ENTENDENDO OS SINAIS DOS TEMPOS


 Ricardo André

“Dos filhos de Issacar, que sabiam discernir o tempo, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos chefes e todos os seus irmãos sob suas ordens” (1 Cr 12:32, NAA).

Você já ouviu falar dos filhos de Issacar, o nono filho de Jacó (Gn 29:32-30:18; 35:23)? É possível que não. A maioria das pessoas nunca ouviu falar deles. Issacar teve quatro filhos, que foram: Tola, Puva, Jó e Sinrom (Gn 46:13). Nenhuma história emocionante e extraordinária é registrada nas Sagradas Escrituras sobre esses quatro irmãos ou seus descendentes. Todavia, os filhos de Issacar e seus descendentes exibiram um traço de caráter que é extremamente necessário para os cristãos em nossa geração. O cronista registra: “E dos filhos de Issacar, os quais eram homens que tinham entendimento dos tempos, para saber o que Israel deveria fazer; os cabeças deles eram duzentos; e todos os seus irmãos estavam sob o seu comando” (1 Crônicas 12:32, BKJ Fiel 1611).

Os filhos de Issacar “tinham sabedoria para compreender o significado dos acontecimentos de então e eram capazes de dá sábios conselhos. É evidente que perceberam que Davi era o homem para a ocasião e que era prudente para Israel aceita-lo” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2012], v. 3, p.159).

Dê uma olhada ao seu redor. O que você vê? Avareza, violência, turbulência econômica, agitação política e confusão espiritual. O apóstolo Paulo profetizou ao jovem pregador Timóteo: “Nos últimos dias, sobrevirão tempos trabalhosos. Pois os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, profanos, sem afeição, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (2 Timóteo 3:1-5, NVI). Aqui Paulo faz uma descrição perfeita dos nossos dias, não é mesmo?

Jesus profetizou que nos últimos dias o amor de muitos deixaria de existir em muitas pessoas. Ele declara expressamente: “Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24:12, NVI).  Tal esfriamento está diretamente relacionado ao crescimento da maldade ou do pecado em suas mais variadas formas. Ou seja, de tanto ver a maldade multiplicada em proporções nunca vistas na história, as pessoas se tornariam frias, sem sentimento, sem compaixão e empatia. As pessoas perderiam gradativamente o senso de amor a Deus e ao próximo. A religião seria uma formalidade cultural. Tendo a consciência neutralizada pelo mal e a paixão estimulada pelos desejos sensuais, muitos acabariam tendo uma mente reprovável e um comportamento monstruoso.

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Achamo-nos em um mundo de pecado e corrupção, rodeados de influências que tendem a seduzir ou desanimar os seguidores de Cristo. Disse o Salvador: ‘Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará’. Mateus 24:12” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 741).

De fato, estamos vivendo num mundo marcado pelo aumento do pecado, da corrupção e da maldade. Lamentavelmente, ouvimos falar quase que diariamente nos noticiários da imprensa de violência doméstica. Mulheres são espancadas e mortas pelos parceiros ou ex-parceiros, deixando inúmeras crianças órfãs.

Ouvimos falar de filhos que matam seus pais; crianças são jogadas no lixo ou em rios, espancadas até a morte. Outras, vítimas de violência sexual por familiares de confiança ou pessoas próximas da família.

As pessoas assassinas estão matando outras sem precisarem de muitos motivos. Mata-se por motivos fúteis, irrelevantes ou banais. São moradores em situação de rua queimados por “brincadeira”, brigas entre vizinhos, discussões no trânsito e desentendimentos familiares que resultam em morte.

Há um número crescente de falsas igrejas, que estão pregando um evangelho falso e enganando a população, disputando o mercado da fé. Estão para extorquir a população pobre oferecendo a ela prosperidade. Mas além disso, provocando também o descrédito do evangelho exatamente por causa dessa busca desenfreada de dinheiro, por um lado, e da falta de mudança na vida, por outro. É evangelho falso porque só quer o dinheiro das pessoas e porque não muda ninguém. Muitos líderes dessas igrejas vendem Deus para obter dividendos políticos, para elegerem candidatos evangélicos. Diversas igrejas se transformaram em “agências políticas”, com uma lógica de ascensão ao poder, misturando religião com política. A Bíblia nos alerta: “Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é surpresa que os seus servos finjam que são servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações merecem” (2 Co 11:14,15). Vejam só: o príncipe da escuridão disfarçando-se de anjo de luz! Essa realidade decadente no mundo religioso já fora profetizado por Jesus também. Ele afirmou que o aparecimento de falsos profetas enganando a muitos era sinal da Sua segunda vinda (Mt 24:24).

