I
– Introdução:
O capítulo 10 de
Apocalipse revela as raízes proféticas ou históricas da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, que surge a partir de um grande despertamento religioso no século
XVII, predito neste capítulo profético. A verdadeira igreja de Cristo, por longos
séculos foi perseguida pela Igreja Romana, sendo dizimada pelos tribunais da
inquisição, por cruzadas e por inúmeras chacinas.
Porém, a queda do poder
do papado em 1798, trouxe uma nova era para o cristianismo, e o mundo foi
sacudido por uma mensagem poderosa, exatamente como anunciado nesta profecia.
Está inserida como um
parêntesis entre a sexta e a sétima trombetas, devendo, portanto, cumprir-se
antes do toque inicial da sétima trombeta, isto é, antes de 1844.
II
– O Anjo Forte e o Livrinho
João assim descreveu o
“Anjo” que abarca a Terra e o mar:
“Vi outro anjo forte descendo do céu,
vestido de uma nuvem. Por cima da sua cabeça estava o arco-íris; o seu rosto
era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo” (Apocalipse 10:1).
Seis vezes, no
Apocalipse, a mensagem enviada do Céu é simbolizada por um anjo. Mas a
descrição deste anjo é mais gloriosa do que a dos outros: “O seu rosto era como o Sol”.
Quem
é o “Anjo forte” que João viu vir diretamente da presença de Deus?
A semelhança da
descrição com a de Cristo em Apoc.1:13-16, indica que este anjo seja Cristo.
Quando transfigurado diante dos discípulos, o rosto de Cristo “brilhava como o
Sol” (Mat. 17:2). Ele é chamado “o Mensageiro do concerto” (Mal.3:1), e “o Anjo
que me redimiu” (Gên. 48:16).
Em Daniel 12:1 e 7,
Jesus é apresentado como Miguel. Mas se Miguel é identificado como o Arcanjo,
seria Cristo, então, um anjo? O Arcanjo não é um anjo. Ele é o chefe dos anjos.
O presidente dos Estados Unidos é o comandante-em-chefe do exército, mas não é
um soldado.
Cristo é um mensageiro.
Ele não é um ser criado, como um anjo.
Outra evidência de que
o Anjo forte é Jesus está em I Tess.4:16. Ali nos é dito que é a voz do Arcanjo
que despertará os mortos, por ocasião da primeira ressurreição. Em João 5:25,
nos é dito que é a voz do Filho de Deus que despertará os mortos.
“O Anjo forte que
instruiu a João não era outro personagem senão Jesus Cristo. Pondo o pé direito
sobre o mar e o esquerdo sobre a terra seca, Ele mostra a parte que desempenha
nas cenas finais do grande conflito com Satanás. Essa posição denota Seu
supremo poder e autoridade sobre a Terra” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7,
p. 971).
O arco celeste é
símbolo do concerto e a “nuvem” é também sinal da divindade, pois uma nuvem
sobre o acampamento de Israel era evidência da presença de Deus como guia de
Seu povo.
III
- Um Movimento Mundial de Pregação
“E tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o seu
pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra” (Apocalipse 10:2).
A expressão um pé na
terra e o outro no mar indica que a mensagem deste Anjo é de âmbito mundial, o
que significa o início de um movimento religioso de extensão mundial.
Que
livro aberto pode ser este? Parece haver apenas uma resposta,
pois, até onde se saiba, a única parte das Escrituras que foi fechada ou selada
foi uma porção do livro de Daniel. Ao profeta foi ordenado: “Fecha estas palavras e sela
este livro até o tempo do fim. Muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento
se multiplicará”.(Dn.12:4).
“Fora ordenado a
Daniel: ‘Encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim’. Cap. 12:4.
