Teologia

segunda-feira, 2 de julho de 2018

O QUE HÁ DE TÃO IMPRESSIONANTE NA GRAÇA?


Ricardo André
                                                
“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8, 9, NVI).

Introdução:

Estes dois versos resumem o coração do evangelho de Paulo. A sua tese é que a graça é a parte de Deus na salvação do pecador, a fé é a resposta humana, e toda a experiência da salvação que vem pela graça mediante a fé é dom de Deus, não pelas obras.

Philip Yancey relata num dos seus livros que “durante uma conferência sobre religiões comparadas, na Grã-Bretanha, eruditos do mundo inteiro debatiam sobre qual era a crença, se é que existiam alguma, que fosse exclusiva da fé cristã. Começaram eliminando as possibilidades. Encarnação? Outras religiões tinham diferentes versões de deuses aparecendo em forma humana. Ressureição? De novo, outras religiões tinham registros de retorno após a morte. O debate prosseguiu por algum tempo até que C. S. Lewis entrou no recinto. ‘Qual é o motivo do tumulto?’, perguntou ele, ouvindo como resposta que seus colegas discutiam a contribuição única do cristianismo entre as religiões mundiais. Lewis respondeu: ‘Ah, isso é fácil. É a graça’.

“Após alguma discussão, os conferencistas tiveram de concordar. A noção do amor de Deus que nos chega de modo gratuito, sem segundas intenções, parece ir contra qualquer instinto da humanidade. Os oito caminhos do budismo, a doutrina hindu do carma, o concerto judaico e o código da lei muçulmana – cada um deles apresenta uma forma de conseguir aprovação. Só o cristianismo ousa dizer que o amor de Deus é incondicional” (What’s So Amazing About Grace? [O Que Há de Tão Impresionante na Graça?], p. 45.

De fato queridos esta é sem dúvida a palavra mais central e singular do Evangelho. Segundo Phillip Yancey é “a última palavra perfeita” sendo a única que não sofreu distorções, não foi maculada e continua significando o que sempre significou.

Infelizmente embora ela esteja muito presente em nosso vocabulário cristão, já que a escutamos em pregações, em cânticos, em hinos, em poesias, em literaturas cristãs e até alguns cristãos saúdam uns aos outros com ela, poucos conseguem perceber a sua extraordinária importância. O problema é que sem o entendimento correto da graça não conseguiremos viver a vida cristã de modo adequado; não entenderemos a lógica e o diferencial do Evangelho e não nos relacionaremos com Deus de modo íntimo e pleno.

Definição da Graça:

Nos versos 8 e 9 de Efésios 2, as palavras-chave são graça e .  Como entender essas palavras? “É o livre favor eterno e absoluto de Deus, manifesto no derramar sem reservas nem merecimento bênçãos espirituais e eternas a culpados e indignos”. Graça se refere à iniciativa de Deus e à base de nossa redenção do pecado. “Nos concílios do Céu, antes de o mundo ser criado, o Pai e o Filho firmaram uma aliança de que, se o homem se demonstrasse desleal a Deus, Cristo, que era um com o Pai, tomaria o lugar do transgressor e sofreria a penalidade da justiça que deveria cair sobre ele” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, pág. 1190).

Como pecadores, merecemos a morte, e Deus oferece vida (Rm 6:24). Estamos separados dEle e uns dos outros, e Ele nos oferece reconciliação. O apóstolo Paulo escreveu aos efésios que “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões...” (Ef 5:18 e 19). Estamos sob a escravidão do pecado e destinado ao juízo, e Ele nos oferece liberdade. Não merecemos nada do que Ele nos oferece, porque pecamos e permanecemos em rebelião contra Deus (Cl 1:21). Consequentemente, a graça é com frequência como favor não merecido de Deus por nós.

Até mesmo os anjos ficam maravilhados com esse dom supremo (1Pe 1:12). Não há dúvida: de tudo o que Deus nos concede, a graça que nos é concedida em Jesus Cristo é o dom mais precioso de todos. Sem a graça, não teríamos esperança! O doloroso impacto do pecado sobre a humanidade é muito grande para que os seres humanos se libertem dele sozinhos. Nem mesmo a obediência à lei de Deus poderia nos trazer vida. “É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei” (Gl 3:21). Afinal, se alguma lei pudesse nos salvar, seria a lei de Deus. Mas Paulo disse que nem mesmo essa lei seria capaz de nos redimir. Só podemos ser salvos pela graça.

