BARNABÉ – O APÓSTOLO QUE ACOLHIA E ACREDITAVA NAS PESSOAS REJEITADAS
Texto
bíblico: "Notícias desse fato chegaram aos ouvidos da
igreja em Jerusalém, e eles enviaram Barnabé a Antioquia. Este, ali chegando e
vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor,
de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé; e
muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor" (Atos 11:22-24, NVI).
INTRODUÇÃO
Para você, qual é o
homem mais influente do Novo Testamento? Hoje eu quero lhe apresentar Barnabé.
Sem dúvida foi um grande homem, um dos maiores líderes da igreja primitiva, mas
pouco conhecido pelos cristãos atuais. Sua piedade era notória. Seu exemplo e
seu ministério fizeram diferença. Seu nome era na verdade, José, e ele era
filho de pais judeus, descendentes da tribo de Levi, e natural de Chipre, uma
das maiores ilhas do mar Mediterrâneo (Atos 13:1-4). Existem várias excelentes
lições que podemos extrair da vida deste discípulo relativamente obscuro de
Jesus.
José era uma pessoa tão
amorosa, companheira e parecida com Jesus, que a comunidade cristão e os
apóstolos mudaram seu nome para Barnabé. O nome tem a ver com ele, significa:
“filho de consolação”, “filho de exortação” ou “filho de encorajamento” (At
4:36, 37). Que apelido bom! Obviamente, este homem não vivia
atacando e caluniando os outros. Ele sempre tinha uma palavra de ânimo aos fracos e abatidos.
Além de ser
extremamente acolhedor, generoso e amigo Barnabé, também possuía outras
características espirituais. A bíblia diz que “era homem bom, cheio do Espírito
Santo e de fé…” (At 11.24). Três verdades sobre Barnabé são colocadas em
destaque e servem de inspiração para todos os cristãos hoje.
I
- UM CRISTÃO DEVE INVESTIR SUA VIDA NA VIDA DE OUTROS
Barnabé é o único homem
da Bíblia chamado de bom. E por quê? Porque quase sempre ele está investindo
sua vida na vida de alguém. As pessoas o amavam. Respeitavam seus
posicionamentos e sempre queriam ouvi-lo. Ele levou muitas pessoas ao Senhor
Jesus não apenas com palavras, mas sobretudo com atitudes de bondade.
Em Atos 4:36, 37 ocorre a primeira citação do seu nome, e revela que ele está investindo recursos
financeiros para abençoar pessoas. Diz o texto sacro que
ele vendeu um campo e doou o dinheiro para ajudar os irmãos necessitados na
igreja em Jerusalém. Diferente do egoísmo e interesse próprio
que domina a vida de muitas pessoas, Barnabé e outros discípulos no início da
igreja mostraram o amor sacrificial que Jesus ensinou.
Barnabé deu
oportunidades para pessoas quando os outros não confiavam nelas. Ele era um
homem que insistia em acreditar no melhor dos outros. Dois episódios ilustram
este aspecto do trabalho de Barnabé. Em Atos
9:27 ele está investindo na vida de Saulo de Tarso, quando todos os
discípulos fecharam-lhe a porta da igreja, não acreditando em sua conversão. Um
dos maiores problemas enfrentados por Paulo no princípio da sua caminhada
cristã foi a desconfiança (At 9:26, 27). Não obstante seu testemunho fosse
muito forte – ele viu Jesus e foi chamado por Ele (At 9:4, 5) – a igreja
primitiva não conseguia confiar nele. Isso era compreensível, até porque Paulo
havia encarcerado e participado no assassinato de muitos cristãos, inclusive
Estêvão um dos líderes da igreja (At 7:55-58). Ao conhecer a história de Paulo,
seu testemunho, Barnabé assumiu a responsabilidade pela sua vida, arriscando
sua própria reputação, sua vida e sua igreja. Não desconfiou como os demais.
Apresentou-o as lideranças da Igreja como um verdadeiro cristão (Atos 9:26-30).
Resultado: Dos 27
livros que compõem o Novo testamento, 13 foram escritos por Paulo. Tornou-se um
dos gigantes do cristianismo. Tornou-se o maior ganhador de almas e plantador
de igrejas de todos os tempos.
A relevância do
apóstolo Paulo para a igreja é sem precedente. Mas tudo isso aconteceu porque
Barnabé, que era uma pessoa amorosa, acreditava nas pessoas, investia nelas e
estava sempre disposto a ajudá-las.