Esta admoestação se aplica particularmente à parte das profecias de Daniel que
trata dos últimos dias (...) e, sem dúvida, especialmente ao fator do tempo dos
2.300 dias (Cap. 8:14), pois se relaciona com a pregação das mensagens do
primeiro, do segundo e do terceiro anjos (Ap 14:6-12). Visto que a mensagem do
Anjo que estamos considerando trata do tempo e presumivelmente de
acontecimentos no tempo do fim, quando livro de Daniel devia ser desselado(Dn
12:4), parece ser razoável deduzir que o livrinho aberto na mão do Anjo era o
livro de Daniel. Com a apresentação a João do livrinho aberto, são reveladas as
partes seladas da profecia de Daniel. O fator do tempo, indicando o fim da
profecia dos 2.300 dias, torna-se claro. Consequentemente, o capítulo em apreço
focaliza o tempo em que foi feita a proclamação dos versos 6 e 7, isto é,
durante os anos 1840 a 1844” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 797).
Uma vez que esta parte
do livro de Daniel foi fechada somente até o tempo do fim, segue-se
naturalmente que nesse tempo do fim ele seria aberto.
Dois acontecimentos
asseguram a época em que o livrinho de Daniel deveria ser aberto:
1) O advento do “tempo
do fim”;
2) a era da
multiplicação da ciência.
Quando
chegou o “tempo do fim” predito por Daniel? No próprio
livro deste profeta encontramos a resposta. Em Daniel 11:30-35, temos a
introdução da potência papal como poder perseguidor do povo de Deus.
O versículo 35 declara
que o povo de Deus seria perseguido, por dito poder, “até o tempo do fim”, o
que quer referir-se até ao fim da supremacia temporal do papado ocorrido em
1798, quando a França revolucionária lhe tirou o poder e aprisionou o papa
reinante, Pio VI.
Prova mais
incontestável de que o “tempo do fim” chegou com o fim da supremacia temporal
do papado em 1798, temos ainda em Daniel 12:7, onde é esclarecido que o povo de
Deus seria perseguido até completar-se o período de “um tempo, dois tempos e metade
de um tempo”, ou sejam 1260 anos de supremacia temporal de Roma papal,
em realidade findos em 1798.
Isso pareceu estranho a
Daniel, e ele diz: “Eu ouvi, mas não entendi”(Dan.12:8). Não era possível que
Daniel entendesse quando escreveu, porque certos acontecimentos tinham de
ocorrer primeiro. Por isso, pediu explicação ao anjo, e este lhe disse: “Vai,
Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do
fim”(Dan.12:9). Mas “no tempo do fim”, foi garantido que
alguns entenderiam. Disse o anjo: “Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios
entenderão” (Dan.12:10).
Outra evidência que
confirma o início do “tempo do fim” em 1798 é o desenvolvimento marcante da
ciência. A ciência que hoje conhecemos começou a se “multiplicar” exatamente a
partir de 1798, quando, não temos dúvida em afirmar, o selo do livro de Daniel foi
removido, dando início a um grande movimento religioso que se dedicaria ao
estudo aprofundado das profecias relativas ao “tempo do fim”.
O
Significado da proclamação relatada em Apocalipse 10:6: “Já não haverá demora”.
“E jurou por Aquele que vive para todo o
sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar
e o que nele há, que não haveria mais demora” (Apocalipse 10:6).
Não haveria mais
demora, ou em outra versão não haveria mais
tempo. Esta expressão indica que o movimento que este anjo representa está
diretamente ligado ao “tempo do fim”, já que, depois dele, não haveria outro,
segundo a profecia.
“Esse tempo, que o Anjo
anuncia com solene juramento, não é o fim da história deste mundo, nem do tempo
da graça, mas do tempo profético, que deve preceder o advento de nosso Senhor;
isto é, as pessoas não terão outra mensagem sobre tempo definido. Depois desse
período de tempo, que se estende de 1842 a 1844, não pode haver um delineamento
definido do tempo profético. O cômputo mais longo se estende até o outono de
1844” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 971).
E não há dúvida de que
o movimento predito neste capítulo surgiu depois de 1798, e no final da
profecia dos 2.300 dias proféticos de Dan.8:14, concluída em 1844. Esse
movimento, portanto, deve ser identificado como surgido entre 1798 e 1844,
porque não encontramos na Bíblia outra profecia de tempo que se estenda além de
1844.
