Teologia

domingo, 29 de julho de 2018

DO ÉDEN PERDIDO AO ÉDEN RESTAURADO


Ricardo André

Introdução:

Por causa dos anos passados de pecado e rebelião da parte dos hebreus, Deus permitiu o cativeiro assírio, em 722 a. C. e o cativeiro babilônico, em 586 a. C. A destruição de Judá foi cruel. Deus fizera tudo que era possível para corrigir a nação faltosa. Mas Judá prosseguiu obstinadamente na sua conduta idólatra, zombando dos mensageiros de Deus até que “não houve maior remédio” (2 Cr 36:16). De modo que Deus permitiu o exílio babilônico como castigo e disciplina.

Deus prometeu ao Seu povo, através do profeta Isaías, que Ele iria ter “piedade de Sião e de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graça e som de música”. Sião é uma referência a Jerusalém (Is 1:8; 8:18). Quando os judeus voltaram para a Palestina, após o cativeiro babilônico, esta profecia se cumpriu parcialmente. Todavia, o cumprimento final desta maravilhosa promessa dar-se-á ainda no futuro.

Entre o Éden, no princípio, e o Éden restaurado, jaz todo o lapso da história deste mundo – a história da transgressão e sofrimento humano, do sacrifício divino e da vitória sobre a morte e o pecado.

Jardim do Éden – Lar original do primeiro casal humano (Gn 2:15)

Gênesis 2:15 declara que “o Senhor Deus tomou o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar”. Deus escolheu uma região da Terra, chamada Éden, e plantou ali um lindo jardim, na parte oriental dele (Gn 2:8, o que indica aparentemente que o jardim ocupava apenas uma parte da região chamada Éden. Este jardim do Éden, também chamado de jardim do Senhor (Is 51:3; Ez 28:13) era o lar do primeiro casal humano. O lar edênico – mais precioso do que qualquer palácio dos dias atuais – foi concedido a Adão e Eva.

Deus sabia que alimento agradaria ao paladar do homem e o que seria bom para ele. Por isso plantou no jardim muitas espécies de flores bem como muitas árvores belas e majestosas (Gn 2:9). As flores multicolores agradariam tanto aos olhos como ao nariz do homem. Encheriam o ar do jardim com aroma delicioso. Assim, o homem teria prazer não somente naquilo que via, mas até no ar que respirava.

Os muitos pássaros coloridos voando entre as árvores seriam também algo que traria alegria ao homem. Seus cantos bonitos seriam agradáveis aos ouvidos dele, e suas cores e formas diferentes agradariam aos olhos dele.

Uma vez que os animais em toda a Terra viviam de vegetação (Gn 1:30), havia paz no jardim recém-criado. Isto incluía animais tais como os leões e os leopardos, que agora são carnívoros. De modo que estes animais pacíficos, com suas formas variadas e malhas bonitas, não só fariam o jardim do Éden interessante para o homem, mas a sua amizade seria razão de felicidade para ele.

Em vista da nudez do homem, pode-se presumir que o clima era muito ameno e agradável (Gn 2:25). Deus fez de todos os modos que o jardim em que o homem viveria fosse um lugar de paz, felicidade e prazer. Foi por esta razão que se chamava de jardim do Éden, nome que significa “jardim de prazer, de deleite”.

Era uma pequena representação daquilo que a Terra inteira seria para as criaturas humanas perfeitas viverem nela eternamente em perfeita saúde, alegria e contentamento, adorando e servindo seu Criador, o Senhor Deus.

A escritora cristã Ellen G. White, diz-nos: “O jardim do Éden era uma representação do que Deus desejava se tornasse a Terra toda; e era seu intuito que a medida que a família humana se tornasse mais numerosa, estabelecesse outros lares (...) semelhantes à que Ele havia dado” (Ellen G. White, Educação, p. 22).

Isto é demonstrado nas instruções que Deus deu a Adão e Eva: “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a Terra, e sujeitai-a” (Gn 1:28). Sim, o propósito original de Deus era que a Terra inteira, com o passar do tempo, fosse o paraíso, na qual todos vivessem eternamente juntos em paz e felicidade.