As perspectivas para a humanidade são angustiantes. O prognóstico atual para o futuro da humanidade tem tirado o sono das principais autoridades políticas da Terra. A exaustão dos recursos naturais tais como petróleo e água, o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, causando mudanças climáticas, (que por sua vez provocam graves desastres naturais), a degradação do ambiente em alta escala anunciam um quadro apocalíptico para o planeta.

A humanidade vem transpondo, no decorrer dos séculos, graves problemas que ameaçam sua subsistência, tais como: guerras mundiais, epidemias, ameaças terroristas, entre outros. Mas tudo isso é incomparável a uma situação de pane na conjuntura econômica mundial.

Ellen G. White compreendeu que essa condição atual do nosso mundo eram sinais da proximidade da volta de Jesus. Ela escreveu: “A passos furtivos aproxima-se o dia do Senhor; mas os homens supostamente grandes e sábios não conhecem os sinais da vinda de Cristo e do fim do mundo. Prevalece a iniquidade, e o amor de muitos esfriou. Milhares e milhares, milhões e milhões há que agora fazem a sua decisão para a vida ou morte eternas” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 13).

Será que nos acostumamos tanto ao caos do nosso tempo que não conseguimos ver os sinais dos tempos?

Jesus repreendeu os líderes espirituais de Sua geração por falta de discernimento. “Mas Jesus respondeu: - Chegada a tarde, vocês dizem: “Teremos tempo bom, porque o céu está avermelhado.” E, pela manhã, vocês dizem: “Hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio.” Na verdade, vocês sabem interpretar a aparência do céu. Então como não são capazes de interpretar os sinais dos tempos?” (Mt 16:2, 3, NAA). O que Jesus diria aos líderes religiosos de nossa geração? O que Ele diria a nós? Nós compreendemos os sinais dos tempos?

Jesus nos diz o mesmo que disse aos líderes religiosos de Sua época. “Vocês demonstram interesse pelo clima. Mas precisam demonstrar o mesmo interesse pelos sinais mais importantes e mais valiosos à volta de vocês”. Os fariseus e saduceus procuraram Cristo como pedido de que lhes mostrasse um sinal do Céu. No entanto, tudo à volta deles eram sinais dos tempos – os milagres de Jesus. Seus ensinos, o testemunho de Sua vida nobre. Tais sinais proclamavam que apesar das raízes humildes de Jesus, Ele não era apenas um mestre itinerante; que apesar de a pompa ou o exibicionismo não acompanharem Seu ministério, Ele possuía as credenciais de algo muito maior: a bênção de Deus. Não se tratava de um homem comum. Ele era de fato o Messias!

COMO RESPONDER AOS SINAIS DOS TEMPOS?

Os filhos de Issacar não apenas entenderam os sinais dos tempos. O cronista registra que esses líderes sabiam o que seu povo deveria fazer. É importante discernir os sinais dos tempos, mas é igualmente importante saber como responder aos eventos que acontecem ao nosso redor. O profeta Isaías exorta-nos: “Busquem o Senhor enquanto se pode achá-lo; clamem por ele enquanto está perto. Que o ímpio abandone seu caminho, e o homem mau, os seus pensamentos. Volte-se ele para o Senhor, que terá misericórdia dele; volte-se para o nosso Deus, pois ele perdoará de bom grado.” (Is. 55:6, 7, NVI).

Precisamos experimentar reavivamento e reforma, pessoal e como Igreja. Temos pouco controle sobre a maioria dos eventos ao nosso redor, mas podemos escolher como viver nestes tempos difíceis. O cronista registra estas palavras do Senhor ao Rei Salomão: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr 7:14). Como devemos viver então? Humilhar-nos, orar, buscar o Senhor e nos converter dos nossos maus caminhos.

