Teologia

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ENFRENTANDO 2021 COM CORAGEM!


Ricardo André

O ano de 2020 está terminando. Ele foi um ano muito difícil para a humanidade, que foi surpreendida pelo surgimento do corona vírus causador da Covid-19. O mundo ficou em pavoroso com esta doença, que se propagou rapidamente pelo mundo inteiro. Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no dia 11 de março, pandemia de Covid-19. Milhares de pessoas já morreram no mundo e outros milhões estão infectadas pelo vírus. Essa doença obrigou os governos do mundo todo a adotar medidas restritivas, a fim de conter a disseminação do vírus, como o distanciamento social, fechamento do comércio, das igrejas, escolas, faculdades, locais de eventos, entre outros. Essas medidas, por sua vez, gerou falências de centenas de pequenas empresas, desemprego e fome. Perdemos amigos e ente queridos, não somente pela Covid-19, mas por outras doenças, bem como por acidentes. Há tão pouco tempo festejamos a entrada do Ano Novo, e nem imaginávamos que iríamos enfrentar esse turbilhão de problemas e dificuldades. E, os prognósticos são de que essa crise sanitária e econômica se prolongará pelo ano 2021.

Certamente, muitos de nós ao longo desse ano vivemos momentos de desapontamentos e reveses; sentimo-nos sós em nossa luta contra o pecado. Viveu momentos de tormento, agonia e dor. É possível que tivemos a tentação de desistir.  

Há razões para renovarmos nossa esperança e certezas? Tenho uma mensagem para você, já que começamos a pensar em um Ano Novo.

Lemos em Êxodo7:14-17: “Disse o Senhor a Moisés: "O coração do faraó está obstinado; ele não quer deixar o povo ir. Vá ao faraó de manhã, quando ele estiver indo às águas. Espere-o na margem do rio para encontrá-lo e leve também a vara que se transformou em serpente. Diga-lhe: O Senhor, o Deus dos hebreus, mandou-me dizer-lhe: Deixe ir o meu povo, para prestar-me culto no deserto. Mas até agora você não me atendeu. Assim diz o Senhor: Nisto você saberá que eu sou o Senhor: com a vara que trago na mão ferirei as águas do Nilo, e elas se transformarão em sangue” (NVI)

Este é o encontro de Moisés com Faraó no momento da primeira praga, e este encontro se dá as margens do rio Nilo, “aonde o rei costumava dirigir-se. Sendo o transbordamento do Nilo a fonte dos alimentos e riqueza para todo o Egito, era o rio adorado como um deus, e o monarca ia para ali diariamente a fim de render as suas devoções” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 265). Diz o texto sacro que naquela manhã as águas de todo o Egito foram transformadas em sangue.

O encontro memorável no rio Nilo

O local deste encontro com Faraó, o rio Nilo, era muito significativo para Moisés: Podemos imaginar que ele olha para aquele rio e começa a trazer à sua memória a sua própria história: “Há oitenta anos atrás eu era um bebezinho e minha mãe na esperança de me salvar me colocou dentro de um cesto de junco e eu fui salvo pela filha de Faraó que tinha o costume de se banhar nesta praia fluvial.”

Aliás, seja dito de passagem, que Moisés gostava de recordar fatos históricos. Basta ler o livro de Deuteronômio 1:1-6 quando ele dirige o primeiro discurso ao povo no final do êxodo e pouco antes da ocupação da terra de Canaã. O texto diz assim: Estas são as palavras ditas por Moisés a todo o Israel no deserto, a leste do Jordão, na Arabá, defronte de Sufe, entre Parã e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe. Em onze dias se vai de Horebe a Cades-Barnéia pelo caminho dos montes de Seir. No quadragésimo ano, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés proclamou aos israelitas todas as ordens do Senhor acerca deles. Isso foi depois que ele derrotou Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, e em Edrei derrotou Ogue, rei de Basã, que habitava em Asterote. A leste do Jordão, na terra de Moabe, Moisés tomou sobre si a responsabilidade de expor esta lei: O Senhor, o nosso Deus, disse-nos em Horebe: "Vocês já ficaram bastante tempo nesta montanha”.