O Éden perdido

Embora tivessem sido criados perfeitos e a imagem de Deus, e ainda tivessem sido colocados num ambiente perfeito, Adão e Eva, usando mau sua liberdade de escolha, tornaram-se transgressores da ordem que lhes proibia comer da árvores da ciência do bem e do mal. Como consequência o homem tornou-se mortal, separado de Deus, ficou sujeito ao sofrimento e dor. Perdeu tudo isso por desobedecer a Deus. Foi-lhe negado acesso à árvore da vida. O pecado não devia ser perpetuado. O caminho foi barrado pelos querubins com a espada flamejante. Feridos na alma e vergados ao peso de seu pecado, nossos primeiros pais deixaram o jardim de Deus (Gn 3:22).

O Jardim do Éden foi, por séculos, o único lugar da Terra em que o pecado não deixou marcas. Era um oásis sem pecado, em meio a um planeta contaminado pelos resultados da desobediência dos nossos primeiros pais. “O Jardim do Éden permaneceu na Terra por muito tempo depois que o homem fora expulso de seus agradáveis caminhos. Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a impiedade dos homens determinou a sua destruição por meio de um dilúvio de água, a mão que plantara o Éden o retirou da Terra. Mas, na restauração final de todas as coisas, quando houver ‘novo céu e nova Terra’, será restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princípio.

“Então, [...] através de infindáveis séculos, os habitantes dos mundos que não pecaram contemplarão no jardim de delícias um modelo da obra perfeita da criação de Deus, sem qualquer sinal da maldição do pecado – modelo do que teria sido a Terra inteira se tão-somente houvesse o homem cumprido o plano glorioso do Criador” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 62).

Com que esmero Deus está cuidando desse jardim que foi levado para o Céu, transplantado com Suas próprias mãos! 


O plano de Deus para Restaurar o Éden (Gn 3:15)

Embora o primeiro casal humano desobedecesse a Deus, mostrando-se assim indigno de viver para sempre, o propósito original de Deus não mudou. Tem de se cumprir! (Is 55:11). Por isso, Jesus disse: “Bem-aventurado os mansos, porque eles herdarão a Terra” (Mt 5:5). Em harmonia com isso, o apóstolo Paulo, na sua carta aos efésios (1:1-11) afirma que o propósito de Deus é de “convergir em Cristo todas as coisa, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na Terra”.

Quando Adão e Eva pecaram, Deus tomou a iniciativa de ir procurá-los. O culpado casal, ouvindo a voz do seu Criador, não se sentiu feliz com a perspectiva de encontrá-Lo. Conforme havia ocorrido antes. Pelo contrário, eles se esconderam. Ainda assim, porém, Deus não os abandonou. Em meio à situação de completa desesperança em que eles se achavam naquele momento, Deus lhes expôs um maravilhoso plano, que lhes garantiria a vitória final sobre o pecado e a morte (Gn 3:15). O plano de Deus consistia em enviar um Libertador, a semente da mulher, para morrer no lugar do homem. Sua morte visava “remir-nos de toda iniquidade, e purificar para Si mesmo um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras” (Tito 2:14). Pedro diz que os crentes foram redimidos do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram (1 Pd 1:18). Paulo escreveu que aqueles que foram libertados da escravidão do pecado com seus frutos mortais, agora se encontram no serviço de Deus com seus frutos “para a santificação, e por fim a vida eterna” (Rm 6:22).

A rebelião de Adão e Eva resultou em pecado, condenação e morte para todos (Rm 5:12). Cristo inverteu a tendência descendente. Em seu grande amor, submeteu-se a Si próprio ao julgamento divino do pecado e tornou-Se o representante da humanidade – “o último Adão” ou “segundo Homem” (1 Co 15:45 e 47). Sua morte substitutiva providenciou a libertação da penalidade do pecado e do dom da vida no Éden recuperado para os pecadores arrependidos (2 Co 5:21; Rm 6:23; 1 Pd 3:18).

O Éden Restaurado

No texto de Isaías 51:3 que lemos no início, Deus prometeu restaurar o Éden perdido pelos nossos primeiros pais. Tudo que se perdeu será restaurado. O vidente de Patmos, o idoso João, nos capítulos 21 e 22 de Apocalipse fez deleitosas descrições das condições que existirão na “Nova Terra”, que fazem o salvo lembrar o Paraiso original no Éden com sua árvore da vida (Gn 2:9).