Graça é iniciativa e atividade soberana de Deus para a salvação dos pecadores. Essa graça apareceu “na plenitude do tempo” (Gl 4:4) no evento histórico de Jesus Cristo – mais especificamente, o ato de Cristo na cruz. A maior revelação da graça foi a morte de Jesus na cruz (Rm 5:8). Na cruz, Jesus demonstrou a natureza mortal do pecado. E ainda nos mostrou a imensidão do Seu amor. Ao invés de nos deixar sob a pena da morte, Ele assumiu essa culpa. Ele absorveu o nosso pecado, com toda a culpa e a condenação à morte – eterna separação do Pai. Não temos parte nem na concepção nem na execução da salvação. É dom de Deus para aquele que crê em Jesus (Jo 3:16).

A escritora cristã Ellen G. White afirmou: “Este é o mistério da misericórdia a que os anjos desejam examinar: que Deus pode ser justo, ao mesmo tempo em que justifica o pecador arrependido e renova Suas relações com a humanidade decaída; que Cristo pode humilhar-Se para erguer inumeráveis multidões do abismo da ruína e vesti-las com as vestes imaculadas de Sua justiça, a fim de se unirem aos anjos que jamais caíram e habitarem para sempre na presença de Deus” (O Grande Conflito, p. 415).

A graça é uma característica de Deus. É o poder que transforma uma pessoa que crê, de um arrependido pecador em uma nova criatura, e preenche nossas necessidades espirituais a cada dia. Como pessoas, não merecemos o perdão e a salvação, mas Deus instituiu um plano que nos permite receber a salvação.

Isto torna a graça escandalosa. Alguém já disse que se o Evangelho da graça for pregado e não causar espanto nem incômodo, com certeza não foi pregado de modo pleno.

O Deus do Evangelho é o único que comete a falta de decoro de amar pecadores. Em todas as Religiões se vê o homem em busca de “deus”. No Evangelho é Deus quem busca o homem; é Deus que paga o preço; É Deus quem se sacrifica.

A fé é a resposta humana à provisão de Deus. Em sentido cristão, a fé não é uma virtude que desenvolvemos sozinhos. É a resposta de admiração ao que Deus fez para nos redimir do pecado, e pronta aceitação da operação de Deus em nossa vida. Fé salvadora é mudança de submissão – do eu para Deus, da negação ou indiferença às reivindicações de Deus à aceitação aberta. A fé abre o coração para a habitação de Cristo. Sendo assim, não pode se originar no coração carnal. A irmão Ellen G. White, afirma que fé é “dom de Deus, mas a faculdade de exercê-la é nossa. A fé é a mão pela qual o coração se apodera das ofertas divinas de graça e misericórdia” (Patriarcas e Profetas, p. 431).

Três verdades sobre a graça

1) A graça de Deus é gratuita

A qualidade impressionante da graça de Deus é que Ele nos dá a salvação como um dom absolutamente gratuito. Ela não é uma conquista, mas uma dádiva – Ser salvo pela graça é a constatação de que jamais teríamos condições de conquistá-la. Ela não nos foi dada por mérito, nem é fruto de nossa justiça ou trabalho religioso. É dom gratuito de Deus. Nada que possamos fazer conquistará ou merecerá a salvação. Como, então, a recebemos? “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus”. E o que é fé? Uma definição simples aparece em Hebreus 12:2: “Tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (NVI). Fé é olhar para Jesus. Como dissemos acima, é minha resposta total à atividade de Deus em meu favor.

Ellen G. White, afirmou: “Há dois erros contra os quais os filhos de Deus — particularmente os que só há pouco vieram a confiar em Sua graça — devem, especialmente, precaver-se. O primeiro, do qual já tratamos, é o de tomar em consideração as suas próprias obras, confiando em qualquer coisa que possam fazer, a fim de pôr-se em harmonia com Deus. Aquele que procura tornar-se santo por suas próprias obras, guardando a Lei, tenta o impossível. Tudo que o homem possa fazer sem Cristo, está poluído de egoísmo e pecado. É unicamente a graça de Cristo, pela fé, que nos pode tornar santos.

O erro oposto e não menos perigoso é o de que a crença em Cristo isente o homem da observância da Lei de Deus; que, visto como só pela fé é que nos tornamos participantes da graça de Cristo, nossas obras nada têm que ver com nossa redenção.