Qual
é a nossa situação? É mais fácil para nós, por natureza,
fazer comentários maldosos sobre outros. Quem de nós se dispõe a se dirigir a
uma pessoa, conversar com ela e ajudá-la? Em nossas igrejas e círculos
familiares locais precisamos de homens e mulheres, jovens e idosos que se
aproximem de outras pessoas, que coloquem a mão amistosamente sobre o ombro
delas, que se preocupem com elas, que as incluam nos círculos de comunhão, que
tenham palavras de consolo para elas e que as apoiem. Efésios 4:2 nos exorta:
“Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos
outros com amor” (NVI). A sentença “Sejam pacientes...” deveria abalar o nosso
coração.
Em Atos 11:19-26, a igreja de Jerusalém o vê como o melhor obreiro a
ser enviado para Antioquia. Ao chegar lá, vê a graça de Deus prosperando
naquela grande metrópole. Percebeu que havia muito trabalho e não podia
desenvolvê-lo sozinho. A partir daí, mais uma vez ele investe na vida de Saulo
e vai buscá-lo em Tarso, sua cidade natal. Catorze anos depois que Barnabé
tinha recomendado Paulo aos líderes da igreja de Jerusalém, ele encontra-se
novamente com ele e leva-o para Antioquia (Gl 2:1). O reencontro entre Barnabé
e Paulo resultou em um ano inteiro de pregações empolgantes, fervorosas e
apaixonadas em Antioquia (At 11:25, 26).
O resultado foi um
grande número de conversões e uma igreja atuante, sincera e forte.
Em Atos 13:2 o Espírito o separa como o líder regente da primeira
viagem missionária. Ele e Paulo chegaram na ilha de Chipre para pregar as boas
novas de Jesus. A missão em Chipre marcou uma transição importante. Pela
primeira vez Lucas mencionou “Saulo, também chamado Paulo” (At 13:9). A partir
daí o nome “Saulo” desaparece, como se fosse para mencionar que Paulo, o
apóstolo dos gentios, havia chegado. Durante a viagem pela Ásia, Paulo alcança
um grande destaque na pregação do evangelho. A sabedoria, intrepidez e o poder
com os quais ele falava sobre Jesus arrebatava os corações dos ouvintes.
Mas a parte mais
virtuosa e mais emocionante da narrativa é a resposta submissa e humilde de
Barnabé ao avanço de Paulo. Até aquele momento, Barnabé tinha sido o número um
e, sem ele, talvez Paulo tivesse se tornado um elemento esquecido. Mas o homem
que havia trazido Paulo para se juntar a ele passou a ocupar humildemente o
segundo lugar sem murmurar. Em nenhum momento as Sagradas Escrituras mostram
Barnabé com ciúmes, desprezo ou rancor com relação a Paulo. Para Barnabé, a
missão era mais importante do que quem a realizava. O seu coração convertido tinha
apenas uma preocupação, que o Senhor Jesus fosse glorificado. Que lição de
humildade!
Em Atos 15:37-41 Barnabé mais uma vez está investindo na vida de
alguém; desta feita na vida de João Marcos. Quando Paulo, Barnabé e João Marcos
chegaram a Perge, no caminho para Antioquia da Pisídia, um evento triste
aconteceu: João Marcos decidiu abandonar a missão e voltar para casa em
Jerusalém. O texto sacro não apresenta nenhuma razão para isso. Porém, Ellen
White aponta as possíveis razões: “Pouco habituado a sacrifícios,
desanimaram-no os perigos e privações do caminho. Trabalhara com êxito sob
circunstâncias favoráveis, mas agora, em meio a oposição e perigos que tantas
vezes cercam o missionário pioneiro, não suportou as dificuldades como bom
soldado da cruz. Devia aprender ainda a enfrentar valorosamente os perigos,
perseguições e adversidades. À medida que os apóstolos avançavam, encontrando
dificuldades cada vez maiores, Marcos intimidava-se, e perdendo todo o ânimo, recusou-se
a prosseguir, retornando a Jerusalém” (Atos
dos Apóstolos, p. 169, 170).
A partida de Marcos se
tornou tão controversa que, quando os apóstolos planejavam a segunda viagem
missionária cerca de três anos depois, Paulo recusou-se a levar marcos.
Barnabé, no entanto, insistiu para que levassem consigo Marcos. Paulo não quis
ceder com base nos seus motivos. Barnabé também não. O conflito ficou tão
intenso que o resultado foi a separação de uma das duplas missionárias mais
produtivas da história da Igreja de todos os tempos. Barnabé acreditou em João Marcos,
seu primo (Cl 4:10), dando-lhe uma segunda chance. Levou-o consigo para Chipre,
e Paulo seguiu com Silas, seu novo companheiro, para Síria e Cilícia.
