Teologia

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O BEBÊ DE BELÉM, UM PRESENTE PARA SEMPRE


 Ricardo André

Não há nada mais emocionante na vida de um casal do que o nascimento de um filho. Minha esposa e eu ficamos realizados e felicíssimos com o nascimento de nosso filho Martin Luther King S. Souza. Ele é o presente de Deus para nós.

Deus também ficou muito contente com o nascimento do Seu Filho. Os coros angelicais anunciaram Sua chegada aos pastores que cuidavam do seu rebanho. “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:10,11, NVI). Os pastores e os magos do Orientes proclamaram o seu nascimento. As profecias dos antigos profetas feitas séculos atrás apontavam para o nascimento do Messias.

O evangelho de Mateus informa que os magos guiados por uma “estrela” encontraram o bebê nascido na manjedoura em Belém ofereceram-Lhe presentes. “Ao entrarem na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11). O ouro é um presente para um rei. Ele representava todos os nossos bens materiais. No Natal, reconhecemos: “Senhor, todas as minhas posses são Tuas. Tu és o rei dos reis e o meu Rei”.

O incenso é um presente para um sacerdote. Ele era usado pelos sacerdotes no antigo santuário. No natal, nos ajoelhamos e declaramos: “Jesus, Tu és o meu Sacerdote. Tu intercedes por mim. Tu apresentas Tua justiça perfeita diante de todo o Céu, em lugar do meu enorme fracasso”.

A mirra é um presente para quem está para morrer. É um perfume antigamente utilizado nos serviços fúnebres. No Natal, reconhecemos: “Jesus, Tu és o meu Salvador. Tu és o inocente Bebê que nasceu e o meu Redentor que morreu por mim”.

A melhor maneira de celebrar o Natal

A melhor coisa a respeito da época do Natal é seu espírito de dar. Por um breve período, pessoas que passam o resto do ano pensando somente em si mesmas se detém para lembrar-se de um amigo, de um parente, de um ente querido. Muitos demonstram solidariedade aos mais pobres arrecadando e doando roupas calçados, alimentos e brinquedos. Tal atitude está em consonância com a orientação de Ellen G. White, que afirmou: “As festividades de Natal e Ano Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar” (O Lar Adventista, p. 482).

Podemos nesta época do ano presentear nossos familiares e amigos e as pessoas carentes, mas devemos priorizar Jesus, que é a razão do Natal, é o centro da festa. “Irmãos e irmãs, enquanto vocês estão planejando dar presentes uns aos outros, desejo lembrar-lhes nosso Amigo celestial, para que não passem por alto Suas reivindicações. Ele Se agradará se mostrarmos que não O esquecemos” (Idem, p. 480).

Sempre, porém, que o ato de dar não constitui mera formalidade ou o cumprimento de uma obrigação, sempre que homens e mulheres dão, movidos por um coração de amor e solicitude, o pulso humano bate um pouco mais depressa. Dar genuinamente nos eleva para mais perto de Deus, nos conduz para fora de nosso eu restrito e nos concede um vislumbre de uma vida mais elevada.

Quando damos com sinceridade, refletimos em certa medida o caráter de Deus. Ele é o Doador celestial, que envia Sua luz solar e a chuva sobre justos e injustos, que cuida das aves do céu e adorna os lírios do campo. Disse Jesus: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt 7:11, NVI).

O supremo Dom do Doador celestial foi Seu próprio Filho. Ele esvaziou o Céu de seu mais precioso tesouro, vertendo a Si mesmo na dádiva do Bebé de Belém. Aquele que Se deleita em ajudar a humanidade, que Se alegra em conceder-nos libertação e paz, concedeu-nos a Pérola de grande preço.

Estejamos bem certos do seguinte: Quando "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigénito" (S. João 3:16), isso foi um presente genuíno. Ele não O emprestou para nós por uns trinta anos, chamando-O então de volta ao domínio celestial e deixando-nos desolados. Um presente é para sempre. Pelo mistério da encarnação, Deus, em Jesus Cristo, está eternamente ligado à humanidade. A Divindade e a humanidade acham-se unidas pelo vínculo mais estreito.

"Pela Sua vida e morte, Cristo operou ainda mais do que a restauração da ruina produzida pelo pecado. Era o intuito de Satanás causar entre o homem e Deus uma eterna separação; em Cristo, porém, chegamos a ficar em mais íntima união com Ele do que se nunca houvéssemos pecado. Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos estará ligado por toda a eternidade. 'Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito'. S. João 3:16. Não O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por nós; deu-O à raça caída. Para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, Deus deu Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo para sempre Sua natureza humana” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 25).

