Teologia

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

BARNABÉ – O APÓSTOLO QUE ACOLHIA E ACREDITAVA NAS PESSOAS REJEITADAS


Texto bíblico: "Notícias desse fato chegaram aos ouvidos da igreja em Jerusalém, e eles enviaram Barnabé a Antioquia. Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé; e muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor" (Atos 11:22-24, NVI).

INTRODUÇÃO

Para você, qual é o homem mais influente do Novo Testamento? Hoje eu quero lhe apresentar Barnabé. Sem dúvida foi um grande homem, um dos maiores líderes da igreja primitiva, mas pouco conhecido pelos cristãos atuais. Sua piedade era notória. Seu exemplo e seu ministério fizeram diferença. Seu nome era na verdade, José, e ele era filho de pais judeus, descendentes da tribo de Levi, e natural de Chipre, uma das maiores ilhas do mar Mediterrâneo (Atos 13:1-4). Existem várias excelentes lições que podemos extrair da vida deste discípulo relativamente obscuro de Jesus.  

José era uma pessoa tão amorosa, companheira e parecida com Jesus, que a comunidade cristão e os apóstolos mudaram seu nome para Barnabé. O nome tem a ver com ele, significa: “filho de consolação”, “filho de exortação” ou “filho de encorajamento” (At 4:36, 37). Que apelido bom! Obviamente, este homem não vivia atacando e caluniando os outros. Ele sempre tinha  uma palavra de ânimo aos fracos e abatidos.

Além de ser extremamente acolhedor, generoso e amigo Barnabé, também possuía outras características espirituais. A bíblia diz que “era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé…” (At 11.24). Três verdades sobre Barnabé são colocadas em destaque e servem de inspiração para todos os cristãos hoje.

I - UM CRISTÃO DEVE INVESTIR SUA VIDA NA VIDA DE OUTROS

Barnabé é o único homem da Bíblia chamado de bom. E por quê? Porque quase sempre ele está investindo sua vida na vida de alguém. As pessoas o amavam. Respeitavam seus posicionamentos e sempre queriam ouvi-lo. Ele levou muitas pessoas ao Senhor Jesus não apenas com palavras, mas sobretudo com atitudes de bondade.

Em Atos 4:36, 37 ocorre a primeira citação do seu nome, e revela que ele está investindo recursos financeiros para abençoar pessoas. Diz o texto sacro que ele vendeu um campo e doou o dinheiro para ajudar os irmãos necessitados na igreja em Jerusalém. Diferente do egoísmo e interesse próprio que domina a vida de muitas pessoas, Barnabé e outros discípulos no início da igreja mostraram o amor sacrificial que Jesus ensinou.

Barnabé deu oportunidades para pessoas quando os outros não confiavam nelas. Ele era um homem que insistia em acreditar no melhor dos outros. Dois episódios ilustram este aspecto do trabalho de Barnabé. Em Atos 9:27 ele está investindo na vida de Saulo de Tarso, quando todos os discípulos fecharam-lhe a porta da igreja, não acreditando em sua conversão. Um dos maiores problemas enfrentados por Paulo no princípio da sua caminhada cristã foi a desconfiança (At 9:26, 27). Não obstante seu testemunho fosse muito forte – ele viu Jesus e foi chamado por Ele (At 9:4, 5) – a igreja primitiva não conseguia confiar nele. Isso era compreensível, até porque Paulo havia encarcerado e participado no assassinato de muitos cristãos, inclusive Estêvão um dos líderes da igreja (At 7:55-58). Ao conhecer a história de Paulo, seu testemunho, Barnabé assumiu a responsabilidade pela sua vida, arriscando sua própria reputação, sua vida e sua igreja. Não desconfiou como os demais. Apresentou-o as lideranças da Igreja como um verdadeiro cristão (Atos 9:26-30).

Resultado: Dos 27 livros que compõem o Novo testamento, 13 foram escritos por Paulo. Tornou-se um dos gigantes do cristianismo. Tornou-se o maior ganhador de almas e plantador de igrejas de todos os tempos.

A relevância do apóstolo Paulo para a igreja é sem precedente. Mas tudo isso aconteceu porque Barnabé, que era uma pessoa amorosa, acreditava nas pessoas, investia nelas e estava sempre disposto a ajudá-las.