Isso me ensina duas
preciosas lições: 1) Não importa quão espiritual sejamos, continuaremos humanos
falhos. Todos nós! 2) Por sermos todos falhos, precisamos dar uma segunda chance
a quem erra, ajudando-lhe a ergue-se. Ellen G. White afirma: “Muitos através da
estrada da vida, pensam demais em seus erros e faltas e decepções, ficando com
o coração cheio de amargura e desânimo” (Caminho
a Cristo, p. 116). Como precisamos de pessoas na igreja que deem aos outros
uma segunda oportunidade, e que com coragem e denodo cristãos não receiem
ajudar e apoiar os que a princípio vacilam em sua experiência cristã! Uma
pessoa pode superar suas falhas.
Indubitavelmente, a
paciência de Barnabé contribuiu para o crescimento de João Marcos. O Espírito
Santo acabou por usar João Marcos em uma tarefa não menos importante: ele
escreveu o Evangelho que leva seu nome, aliás o primeiro Evangelho a ser
escrito. Anos depois, Paulo, agora um velho prisioneiro em Roma, escreveu a
Timóteo: “Toma consigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2
Tm 4:11). Paulo demorou bastante tempo para reconhecer que a graça significa
dar segundas chances. Um cristão pode falhar em um momento, mas pode se
refugiar no “esconderijo do Altíssimo” (Sl 91:1, 2; 37:24; Pv 24:16). Assim,
nenhuma das nossas quedas precisa ser permanente.
Deus precisa de homens
e mulheres que sejam bons, homens e mulheres que dediquem seu tempo e seu
coração para investir na vida de outras pessoas.
II
- UM CRISTÃO DEVE ESVAZIAR-SE DE SI PARA
SER CHEIO
DO
ESPÍRITO SANTO
Barnabé era um homem
cheio do Espírito Santo. Sua vida, suas
palavras e suas atitudes eram governadas pelo Espírito de Deus. Um cristão
cheio do Espírito tem o coração em Deus, vive para a glória de Deus, ama a obra
de Deus e serve ao povo de Deus. Barnabé foi um homem vazio de si mesmo, mas
cheio do Espírito Santo.
Ellen G. White afirma:
“Se pensássemos e falássemos mais sobre Jesus e menos sobre o eu, teríamos
muito mais de Sua presença” (Acima de
Todo Nome [MD 2022], p. 150).
Amigos, a plenitude do
Espírito não é uma opção, mas uma ordem divina. Não ser cheio do Espírito é um
pecado de negligência. Precisamos de homens e mulheres que transbordem do
Espírito, homens e mulheres que sejam vasos de honra, exemplo para os fiéis,
bênção para o rebanho de Deus.
Quando os cristãos
andam com Deus, eles influenciam seus liderados a também andarem com Deus. Por
isso, a sua vida (vida do líder) vai influenciar a vida dos que cercam você (é
a vida da sua liderança).
Deus está mais
interessado em quem você é do que no que você faz. Vida com Deus precede trabalho
para Deus. O seu relacionamento com Deus é mais importante do que você faz para
Ele.
III
- UM CRISTÃO DEVE COLOCAR SEUS OLHOS EM DEUS E
NÃO
NAS CIRCUNSTÂNCIAS
Barnabé era um homem
cheio de fé. Ele vivia vitoriosamente mesmo diante
das maiores dificuldades, porque sabia que Deus estava no controle da situação.
A fé tira nossos olhos
dos problemas e os coloca em Deus que está acima e no controle dos problemas. A
fé é certeza e convicção. É certeza de coisas e convicção de fatos (Hb 11:1). É
viver não pelo que vemos ou sentimos, mas na confiança de que Deus está no
controle.
Lembra o que está
escrito em Habacuque 2:4? A fé nos leva a confiar mesmo diante das dificuldades,
não porque somos fortes, mas porque embora sejamos fracos, confiamos naquele
que é onipotente.
CONCLUSÃO
José Barnabé, filho de
exortação, deixou um excelente exemplo por meio de uma vida dedicada ao Senhor
e aos outros homens. Seguia Jesus e ensinava os outros a andarem no mesmo
caminho!
Precisamos ser homens e mulheres que ousem crer no Deus dos impossíveis. Precisamos ser homens e mulheres que olhem para a vida na perspectiva de Deus, que abracem os desafios de Deus e realizem grandes projetos no reino de Deus.
Caros irmãos e irmãs, querem ser como Barnabé? Quer você hoje investir sua vida para salvação das pessoas ao seu redor? Esvazie-se de si mesmo e permita que o Espírito Santo lhe preencha com Seu poder. Peça que Deus lhe ajude! Olhe sempre para Deus e não para as circunstâncias!
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