Porém, João explica que, antes de entregar um novo planeta para os salvos, Deus vai pôr um ponto final na história do mal. Como será isso?

Depois da volta de Jesus a desolação será total na Terra: prédios destruídos, ferros retorcidos, corpos destroçados daqueles que rejeitaram a Jesus serão espalhados pelo mundo inteiro, registra o profeta Jeremias (25:33). Somente um grupo permanecerá: Satanás e seus anjos rebeldes. Eles ficarão “presos” por mil anos no planeta Terra, sozinhos, enquanto os salvos estarão no Céu julgando os perdidos. Pois bem, no fim dos mil anos, Jesus desce à Terra, acompanhado dos salvos e da Cidade Santa. É quando acontecerá a última fase punitiva do juízo final, eliminando para sempre o pecado.

Primeiro, quando a comitiva celestial estiver chegando, Jesus ressuscitará os ímpios mortos. Isso significa que Satanás estará “solto” outra vez, ou seja, ele irá mobilizar seus seguidores humanos pelo engano, quando cai fogo do céu para exterminar Satanás, seus anjos e os ímpios para sempre (Ap 20:1-14).

Este planeta manchado de sangue, onde a tristeza, a dor e as lágrimas dominaram, será transformado num lugar de gozo e paz. Pecado e pecadores não mais existirão. O Universo inteiro estará purificado.

A escritora cristã Ellen G. White, no O Grande Conflito, narra o emocionante momento no qual Cristo levará Adão de volta ao paraíso no qual ele vivia. Então Adão “compreende que isso é na verdade o Éden restaurado, mais lindo agora do que quando fora dele banido. O Salvador o leva à árvore da vida, apanha o fruto glorioso e manda-o comer. Olha em redor se si e contempla uma multidão de sua família resgatada, no Paraíso de Deus. Lança então sua brilhante coroa aos pés de Jesus e, caindo a Seu peito, abraça o Redentor. Dedilha a harpa de ouro, e pelas abóbadas do céu ecoa o cântico triunfante: Digno, digno, ‘digno é o Cordeiro’ (Apoc. 5:12) ‘que foi morto e reviveu!’  Apoc. 2:8” (p. 648).

O mesmo fogo que destrói os ímpios, purifica a Terra da poluição do pecado. Das ruínas da Terra, Deus fará surgir “Novo Céu e Nova Terra, pois o primeiro Céu e a primeira Terra passaram” (Ap 21:1). Da Terra purificada, recriada – o lar eterno dos remidos – Deus banirá para sempre a tristeza, a dor e a morte (Ap 21:4).

Naquele dia “o deserto e os lugares secos se alegrarão; e o ermo exultará e florescerá como a rosa”. Então os olhos dos cegos se abrirão, e os ouvidos dos surdos se desempedirão. Então os coxos saltarão como o cervo, e a língua dos mudos cantará (Is 35:1, 5 e 6). Este é o lar longamente esperado pelo homem; perdido pelo pecado, mas recuperado e devolvido à família humana quando Deus fizer novas todas as coisa. Ele prometeu que haverá uma “restauração de tudo” (At 3:21). A Nova Jerusalém será a capital do Éden restaurado.

João conhecia as medidas da cidade: 12 mil estádios, os seja, 2. 200 km. A cidade é imensa e construída em quadrado perfeito. Em sua maior parte, Deus fez a cidade – seus edifícios e ruas – de ouro (Ap 21:18, 21). Esse ouro é mais puro do que aquele que conhecemos. A cidade de ouro terá 12 portões de pérolas, três de cada lado. Do trono de Deus, localizado no centro da cidade, flui o “rio da água da vida” (Ap 22:1). Em cada lado do rio está a árvores da vida, que dá 12 frutos por ano, um por mês. Esses frutos contém os elementos vitais dos quais a humanidade ficou privada desde que Adão e Eva abandonaram o jardim do Éden – eles são o antídoto para o envelhecimento, desgaste ou simples fadiga (Ap 22:2; Gn 3:22).