A CERTEZA DA SUA VINDA

O cumprimento das profecias bíblicas com precisão indicam que Jesus está prestes a voltar, a fim de estabelecer seu reino. E o novo reino “não será jamais destruído” e “subsistirá para sempre” (Dn 2:44). Quando voltará o Senhor para estabelecer o Seu reino de glória? Felizmente, não nos compete saber. É da alçada divina. Deus sabe quando Seu Filho deverá voltar para nos buscar. O que me concerne é discernir os sinais dos tempos, invocar o Senhor, estar preparado, vigilante, hoje. É isso que o Senhor espera de mim e de qualquer que ama a Sua vinda. A verdade é que, independentemente de quanto tempo tenhamos que esperar, é certo que Jesus virá, pois Ele mesmo deu Sua palavra de honra ao prometer: “Virei outra vez” (Jo 14:3; Ap 22:20). Seu segundo advento é um certeza divina! O apóstolo Paulo sabendo que, no tempo do fim, os que houvessem aceitado o evangelho eterno seriam tentados a perder a confiança nele por causa da aparente demora da volta de Jesus, ele escreveu: “Porque ainda um pouquinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará” (Hebreus 10:37, ACF). Deus mantém conta certa do tempo. A Bíblia permanece verdadeira.

Vislumbrando aquele grande dia Ellen White escreveu: “Dentro de pouco tempo Jesus virá para salvar Seus filhos e dar-lhes o toque final da imortalidade. Este corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade, e este corpo mortal se revestirá da imortalidade. As sepulturas se abrirão, e os mortos sairão vitoriosos, clamando: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" I Cor. 15:55. Os nossos queridos, que dormem em Jesus, sairão revestidos da imortalidade. E, ao ascenderem os remidos aos Céus, abrir-se-ão os portais da cidade de Deus de par em par, e neles entrarão os que observaram a verdade. Ouvir-se-á uma voz mais bela que qualquer música que já soou aos ouvidos mortais, dizendo: "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mat. 25:34. Então os justos receberão sua recompensa. Sua vida correrá paralela à vida de Jeová. Lançarão suas coroas aos pés do Redentor, tangerão as harpas de ouro e encherão todo o Céu de bela música” (Conselhos Sobre Mordomia, p. 350).

Que dia será aquele, quando Ele abrir todos os cemitérios do mundo! Erguerá os mortos e nos unirá pela eternidade como os nosso queridos. Jesus promete tanto aos ressuscitados quantos aos vivos: “(...) voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:3, NVI). Vidas solitárias e frustradas despertarão para a amizade com Jesus através dos tempos eternos.

Nestes dias tão importante nos quais esperamos nosso Senhor, devemos preparar nossa vida, nossas famílias e a nossa igreja. A vinda dEle é certa. Nunca percamos a fé e a esperança na Sua vinda. Ele é o Senhor do Advento. Nos preparemos e ajudemos a outros também a se prepararem para o glorioso encontro com Senhor. “Todo o que pretende ser um servo de Deus é convidado a realizar Seu serviço como se cada dia fosse o último.” (Ellen G. White, Maranata: O Senhor Vem! [MM 1977], p. 106).

Na ocasião em que o tsunami atingiu Phuket, na Tailândia, um dia depois do Natal de 2004, em uma das praias ninguém foi morto ou ficou gravemente ferido. Tudo porque uma menina britânica reconheceu os sinais e avisou a todos que estavam ali.

Duas semanas antes, Tilly Smith, 10 anos, havia estudado sobre os tsunamis na escola em Oxshott, ao sul de Londres. Ao ver a maré retroceder repentinamente, soube que a onda gigantesca provocada pelo grande terremoto a quilômetro da costa de Sumatra chegaria em apenas alguns minutos. Ela avisou a mãe que estava em perigo. A família e mais 100 banhistas que estavam na praia tailandesa foram salvos.

Nós que amamos e seguimos a Jesus; nós, cuja vida foi tocada, salva e abençoada pela salvação que nos ofereceu, devemos abrir os olhos aos sinais dos tempos em nossos dias. Assim como Tilly Smith, que estudou e reconheceu o perigo, devemos proclamar às pessoas ao nosso redor que elas estão correndo perigo muito maior. Este mundo está perecendo. Saiam da água! Fujam para a segurança! E isso significa correr para Jesus, Aquele que é cheio de graça e verdade.

 

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