“Mas nos dias da voz do
sétimo anjo, quando ele estiver prestes a tocar a sua trombeta, se cumprirá o
mistério de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos” (Apocalipse 10:7)
O “mistério de Deus”, ou o “segredo
de Deus”, como também é chamado nas Escrituras, é o grande plano da
salvação em Jesus Cristo (Efés. 3:3-6). Jesus Cristo é o único meio de
salvação, não apenas para os gentios, mas também para os judeus. “E
este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as
nações. Então virá o fim” (Mat. 24:14).
O anjo do Apocalipse
10, em seu juramento, proclama que “nos dias da voz do sétimo anjo”, se
cumpriria “o mistério ou segredo de Deus”. Quer dizer isto que, de 1844
até o final, seria consumada a obra de pregação do evangelho a todo o mundo.
Portanto, a pregação
final do evangelho a todo o mundo seria consumada de 1844 ao final, na voz do
sétimo anjo, o que implica em dizer que um movimento mundial tomaria lugar
desta data em diante, proclamando o “mistério de Deus” e consumando a obra da
redenção entre as nações, através da pureza do evangelho isento de erros e tradições
humanas.
E este movimento
predito surgiu em 1844, exatamente depois do primeiro movimento que findou
nesta data, ter abrangido todo o mundo, e logo terminará a sua tarefa.
IV
- Fim do Mais Longo Período Profético
O Anjo ordena que João
tome e coma o pequeno livro, informando-o de que ele será doce na boca, mas
amargo no estômago.
“Então a voz que eu do céu tinha ouvido tornou
a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está
em pé sobre o mar e sobre a terra” (Apocalipse 10:8).
O livro que é aberto na
visão de João é o mesmo que foi selado nas visões de Daniel. Por quanto tempo
deveria ele ficar selado? Daniel 12:7 diz que deveria ser por 1260 anos. O
livro de Daniel está sendo aberto nos últimos dias. Profecias que antes não
eram entendidas, agora o são. Nem tudo no livro de Daniel foi selado,
Nabucodonosor sabia quem era a cabeça de ouro na imagem de Daniel. Havia muitas
coisas que foram entendidas.
O que realmente
confundiu Daniel naquelas visões foram as profecias de longo tempo. Sobre elas,
ele disse: “Espantei-me acerca da visão”. As profecias que o deixaram
confuso foram as 70 semanas, os 1260 dias e os 2300 dias, proféticos, ou seja,
um dia equivalente a um ano.
A profecia revelada em Daniel
8:14 diz: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será
purificado”. Em Daniel 9:25, a explanação relativa à
primeira parte dos 2300 anos nos diz que este grande período profético
iniciar-se-ia com “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”.
E esta ordem, dada aos
judeus que eram cativos no Oriente ao tempo da dominação mundial da Pérsia, foi
emitida pelo rei Artaxerxes, na última parte do ano 457, antes de Cristo.
Contando desta data inicial, os 2300 anos alcançaram a última parte do ano de
1844, quando então a verdade seria restaurada pela pregação e o santuário seria
purificado.
Segundo o ritual do
santuário do antigo Israel, a purificação do santuário significava a remoção
simbólica dos pecados do povo de Deus do santuário, através de um sacrifício
especial, oferecido sempre no dia 10, do sétimo mês judaico, correspondendo a
outubro do nosso calendário.
O santuário de Israel,
erguido por Moisés conforme o modelo que lhe fora mostrado por Deus, era uma
figura do verdadeiro santuário que existe no céu, onde Cristo ministra por Sua
igreja desde que para lá ascendeu, depois de Sua ressurreição.
Desse modo, a
purificação simbólica do santuário de Israel realizada pelo sumo-sacerdote uma
vez ao ano, era emblema da purificação do santuário celeste que Cristo devia se
realizar a partir do final dos 2300 anos, ou seja: Depois de 1844.
Como no santuário
terrestre os serviços diários eram efetuados no lugar santo e a purificação no
lugar santíssimo, de modo idêntico, Cristo, desde que ascendeu ao céu, efetuou
Sua obra de intercessão no lugar santo do santuário celestial até 1844.