Na cidade, não haverá mais noite. A glória de Deus a iluminará, tornando supérflua a luz do sol e da lua (Ap 21:23, 24). Dentro da grande cidade, Cristo está preparando “mansões” (Jo 14:2), casa de verdade. Contudo, os redimidos não estarão confinados dentro dos muros da Nova Jerusalém. Eles herdarão a Terra. Poderão deixar seus lares na cidade e dirigir-se ao campo – onde projetarão e construirão os lares de seus sonhos - suas casas de campo – plantarão vinhedos, colherão seus frutos e deles comerão (Is 65:21).

Na Nova Terra, diz Isaías, “não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (65:17). Lendo-se o contexto, entretanto, parece claro que são as tribulações que os remidos esquecerão para sempre (v. 16). Eles não poderão esquecer as boas coisas feitas por Deus, a abundante graça pela qual Ele os salvou, do contrário toda esta imensa batalha contra o pecado teria sido em vão.

Adicionalmente, a história do pecado forma um importante elemento da garantia de que “não se levantará por duas vezes a angústia (Naum 1:9).
  
A maior das alegrias dos cristãos que viveram para Cristo nesta vida será ver face a face Aquele por quem trabalharam e viveram. O apocalipse diz que os remidos “contemplarão a Sua face, e na sua fronte está o nome dEle” (22:4) Paulo diz: “Porque, agora, vemos como espelho, obscuramente, então, veremos face a face (...)” (1 Co 13:12).

Que dia glorioso será quando nos encontrarmos com o nosso pai celestial, quando contemplarmos a Nova Cidade e passearmos pelos outros planetas! Há tanta gente para conhecer! Há tantos novos irmãos... Cada sábado teremos oportunidade de louvar e adorar o nosso Deus e agradecer mais uma vez por Sua infinda misericórdia, amorável paciência e por ter enviado Seu Filho para morrer na cruz do Calvário, por nós.

Ellen G. White afirmou: “Todo remido compreenderá o serviço dos anjos em sua própria vida. Que maravilha será entreter conversa com o anjo que foi a sua guarda desde os seus primeiros momentos, que lhe vigiou os passos e cobriu a cabeça no dia de perigo, que assinalou o seu lugar de repouso, que foi o primeiro a saudá-lo na manhã da ressurreição, e dele aprender a história da interposição divina na vida individual, e da cooperação celeste em toda a obra em prol da humanidade” (Ellen G. White, Educação, p. 304, 305).

“Haverá ali música e cânticos. Música e cânticos que ouvidos mortais jamais ouviram nem espírito humano concebeu, com exceção do que em visões de Deus se tem revelado” (Ellen G. White, Educação, p. 306).

Tal é o quadro profético da perfeita provisão de Deus – perfeita associação, paz, alegrias, felicidades e vida eterna. Redimidos por Sua graça, seremos Seus companheiros por toda eternidade.

Quantas coisas maravilhosas e fantásticas nos aguardam no perfeito e encantador mundo de amanhã, no Éden restaurado.

Conclusão:

Quão maravilhoso estar na sociedade do Céu! Abraão, Isaque, Jacó e José; Moisés, Isaías, Daniel e Jó; Ester, Elias, Davi e Rute; Maria, Pedro, Estevão e Paulo – os grandes e piedosos de todos as eras estarão ali: incomparavelmente belas as flores de variedade infinita, frutos que jamais se deterioram, campos de verdura exuberante, música como jamais o ouvido humano conheceu igual – tudo combinará para tornar mais glorioso esse lar, seu e meu, caros irmãos e amigos, se pela graça abandonarmos o pecado e aceitarmos a Jesus como Senhor e Salvador de nossas vida. Logo deporemos a cruz e receberemos a coroa. Logo nosso dia de pesares passará, e deixaremos este vale de lágrimas para estar com Aquele cuja glória enche a criação no vale do Éden formoso. As últimas palavras de Jesus, como se encontram registradas, são: “Eis que cedo venho”. E com o santo vidente, nós dizemos: “Amém. Vem, Senhor Jesus (Ap 22:20).

Queridos amigos, já é tempo de voltarmos ao lar! Preparemos nossa vida e nossa família para aquele grande encontro com o Senhor. Preparemos um povo para estar com Jesus! Levemos esta mensagem a todo o mundo nesta geração: vamos para o Lar edênico!                       




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