Nesta época do Natal, ao darmos e recebermos presentes, façamos uma pausa para recordar o eterno Dom de Deus, Jesus! Esse é um período próprio para comemorar e rejubilar pelo eterno presente que o pai celeste nos deu. Ao darmos presentes para os outros, não deixemos de partilhar também esse Dom! O Natal provê uma excelente oportunidade para relembrar à raça humana que a Criança que nasceu em Belém está vindo logo (Hb 10:37).

O Significado do Natal

Não há qualquer informação a respeito do dia do nascimento de Jesus. Em face de não termos muita informação bíblica a respeito da data (dia e mês) do nascimento de Jesus, e toda evidência histórica indicar que o 25 de dezembro está relacionado com o culto Romano ao Sol Invencível (Latin, Sol Invictus), o renascimento do sol, que era celebrado nesta data.  Data incorporada pela Igreja Católica durante a Idade Média, para celebrar o nascimento de Jesus. Por conta disso, alguns poderiam julgar oportuna a pergunta: Como Igreja Adventista do Sétimo Dia, temos razões ou justificativas para comemorar o Natal, sendo esta uma festividade de fundo pagão e que honra a autoridade de Roma? Não seria melhor se abolíssemos de nosso meio as programações natalinas?

Tendo em mente o verdadeiro significado do Natal, penso que como igreja fazemos bem em observá-lo. Afinal, o nascimento de Cristo não foi um fato, uma realidade? E esse fato não é até agora o maior e mais sublime acontecimento da História? Não encerra ele a mais doce e mais preciosa mensagem de amor e esperança para cada ser humano? Não constitui o mais poderoso e comovente apelo ao coração humano, ao falar eloquentemente do amor que veio para salvar, enobrecer e glorificar Suas pobres criaturas caídas em pecado? Então, por que não relembrar o nascimento de Cristo? Ao fazê-lo, expressamos como igreja, nosso gesto de simpatia e sociabilidade humana e cristã, ao mesmo tempo em que demonstramos equilíbrio e senso de oportunidade referente àquilo que promove o bem.

Reconhecemos, não obstante, que a sociedade professamente cristã de todo o mundo, no espírito e na prática desvirtuou o Natal, secularizou-o, materializou-o, adulterou seu significado. Para a imensa maioria das pessoas do mundo o Natal tornou-se uma época para o consumo, para gastança, comercialização, bebedice, vendas altas e negócios lucrativos (onde o chamado "espírito do Natal" se impõe não para honrar a Cristo, mas para vender mercadorias). Nas sociedades capitalistas, consumistas, compradores nos shopping e em lojas populares se aglomeram em volta de balcões abarrotados, torturando o cérebro a fim de imaginar quais os presentes que devem ser comprados para amigos que já possuem mais do que necessitam. Uma data tão especial tem sido ofuscada por ideologias capitalistas e campanhas publicitárias, que só concentram o seu olhar para o consumo. É Jesus que nasce, mas quem é lembrado é o papai-noel. São os presentes materiais que ganham mais destaques do que o nascimento do Redentor.

Em tudo isso, em todas essas coisas, não se fala nem se medita na pessoa de Jesus. Não se cogita acerca do propósito para o qual Ele nasceu. Não se procura captar o fato maravilhoso de que Ele veio para revelar o amor, a boa vontade e os pensamentos de paz do Pai, para com Seus pródigos e caídos filhos. Nossa missão é trabalhar para que não haja o esgotamento da comemoração desta data tão importante do calendário cristão, adoração ao Deus que expressou o seu amor pela humanidade enviando o Seu filho Jesus! Esse é o verdadeiro sentido do Natal!

O cântico dos anjos na anunciação aos pastores foi: "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens"; no entanto, que contraste a realidade que o mundo apresenta hoje! Os homens de boa vontade se tornam cada vez mais raros, a paz se encontra a cada dia mais distante, e os homens buscam sua própria glória, em vez da de Deus.

Corações não se admiram do amor sacrificai do Pai, ao entregar Seu único filho para salvar inimigos; espíritos não se assombram ao considerar as profundezas a que Cristo desceu, renunciando à alteza, à glória e à majestade, para tornar-Se homem, a fim de redimir o que se perdera; e muitos não se sensibilizam com a simplicidade, a pobreza, a abnegação e a humildade manifestas pelo Filho de Deus e Filho do homem.

Tudo isso deixa claro que o Natal só tem sentido quando, de maneira individual, cada um faz do seu coração uma manjedoura para o Salvador, de tal forma que, como Lutero, possa chegar a dizer: "Tu, Senhor, és minha justiça, e eu sou o Teu pecado; tomaste o que era meu, e me deste o que era Teu. O que não foste Te tornaste, para que eu fosse o que não era."

Este é o verdadeiro significado do Natal. Busquemo-lo em nossa experiência.

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