Teologia

segunda-feira, 9 de julho de 2018

O 5º EVANGELHO – O EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA



Ricardo André

Introdução

"Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lucas 8:1-3, NVI).

A palavra “evangelho”, euaggelion em grego, significa simplesmente “boas novas” ou “boa notícia”. O evangelho, portanto, é as boas notícias acerca da salvação oferecida por Jesus Cristo a todo pecador (Jo 3:16). Talvez a definição mais clara e objetiva sobre o que é o Evangelho, foi registrada pelo Apóstolo Paulo, escrevendo sua Carta aos Romanos, ao dizer que o Evangelho “é o poder de Deus para salvar” (Rm 1:16).

Em outras palavras, o que Paulo está dizendo é que o Evangelho é o próprio evento de Cristo, ou seja, o Cristo crucificado, Sua obra completa na cruz. Sobre isso, o mesmo Paulo dá mais detalhes, dessa vez escrevendo aos Coríntios. Paulo fala que é pelo Evangelho que somos salvos, pois o Evangelho é a mensagem de que “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15:1-6).

No Evangelho de Marcos (1:15), temos outra definição interessante acerca do que é o Evangelho. Marcos escreve que Jesus foi para a Galiléia, anunciando as boas novas de Deus. Seu anúncio consistia em dizer que “o tempo é chegado, e o Reino de Deus está próximo”, acompanhado da exortação acerca do arrependimento: “Arrependam-se e creiam nas boas novas!”.

Temos hoje por aí multiplicando-se os evangelhos: O Evangelho segundo Jesus, de José Saramago, o Evangelho segundo o Espiritismo, de Kardec.

A igreja primitiva mesmo viu aparecerem vários "evangelhos" e outros escritos, supostamente sobre a vida de Jesus, e comumente chamados de apócrifos (escritos não incluídos no cânon da Bíblia Sagrada), a exemplo dos “Evangelho de Tomé”, o “Evangelho de Filipe” e o “Evangelho da Verdade”, que fazem parte da “Biblioteca de Nag Hammadi”, apresentam várias ideias místicas do gnosticismo como se fossem ideias de Jesus. O recém-encontrado “Evangelho de Judas” também é alistado entre os evangelhos gnósticos. Ele retrata Judas numa luz positiva como o único apóstolo que de fato entendia quem era Jesus. Certo especialista nesse evangelho mencionou que ele descreve Jesus como “instrutor e revelador de sabedoria e conhecimento, não como salvador que morreu pelos pecados do mundo”. Por outro lado, os Evangelhos inspirados ensinam que Jesus realmente morreu como sacrifício pelos pecados do mundo. (Mateus 20:28; 26:28; 1 João 2:1, 2) Fica claro que os evangelhos gnósticos visam enfraquecer, não fortalecer, a fé na Bíblia (Atos 20:30).

O “Evangelho da Infância Segundo Tomé” se concentra na infância de Jesus — quando ele tinha entre 5 e 12 anos — e lhe atribui vários milagres fantasiosos. (Veja João 2:11.) Jesus é apresentado como uma criança travessa, irritadiça e vingativa, que usava seus poderes milagrosos para se vingar de instrutores, de vizinhos e de outras crianças, chegando a deixá-los cegos ou aleijados e até a matá-los.

Alguns evangelhos apócrifos, como o “Evangelho de Pedro”, falam de acontecimentos relacionados ao julgamento, morte e ressurreição de Jesus. Outros, como “Atos de Pilatos”, uma parte do “Evangelho de Nicodemos”, se centralizam em pessoas ligadas a esses acontecimentos. A invenção de fatos e até mesmo de pessoas tira totalmente o crédito desses textos. O “Evangelho de Pedro” procura inocentar Pôncio Pilatos e descreve a ressurreição de Jesus de forma fantasiosa.

Os pais da igreja primitiva tiveram de separar dentre esses, os que reconhecidamente tinham inspiração divina. Os critérios para isso foram: a vida e ensinos do escritor e a harmonia doutrinária. Se o escritor tinha sido um apóstolo, por exemplo, era grande a possibilidade de ser o escrito inspirado. A moralidade, vida doméstica e testemunho do autor também eram considerados. No outro critério, o livro não deveria ter doutrinas que entrassem em conflito com outros livros já reconhecidamente canônicos, tanto do Velho quanto do Novo Testamento.

Este deveria ser também o nosso direcionamento ao chegar às nossas mãos os novos "evangelhos" de hoje.

