“VOLTANDO PARA CASA”: BOAS NOTÍCIAS DO SEGUNDO ANJO
Ricardo André
"E
seguiu outro anjo, dizendo: Babilônia caiu, caiu aquela grande cidade, porque
ela fez todas as nações beberem do vinho da ira de sua fornicação" (Ap
14:8, BKJ 1611)
I
– INTRODUÇÃO
Quando Deus criou
nossos primeiros pais, Adão e Eva, colocou-os no jardim do Éden, cercado por
árvores e animais (Gn 2:7, 8 e 15). Ele mesmo preparou com perfeição o Éden
para ser o lar do primeiro casal humano, provido de tudo quanto o homem podia
desejar e precisar. É difícil imaginar como deve ter sido o Éden e que paraíso
deve ter sido. Após a queda no pecado, eles foram expulsos de seu lar edênico.
Segundo Ellen G. White, Adão e Eva “com humildade e indizível tristeza
despediram-se de seu belo lar, e saíram para habitar na Terra, onde repousava a
maldição do pecado” (Patriarcas e
Profetas, p. 61).
Esse foi o primeiro
despejo da história da humanidade. A crise foi tão grave que foi necessário que
Deus colocasse anjos à porta do jardim (Gn 3:23, 24). Adão e Eva viam sua casa,
mas não podiam mais ter acesso a ela. Mas, Deus privou do Éden nossos primeiros
pais com tristeza. “Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a
impiedade dos homens determinou sua destruição por meio de um dilúvio de água,
a mão que plantara o Éden o retirou da Terra. Mas, na restauração final de todas
as coisas, quando houver "um novo céu e uma nova Terra", será
restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princípio” (Idem, p. 62).
Jesus nos prometeu que
teremos o Éden de volta. Ele retornou para o Céu e, desde então, está
preparando novamente um lugar para Seus filhos (Jo 14:1-3). A fim de que as
pessoas que viveriam nos “últimos dias” se preparassem para regressar ao Éden
restaurado, Deus enviou-nos as mensagens dos três anjos, descritas em Apocalipse 14:6-12. Elas são os últimos
apelos de Deus a um mundo ferido, aflito e ameaçado de desintegração para
renunciar todo o tipo de idolatria e falsidade, e adorarem o Criador, e
aceitarem o seu evangelho eterno. É a última mensagem, a última oferta de
salvação para este mundo em dificuldade. Elas nos dão segura orientação numa
época de relativismo, dúvida, evangelhos falsificados e milagres enganosos.
Esses anjos falam para ajudar-nos a discernir o erro e apreciar a verdade como
é em Jesus. Em sua essência, são o evangelho, puro e simples apresentado no
contexto da “verdade presente” (2 Pe 1:12, ARC)
Historicamente, os
Adventistas do Sétimo Dia têm visto seu surgimento e mensagem como enraizados
no chamado urgente dos três anjos de Apocalipse 14:6-12, mais familiarmente
conhecidos como as três mensagens angélicas. Elas formam o ponto central da
identidade Adventista do Sétimo Dia. Cremos que, como parte do povo de Deus
fomos comissionados para levar essa mensagem ao mundo inteiro em preparação
para o segundo advento de Cristo, o que nos torna um povo singular e vital. No
mesmo capítulo o povo de Deus é descrito como aqueles que guardam “os
mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus” (v. 12) e, no capítulo 12 no verso 17
aparecem como o remanescente que guarda “os mandamentos de Deus e tem o testemunho
de Jesus”.
O conhecimento dessa
mensagem, nos dias de hoje, faz com que entendamos porque somos Adventistas do
Sétimo Dia. Um povo que tem uma mensagem profética a ser levada a todo mundo,
que acredita de forma única na existência do juízo investigativo, no qual
acredita na intercessão contínua de Cristo por cada um de nós, sendo um povo
que guarda os mandamentos de Deus, inclusive o sábado, e que tem a fé em Jesus,
que é “a fé na capacidade de Cristo de nos salvar ampla, completa e
totalmente.” (Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas [CPB, 1987], v. 3, p. 172).
Tendo em vista a
importância das três mensagens angélicas, existem fatores que tornam essa
mensagem relevante para se ter uma identidade adventista. Em meio a um tempo de
ampla apostasia, temos um povo que guarda os mandamentos de Deus e a fé de
Jesus. Esse povo anuncia a chegada da hora do juízo, proclama a salvação por
meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. E essa obra
coincide com a obra de julgamento no céu, iniciada em 1844, após o término da
profecia dos 2 300 dias/anos de Daniel 8:14, e resulta numa obra de
arrependimento e reforma na terra.
Todos os três anjos têm
uma mensagem restauradora e reformadora para preparar o povo de Deus para a
volta de Jesus (Ap 14:14-20). Eles são a resposta de Deus às bestas de
Apocalipse 13, é a “verdade presente” necessária e anunciada por aqueles que
suportam estes eventos do fim dos tempos. Não é sem razão que Ellen G. White
descreveu essas mensagens como “as mais solenes verdades já confiadas a
mortais” e sua proclamação como “uma obra da mais solene importância” (Testemunhos Para a Igreja [CPB 2007], p. 19).
Cada uma das mensagens
possui um período específico de tempo para seu cumprimento, mas se aplica a
outros momentos. Elas tem um início definido, porém não um fim estabelecido.
Possuem uma mensagem relevante para seu tempo, mas se conectam com os períodos
anteriores e posterior. A terceira se integra às demais apresentando o juízo
pré-advento e a segunda vinda de Jesus.
