Ricardo
André
Introdução
"Depois disso Jesus ia
passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus.
Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de
espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído
sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana
e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lucas
8:1-3, NVI).
A palavra “evangelho”,
euaggelion em grego, significa simplesmente “boas novas” ou “boa notícia”. O
evangelho, portanto, é as boas notícias acerca da salvação oferecida por Jesus
Cristo a todo pecador (Jo 3:16). Talvez a definição mais clara e objetiva sobre
o que é o Evangelho, foi registrada pelo Apóstolo Paulo, escrevendo sua Carta
aos Romanos, ao dizer que o Evangelho “é o poder de Deus para salvar” (Rm 1:16).
Em outras palavras, o
que Paulo está dizendo é que o Evangelho é o próprio evento de Cristo, ou seja,
o Cristo crucificado, Sua obra completa na cruz. Sobre isso, o mesmo Paulo dá
mais detalhes, dessa vez escrevendo aos Coríntios. Paulo fala que é pelo
Evangelho que somos salvos, pois o Evangelho é a mensagem de que “Cristo
morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15:1-6).
No Evangelho de Marcos
(1:15), temos outra definição interessante acerca do que é o Evangelho. Marcos
escreve que Jesus foi para a Galiléia, anunciando as boas novas de Deus. Seu
anúncio consistia em dizer que “o tempo é chegado, e o Reino de Deus está
próximo”, acompanhado da exortação acerca do arrependimento: “Arrependam-se e
creiam nas boas novas!”.
Temos hoje por aí
multiplicando-se os evangelhos: O Evangelho segundo Jesus, de José Saramago, o
Evangelho segundo o Espiritismo, de Kardec.
A igreja primitiva
mesmo viu aparecerem vários "evangelhos" e outros escritos, supostamente
sobre a vida de Jesus, e comumente chamados de apócrifos (escritos
não incluídos no cânon da Bíblia Sagrada), a exemplo dos “Evangelho de Tomé”, o
“Evangelho de Filipe” e o “Evangelho da Verdade”, que fazem parte da
“Biblioteca de Nag Hammadi”, apresentam várias ideias místicas do gnosticismo
como se fossem ideias de Jesus. O recém-encontrado “Evangelho de Judas” também
é alistado entre os evangelhos gnósticos. Ele retrata Judas numa luz positiva
como o único apóstolo que de fato entendia quem era Jesus. Certo especialista
nesse evangelho mencionou que ele descreve Jesus como “instrutor e revelador de
sabedoria e conhecimento, não como salvador que morreu pelos pecados do mundo”.
Por outro lado, os Evangelhos inspirados ensinam que Jesus realmente morreu
como sacrifício pelos pecados do mundo. (Mateus 20:28; 26:28; 1 João 2:1, 2)
Fica claro que os evangelhos gnósticos visam enfraquecer, não fortalecer, a fé
na Bíblia (Atos 20:30).
O “Evangelho da
Infância Segundo Tomé” se concentra na infância de Jesus — quando ele tinha
entre 5 e 12 anos — e lhe atribui vários milagres fantasiosos. (Veja João
2:11.) Jesus é apresentado como uma criança travessa, irritadiça e vingativa,
que usava seus poderes milagrosos para se vingar de instrutores, de vizinhos e
de outras crianças, chegando a deixá-los cegos ou aleijados e até a matá-los.
Alguns evangelhos
apócrifos, como o “Evangelho de Pedro”, falam de acontecimentos relacionados ao
julgamento, morte e ressurreição de Jesus. Outros, como “Atos de Pilatos”, uma
parte do “Evangelho de Nicodemos”, se centralizam em pessoas ligadas a esses acontecimentos.
A invenção de fatos e até mesmo de pessoas tira totalmente o crédito desses
textos. O “Evangelho de Pedro” procura inocentar Pôncio Pilatos e descreve a
ressurreição de Jesus de forma fantasiosa.
Os pais da igreja
primitiva tiveram de separar dentre esses, os que reconhecidamente tinham
inspiração divina. Os critérios para isso foram: a vida e ensinos do escritor e
a harmonia doutrinária. Se o escritor tinha sido um apóstolo, por exemplo, era
grande a possibilidade de ser o escrito inspirado. A moralidade, vida doméstica
e testemunho do autor também eram considerados. No outro critério, o livro não
deveria ter doutrinas que entrassem em conflito com outros livros já
reconhecidamente canônicos, tanto do Velho quanto do Novo Testamento.
Este deveria ser também
o nosso direcionamento ao chegar às nossas mãos os novos "evangelhos"
de hoje.