Paulo mesmo advertiu os crentes de sua época a não darem ouvidos a outros evangelhos (Gál. 1:6,7), que estivessem em desarmonia com o evangelho real, apresentado pela história de Jesus e registrados pelos quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João.
Cada um deste evangelhos destaca um aspecto diferente da obra de nosso Salvador Jesus.

Quem era Maria Madalena?

Existe uma história contada nos evangelhos que por si só é uma representação prática e clara do amor de Jesus e do Seu poder de salvação, assim como da nossa profunda dependência dEle.

A força da transformação que o Seu amor produziu na vida de uma mulher e como ela conseguiu vitória podem ser ainda as chaves que transformem a nossa vida ainda hoje. Tanto que para mais ninguém Jesus prometeu que sua história seria eternamente lembrada. É a história de Maria Madalena – o Evangelho segundo Maria.

Maria era conhecida como Madalena, porque nasceu numa cidade chamada Magdala, na região pesqueira da Galileia, próximo da cidade onde Jesus viveu boa parte de sua vida.

Maria morava com seus irmãos, Lázaro e Marta, no pequeno vilarejo de Betânia (O Desejado de Todas as Nações, p. 558, 559). Seus pais já eram mortos e Lázaro certamente sustentava a família. Isto certamente tornava os laços de afeto entre eles mais próximos.

Maria era mais extrovertida, sociável e alegre que Marta e as pessoas gostavam de ficar perto dela porque ela os fazia sentirem-se bem e não podemos duvidar que Maria, mesmo sendo humilde, era presença constante nas reuniões sociais do vilarejo.

Um dia, porém, um dos líderes religiosos de Betânia começou a olhar de modo diferente para Maria. Não dando importância ao fato de que era casado e sabendo que um possível relacionamento entre os dois sempre seria às escondidas e reprovável, Simão aproximou-se dela e começou a cativá-la. Sendo romântica e um pouco carente, Maria não percebeu as consequências do caminho que estava percorrendo, não escutou as advertências de seus irmãos e quando se deu conta já estava presa por suas paixões. Maria era uma pessoa boa, queria aproveitar o que a vida oferecia de melhor, mas não percebeu que abrindo mão de seus conceitos morais iria se ver em uma armadilha, com risco iminente de ser apedrejada por adultério.

Segundo Ellen G. White, “Simão induzira ao pecado a mulher que ora desprezava. Fora por ele profundamente prejudicada” (O Desejado de Todas as Nações, p. 566). Sendo desprezada por Simão, que não queria sofrer as consequências daquilo que ele mesmo planejara e iniciara, começando a ser mal vista pelos seus vizinhos e por aqueles que antigamente a valorizavam tanto, longe dos seus antigos amigos que se afastaram, não lhe restou outra alternativa a não ser a dolorosa separação de sua família e procurar um outro lugar para viver.

Triste pelo que lhe tinha acontecido, mas não ainda arrependida, saiu de Betânia e, andando, chegou à cidadezinha de Magdala. Lá, sendo difícil conseguir uma profissão que lhe desse sustento, decidiu-se pela difícil "vida fácil", e a sua moral, sua autoestima e o que restava de sua vida espiritual acabaram por praticamente desaparecer. Era desprezada pela sociedade formal de Magdala e suas únicas companhias eram homens que lhe faziam promessas interesseiras e que ela sabia que nunca cumpririam e as outras prostitutas.

Ela era uma mulher triste, sofredora, usada por homens e possuída de sete demônios que lhe perturbavam, dia e noite sem cessar.   Maria, não tinha paz no coração; sua vida era um tormento: depressiva, angustiada, solitária, sem valor.

Existem muitos homens e mulheres que estão em situação idêntica a de Maria Madalena, sem paz e sem alegrias, sem esperanças…

Talvez a tua situação se pareça com a de Madalena: medo, angústia, tristeza, opressão, sem alegrias, sem paz, sem esperanças…

Com saudade da paz em que vivia com seus irmãos, Maria não via saída para sua situação, sentindo-se cada vez mais indigna, afastada de suas origens, envolvida provavelmente em cultos pagãos e outras atividades obscuras.

Encontro de Maria Madalena com Jesus

Um dia ouviu falar que estava passando por ali um pregador que curava doentes e que falava diferente, aceitava a todos e trazia a todos uma mensagem de esperança e conforto. E Maria, em sua busca por algo melhor, O foi ver.

