Teologia

quinta-feira, 24 de junho de 2021

VISÕES DE OUTRO MUNDO


 Rubem M. Scheffel*

O mundo do futuro será um ambiente perfeito para uma existência idealizada

Qualquer pessoa, religiosa ou não, pode perceber que este mundo está errado. Os deso­nestos prosperam enquanto os hones­tos são considerados tolos. Pessoas ino­centes morrem, vítimas de todo tipo de violência. Há seca em alguns lugares e enchentes em outros, sem falar nos fura­cões, terremotos, incêndios, acidentes e doenças incuráveis. Qualquer observador consciente concorda em que o mundo caminha para a sua autodestruição.

Em meio a todas essas calamidades, chega até nós a visão do profeta João, registrada no livro do Apocalipse (21:1): "Vi novo céu e nova Terra, pois o pri­meiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe."

O apóstolo Pedro confirma a vi­são de João com palavras semelhantes: "Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova Terra, nos quais habita justiça" (II Pedro 3:13).

Esta é a grande esperança do cristão: o estabelecimento do reino de Deus na Terra. Um reino de paz e felicidade perenes.

PLANETA RENOVADO

Como será a vida nessa nova Terra? A Palavra de Deus diz que "nem olhos vi­ram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam" (I Coríntios 2:9).

A linguagem humana não é adequada para descrever a recompensa dos justos. Nós podemos ter apenas uma pálida ideia das maravilhas que aguardam aqueles que amam a Deus. Mas de uma coisa podemos ter certeza: o Céu não será lugar de ociosidade.

A nova Terra é, antes de mais nada, este mundo, e não outro lugar. Ela será nova no sentido de que Deus removerá dela todo e qualquer vestígio do pe­cado. É, portanto, um lugar real, em que pessoas reais, com corpo e cérebro, vi­verão em felicidade completa e perene. O paraíso, portanto, será aqui.

A nova Terra tem uma capital, que é a Nova Jerusalém, "a cidade que tem fun­damentos, da qual Deus é o Arquiteto e Edificador", e pela qual Abraão esperava (Hebreus 11:10). É nessa cidade que Cristo está nos preparando moradas.

A água que abastece a cidade é puríssima. Vem do rio da água da vida, que flui do trono de Deus, localizado no centro da cidade. Um dos alimentos será o fruto da árvore da vida. Esse fruto contém os elementos vitais que impe­dem o envelhecimento, desgaste ou simples fadiga (Apocalipse 22:2).

Entretanto, os redimidos não ficarão presos dentro dos muros da Nova Jerusalém. Eles poderão deixar seus la­res na cidade e dirigir-se às suas "cháca­ras" ou sítios - um sonho que muitos têm para esta vida, mas nem todos con­seguem realizar.

Lá, os leões e outros animais carní­voros serão vegetarianos, pois o reinado das garras e dos dentes terá chegado ao fim, e não haverá mais morte.

No Éden, Deus concedeu a Adão e Eva um jardim para cultivar. Se na nova Terra haveremos de plantar vinhas, por que não jardins e campos de cereais?

Se os remidos tocarão harpas, como diz o Apocalipse, por que não flautas, violinos e outros instrumentos? Deus dotou o ser humano de capacidade criadora e está poderá ser desenvolvida de modo ilimitado na eternidade.

VIDA INTELECTUAL E SOCIAL

Na Terra renovada, poderemos desen­volver amizade com os santos de todas as épocas e aprender de sua experiência. Todos conservarão sua identidade, em­bora com nova aparência e novo vigor. Reconheceremos os amigos e familiares e manteremos relacionamento com aque­les que hoje conhecemos e amamos.

Além desses relacionamentos huma­nos, porém, será nosso privilégio man­ter contato com Deus, os anjos e os demais seres celestiais. Seremos uma fa­mília universal, unida e perfeita, e nossa felicidade será total.

E o casamento? Certa vez, os saduceus se aproximaram de Jesus e Lhe rela­taram o caso de uma mulher que havia se casado sete vezes. Então pergunta­ram qual deles seria seu marido na res­surreição. Imaginem a confusão que ha­veria se cada um dos maridos quisesse retomar o seu relacionamento com a ex-esposa, no Céu. Por isso, Jesus cor­rigiu essa ideia errônea ao responder: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no Céu" (Mateus 22:29 e 30).

Aqueles que são bem casados e feli­zes não precisam se angustiar com essa resposta de Cristo, pois a base do ca­samento, que é o amor, continuará no Céu, numa nova relação muito mais satisfatória e superior.

Todos amarão com intensidade su­prema e serão correspondidos. Por isso, é importante desenvolvermos aqui e agora o amor a Deus e ao próximo, já que esse princípio se constitui a essência do próprio Deus e o fundamento de Seu governo.

À medida que comermos da árvore da vida, nos libertaremos das limitações físicas e mentais que séculos de pecado nos ocasionaram. Teremos então uma capacidade mental poderosa, com um potencial ilimitado.

Neste mundo, um estudioso conse­gue, com muito esforço e dificuldade, se tornar especialista num único ramo do conhecimento. E quanto mais especiali­zado se torna, mais ele reconhece quão pouco sabe! Na eternidade, porém, poderemos nos tornar especializados em todos os ramos do conhecimento, pois teremos tempo, capacidade e condições para isso. Também nos dedicaremos a estudar pelos séculos infindos da eter­nidade o mistério da salvação.

A EXTINÇÃO DO MAL

O profeta João menciona algumas das consequências do pecado que não mais existirão no Céu: "A morte já não exis­tirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" (Apocalipse 21:4).

Lá não farão parte de nosso vocabu­lário palavras como doença, acidente, fome, medo, falência, terrorismo, incên­dio e terremoto, pois essas coisas já te­rão passado. Os assassinos e outras pes­soas maldosas serão deixados de fora desse reino, para que não coloquem em risco a felicidade dos remidos.

Assim, todo vestígio do mal desa­parecerá. Mas para sempre nos lem­braremos do preço de nossa redenção ao contemplarmos nas mãos e pés de nosso Salvador os cruéis resultados do pecado. Essa lembrança deixará os remi­dos vacinados contra qualquer tentação de repetir tal experiência.

 

*Rubem M. Scheffel é jornalista e mestre em Teologia

 

FONTE: Sinais dos Tempos, Edição Especial.

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