E então ele começa a trazer à memória daquele povo os episódios da sua história, amarrando o passado com o presente e preparando os ouvintes para o futuro glorioso que Deus haveria de dar.

E agora Moisés está diante do Rio Nilo e a sua memória é acionada e o filme da sua vida começa a se desenrolar: Talvez ele tenha se lembrado da mãe hebréia, da mãe egípcia (ou seja a mãe natural e a mãe adotiva): de Joquebede (tia de seu pai) e da princesa (filha de Faraó). Talvez tenha se lembrado daquele caudal enorme de cultura palaciana que recebeu por fazer parte da elite que governava o país mais progressista e poderoso da época.

Talvez tenha se lembrado de suas lutas íntimas antes de ter a coragem de abdicar as glórias do Egito e os prazeres transitórios do pecado, para perfilar com os seus irmãos oprimidos. Talvez, naquela manhã, diante do rio Nilo ele traz a memória aquela estranha arte de ver o invisível e de contemplar à distância o galardão que Deus costumava distribuir com os que vivem pela fé. É por isso que Hebreus 11:27 nos diz: “Foi pela fé que Moisés saiu do Egito, sem ter medo da raiva do rei, e continuou firme, como se estivesse vendo o Deus invisível (NTLH).”

Talvez ele tenha se lembrado da sua impetuosidade não domesticada que o fizera matar o egípcio que estava espancando um de seus parentes distantes. Talvez tenha se lembrado da incompreensão dos hebreus; se lembrado dos quarenta anos passados não na metrópole, mas na terra de Midiã, onde se casara, onde se tornara pai de dois meninos e onde trabalhara como pecuarista. Talvez tenha se lembrado do estranho fenômeno da sarça que se queimava e não se consumia e daquele tremendo e decisivo encontro com Deus no monte Horebe, quando a vocação esquecida voltara à tona de modo irreversível.

Eu acredito amigo que todas essas lembranças se elucidavam porque Moisés estava ali à margem do rio Nilo e agora, à espera de Faraó, oitenta anos depois de ter sido descoberto pela princesa. E acredito que o seu coração se encheu de gratidão e de determinação!

Nós temos muitas razões para agradecer a Deus pelo ano 2020, apesar das tragédias! Recebemos muitas bênçãos de Deus ao longo desse ano, que tentar descreve-las seria como explicar como é ser feliz! E, felicidade a gente não explica, a gente sente e acaba transmitindo aos outros. Por isso o Salmista se expressa assim no capítulo 126:1 “Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho” (NVI). Só o fato de estarmos vivos é uma grande bênção! O Senhor e Salvador em nossos momentos de aflições e tristezas estava "à distância de apenas uma prece" e que cada anjo no Céu aguardava Sua ordem para encorajar-nos e dar-nos força para superarmos as decepções e sofrimento e atingirmos o "topo da montanha".

Ainda que tenhamos perdidos alguns amigos e entes queridos neste ano, temos a esperança bíblica de que um dia, o Senhor virá. Então, veremos nossos queridos que foram arrebatados pela morte. E o melhor: veremos a face Daquele que nos sustentou em meio às mais duras provas da vida. Que alegria será!

Ao adentrarmos no novo ano precisamos possuir a mesma confiança que tinha Ellen G. White expressa em suas palavras finais, três meses antes de descansar no Senhor: “Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 443).

Mas como podemos esquecer? Você sabe o que estou dizendo. É fácil esquecer aquilo que Deus fez no passado quando algumas novas provações nos sobrevêm. Os israelitas se esqueceram vez após vez, e nós também. Se parar para relembrar a maneira como Deus atuou em sua vida no passado, com certeza você também terá motivos para confiar, e muito que agradecer ao Senhor nesta hora. Moisés teve muitas lutas e dificuldades, mas quando ele coloca tudo isso na balança, naquele momento em que ele olha os oitenta anos que se passara, ele verifica que tinha muito que agradecer ao Senhor.

Portanto, tome tempo para relembrar! Fazer isso traz uma bênção dupla. Primeira, lembramos daquilo que Deus tem feito em nossa vida. Segunda, mostra-nos que, se Deus já o fez antes, pode fazê-lo de novo. Isso nos dá muita coragem e força para enfrentar o que vier.

