Ricardo
André
Introdução
No início do século XX,
as pessoas tinham ideias bem precisas sobre o que é certo e o que é errado, o
que é de boa moral e o que é imoral, o que é honroso e o que é desonroso.
Porém, nos anos 1960 começou a ocorrer uma mudança: as pessoas fizeram com que
o inteiro rol de ideias sobre virtude, moral, honra e ética parecesse ilógico,
desumano e inaceitável. As ideias que passaram a predominar exaltavam o
individualismo e o relativismo moral. Defendiam o conceito de cada um viver
segundo alvos determinados por si mesmo. Segundo essa filosofia, é proibido
proibir. Não existem princípios de moral absolutos – tudo é relativo. “O que é errado
para você pode ser certo para outro”, afirmam os relativistas. Outros dizem:
“Faça o que bem quiser, e eu também farei isso. Que cada um faça o que lhe
agrada. Existem muitas maneiras de agir, e todas elas são certas, nada é
errado”.
Hoje a sociedade
enfrenta um vácuo de valores. Está fragmentada por variados estilos de vida.
Uma vez que o indicador moral de cada um aponta para quase toda a direção, as
pessoas do nosso século não hesitam em validar praticamente qualquer tipo de
comportamento como aceitável. E é por isso que a violência é uma forma de
liberdade de expressão, prega-se o sexo livre e a obscenidade é vista como
arte.
O vírus que contamina
os valores espalhou-se por todos os setores da sociedade. Lamentavelmente, os
valores estão invertidos nesta Terra e poucos tem se apercebido deste fato. Cultua-se
a imoralidade, o viver dissoluto, o vício, e não se dá crédito às pessoas de
viver sadio e puro! Existe tanto escárnio do que é correto, que os honestos
procuram ficar no anonimato. Como dizia o grande jurista baiano Rui Barbosa: “Os
homens bons têm vergonha de ser honestos”. As pessoas valem pelo que tem e não
pelo que são. Valoriza-se a roupa e não aquele que o veste! O exterior é
valorizado, esquecendo-se que Deus olha para o interior do coração (I Sm 16:7).
As Sagradas Escrituras advertem: “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal,
que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo”
(Isaías 5:20, NVI). Essa mistura do bem com o mal, essa mescla do doce
com o amargo, está confundindo, desnorteando, pervertendo à crentes e incrédulos,
misturando o santo com o profano, produzindo pecado e morte.
As
consequências desastrosas da filosofia relativista
Eis aqui algumas
consequências desastrosas desta filosofia:
1) Os políticos (não
todos) compram votos dos eleitores, trapaceiam e praticam corrupção.
2) Os pregadores da
Palavra de Deus traem a esposa.
3) Milhões de pessoas
destroem a si mesmo e a outros pelas devastações causadas pelas drogas e pelo
crime.
4) Estudos apontam que
50% dos casamentos terminam em divórcio.
5) 22% de todos os
filhos que nascem hoje, nascem fora do casamento, e um terço de todos os filhos
morarão com o padrasto ou a madrasta antes de chegarem aos 18 anos. Muitos não
sabem quem são seus pais biológicos. É evidente que a dissolução da família é
maciça.
Essa formação
desordenada, de tudo em todos, cria duas tremendas realidades: O mundo desorientado e a igreja de Deus conturbada e adormecida.
O
mundo desorientado
São sete fontes que
alimentam o mundo desorientado. Vejamos:
1) Prazer sem
consciência – Se eu me divirto, que me importa o
sacrifício de terceiros?
2) Riqueza sem trabalho
– Eu vou trabalhar a vida inteira e não vou juntar um
milhão de reais, posso arranjar isso em fraudes, roubos, tráficos de drogas,
entre outros.
3) Política sem
princípios – A maioria dos políticos se elegem
prometendo honestidade no trato com a coisa pública, quando ganham roubam os
recursos públicos ou se envolvem em outras práticas corruptas. Até nos setores
religiosos isso acontece. Diversos líderes religiosos no Brasil se utilizam da
religião para obter lucro, explorando a fé alheia. Enriqueceram-se à custa dos
símplices do Evangelho (2 Pe 2:3). Esses pastores acumularam,
com a facilidade, verdadeiras fortunas. E com elas construíram verdadeiros
impérios da Comunicação, ao comprarem rádios, jornais e TVs. Há um claro
interesse comercial, uma rede de negócios, que envolve meios de comunicação,
gravadoras, editoras, shows, viagens turísticas, empreendimentos imobiliários,
franquias e muito mais. As “campanhas”, “correntes”, dízimos e ofertas doados
pelos fiéis, bem como a vendas de uma infinidade de materiais “sagrados” fazem
com que essas igrejas neo-pentecostais sejam negócios altamente lucrativos, e
seus líderes, milionários. É a chamada "indústria da fé".