Qual é a nossa situação? É mais fácil para nós, por natureza, fazer comentários maldosos sobre outros. Quem de nós se dispõe a se dirigir a uma pessoa, conversar com ela e ajudá-la? Em nossas igrejas e círculos familiares locais precisamos de homens e mulheres, jovens e idosos que se aproximem de outras pessoas, que coloquem a mão amistosamente sobre o ombro delas, que se preocupem com elas, que as incluam nos círculos de comunhão, que tenham palavras de consolo para elas e que as apoiem. Efésios 4:2 nos exorta: “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor” (NVI). A sentença “Sejam pacientes...” deveria abalar o nosso coração.

Em Atos 11:19-26, a igreja de Jerusalém o vê como o melhor obreiro a ser enviado para Antioquia. Ao chegar lá, vê a graça de Deus prosperando naquela grande metrópole. Percebeu que havia muito trabalho e não podia desenvolvê-lo sozinho. A partir daí, mais uma vez ele investe na vida de Saulo e vai buscá-lo em Tarso, sua cidade natal. Catorze anos depois que Barnabé tinha recomendado Paulo aos líderes da igreja de Jerusalém, ele encontra-se novamente com ele e leva-o para Antioquia (Gl 2:1). O reencontro entre Barnabé e Paulo resultou em um ano inteiro de pregações empolgantes, fervorosas e apaixonadas em Antioquia (At 11:25, 26).

O resultado foi um grande número de conversões e uma igreja atuante, sincera e forte.

Em Atos 13:2 o Espírito o separa como o líder regente da primeira viagem missionária. Ele e Paulo chegaram na ilha de Chipre para pregar as boas novas de Jesus. A missão em Chipre marcou uma transição importante. Pela primeira vez Lucas mencionou “Saulo, também chamado Paulo” (At 13:9). A partir daí o nome “Saulo” desaparece, como se fosse para mencionar que Paulo, o apóstolo dos gentios, havia chegado. Durante a viagem pela Ásia, Paulo alcança um grande destaque na pregação do evangelho. A sabedoria, intrepidez e o poder com os quais ele falava sobre Jesus arrebatava os corações dos ouvintes.

Mas a parte mais virtuosa e mais emocionante da narrativa é a resposta submissa e humilde de Barnabé ao avanço de Paulo. Até aquele momento, Barnabé tinha sido o número um e, sem ele, talvez Paulo tivesse se tornado um elemento esquecido. Mas o homem que havia trazido Paulo para se juntar a ele passou a ocupar humildemente o segundo lugar sem murmurar. Em nenhum momento as Sagradas Escrituras mostram Barnabé com ciúmes, desprezo ou rancor com relação a Paulo. Para Barnabé, a missão era mais importante do que quem a realizava. O seu coração convertido tinha apenas uma preocupação, que o Senhor Jesus fosse glorificado. Que lição de humildade!

Em Atos 15:37-41 Barnabé mais uma vez está investindo na vida de alguém; desta feita na vida de João Marcos. Quando Paulo, Barnabé e João Marcos chegaram a Perge, no caminho para Antioquia da Pisídia, um evento triste aconteceu: João Marcos decidiu abandonar a missão e voltar para casa em Jerusalém. O texto sacro não apresenta nenhuma razão para isso. Porém, Ellen White aponta as possíveis razões: “Pouco habituado a sacrifícios, desanimaram-no os perigos e privações do caminho. Trabalhara com êxito sob circunstâncias favoráveis, mas agora, em meio a oposição e perigos que tantas vezes cercam o missionário pioneiro, não suportou as dificuldades como bom soldado da cruz. Devia aprender ainda a enfrentar valorosamente os perigos, perseguições e adversidades. À medida que os apóstolos avançavam, encontrando dificuldades cada vez maiores, Marcos intimidava-se, e perdendo todo o ânimo, recusou-se a prosseguir, retornando a Jerusalém” (Atos dos Apóstolos, p. 169, 170).

A partida de Marcos se tornou tão controversa que, quando os apóstolos planejavam a segunda viagem missionária cerca de três anos depois, Paulo recusou-se a levar marcos. Barnabé, no entanto, insistiu para que levassem consigo Marcos. Paulo não quis ceder com base nos seus motivos. Barnabé também não. O conflito ficou tão intenso que o resultado foi a separação de uma das duplas missionárias mais produtivas da história da Igreja de todos os tempos. Barnabé acreditou em João Marcos, seu primo (Cl 4:10), dando-lhe uma segunda chance. Levou-o consigo para Chipre, e Paulo seguiu com Silas, seu novo companheiro, para Síria e Cilícia.