Eu convido você, neste momento especial quando vamos inaugurar um novo ano, a terceira década do século XXI, a trazer à sua memória aquilo que te dá esperança e saber que você pertence a um Deus de amor, e que você pode confiar, descansar e esperar nEle, e declarar que o Deus a quem você serve nunca falhou e nunca falhará!!!

A história de John N. Andrews

John Nevins Andrews (1829-1883), foi o mais influente erudito da IASD em sua fase inicial. Esteve intimamente associado com Tiago e Ellen White na liderança da Igreja Adventista e em sua obra evangelística. “Nascido em Poland, Maine, John ‘encontrou o Salvador’ em fevereiro de 1843 e começou a observar o sábado do sétimo dia alguns anos depois. Ele conheceu os White quando o casal visitou Paris, Maine, em setembro de 1849. Durante essa visita, os White repreenderam firmemente o fanatismo que prevalecia entre alguns adventistas. Foi nesse contexto que o jovem Andrews exclamou: ‘Eu trocaria mil erros por uma verdade’” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 322). Era um profundo estudioso das Sagradas Escrituras. Quando adulto, sabia ler a Bíblia em sete idiomas e afirma ser capaz de recitar o Novo Testamento de cor. Sua vida foi de constante aprendizado até sua morte precoce de tuberculose, aos 54 anos, em 1883.

Em 1850, John começou a trabalhar como pastor. Em cinco anos, porém, encontrava-se “completamente esgotado” por causa dos estudos intensivos e da agenda cheia. Depois de perder a voz e prejudicar sua visão, foi trabalhar na fazenda de seus pais, para recuperar a saúde. Em 1861, publicou a primeira edição de seu livro mais conhecido, The History of the Sabbath and the First Day of the Week (A História do sábado e do primeiro Dia da Semana).

Em 1867, tornou-se o terceiro presidente da Associação Geral dos ASD. No dia 14 de setembro de 1874, em companhia de seus filhos, Charles e Mary (sua esposa havia falecido de um AVC, em 18 de março de 1871) tomou um navio de Boston para Liverpool, Inglaterra, em rota para a Suíça, como o primeiro missionário oficial da igreja em terras estrangeiras. Ellen G. White escreveu que eles haviam enviado “o homem mais capaz de todas as nossas fileiras” (Ct 2a, 1878).

Em 1878, infelizmente, sua filha Mary contraiu tuberculose e morreu “logo depois de chegar ao sanatório de Battle Creek para tratamento” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 323). Em uma carta, datada de 5 de dezembro de 1878, dirigida ao Pastor J. N. Andrews, quando o caminho parecia acidentado e íngreme, quando trabalhava na Europa, logo após a morte de sua filha Mary, Ellen White escreveu: “Tu achas que se não fosse essa grande perda serias um homem relativamente feliz. Mas pode ser que a própria perda de tua filha neste mundo seja para ti, e não somente para ti mas para muitos na Suíça, algo que contribua para a salvação de almas. [...] O Senhor te ama, meu prezado irmão. Ele te ama. ‘Os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a Minha misericórdia não se apartará de ti. E a aliança da Minha paz não será removida'. Is 54:10’. ‘Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus’. Rm 8:28. Se teus olhos pudessem ser abertos, verias teu pai celestial inclinando-Se sobre ti com amor, e se pudesses ouvir-Lhe a voz, isso se daria em tons de compaixão por ti, que estás prostrado em sofrimento e aflição. Firma-te em Sua força; há descanso para ti que estás cansado” (Este Dia com Deus [MM 1980], p. 346).

“‘Mary, querida e preciosa criança, descansa’, escreveu Ellen White ao pai dela. ‘Pelos olhos penetrantes da fé, você pode antever [...] sua Mary junto à mãe e aos outros membros da família atendendo ao chamado do Doador da vida e saindo do seu cárcere, triunfantes sobre a morte’ (Carta 71, 1878)” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 324).

Não é de surpreender que o Senhor nos tem dito que, assim como entregamos nossas vidas a Ele, "através das mais maravilhosas operações da divina providência, montanhas de dificuldades serão removidas e lançadas no mar." (Ellen G. White, Profetas e Reis, pág. 223).

Caro amigo leitor, avante! Você pode enfrentar 2021 com coragem!

 

 

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