4) Educação sem caráter
– Quanto mais cultos maiores criminosos.
5) Comércio sem
moralidade – Muitos lojistas fazem falsas promoções
para atrair clientes ou cobram valores exorbitantes em suas mercadores. Para
eles quanto mais, melhor, não importa quem está pagando. E, que vença a
ganância!
6) Religião sem
sacrifício – Muitos dizem: Eu só entro numa religião
que pode tudo, que não me prive da liberdade, que pode usar joias, mini saias,
decotes, que pode ir as festas, que respeite meu estilo de vida. É o homem
determinando as bases do cristianismo que deseja praticar. Um cristianismo
enfermo. É lamentável.
7) Concepção errônea de
Deus – Segundo os deístas Deus existe, criou tudo e desapareceu tornando-se um eterno
ausente. Ele vive tão longe do planeta Terra e é tão transcendente que a Terra
e suas criaturas precisam arranjar-se por si mesmas; há a teoria de que Deus é
uma energia, uma emanação, uma influência que está em tudo e em todos. É o panteísmo. Há ainda as versões mais
esdrúxulas e esquisitas da divindade, que muitas vezes os pais transmitem aos
seus filhos.
Joãozinho era um desses
garotos vítima do deus da sua mãe, que como boa católica acreditava no inferno
como lugar onde Deus diariamente castigava os infiéis. Na hora da comida ela
usava o inferno para intimidar o garoto. Aquela tarde o Joãozinho participou de
uma festinha na escola e comeu alguns doces, e foi para casa. A sua mãe que
havia preparado uma boa sopa que queria que ele tomasse bastante sopa. Não
sendo possível, pois havia comido doce na escola, não queria revelar a mãe. A
situação se complicou. Então a mãe fez a sua ameaça; “Se você não tomar, um dia
Deus vai pôr você no inferno, porque você está desobedecendo a sua mãe”. Diante
disso, Joãozinho comeu um pouquinho da janta. A mãe disse: “Agora vá para o seu
quarto”. Por coincidência o céu naquela noite ficou muito escuro, e fortes
trovões e fulminantes relâmpagos iluminavam e barulhentavam o céu. Joãozinho se
lembrou das palavras da mãe: Deus não gosta de crianças como você,
desobedientes”. Resolveu abrir a janela no exato momento quando depois do
ribombar dos trovões um relâmpago iluminou toda a vila. Joãozinho fechou a
janela e acrescentou: “Tudo isso, meu Deus, por causa de um prato de sopa?”
Imaginou que toda aquela tormenta era o irado deus de sua mãe começando a castigá-lo.
Estas sete realidades
deixam o mundo desorientado. O profeta Isaías diz: “A terra seca-se e murcha, o
mundo definha e murcha, definham os nobres da terra. A terra está contaminada
pelos seus habitantes, porque desobedeceram às leis, violaram os decretos e
quebraram a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra, e seu povo é
culpado. Por isso os habitantes da terra são consumidos pelo fogo, ao ponto de
sobrarem pouquíssimos” (Isaías 24:4-6, NVI).
A
Igreja adormecida
A segunda mais dura realidade,
amigos, que temos e que lamentar com profundidade é a situação interna da
igreja de Deus, Igreja Remanescente, de nós mesmos como um povo que deveria ser
santo.
No livro Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 387,
escreve a Sra. Ellen White: “O torpor da morte apoderou-se de muitos
professos cristãos”. Ela faz um apelo a cada crente que tem estado como
sob influência hipnótica: “Meus irmãos e irmãs, rogo-vos, despertai do
sono da morte.” (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 168).
Quão triste, quão
terrivelmente trágico, que a Igreja de Deus, a juventude de Deus, adormeçam em
seus postos nesta hora de perigo!