Nesta data, em outubro,
Ele deixou o lugar santo e penetrou no lugar santíssimo para efetuar a
purificação do santuário, ou seja, a remoção dos pecados de Seu povo. Esta obra
de purificação continuará até o fechamento da porta da graça, quando estará
concluída a purificação do santuário celestial e Jesus voltará para executar o
juízo.
Olhando a História,
podemos ver que foi perto do fim dos 2.300 dias proféticos, em 1844, que o
anjo, com o livro aberto de Daniel, fez exatamente o que foi mostrado a João.
Precisamente no tempo previsto, a mensagem profética do anjo envolveu toda a
Terra. Como predito na visão de João, o tempo profético atingiu seu clímax.
No fim do século XVIII
e início do século XIX, as pessoas começaram a estudar as profecias de Daniel e
Apocalipse. Assim, muitos chegaram à conclusão de que os 2.300 dias de Daniel
8:14 terminariam no fim dos anos 1840. Pensando que a purificação do santuário
descrita por Daniel se referia à purificação da Terra pelo fogo da segunda
vinda de Cristo, concluíram que esse seria o tempo do retorno de Jesus. Essa
fantástica notícia logo foi proclamada em todo o mundo.
Como
os servos de Deus entenderam a purificação do santuário na profecia de Daniel?
A resposta histórica é esta: Eles entenderam que o santuário a ser purificado
no final dos 2300 anos, em 1844, era a própria terra e que, para que isto
pudesse ser realizado, Jesus deveria voltar naquele ano e atear fogo e enxofre
ao mundo para purificá-lo da maldade humana.
Como chegaram à
conclusão de que a terra seria o santuário a ser purificado? Simplesmente pelo
fato de, em 1844, não haver mais santuário na terra e desconhecerem a doutrina
do santuário celestial, do qual o santuário terrestre era uma cópia.
O fato de conceberem,
pelo livro de Daniel, que Jesus voltaria em 1844 para purificar a terra e
salvá-los é que cumpre a profecia de ter o profeta achado o livrinho doce como
o mel ao tomá-lo da mão do anjo e comê-lo. Nada mais doce para eles do que ter
a indicação do ano da volta de Jesus e estarem, como pensavam eles, diante da
concretização de suas tão acalentadas expectativas quanto ao retorno do Senhor
Jesus.
V
- O Desapontamento Previsto Na Profecia
Inicialmente, Guilherme
Miller, pastor da igreja batista de Nova York, começou a pregar que a volta de
Jesus ocorreria no dia 22 de Outubro de 1844. O grande erro do movimento
consistiu em não compreenderem seus dirigentes a natureza do acontecimento que
tomaria lugar no fim do período profético dos 2300 anos, isto é, em Outubro de
1844. Para os adventistas do sétimo dia, em particular, o ano de 1844 e os que
o precederam, evocam o nome de Guilherme Miller. Entretanto, ele era apenas um
dos muitos que pregavam, naquele tempo, sobre o breve retorno de Jesus. Pessoas
como Manuel Lacunza, José Wolff, Henry Drummond, Edward Irving, Hugh M’Neile e
os pregadores-mirins da Suécia também proclamavam o fato de que as profecias do
fim dos tempos estavam quase se cumprindo e, como haviam entendido, Jesus
voltaria.
Não foi apenas na
América ou na Europa que as pessoas faziam tal proclamação. A mensagem
circulava o globo. Wolff pregou no Oriente Médio e no Norte da África (do Egito
ao Afeganistão, e da Inglaterra à Índia). Em 1837, ele visitou os Estados
Unidos, onde também pregou. Na Índia, Daniel Wilson, bispo da Igreja Episcopal
de Calcutá, pregou e escreveu panfletos especificamente sobre as profecias de
Daniel.1 Em Adelaide, Austrália, a mensagem sobre o breve retorno do Salvador
foi pregada por Thomas Playford.2 As multidões ali se tornaram tão grandes que
seus seguidores tiveram que construir uma igreja maior para abrigar as pessoas.