Eu O imagino, em certo momento, olhando diretamente para os olhos de Maria e dizendo: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu os aliviarei" (Mat. 11:28).

Maria deve Ter pensado: será que esse "todos" envolve até a mim?
Se naquela época as mulheres estavam na escala social abaixo até das crianças, imagine-se as prostitutas...

E ela deve ter pensado, traída pela sua baixíssima autoestima: "não, isso não é para mim, quando eu chegar perto dEle, Ele irá me rejeitar e passarei maior vergonha ainda..."

E Jesus continuou: "O que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37). Ele sempre vai à busca do necessitado, como Pastor que procura a ovelha ferida.

Que momentos agradáveis foram aqueles passados na companhia de Jesus! Maria se sentiu aceita, completa e lhe parecia naquele momento que nada mais nublaria a sua felicidade.

Maria que antes vivia desculpando os seus atos, para os outros e para sua consciência, argumentando que os líderes religiosos eram também falsos e que ninguém podia acusá-la, pôde ver, na companhia de Jesus, como sua bondade anterior era insuficiente para dar a ela paz de espírito e verdadeira harmonia com Deus.

A conversão de Maria foi total, sincera e incondicional.

Diz Ellen G. White: “Quando, aos olhos humanos, seu caso parecia desesperado, Cristo viu em Maria aptidões para o bem. Viu os melhores traços de seu caráter. O plano da redenção dotou a humanidade de grandes possibilidades, e em Maria se deviam as mesmas realizar. Mediante Sua graça, tornou-se participante da natureza divina. Aquela que caíra e cuja mente fora habitação de demônios, chegara bem perto do Salvador em associação e serviço. ...” (O Desejado de Todas as Nações, p. 568).

Gostaria de dizer que a vida de Maria foi outra a partir deste momento, porém, não significa que ela nunca mais caiu. Ela voltou a pecar outras vezes. A aqui a nossa história se identifica com a dela. A conversão, tanto para nós quanto para Maria, não nos garante um caminho sem tentações e quedas. O que acontece neste momento é a nossa mudança de atitude com relação a Deus. Passamos a vê-Lo como aliado, coparticipante em nossas lutas e não como inimigo acusador que quer tirar a nossa liberdade e o prazer de viver.

Jesus teve que partir de Magdala e com ele o apoio que Maria tinha para manter suas decisões. Passada aquela intensa "talvez semana de oração", ela se enfrentou novamente com sua realidade anterior. Os mesmos problemas, os mesmos olhares no mercado, as mesmas cobranças. Voltaram as velhas dúvidas, as velhas companhias, as velhas dívidas, pressões e desprezo explícito ou não de alguns.

Então Maria optou por voltar ao caminho mais "fácil", com certeza usando o álcool para abafar sua consciência. Sem a presença física de Jesus ela tinha dificuldades de fazer o que sabia ser correto e nem sentia vontade de fazê-lo, mas mantinha em seu íntimo a atitude da conversão, do profundo desejo de estar em harmonia com Deus e a reconhecer a Sua voz e o Seu caminho entre tantas vozes e caminhos.

Para sua sorte, por misericórdia de Deus, Jesus passou outra vez pela cidade e Maria, sentindo que ali estava o maior tesouro que tinha achado em sua vida, expôs, envergonhada, suas dificuldades e Ele a aceitou e voltou a socorrê-la.
Foi nessa atitude de inesperada aceitação por parte de Jesus, que ela se sentiu realmente amada, com sentimento de real valor, que sua aceitação por parte de Deus não dependia do que ela fosse ou fizesse, era também incondicional e irrestrita.

Nós somos muito reticentes em dar uma Segunda chance às pessoas, mas a Bíblia diz que Jesus expulsou sete demônios dessa mulher (Luc. 8:2; Mc. 16:9). E sempre a aceitou, como da primeira vez, como se ela nunca tivesse pecado.

Essa aceitação incondicional nos é muito difícil de compreender. Tanto que muitos de nós carregamos o peso de alguma culpa por boa parte da vida e não perdoamos algumas culpas cometidas por outros.

Maria finalmente descobriu o que é ser realmente ser justificado pela fé: é sentir-se aos pés de Jesus mesmo quando não Ele não estava presente (Lucas 10:38-42).

Pela oração e pelo conhecimento da vontade e caráter de Jesus na Bíblia, nós também podemos aprender, como Maria a nos assentarmos aos pés de Jesus, sermos aceitos, confortados e orientados por Ele.