Mas notai aqui que a obediência não é mera aquiescência externa, mas sim o serviço de amor. A Lei de Deus é uma expressão de Sua própria natureza; é uma corporificação do grande princípio do amor, sendo, daí o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra. Se nosso coração é renovado à semelhança de Deus, se o amor divino é implantado na alma, não será então praticado na vida a Lei de Deus? Implantado no coração o princípio do amor, renovado o homem segundo a imagem dAquele que o criou, cumpre-se a promessa do novo concerto: ‘Porei as Minhas Leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos’. E se a Lei está escrita no coração, não moldará ela a vida? A obediência — nosso serviço e aliança de amor — é o verdadeiro sinal de discipulado” (Caminho a Cristo, p. 59 e 60).

É isto que diferencia o Evangelho da graça pregado pelo Cristianismo de todas as outras religiões. A salvação na mentalidade religiosa segue a lógica da justiça retribuitiva, logo a salvação, as bênçãos e o favor são conquistas, fruto de um árduo trabalho, de uma vida de sacrifício e privações. O homem é o agente de sua própria salvação.

No cristianismo é radicalmente diferente! Não é a nossa justiça que conta, pois jamais conseguiríamos cumprir as exigências da lei; também não foram nossas boas obras. Como fica claro em Tito 3:5 “Não por obras de Justiça que praticamos, mas por sua misericórdia fomos regenerados”. Foi a justiça e as obras de Jesus Cristo em nosso favor. Importante lembrarmos ressaltarmos que A graça é gratuita para nós, porém custou a vida e o sangue de Jesus Cristo.

2) A graça de Deus é suficiente

Não há nada mais que precisamos fazer para complementá-la. Ela cumpre totalmente todas as exigências. Ela cobre por completo nossas dividas, não restando nada mais a ser liquidado. Ela é suficiente para cobrir nossos pecados sejam eles quais forem e nos purificar para sempre de toda iniquidade. Uma vez salvo pela graça não há mais condenação nem culpa. Deus não se relaciona mais conosco na base da justiça, porque sua justiça foi suficientemente preenchida na cruz do Calvário. Estamos reconciliados com Deus e isto torna sua companhia uma benção para nós. Não precisamos mais fugir ou nos escondermos de Deus. Não há mais juízo sobre nossas vidas! Louvado seja Deus!

Há um texto de Ellen G. White que aprecio muito, que transcrevo aqui:

“Jesus é nosso sacrifício expiatório. Nós não podemos fazer expiação por nós próprios; mas pela fé podemos aceitar a expiação que foi feita. ‘Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus’. ‘Não foi com coisas corruptíveis que fostes resgatados, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado’. […]

Homem algum da Terra nem anjo do Céu poderia ter pago a pena do pecado. Jesus era o único que podia salvar o rebelde homem. NEle se combinaram divindade e humanidade, e foi isso que deu eficiência à oferta na cruz do Calvário. Na cruz encontraram-se a misericórdia e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.

Ao contemplar o pecador o Salvador a morrer no Calvário, e reconhecer que o Sofredor é divino, pergunta ele por que motivo foi feito esse grande sacrifício, e a cruz aponta para a santa Lei de Deus, que foi transgredida. A morte de Cristo é argumento irrespondível quanto à imutabilidade e a justiça da Lei. Profetizando de Cristo, diz Isaías: ‘Engrandecerá Ele a Lei, e a fará ilustre’. A Lei não tem poder para perdoar ao malfeitor. Sua função é apontar os seus defeitos, para que ele reconheça a necessidade de Alguém poderoso para salvar, sua necessidade de Alguém que se torne seu substituto, seu penhor, sua justiça. Jesus satisfaz a necessidade do pecador, pois tomou sobre Si os pecados do transgressor. ‘Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados’. Poderia o Senhor ter eliminado o pecador, destruindo-o totalmente; mas foi preferido o plano mais custoso. Em Seu grande amor Ele provê esperança para o desesperançado, dando Seu Filho unigênito para arcar com os pecados do mundo. E visto como derramou todo o Céu nesse único e rico dom, não reterá do homem nenhum auxílio necessário para que possa tomar a taça da salvação e tornar-se herdeiro de Deus e co-herdeiro de Cristo.