No fim do tempo
profético, precisamente como havia sido mostrado ao apóstolo João e no tempo
exato predito por Daniel mais de 2.300 anos antes, a mensagem foi proclamada
com ‘grande voz’ ao redor do mundo. Não é de admirar que os pioneiros
adventistas ficassem tão eufóricos quando chegaram à conclusão de que era o
cumprimento da profecia!
“Fui, pois, ao anjo, e lhe pedi que me desse o
livrinho. Disse-me ele: Toma-o, e come-o. Ele fará amargo o teu ventre, mas na
tua boca será doce como mel. Tomei o livrinho da mão do anjo, e o comi. Na
minha boca era doce como mel, mas tendo-o comido, o meu ventre ficou amargo”
(Apocalipse 10:9, 10).
A expressão “toma-o
e come-o” significa que a mensagem seria devorada: Plenamente
assimilada, recebida. “Achadas as tuas palavras, logo as comi”
(Jer.15:16).
O anúncio da breve
volta de Jesus foi recebido com grande entusiasmo. A alegria enchia o coração
dos cristãos. Mas eles estavam condenados ao desapontamento. Quando a hora
chegou e Jesus não apareceu, a fé dos crentes sofreu um golpe terrível. O que
tinha sido doce como mel, agora se tornara amargo como fel, tal como dissera o
anjo.
Não poderia haver
melhor resumo do que aconteceu a seguir, na história da Igreja Adventista, do
que aquelas palavras proféticas. Todos os fundadores da igreja haviam sido
mileritas, ou seja, seguidores de Guilherme Miller, um fazendeiro batista que
se tornara pregador e proclamava que Cristo retornaria por volta de 1843 ou
1844, no fim da profecia dos 2.300 dias, como ele havia entendido. Para os
adventistas que vivem hoje, 171 anos após aquele evento, é difícil imaginar
quão preciosa foi a experiência daqueles mileritas ao se aproximarem do dia 22
de outubro de 1844, data que, segundo os estudos feitos por eles, seria o fim
da profecia de Daniel. Sua experiência foi fascinante durante as semanas que
precederam o dia 22 de outubro. Ao ler alguns de seus relatos, vislumbramos um
imenso sentimento de alegria.
“No fim do encontro, as
colinas de granito de New
Hampshire
ecoavam o grande clamor: ‘Eis o Noivo! Saí ao Seu encontro!’ Enquanto as
carroças carregadas e os vagões nas estradas de ferro voltavam para os
diferentes estados, cidades e vilas da Nova Inglaterra, o clamor ainda
ressoava: ‘Eis o Noivo! Saí ao Seu encontro!’ O tempo é curto! Preparem-se! Preparem-se!” (José Bates, Second Advent Way Marks and High Heaps,
1847, p. 30, 31.).
“Semelhante à vaga da
maré”, Ellen White disse que “o
movimento se alastrou pelo país. Foi de cidade em cidade, de aldeia em aldeia,
e para lugares distantes, no interior, até que o expectante povo de Deus ficou
completamente desperto” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 400).
Finalmente, o grande
dia chegou. Guilherme Miller disse o seguinte: “Mesmo os piores escarnecedores
se calaram” naquele dia. Mas continuou dizendo: “O dia passou. Na manhã seguinte,
era com se todos os demônios do mais profundo abismo viessem sobre nós. Os
mesmos … que gritavam por misericórdia … antes, estavam agora … escarnecendo,
zombando e ameaçando da maneira mais blasfema.” (Guilherme Miller carta
manuscrita a J. O. Orr, M.D., 13 de dezembro de 1844, citado em F. D. Nichol,
The Midnight Cry, p. 266).
A experiência que havia
sido tão doce em sua boca, como predito pelo apóstolo João, agora se tornara
amarga no estômago. Assim como não podemos compreender completamente a
experiência pela qual passaram, há tanto tempo, ao aguardar a volta de Jesus
naquela terça-feira, também não entendemos plenamente a intensidade da dor que
sentiram nos dias e semanas após o desapontamento de 22 de outubro.