Paulo mesmo advertiu os
crentes de sua época a não darem ouvidos a outros evangelhos (Gál. 1:6,7), que
estivessem em desarmonia com o evangelho real, apresentado pela história de
Jesus e registrados pelos quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João.
Cada um deste
evangelhos destaca um aspecto diferente da obra de nosso Salvador Jesus.
Quem
era Maria Madalena?
Existe uma história
contada nos evangelhos que por si só é uma representação prática e clara do
amor de Jesus e do Seu poder de salvação, assim como da nossa profunda
dependência dEle.
A força da
transformação que o Seu amor produziu na vida de uma mulher e como ela
conseguiu vitória podem ser ainda as chaves que transformem a nossa vida ainda
hoje. Tanto que para mais ninguém Jesus prometeu que sua história seria
eternamente lembrada. É a história de Maria Madalena – o Evangelho segundo
Maria.
Maria era conhecida
como Madalena, porque nasceu numa cidade chamada Magdala, na região pesqueira
da Galileia, próximo da cidade onde Jesus viveu boa parte de sua vida.
Maria morava com seus
irmãos, Lázaro e Marta, no pequeno vilarejo de Betânia (O Desejado de Todas as
Nações, p. 558, 559). Seus pais já eram mortos e Lázaro certamente sustentava a
família. Isto certamente tornava os laços de afeto entre eles mais próximos.
Maria era mais
extrovertida, sociável e alegre que Marta e as pessoas gostavam de ficar perto
dela porque ela os fazia sentirem-se bem e não podemos duvidar que Maria, mesmo
sendo humilde, era presença constante nas reuniões sociais do vilarejo.
Um dia, porém, um dos
líderes religiosos de Betânia começou a olhar de modo diferente para Maria. Não
dando importância ao fato de que era casado e sabendo que um possível
relacionamento entre os dois sempre seria às escondidas e reprovável, Simão
aproximou-se dela e começou a cativá-la. Sendo romântica e um pouco carente,
Maria não percebeu as consequências do caminho que estava percorrendo, não
escutou as advertências de seus irmãos e quando se deu conta já estava presa
por suas paixões. Maria era uma pessoa boa, queria aproveitar o que a vida
oferecia de melhor, mas não percebeu que abrindo mão de seus conceitos morais
iria se ver em uma armadilha, com risco iminente de ser apedrejada por
adultério.
Segundo Ellen G. White,
“Simão induzira ao pecado a mulher que ora desprezava. Fora por ele
profundamente prejudicada” (O Desejado de Todas as Nações, p. 566). Sendo
desprezada por Simão, que não queria sofrer as consequências daquilo que ele
mesmo planejara e iniciara, começando a ser mal vista pelos seus vizinhos e por
aqueles que antigamente a valorizavam tanto, longe dos seus antigos amigos que
se afastaram, não lhe restou outra alternativa a não ser a dolorosa separação
de sua família e procurar um outro lugar para viver.
Triste pelo que lhe
tinha acontecido, mas não ainda arrependida, saiu de Betânia e, andando, chegou
à cidadezinha de Magdala. Lá, sendo difícil conseguir uma profissão que lhe
desse sustento, decidiu-se pela difícil "vida fácil", e a sua moral,
sua autoestima e o que restava de sua vida espiritual acabaram por praticamente
desaparecer. Era desprezada pela sociedade formal de Magdala e suas únicas
companhias eram homens que lhe faziam promessas interesseiras e que ela sabia
que nunca cumpririam e as outras prostitutas.
Ela era uma mulher
triste, sofredora, usada por homens e possuída de sete demônios que lhe
perturbavam, dia e noite sem cessar.
Maria, não tinha paz no coração; sua vida era um tormento: depressiva,
angustiada, solitária, sem valor.
Existem muitos homens e
mulheres que estão em situação idêntica a de Maria Madalena, sem paz e sem
alegrias, sem esperanças…
Talvez a tua situação
se pareça com a de Madalena: medo, angústia, tristeza, opressão, sem alegrias,
sem paz, sem esperanças…
Com saudade da paz em
que vivia com seus irmãos, Maria não via saída para sua situação, sentindo-se
cada vez mais indigna, afastada de suas origens, envolvida provavelmente em
cultos pagãos e outras atividades obscuras.
Encontro
de Maria Madalena com Jesus
Um dia ouviu falar que
estava passando por ali um pregador que curava doentes e que falava diferente,
aceitava a todos e trazia a todos uma mensagem de esperança e conforto. E
Maria, em sua busca por algo melhor, O foi ver.