Maria aprendeu o segredo da contemplação, pela fé: "Pela contemplação, sois transformados". Quanto mais contemplamos o pecado, as tentações, mais pecadores nos tornamos. Mesmo que seja o pecado que está em nós e estamos combatendo pelas nossos esforços e virtudes.

Quando combatemos os nossos pecados, os fortalecemos. Podemos ganhar alguns rounds, mas não a luta. Quando contemplamos a Jesus, o desejo de fazer o errado se enfraquece e desfaz, nasce em nós a virtude, o amor e a aceitação, interior e exterior.

Um aspecto importantíssimo da experiência de Maria, que também é a nossa, é a de que mesmo quando caía em seus erros e defeitos anteriores, a sua conversão se mantinha e Deus continuava a aceitá-la, quando ela O buscava.

Amigo, você credita nisto?  Porque então somos tão rígidos em nos classificar como perdidos a nós e aos outros quando caímos no caminho de crescimento espiritual?

Certamente este crescimento e amadurecimento espiritual de Maria a habilitaram a enfrentar além das tentações, as críticas dos que não a achavam digna de ser aceita pela sociedade. Pessoas que, apesar de externa e aparentemente justas e boas, estavam internamente em condição mais desesperadora que ela, por não tinham conhecido realmente o verdadeiro renascimento espiritual. E nós, em qual das condições estamos?

A Bíblia ainda fala de outras coisas maravilhosas sobre Maria:

1) “Depois de acompanhar Jesus na segunda viagem à Galileia, ela teria retornado transformada a Betânia, e feito dali seu lar novamente” (Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p. 842). Ela voltou a viver com sua família e recebeu Jesus em sua casa (Luc. 18:38-42);

2) Teve seu irmão trazido de novo à vida, como símbolo dos que Jesus traria à vida na Sua Segunda Vinda (Jo. 11);

3) Conduzida pelo Espírito Santo, no banquete na casa de Simão (o mesmo Simão...), honrou, ungiu e perfumou a Jesus antes de Sua morte, ação que certamente O confortou nas últimas horas de Sua vida (Lc. 7:37-50, Jo. 12:1-8) e principalmente,

4) É a primeira pessoa a vê Jesus ressuscitado (Mc. 16:9, Mt. 28:1-9). Maria torna-se anunciadora das boas novas (foi contar aos seus irmãos que Jesus ressuscitou). “Eu vi o Senhor!” Essa foi a grande proclamação de Maria Madalena. E é maravilhoso ver quem ela é, sabendo quem ela era. Deus honra a fé e o amor de Madalena; Segundo Ellen D. White, ela “foi a última a deixar o sepulcro do Salvador, e a primeira a ser por Ele saudada na manhã da ressurreição” (O Maior Discurso de Cristo, p. 129). Ele sempre honrará aqueles que o buscam com perseverança; estes, certamente, verão o Cristo Glorificado (João 20:11-18).

É importante frisarmos que todas estas boas coisas não foram fruto da vontade de Maria que elas acontecessem, mas de ter ela aprendido a assentar-se aos pés de Jesus, diariamente, em oração e em leitura da Bíblia.

Conclusão

Para vermos o Nosso Salvador ressuscitado, precisamos aprender a nos humilhar, pela fé, a Ele e deixar que Ele complete a Sua boa obra em nós.

Assim, estaremos construindo mais um evangelho: o Evangelho segundo eu, o Evangelho segundo você. Este provavelmente será o único evangelho que muitas pessoas conhecerão antes de conhecerem pessoalmente a Jesus. Um evangelho em harmonia com a vontade, desejo e amor de Jesus Cristo.

Como está a escrita deste evangelho? Em que estágio ele está? Maria sou eu, Maria é você! Todos carecemos tão desesperadamente da graça de Deus como Maria. Precisamos desconfiar de nós mesmos e aprender a confiar em Jesus.

Oremos para que Deus nos dê uma visão real de nossa verdadeira condição, por um lado, e de seu amor e aceitação incondicional, por outro.

Que sejamos confortados, pela vida de Maria, a não desanimarmos quando não conseguirmos alcançar o ideal que propusemos, e que quando isto acontecer e dissermos: "Miserável homem que sou!" (Romanos 7:24), possamos olhar para Jesus Cristo e Seu amor. Que pela Seu conhecimento e contemplação, possamos sair destes maus momentos com a certeza em nosso coração:

"Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rom. 8:31) e "...somos mais que vencedores, por meio daquEle que nos amou" (Rom. 8:37), e que nada "...poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor".