Cristo veio para manifestar o amor de Deus ao mundo, para atrair a Si o coração de todos os homens. Disse Ele: ‘Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim’. O primeiro passo rumo da salvação é corresponder à atração do amor de Cristo. Deus envia aos homens mensagem após mensagem, instando com eles para que se arrependam, a fim de que os possa perdoar, escrevendo ‘perdão’ junto de seus nomes. Não haverá arrependimento? Ficarão sem ser atendidos os Seus apelos? Deverão ser passadas por alto as Suas propostas de misericórdia, inteiramente rejeitado o Seu amor? Oh! neste caso o homem se excluirá do meio pelo qual pode ele alcançar a vida eterna, pois Deus só perdoa ao penitente! Pela manifestação do Seu amor, pela súplica de Seu Espírito, Ele convida o homem ao arrependimento; pois o arrependimento é dom de Deus, e aquele a quem Ele perdoa, primeiro faz penitente. A mais doce alegria sobrevém ao homem mediante seu sincero arrependimento para com Deus, pela transgressão de Sua Lei, e mediante a fé em Cristo como Redentor e Advogado do pecador. É para que os homens compreendam a alegria do perdão e da paz de Deus, que Cristo os atrai mediante a manifestação de Seu amor. Se correspondem à Sua atração, rendendo o coração a Sua graça, Ele os guiará passo a passo, a um pleno conhecimento dEle, e isto é vida eterna” (Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 321 a 324).

3) A graça de Deus é acessível

Em Tito 2:11 diz “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” – A graça de Deus está ao seu alcance. A única coisa que você precisa fazer é abrir mão da tentativa de tentar ser perfeito, ser justo do seu jeito, de impressionar Deus com suas boas obras e se lançar a seus pés reconhecendo que é pecador e que precisa desesperadamente da graça de Jesus. Brennan Manning em seu Best Seller “O evangelho maltrapilho” nos apresenta de uma forma marcante a verdade de que “se não nos conscientizarmos de nossa miséria, de nossa carência, de nossas vestes farroupilhas e nossa inutilidade jamais entenderemos a graça de Deus”.
Em Mateus 5:3 Jesus afirma: “Bem-aventurado são os pobres de Espírito porque deles é o reino dos céus” – Os pobres de Espírito são os que tem a consciência plena e absoluta de sua nulidade e miséria diante de Deus.

Tudo que você precisa é se aproximar dele com seus pecados, suas culpas, suas carências, sua falta, seu fracasso, seus fardos. Ele te convida “venha você que está cansado, machucado pela vida, sem perspectiva, sem destino, sem projetos, enfim venha como está.

Quão maravilhoso é saber que Deus é misericordioso e amoroso que não imputa a nós as nossas transgressões. O penetrante olhar de DEUS nos vê não só como nós somos, mas como por SUA GRAÇA nos podemos tornar ou ser. Em Davi, mentiroso e adúltero, Ele viu um coração justo, um coração que se arrepende. Em Maria Madalena, a prostituta, a quem o mundo não tinha senão desprezo e zombaria, Ele via uma mulher que se tornaria uma vencedora. Em Mateus, o desprezado coletor de impostos via um homem honesto. Em Pedro, o impulsivo, de língua incisiva, via um homem dominado e pregador convincente. Em Saulo, o zeloso perseguidor, via o mais poderoso evangelista do mundo. Em Tiago, filho do trovão, via um administrador e líder da Igreja. Em João, seu irmão na violência e no espírito, via aquele manso e suave discípulo que se fez muito amado.

O apóstolo Paulo afirmou: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisa antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Cor. 5:17). Quando cristo toma prisioneiro o coração humano, há em nós uma manifestação da nova vida. A graça de Deus (que é o poder para salvar do pecado (Tito 3:7), fez por nós o que nenhum outro elemento pode fazer.

John Newton nasceu em Londres, em 24 de julho de 1725. Era filho de um capitão de navio que trabalhava no mar mediterrâneo. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas onze anos de idade. Sua infância, no entanto, foi marcada pela imoralidade, leviandade e pecado. Foi rejeitado pelo próprio pai devido a problemas com seus empregados. Newton foi, então, preso e deportado (algumas bibliografias citam que foi de Egito). Por alguns anos, ele serviu em navios de escravos, onde foi humilhado pela mulher de um mercador de escravos, passando a ser “escravo dos escravos”.                                                                                                                                 

Nos anos vindouros, na sua rebeldia, foi de mal a pior, descendo cada vez mais na degradação. Mais tarde achou-se tripulante num “navio negreiro”, onde se juntou ao tratamento cruel dos infelizes escravos. Foi traído e deixado preso numa ilha, onde os seus maus tratos não o mataram pela bondade de escravos ao seu redor. Seu pai, chegando a saber da condição do seu filho por uma carta, secretamente enviada, conseguiu sua libertação.