Eu O imagino, em certo
momento, olhando diretamente para os olhos de Maria e dizendo: "Vinde a mim,
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu os aliviarei" (Mat.
11:28).
Maria deve Ter pensado:
será que esse "todos" envolve até a mim?
Se naquela época as
mulheres estavam na escala social abaixo até das crianças, imagine-se as
prostitutas...
E ela deve ter pensado,
traída pela sua baixíssima autoestima: "não, isso não é para mim, quando
eu chegar perto dEle, Ele irá me rejeitar e passarei maior vergonha
ainda..."
E Jesus continuou:
"O que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37). Ele
sempre vai à busca do necessitado, como Pastor que procura a ovelha ferida.
Que momentos agradáveis
foram aqueles passados na companhia de Jesus! Maria se sentiu aceita, completa
e lhe parecia naquele momento que nada mais nublaria a sua felicidade.
Maria que antes vivia
desculpando os seus atos, para os outros e para sua consciência, argumentando
que os líderes religiosos eram também falsos e que ninguém podia acusá-la, pôde
ver, na companhia de Jesus, como sua bondade anterior era insuficiente para dar
a ela paz de espírito e verdadeira harmonia com Deus.
A conversão de Maria
foi total, sincera e incondicional.
Diz Ellen G. White: “Quando,
aos olhos humanos, seu caso parecia desesperado, Cristo viu em Maria aptidões
para o bem. Viu os melhores traços de seu caráter. O plano da redenção dotou a
humanidade de grandes possibilidades, e em Maria se deviam as mesmas realizar.
Mediante Sua graça, tornou-se participante da natureza divina. Aquela que caíra
e cuja mente fora habitação de demônios, chegara bem perto do Salvador em
associação e serviço. ...” (O Desejado de Todas as Nações, p. 568).
Gostaria de dizer que a
vida de Maria foi outra a partir deste momento, porém, não significa que ela
nunca mais caiu. Ela voltou a pecar outras vezes. A aqui a nossa história se
identifica com a dela. A conversão, tanto para nós quanto para Maria, não nos
garante um caminho sem tentações e quedas. O que acontece neste momento é a
nossa mudança de atitude com relação a Deus. Passamos a vê-Lo como aliado, coparticipante
em nossas lutas e não como inimigo acusador que quer tirar a nossa liberdade e
o prazer de viver.
Jesus teve que partir
de Magdala e com ele o apoio que Maria tinha para manter suas decisões. Passada
aquela intensa "talvez semana de oração", ela se enfrentou novamente
com sua realidade anterior. Os mesmos problemas, os mesmos olhares no mercado,
as mesmas cobranças. Voltaram as velhas dúvidas, as velhas companhias, as velhas
dívidas, pressões e desprezo explícito ou não de alguns.
Então Maria optou por
voltar ao caminho mais "fácil", com certeza usando o álcool para
abafar sua consciência. Sem a presença física de Jesus ela tinha dificuldades
de fazer o que sabia ser correto e nem sentia vontade de fazê-lo, mas mantinha
em seu íntimo a atitude da conversão, do profundo desejo de estar em harmonia
com Deus e a reconhecer a Sua voz e o Seu caminho entre tantas vozes e
caminhos.
Para sua sorte, por
misericórdia de Deus, Jesus passou outra vez pela cidade e Maria, sentindo que
ali estava o maior tesouro que tinha achado em sua vida, expôs, envergonhada,
suas dificuldades e Ele a aceitou e voltou a socorrê-la.
Foi nessa atitude de
inesperada aceitação por parte de Jesus, que ela se sentiu realmente amada, com
sentimento de real valor, que sua aceitação por parte de Deus não dependia do
que ela fosse ou fizesse, era também incondicional e irrestrita.
Nós somos muito
reticentes em dar uma Segunda chance às pessoas, mas a Bíblia diz que Jesus expulsou
sete demônios dessa mulher (Luc. 8:2; Mc. 16:9). E sempre a aceitou, como da
primeira vez, como se ela nunca tivesse pecado.
Essa aceitação
incondicional nos é muito difícil de compreender. Tanto que muitos de nós
carregamos o peso de alguma culpa por boa parte da vida e não perdoamos algumas
culpas cometidas por outros.
Maria finalmente
descobriu o que é ser realmente ser justificado pela fé: é sentir-se aos pés de
Jesus mesmo quando não Ele não estava presente (Lucas 10:38-42).
Pela oração e pelo
conhecimento da vontade e caráter de Jesus na Bíblia, nós também podemos
aprender, como Maria a nos assentarmos aos pés de Jesus, sermos aceitos,
confortados e orientados por Ele.