Uma ampla pesquisa
realizada na Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul, no dia 28 de
outubro de 2018, revelou, entre outras coisas, que, a maioria dos nossos
adolescentes e jovens não mantém uma comunhão diária com Deus. Eles não leem a
Bíblia todos os dias, não estudam a Lição da Escola Sabatina e não oram
profundamente todos os dias. Entre as pessoas de 14 a 16 anos, somente 28,2%
estudam a Bíblia e na faixa etária de 17 a 30 apenas 34,2%. No que se refere ao
estudo da Lição da Escola Sabatina o cenário é o mesmo: Somente 26,6% e 27,9%
respectivamente nas faixas etárias mencionada acima. Com relação a oração segue
o mesmo padrão encontrado no estudo da Bíblia e da Lição da Escola Sabatina.
Isso é um cenário preocupante. (Revista Adventista, setembro 2019, p. 12-15).
No que se refere a
importância da Palavra de Deus, o Senhor disse a Josué para não se desviar de Sua
lei (Torah) nem pra direita nem pra esquerda, ou seja, não se desviar de seus
propósitos, sendo inclusive esta a condição para que tudo corresse bem em sua
missão. “Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas
de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito.
Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido” (Js 1:7,8).
Temos, portanto, nesse versículo a condição sine
qua non (expressão que vem do latim e que se refere a uma ação, condição
indispensável, essencial) para que as promessas de Deus se cumpram em nossa
vida.
Elias era um homem de
Deus, mas era um ser humano como qualquer um de nós. Depois de derrotar os 450 profetas
de Baal no Monte Carmelo, ele permitiu que o medo entrasse em seu coração pois
conhecia bem o coração da Rainha Jezabel e sabia do que ela era capaz.
Esqueceu-se de nutrir o seu espírito no Senhor e ficou debilitado, caindo em
uma profunda depressão. Sentou-se debaixo do pé de zimbro e pediu a morte. Mas
Deus, vendo-o naquele estado compadeceu-se e enviou um anjo para despertá-lo,
trazendo pão e água para que ele conseguisse chegar até o Monte Horebe (I Reis
19:5-8).
Da mesma forma, quando
não buscamos no Senhor a renovação de nossas forças, quando deixamos de lado o
pão da vida, que é a Sua Palavra, a fraqueza se instala, vem a sonolência espiritual
e a morte é inevitável, por isso que Ellen White aconselhou: “Enchei
o coração todo com as palavras de Deus. São elas a água viva, a mitigar vossa
sede ardente. São o pão vivo do Céu. Jesus declara: "Se não comerdes a
carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós
mesmos." João 6:53. E Ele mesmo explica essa declaração, dizendo: "As
palavras que Eu vos disse são espírito e vida." João 6:63. Nosso corpo é
formado pelo que comemos e bebemos; e como se dá na economia natural, assim
também na espiritual; é aquilo em que meditamos, que dará força e vigor à nossa
natureza espiritual” (Caminho a Cristo, p. 88).
Levantamentos
realizados em 2016 feitos pelo departamento de Arquivos, Estatísticas e
Pesquisa da sede mundial da IASD nos dão conta de que 49% membros
recém-batizados deixam a igreja. Isto significa que em cada 100 membros
recém-batizados 49 serão sacrificados. (Para saber mais, clique no link: http://www.revistaadventista.com.br/blog/2016/10/12/perda-de-fieis/).
Podemos perceber
claramente o ciclo dos adventistas. Aceitam a mensagem adventista, é doce como
mel e clara como a alva. É a pura água da vida, ensinamentos e princípios
exatos, os mais ricos conhecimentos espirituais. São “o maior tesouro já
confiado a mortais”, diz Ellen G. White (Eventos Finais, p. 29).
Esse novo converso em
contato com essa maravilhosa luz fica encantado, e por um período de dois a
três anos vive o seu primeiro amor adventista, fala para outras pessoas,
realiza pregações e ajuda de toda forma a igreja caminhar, mas começa a ver
tantos fósseis espirituais, mortos em ofensas e pecados, que esse fervoroso
irmão, essa estrelinha brilhante, começa a esvaecer, e com mais dois anos
anestesiado, adormece ou morre também. É mais uma múmia espiritual.
Enquanto um mundo
perece, os adventistas estão dormindo. O mundanismo penetra pelos quatro cantos
do arraial dos que se intitulam remanescentes; o espírito dos pioneiros
desaparece de modo melancólico; a intemperança campeia solta; o apego as coisas
materiais impede o engajamento de recursos financeiros na finalização da Obra;
as reuniões de domingo e quarta-feira se tornam desérticos, a quantidade de
braços cruzados aumenta assustadoramente. A mensagem do apóstolo Paulo é
especialmente para esse povo que dorme: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te
dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti" (Efésios 5:14, NVI).