Voltando para Inglaterra no navio Greyhound, na província de Deus, Newton havia achado e, no seu tédio e em estado miserável, lido o livro A Imitação de Cristo, de Thomas A Kempis. Por volta de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Ele saía da Inglaterra e ancorava na costa africana. Lá os chefes tribais entregavam aos europeus as “cargas” compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. John Newton compravam-nos em troca de armas, munições, licor e tecidos. Ele transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII.

Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma tempestade que Newton ofereceu sua vida a Cristo, pensando que ia morrer. Seu lado foi desmoronado e muitos tripulantes foram levados ao mar, sem mastro; todas as provisões perdidas, o navio, por 27 dias, flutuou a esmo. Todos a bordo, famintos e congelados, viveram entre a vida e a morte. Newton cria que sua morte estava eminente! Foi ali que ele viu a sua condição de pecador. Pela graça de Deus, o navio não afundou. “Voltou dramaticamente a Deus, repudiou sua vida de depravação, e chorou lágrimas de arrependimento.” Quando, milagrosamente, o Greyhound chegou em terra perto de Londonderry ao norte da Irlanda, no dia 8 de abril, o primeiro ato de Newton foi procurar uma igreja e lá orar. Após ter sobrevivido começou a estudar para ser pastor. Com a idade de trinta e nove anos, John Newton veio a ser um fiel ministro de Deus. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres.

Foi pastor numa igreja em Olney quase quinze anos e nesse período escreveu inúmeros hinos. Dentre os muitos hinos que escreveu está “Graça Excelsa” (outra tradução chama de “Maravilhosa Graça”) que parece ser um testemunho da sua conversão e da sua vida cristã. Newton escreveu-o em 1779 e o incluiu na sua inovadora coletânea Olney Hymns (Hinos de Olney).

A graça de Deus tem sido definida como o Seu favor imerecido. Foi esta graça que alcançou John Newton. Ele ficou maravilhado quando aprendeu que Cristo amou-o e morreu em seu lugar. Foi esta graça que o fez consciente de que era um pecador, “que a mim, perdido e cego, achou...” e que assegurou-o de que seus pecados todos foram perdoados. E assim é com todos nós. Somos grandes pecadores não só pelas transgressões feitas, mas também porque não cumprimos os padrões de Deus em nossas vidas. E esta Maravilhosa Graça, nos supre de tudo. Como crentes em Cristo continuamos a experimentar cada dia este favor imerecido através de nossas vidas. Cada dia Ele nos perdoa as falhas se nós Lhe confessamos. Cada dia Ele supre as nossas necessidades.

Teve uma vida feliz e produtiva até o dia que faleceu em 21 de dezembro de 1807. Foi enterrado no pátio da igreja na qual serviu por 27 anos, no coração de Londres. A pedra do seu tumulo declara, com palavras que ele mesmo escreveu antes de morrer, como um testemunho verdadeiro de um homem que, depois de transformado pelo evangelho, tornou-se um dos grandes baluartes da verdade:

 “John Newton, clérigo, antes um infiel e libertino, servo de traficantes de escravos na África, foi pela graça e riqueza de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e comissionado para pregar a fé que ele tinha lutado para destruir”.

Através de toda a sua vida John Newton ficava sempre maravilhado com a graça maravilhosa de Deus em sua vida.

Conclusão:

É a graça de Deus que diz que Ele me ama e ponto final. Não existem vírgulas e nem nenhum “mas”. Eu não fiz nada para ele me amar, nem posso fazer nada para ele me deixar de amar. A graça diz todos os dias pra mim que ele me ama não pelo que sou, nem pelo que um dia serei, mas apesar de quem eu sou. Se estou fraco, se estou de pé, se estou caído ele não deixa de me amar. Martinho Lutero disse “O amor de Deus não se destina a amar o que vale a pena ser amado, antes o seu amor gera tudo que é amável”

Embora todos possamos falhar de vez em quando, existe esperança para qualquer pessoa que entristeça verdadeiramente por seus pecados. Deus espera obediência, mas prometeu perdão àqueles que se arrependem.

A Bíblia afirma: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. I Jo 1:9.

Davi reclamou essa promessa divina quando orou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” Sl 51:10. Similarmente, quando desejamos um coração puro e um espírito inabalável estamos habilitados a receber a graça de Deus e cantar o cântico de vitória: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Cor. 15:57).

“Nós mesmos devemos tudo à livre graça de Deus. A graça do concerto é que prescreveu nossa adoção. A graça do Salvador efetua nossa redenção, regeneração e exaltação a co-herdeiros de Cristo” (EGW, Parábolas de Jesus, p. 250).

Caro amigo leitor, você gostaria de receber a redenção e a regeneração efetuada pela graça?






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