Isso me ensina duas preciosas lições: 1) Não importa quão espiritual sejamos, continuaremos humanos falhos. Todos nós! 2) Por sermos todos falhos, precisamos dar uma segunda chance a quem erra, ajudando-lhe a ergue-se. Ellen G. White afirma: “Muitos através da estrada da vida, pensam demais em seus erros e faltas e decepções, ficando com o coração cheio de amargura e desânimo” (Caminho a Cristo, p. 116). Como precisamos de pessoas na igreja que deem aos outros uma segunda oportunidade, e que com coragem e denodo cristãos não receiem ajudar e apoiar os que a princípio vacilam em sua experiência cristã! Uma pessoa pode superar suas falhas.

Indubitavelmente, a paciência de Barnabé contribuiu para o crescimento de João Marcos. O Espírito Santo acabou por usar João Marcos em uma tarefa não menos importante: ele escreveu o Evangelho que leva seu nome, aliás o primeiro Evangelho a ser escrito. Anos depois, Paulo, agora um velho prisioneiro em Roma, escreveu a Timóteo: “Toma consigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2 Tm 4:11). Paulo demorou bastante tempo para reconhecer que a graça significa dar segundas chances. Um cristão pode falhar em um momento, mas pode se refugiar no “esconderijo do Altíssimo” (Sl 91:1, 2; 37:24; Pv 24:16). Assim, nenhuma das nossas quedas precisa ser permanente.

Deus precisa de homens e mulheres que sejam bons, homens e mulheres que dediquem seu tempo e seu coração para investir na vida de outras pessoas.

II -  UM CRISTÃO DEVE ESVAZIAR-SE DE SI PARA SER CHEIO

DO ESPÍRITO SANTO

Barnabé era um homem cheio do Espírito Santo. Sua vida, suas palavras e suas atitudes eram governadas pelo Espírito de Deus. Um cristão cheio do Espírito tem o coração em Deus, vive para a glória de Deus, ama a obra de Deus e serve ao povo de Deus. Barnabé foi um homem vazio de si mesmo, mas cheio do Espírito Santo.

Ellen G. White afirma: “Se pensássemos e falássemos mais sobre Jesus e menos sobre o eu, teríamos muito mais de Sua presença” (Acima de Todo Nome [MD 2022], p. 150).

Amigos, a plenitude do Espírito não é uma opção, mas uma ordem divina. Não ser cheio do Espírito é um pecado de negligência. Precisamos de homens e mulheres que transbordem do Espírito, homens e mulheres que sejam vasos de honra, exemplo para os fiéis, bênção para o rebanho de Deus.

Quando os cristãos andam com Deus, eles influenciam seus liderados a também andarem com Deus. Por isso, a sua vida (vida do líder) vai influenciar a vida dos que cercam você (é a vida da sua liderança).

Deus está mais interessado em quem você é do que no que você faz. Vida com Deus precede trabalho para Deus. O seu relacionamento com Deus é mais importante do que você faz para Ele.

III - UM CRISTÃO DEVE COLOCAR SEUS OLHOS EM DEUS E

NÃO NAS CIRCUNSTÂNCIAS

Barnabé era um homem cheio de fé. Ele vivia vitoriosamente mesmo diante das maiores dificuldades, porque sabia que Deus estava no controle da situação.

A fé tira nossos olhos dos problemas e os coloca em Deus que está acima e no controle dos problemas. A fé é certeza e convicção. É certeza de coisas e convicção de fatos (Hb 11:1). É viver não pelo que vemos ou sentimos, mas na confiança de que Deus está no controle.

Lembra o que está escrito em Habacuque 2:4? A fé nos leva a confiar mesmo diante das dificuldades, não porque somos fortes, mas porque embora sejamos fracos, confiamos naquele que é onipotente.

CONCLUSÃO

José Barnabé, filho de exortação, deixou um excelente exemplo por meio de uma vida dedicada ao Senhor e aos outros homens. Seguia Jesus e ensinava os outros a andarem no mesmo caminho!

Precisamos ser homens e mulheres que ousem crer no Deus dos impossíveis. Precisamos ser homens e mulheres que olhem para a vida na perspectiva de Deus, que abracem os desafios de Deus e realizem grandes projetos no reino de Deus.

Caros irmãos e irmãs, querem ser como Barnabé? Quer você hoje investir sua vida para salvação das pessoas ao seu redor? Esvazie-se de si mesmo e permita que o Espírito Santo lhe preencha com Seu poder. Peça que Deus lhe ajude! Olhe sempre para Deus e não para as circunstâncias!

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