Logo que me tornei
adventista, li com fascinação a história dos pioneiros e do grande
desapontamento de 1844. É difícil compreender o grande drama experimentado
pelos pioneiros adventistas naquela época. Calcula-se que mais de 50.000
pessoas esperavam a volta de Jesus, “naquele dia”! A população dos Estados
Unidos era de 20 milhões!
Hiram Edson resumiu sua
experiência assim: “Esperamos pela vinda de nosso Senhor até que o relógio desse as doze
badaladas, indicando a meia-noite. O dia havia passado e nosso despontamento
transformou-se em realidade. Nossa tão acariciada esperança estava destruída e
caiu sobre nós tamanho espírito de tristeza e lágrimas como eu nunca havia
experimentado antes … Choramos e choramos, até o alvorecer.” (Hiram
Edson, fragmento de manuscrito autobiográfico não datado, localizado na
biblioteca da Universidade Andrews, p. 8a, 9).
Os discípulos de Cristo
passaram por idêntica experiência. Poderia haver coisa mais trágica do que a
morte de Jesus, para homens que haviam abandonado tudo, crendo que Ele era o
Cristo? Quando eles desceram da cruz o corpo do seu Senhor, e o sepultaram,
também sepultaram as suas esperanças.
Sua obra, porém, não
estava terminada. Na verdade, ela mal havia começado. Foi depois do seu grande
desapontamento que os apóstolos realizaram sua maior obra. Na tarde após a
ressurreição, lemos que o Senhor “abriu-lhes o entendimento para
compreenderem as Escrituras” (Luc. 24:45).
Desapontamentos humanos
são, às vezes, desígnios divinos, e como os apóstolos, dezoito séculos antes,
este grande desapontamento de 1844 provou-se ser uma bênção disfarçada.
Uma mensagem maior
precisava ainda ser dada ao mundo. Alguns, é certo, renunciaram à sua fé e
deixaram a Palavra de Deus; mas, esse próprio desapontamento conduziu muitos
outros a um estudo mais aprofundado da Bíblia.
VI
- O Despertar de Um Novo Movimento Mundial
“Então foi-me dito: Importa que profetizes
outra vez acerca de muitos povos, nações, línguas e reis” (Apocalipse 10:11).
É notável como a
profecia indica neste texto um novo movimento mundial constituído de crentes
que participaram do grande desapontamento de 1844. Outra vez deviam levantar o
clamor mundial da segunda vinda de Cristo, sem, no entanto, assinalarem uma
nova data para o Seu aparecimento.
Nova luz deveria
incidir sobre o caminho dos pesquisadores da Palavra de Deus. Uma maior
mensagem, abarcando profecias ainda não imaginadas, devia vir à luz como
resultado daquele estudo. Aquela mensagem pregada até 1844, não era a mensagem
final de Deus.
Depois do grande
desapontamento de 1844, os crentes genuínos não abandonaram sua crença na
Segunda Vinda de Cristo, ou a convicção de que o seu movimento era de origem
divina. Renovado interesse no estudo da Bíblia resultou em mais clara
compreensão da profecia. A breve volta de Jesus tornou-se uma grande certeza. A
Igreja Adventista do Sétimo Dia foi estabelecida com a missão mundial de avisar
ao mundo de que Cristo voltará. Fundaram-se instituições médicas e educacionais
em muitas partes do Globo. Foram erigidas igrejas, escolas, hospitais e casas
publicadoras para ajudar a levar o evangelho eterno a toda nação, tribo, língua
e povo. Os Adventistas do Sétimo Dia consideram sua vocação um cumprimento da
profecia bíblica. Eles devem desempenhar uma parte muito importante no soar da
sétimo trombeta (Ap 11). Encaram com seriedade a ordem de Ap 10:11: “Importa que profetizes
outra vez acerca de muitos povos, nações, línguas e reis”.
Referência:
Comentário Bíblico Adventista,
v. 7
MAXWELL, C. Mervyn. Uma
Nova era Segundo as Profecias do Apocalipse. Tatuí, São Paulo: 2002.
Obrigada pelas informações do capitulo 10 de Apocalipse. E Deus nos capacite para cumprir essa profecia e ter o privilégio de fazer parte dessa igreja.
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