Amélia Matilda Hull nasceu no dia 30 de Setembro de 1812 e era a mais nova dos onze filhos de William Thomas e Harriot Hull, de Marpool Hall, Inglaterra. Seu pai era um capitão militar aposentado. Pouca coisa se sabe da vida particular de Amélia, a não ser a história da sua conversão.  

Consta que Amélia ouviu o Evangelho pela primeira vez quando tinha vinte anos de idade. Um evangelista visitante armou a sua tenda próximo da casa de sua família e toda a vizinhança foi convidada a ouvir o Evangelho.

Uma noite Amélia aventurou-se a ir. Esgueirou-se na parte de trás da tenda e ouviu com bastante atenção o Evangelho de Jesus Cristo. Seu coração ficou sobremodo abalado. Quando voltou para casa contou ao seu pai onde havia estado e ele ficou furioso. Disse-lhe que ela não devia associar-se com aqueles "crentes" e que aquelas reuniões não eram dignas de alguém de posição elevada como ela. Ao mesmo tempo, proibiu-a de voltar a assistir àquelas reuniões.

Contudo, o coração de Amélia já havia recebido as gotas da água viva e ela estava sedenta por ouvir mais. Sentiu que devia voltar apesar da proibição imposta por seu pai e foi assistir à reunião seguinte. A mensagem foi baseada em João 3:14-15, onde o Senhor menciona o levantamento da serpente de metal no deserto e a cura que recebiam as pessoas que, mordidas pelas serpentes verdadeiras, levantassem o olhar para a serpente de metal. Naquela mesma noite Amélia olhou, pela fé, para o Cristo do Calvário e foi salva por toda a eternidade.

Quando regressou ao lar deparou com a fúria de seu pai. Este, com muita ira, levou-a até à biblioteca, onde repreendeu-a severamente pelo que fizera e ordenou-lhe que ali comparecesse novamente às 9 horas do dia seguinte a fim de apanhar de chicote. Amélia, muito perturbada retirou-se para seu quarto sentindo-se muito triste por ter causado dissabor a seu pai, mas ao mesmo tempo gozava profunda alegria pela salvação de Deus que inundara a sua alma.

Pela manhã, pensando nos acontecimentos do dia anterior tudo quanto se passara naquela reunião e, sobretudo, a grandiosa mensagem que ouvira e que lhe trouxera paz, sentou-se e foi deixando extravasar sobre um pedaço de papel os sentimentos do seu coração. Assim que o relógio bateu 9 horas dirigiu-se à biblioteca levando consigo o referido pedaço de papel. Lá estava seu pai e, sobre a mesa, o chicote. Ela entrou, entregou ao pai o papel e ficou esperando. O capitão W. T. Hull ficou de pé e, enquanto lia a composição de Amélia, algo extraordinário aconteceu. Uma notável mudança. O pai de Amélia sentou-se e enfiou o rosto entre as mãos. Através da leitura daqueles versos Deus falou ao coração daquele homem fazendo-o sentir-se totalmente arrasado. Desapareceu de sua mente qualquer pensamento de bater em sua filha. Pelo contrário, naquela manhã, ali na biblioteca, o capitão Hull foi ao encontro do Salvador de Amélia.

Daquele dia em diante foi efetuada uma grande transformação, não só na vida do capitão Hull, como também na vida de Marpool Hall.

Deus deu a Amélia Matilda a graça de compor o inspirado e amável hino “Vida em Olhar”, Nº 207 do HASD. Os versos inspirados pelo Espírito Santo deste hino constituem um dos convites à salvação mais comoventes, que roga: "Vê, vê, viverás! Vida tens em olhar a Jesus, Salvador, Ele diz: Vida em Mim acharás". Ele foi publicado em 1860. A eternidade vai revelar quantas pessoas aceitaram o convite de Jesus ao som deste hino. Entre 1850 e a sua morte em 1884, Amélia também contribuiu com hinos para seis outras coletâneas na Inglaterra. (https://musicaeadoracao.com.br/35612/historias-de-hinos-do-hinario-adventista-207/).

Caro amigo leitor, Jesus também quer libertar a tua vida de todas as opressões e de todo o mal, faça que nem Maria Madalena e Amélia Matilda Hull venha até Jesus e receba dele a Salvação e a libertação de tua alma.



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