O apóstolo Paulo diz
por que precisamos despertar de nosso sono espiritual: “Façam isso, compreendendo o
tempo em que vivemos. Chegou a hora de vocês despertarem do sono, porque agora
a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos” (Romanos 13:11, NVI).
Urge entre o povo de
Deus acontecer o despertamento profetizado. Somos uma poderosa árvore
carregadíssima de frutos de todas as espécies, mas não nos esqueçamos que a
profecia aponta a sacudidura o vendaval dos mais angustiantes. Ventos soprarão
sobre essa frondosa e carregada árvore: vai cair muitas folhas secas e
considerável número de frutos mortos. Eu me pergunto: Que tipo de fruto sou e
represento? Eu lhe pergunto: Que qualidade de obras você faz e representa?
Somos um “cheiro de vida para a vida” ou “cheiro de morte para a morte”? (2 Co
2:16).
Nos EUA viveu uma
senhora chamada Elsie Brandon. Tinha uma doença do coração, que era incurável.
Os prognósticos não eram bons. Segundo o médico, ela tinha apenas seis meses de
vida. Ela tinha muita dificuldade para andar, e suas pernas e pés davam
trabalho.
Seis meses para viver!
Depois de uma reflexão cuidadosa, com oração, a irmão decidiu que com a graça
de Deus os seis meses seriam muito proveitosos. Seriam gastos para a Sua
glória. Ela não iria simplesmente “deitar e morrer”. Cada dia que lhe restava
seria dado ao Salvador, em Seu serviço.
A irmã Brandon pôs de
lado qualquer pensamento sobre sua enfermidade. Ela “esqueceu suas dores”, e o
que é mais importante, literalmente “esqueceu de morrer” ao final dos seis
meses. Com efeito, ela viveu mais nove anos depois de findos os meses que lhe
haviam sido marcados. Durante esse tempo a pequena igreja que a irmã Brandon
frequentava despertou e encheu-se de ânimo. Inspirados pelo testemunho da irmã,
eles saíram com ela para o trabalho. A igreja reaviveu espiritualmente e
aumentou em número porque uma irmã se esqueceu de si mesma e trabalhou para
Deus!
Esta desafiadora
experiência fez-me pensar. Muitos de nós, como Elsie Brandon, estamos vivendo
em tempo emprestado. Sua experiência nos desafia a despertar – Despertar e
servir a Deus para Sua glória!
A hora vai avançada,
muito avançada, muito avançada. Nosso tempo é curto, muito curto. Já não
podemos dizer que vivemos na hora undécima da história deste mundo.
Dificilmente podemos dizer que faltam cinco minutos para a meia-noite. Vivemos,
isto sim, nos momentos finais do tempo. A vinda de Jesus está próxima, muito
próxima.
Por concessão da
Providência – de um amorável Pai – você e eu fomos chamados para viver e servir
neste clímax da História. Que pensamento solene! Numa hora como esta devemos
todos, jovens e membros adultos da igreja remanescente de Deus, despertar do
sono e se empenhar com o máximo da nossa capacidade em advertir o mundo da condenação
iminente – e da vinda de nosso grande Libertador.
“Desperta, tu que
dormes”, é a exortação que o apóstolo nos dirige hoje. Ellen G. White nos faz o
dramático apelo: “Deus chama a todos [...] para que despertem [...]. As cenas da
história terrestre estão em rápido desfecho. Achamo-nos entre os perigos dos
últimos dias. Maiores perigos se encontram diante de nós e ainda não estamos
despertos [...]. Que direi a fim de despertar o povo remanescente de Deus?
[...] [Satanás] sabe que se eles dormirem um pouco mais [...] será certa sua
destruição” (Serviço Cristão, p. 81).
Caro leitor,
despertemo-nos para saudar a manhã gloriosa que em breve raiará. “Oh,
preparemo-nos para encontrar com nosso Senhor em paz! Os que estiverem
preparados receberão em breve uma incorruptível coroa de vida, e habitarão para
sempre no reino de Deus, com Cristo, com os anjos, e com os que foram redimidos
pelo precioso sangue de Cristo. Uma coroa de glória... nos está reservada, a
nós que esperamos, amamos e anelamos o aparecimento do Salvador” (Ellen G.
White, Filhos e Filhas de Deus [MD 2005], p. 362).
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