguardam "novos céus e nova Terra, nos quais habita
justiça" (II Pedro 3:10-13).
Em várias passagens, Paulo contrasta os sofrimentos e os gemidos dos
seres humanos e da natureza no presente com a glória e a alegria no futuro. O
Apocalipse termina em ritmo de celebração e festa porque, quando "o
primeiro céu e a primeira Terra" deixarem de existir, surgirá algo
infinitamente melhor.
"Nós não estamos em um oceano de tempo sem sentido ou esperando a
destruição do mal," escreve William Schweiker no livro mencionado acima.
"O testemunho da escatologia bíblica é que nós vivemos dentro do teatro da
bondade de Deus e, portanto, somos comissionados e capacitados a respeitar e
implementar a integridade da vida." Ele defende que existe uma
"cosmologia moral" a qual é tão importante quanto os modelos
científicos ou culturais sobre o mundo e o futuro.
Outros autores destacam, no mesmo livro, o caráter paradoxal da vida
eterna descrita na Bíblia. Ela é um dom futuro, mas já existe no presente. O
conceituado teólogo alemão Jürgen Moltmann enfatiza que nem os mortos estão
perdidos no esquecimento, porque Deus é um Deus de justiça e redenção. Ele vai
trazê-los de volta à vida para decidir seu destino.
Do ponto de vista bíblico, os seres humanos vão participar do futuro
glorioso do planeta Terra e do Universo. Isso acontecerá não na condição de uma
inteligência digital cósmica, mas numa dimensão real e física. As pessoas
ressuscitadas que herdarão a vida eterna estarão localizadas no espaço e no
tempo.
A ressurreição de Cristo é a garantia e a prévia da ressurreição dos
outros seres humanos. Ele ressuscitou com um corpo glorificado, mas não perdeu
a Sua identidade. Seu corpo é o protótipo do corpo que os salvos terão. A
ressurreição de Cristo valida tudo o que a Bíblia diz sobre Ele e abre
maravilhosas perspectivas para os que nEle crêem.
É claro que as idéias opostas de cientistas e teólogos não podem estar
todas certas. Um grupo está certo e o outro está errado - ou ambos estão
errados. Os cristãos, sem vacilar, apostam na Bíblia e na esperança. O futuro é
brilhante para aqueles que amam a Deus. ®
Marcos De Benedicto é doutor em Ministério
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