Maria aprendeu o
segredo da contemplação, pela fé: "Pela contemplação, sois
transformados". Quanto mais contemplamos o pecado, as tentações, mais
pecadores nos tornamos. Mesmo que seja o pecado que está em nós e estamos
combatendo pelas nossos esforços e virtudes.
Quando combatemos os
nossos pecados, os fortalecemos. Podemos ganhar alguns rounds, mas não a luta. Quando
contemplamos a Jesus, o desejo de fazer o errado se enfraquece e desfaz, nasce
em nós a virtude, o amor e a aceitação, interior e exterior.
Um aspecto
importantíssimo da experiência de Maria, que também é a nossa, é a de que mesmo
quando caía em seus erros e defeitos anteriores, a sua conversão se mantinha e
Deus continuava a aceitá-la, quando ela O buscava.
Amigo, você credita
nisto? Porque então somos tão rígidos em
nos classificar como perdidos a nós e aos outros quando caímos no caminho de
crescimento espiritual?
Certamente este
crescimento e amadurecimento espiritual de Maria a habilitaram a enfrentar além
das tentações, as críticas dos que não a achavam digna de ser aceita pela
sociedade. Pessoas que, apesar de externa e aparentemente justas e boas,
estavam internamente em condição mais desesperadora que ela, por não tinham
conhecido realmente o verdadeiro renascimento espiritual. E nós, em qual das
condições estamos?
A Bíblia ainda fala de
outras coisas maravilhosas sobre Maria:
1) “Depois de
acompanhar Jesus na segunda viagem à Galileia, ela teria retornado transformada
a Betânia, e feito dali seu lar novamente” (Comentário Bíblico Adventista, v.
5, p. 842). Ela voltou a viver com sua família e recebeu Jesus em sua casa
(Luc. 18:38-42);
2) Teve seu irmão
trazido de novo à vida, como símbolo dos que Jesus traria à vida na Sua Segunda
Vinda (Jo. 11);
3) Conduzida pelo
Espírito Santo, no banquete na casa de Simão (o mesmo Simão...), honrou, ungiu
e perfumou a Jesus antes de Sua morte, ação que certamente O confortou nas
últimas horas de Sua vida (Lc. 7:37-50, Jo. 12:1-8) e principalmente,
4) É a primeira pessoa a
vê Jesus ressuscitado (Mc. 16:9, Mt. 28:1-9). Maria torna-se anunciadora das
boas novas (foi contar aos seus irmãos que Jesus ressuscitou). “Eu vi o
Senhor!” Essa foi a grande proclamação de Maria Madalena. E é maravilhoso ver
quem ela é, sabendo quem ela era. Deus honra a fé e o amor de Madalena; Segundo
Ellen D. White, ela “foi a última a deixar o sepulcro do Salvador, e a primeira
a ser por Ele saudada na manhã da ressurreição” (O Maior Discurso de Cristo, p.
129). Ele sempre honrará aqueles que o buscam com perseverança; estes, certamente,
verão o Cristo Glorificado (João 20:11-18).
É importante frisarmos
que todas estas boas coisas não foram fruto da vontade de Maria que elas
acontecessem, mas de ter ela aprendido a assentar-se aos pés de Jesus,
diariamente, em oração e em leitura da Bíblia.
Conclusão
Para vermos o Nosso
Salvador ressuscitado, precisamos aprender a nos humilhar, pela fé, a Ele e
deixar que Ele complete a Sua boa obra em nós.
Assim, estaremos
construindo mais um evangelho: o Evangelho segundo eu, o Evangelho segundo
você. Este provavelmente será o único evangelho que muitas pessoas conhecerão
antes de conhecerem pessoalmente a Jesus. Um evangelho em harmonia com a
vontade, desejo e amor de Jesus Cristo.
Como está a escrita
deste evangelho? Em que estágio ele está? Maria sou eu, Maria é você! Todos
carecemos tão desesperadamente da graça de Deus como Maria. Precisamos
desconfiar de nós mesmos e aprender a confiar em Jesus.
Oremos para que Deus
nos dê uma visão real de nossa verdadeira condição, por um lado, e de seu amor
e aceitação incondicional, por outro.
Que sejamos
confortados, pela vida de Maria, a não desanimarmos quando não conseguirmos
alcançar o ideal que propusemos, e que quando isto acontecer e dissermos:
"Miserável homem que sou!" (Romanos 7:24), possamos olhar para Jesus
Cristo e Seu amor. Que pela Seu conhecimento e contemplação, possamos sair
destes maus momentos com a certeza em nosso coração:
"Se Deus é por
nós, quem será contra nós?" (Rom. 8:31) e "...somos mais que
vencedores, por meio daquEle que nos amou" (Rom. 8:37), e que nada
"...poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor".
