Marcos
De Benedicto*
Por
que os adventistas não adotam o ecumenismo
O movimento ecumênico
teve início há mais de cem anos, mas o verdadeiro marco foi a criação do
Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em 1948. Principal organização ecumênica no
mundo, presente em mais de 120 países, a entidade está comemorando 70 anos. O
grande momento da celebração foi a visita do papa Francisco ao centro do CMI em
Genebra no dia 21 de junho. Terceiro papa a visitar o CMI, Bergoglio adotou
para essa peregrinação o lema “Caminhando, orando e trabalhando juntos”.
Em seus próprios
termos, a Igreja Católica, que não faz parte oficial da entidade, tem procurado
fortalecer o movimento ecumênico. No início deste ano, o cardeal suíço Kurt
Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos
Cristãos, ou seja, o ecumenista-chefe do Vaticano, disse que a igreja precisa
“se converter” ao ecumenismo. E qual é o posicionamento da Igreja Adventista?
O adventismo tem tido
uma postura consciente e coerente desde o início: existem bandeiras que podem
ser compartilhadas e há um ecumenismo ideológico e comprometedor que deve ser
evitado. Cooperar em boas causas comuns, como saúde, liberdade religiosa e
projetos sociais, não significa ecumenismo no sentido negativo. O próprio
adventismo começou como uma espécie de “ecumenismo”, reunindo pessoas de muitas
denominações.
Os adventistas não são
um grupo sectário e respeitam todas as denominações, mas ao mesmo tempo
reconhecem seu papel especial. A crença fundamental número 13 expressa bem esse
paradoxo: “A igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente creem
em Cristo; mas, nos últimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente
tem sido chamado para guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Ao falar
sobre o futuro sinal da besta, Ellen White reconheceu: “Há cristãos verdadeiros
em todas as igrejas, inclusive na comunidade católico-romana” (Evangelismo, p.
234).
“Ecumenismo” vem da
palavra grega oikoumene, que significa “o mundo inteiro habitado”. Na
antiguidade, o termo se referia ao Império Romano. Por expressar a ideia de
universalidade, o conceito foi também usado para designar os sete grandes
concílios cristãos até o racha de 1054. Porém, a tentativa de recuperar essa
uniãoglobal ganhará cada vez mais destaque.
Infelizmente, a
perspectiva não é boa. O Apocalipse fala de um ecumenismo sinistro em que
“espíritos de demônios” unirão os reis do “mundo inteiro” (oikoumenes holes)
contra o Todo-Poderoso (Ap 16:13-14). Trata-se de uma grande confederação
ecumênica que resultará em guerra contra o povo de Deus.
Ao mesmo tempo, há um
claro chamado para as pessoas saírem do ecumenismo do mal (Babilônia) e se
unirem ao ecumenismo do bem (Ap 14:6-7; 18:1-4). O sonho de Cristo para a
igreja inclui a unidade (Jo 17), mas ela deve ser buscada com base no amor e na
verdade, como propõe a matéria de capa desta edição. O ecumenismo autêntico se
dá em torno de Cristo, é movido pelo Espírito, regido pela Palavra e voltado
para a glorificação de Deus e o bem das pessoas.
*Marcos
de Benedicto é editor da Revista Adventista
(Editorial da edição de
agosto de 2018)
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