Amélia Matilda Hull
nasceu no dia 30 de Setembro de 1812 e era a mais nova dos onze filhos de
William Thomas e Harriot Hull, de Marpool Hall, Inglaterra. Seu pai era um
capitão militar aposentado. Pouca coisa se sabe da vida particular de Amélia, a
não ser a história da sua conversão.
Consta que Amélia ouviu
o Evangelho pela primeira vez quando tinha vinte anos de idade. Um evangelista
visitante armou a sua tenda próximo da casa de sua família e toda a vizinhança
foi convidada a ouvir o Evangelho.
Uma noite Amélia
aventurou-se a ir. Esgueirou-se na parte de trás da tenda e ouviu com bastante
atenção o Evangelho de Jesus Cristo. Seu coração ficou sobremodo abalado.
Quando voltou para casa contou ao seu pai onde havia estado e ele ficou
furioso. Disse-lhe que ela não devia associar-se com aqueles
"crentes" e que aquelas reuniões não eram dignas de alguém de posição
elevada como ela. Ao mesmo tempo, proibiu-a de voltar a assistir àquelas
reuniões.
Contudo, o coração de Amélia
já havia recebido as gotas da água viva e ela estava sedenta por ouvir mais.
Sentiu que devia voltar apesar da proibição imposta por seu pai e foi assistir
à reunião seguinte. A mensagem foi baseada em João 3:14-15, onde o Senhor
menciona o levantamento da serpente de metal no deserto e a cura que recebiam
as pessoas que, mordidas pelas serpentes verdadeiras, levantassem o olhar para
a serpente de metal. Naquela mesma noite Amélia olhou, pela fé, para o Cristo
do Calvário e foi salva por toda a eternidade.
Quando regressou ao lar
deparou com a fúria de seu pai. Este, com muita ira, levou-a até à biblioteca,
onde repreendeu-a severamente pelo que fizera e ordenou-lhe que ali
comparecesse novamente às 9 horas do dia seguinte a fim de apanhar de chicote. Amélia,
muito perturbada retirou-se para seu quarto sentindo-se muito triste por ter
causado dissabor a seu pai, mas ao mesmo tempo gozava profunda alegria pela
salvação de Deus que inundara a sua alma.
Pela manhã, pensando
nos acontecimentos do dia anterior tudo quanto se passara naquela reunião e,
sobretudo, a grandiosa mensagem que ouvira e que lhe trouxera paz, sentou-se e
foi deixando extravasar sobre um pedaço de papel os sentimentos do seu coração.
Assim que o relógio bateu 9 horas dirigiu-se à biblioteca levando consigo o
referido pedaço de papel. Lá estava seu pai e, sobre a mesa, o chicote. Ela
entrou, entregou ao pai o papel e ficou esperando. O capitão W. T. Hull ficou
de pé e, enquanto lia a composição de Amélia, algo extraordinário aconteceu. Uma
notável mudança. O pai de Amélia sentou-se e enfiou o rosto entre as mãos.
Através da leitura daqueles versos Deus falou ao coração daquele homem
fazendo-o sentir-se totalmente arrasado. Desapareceu de sua mente qualquer
pensamento de bater em sua filha. Pelo contrário, naquela manhã, ali na
biblioteca, o capitão Hull foi ao encontro do Salvador de Amélia.
Daquele dia em diante
foi efetuada uma grande transformação, não só na vida do capitão Hull, como
também na vida de Marpool Hall.
Deus deu a Amélia Matilda
a graça de compor o inspirado e amável hino “Vida em Olhar”, Nº 207 do HASD. Os versos inspirados
pelo Espírito Santo deste hino constituem um dos convites à salvação mais
comoventes, que roga: "Vê, vê, viverás! Vida tens em olhar a Jesus,
Salvador, Ele diz: Vida em Mim acharás". Ele foi publicado em 1860. A
eternidade vai revelar quantas pessoas aceitaram o convite de Jesus ao som
deste hino. Entre 1850 e a sua morte em 1884, Amélia também contribuiu com
hinos para seis outras coletâneas na Inglaterra. (https://musicaeadoracao.com.br/35612/historias-de-hinos-do-hinario-adventista-207/).
Caro amigo leitor, Jesus
também quer libertar a tua vida de todas as opressões e de todo o mal, faça que
nem Maria Madalena e Amélia Matilda Hull venha até Jesus e receba dele a
Salvação e a libertação de tua alma.
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