Ellen G. White mostrou
nitidamente essa integração entre as três mensagens angélicas quando afirmou
que “a primeira e a segunda mensagens foram dadas em 1843 e 1844, e estamos
agora sob a proclamação da terceira; mas todas as três mensagens devem ainda se
proclamadas” (As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p. 27).
Para isso, Deus Yahweh
chamou um povo com uma missão de anunciar essas mensagens ao mundo. Ele não deu
uma mensagem simples nem fácil, mas forte e desafiadora. O conteúdo dela é
premente, opõe-se ás crenças populares e mexe com poderes religiosos
dominantes. Para anuncia-las, Deus precisa de um povo profundo estudioso das
Sagradas Escrituras, equilibrado, obediente e comprometido com a missão.
Ellen White afirma que “Deus
está chamando Sua igreja hoje, como chamara o antigo Israel, a fim de erguer-se
como luz na Terra. Pela poderosa espada da verdade, as mensagens do primeiro,
segundo e terceiro anjos, separou-os das igrejas e do mundo para trazê-los a
uma santa proximidade Dele. Fê-los depositários de Sua lei, e confiou-lhes as
grandes verdades da profecia para este tempo. Como as Santas Escrituras
confiadas ao antigo Israel, estas são um sagrado depósito a ser comunicado ao
mundo. Os três anjos de Apocalipse 14 representam o povo que aceita a luz das
mensagens de Deus, e vão como agentes Seus fazer soar a advertência por toda a
extensão e largura da Terra” (Ellen G.
White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p.455, 456). Contudo, este artigo não
tem como objetivo analisar as três mensagens angélicas, mas focalizar apenas a
segunda mensagem, pouco pregada em nossas igrejas.
Infelizmente, a
mensagem do segundo anjo nem sempre tem sido pregada como uma mensagem
relevante para nós da igreja, mas sim como uma mensagem que precisa ser proclamada
a outros. A nossa prática ignora a nossa crença de que as mensagens dos três
anjos deveriam ser uma plataforma central na preparação de todo o povo de Deus
para os últimos dias. Como mensagem preparatória, como a mensagem do segundo
anjo tem relevância para todo o povo de Deus?
II
– O EVANGELHO ETERNO NO MUNDO
O profeta João vê três
anjos voando pelo meio do céu proclamando o evangelho eterno no mundo inteiro. Quem são esses anjos de Apocalipse 14:6-12?
Estes anjos evidentemente são simbólicos, pois lhes foi confiada a tarefa
de pregar o evangelho eterno às multidões. Essa tarefa não foi confiada por
Deus a anjos literais, mas a seres humanos. A palavra grega traduzida por
“anjo” significa “mensageiro”, como as vezes é traduzida em outras passagens.
Esses mensageiros podem ser humanos (Mt 11:10; Mc 1:2; Lc 7:24; 9:52; Tg 2:25).
Portanto, “estes anjos representam aqueles que recebem a verdade e com poder
abrem o evangelho diante do mundo” (Ellen G. White, A Verdade Sobre os Anjos [CPB, 2010], p. 247), numa ocasião em que
“é chegada a hora do Seu juízo” (v. 7). O anjo representa os santos de Deus
empenhados na tarefa de proclamar o evangelho eterno por ocasião do início do
juízo pré-advento.
Também é verdade que
anjos literais auxiliam os homens na tarefa de proclamar o evangelho, mas esta
não é a ideia que predomina no texto. Diz a serva do Senhor:
“Em todas as partes do
mundo, estão anjos de Deus abrindo portas até há poucos cerradas à mensagem da
verdade. Da Índia, da África, da China e muitos outros lugares, ouve-se o
grito: ‘Passa e ajuda-nos’” (Ellen G.
White, Obreiros Evangélicos, p. 465).
“Enquanto alguns estão
no vale da decisão, os anjos estão unindo os verdadeiros e fiéis servos de
Cristo para ajudar essas necessitadas almas. (...) Instrumentalidades
angelicais, embora invisíveis, estão cooperando com as visíveis
instrumentalidades humanas, formando uma associação beneficente com os homens.
Não existe alguma coisa estimulante e inspiradora neste pensamento de que o
agente humano fica como instrumento visível para transmitir as bênçãos das
instrumentalidades angelicais? (...) As instrumentalidades humanas são as mãos
dos instrumentos celestes, pois os anjos se utilizam das mãos dos homens no
ministério profético. (...) Esta é a maneira pela qual o Céu ministra o poder
vivificante” (Ellen G. White, Minha Consagração Hoje [MM 1989], p. 304,
305).
Simbolizando uma
mensagem ou um mensageiro, estes anjos representas um movimento de âmbito
mundial; não alguma mensagem nova, mas a mesma mensagem do passado. “O voo do
anjos ‘pelo meio do céu’, ‘dizendo com voz forte’ a advertência e sua
proclamação a todos os ‘que habitam na Terra, e a cada nação, tribo, língua e
povo’, evidenciam a rapidez e extensão mundial do movimento” (Ellen G. White, As Três Mensagens Angélicas, p. 35).
Deus sempre teve apenas
um único evangelho. O evangelho eterno nunca muda. Ele foi anunciado primeiro
no Éden (Gn 3:15), depois para os filhos de Israel (Hb 4:1-2), e é proclamado
de novo a cada geração.
O
QUE SIGNIFICA A “BABILÔNIA”?
O anjo anuncia a João
que “'Caiu, caiu Babilônia'” (Ap 14:8). É nesse texto que pela primeira vez
“Babilônia” é introduzida no livro de Apocalipse. Mas é apenas nos últimos
capítulos de Apocalipse que aprendemos sobre a identidade abrangente de
Babilônia. No primeiro uso da palavra, João pretende recordar o contexto do tempo
de Daniel, quando Babilónia governava o mundo e a falsa religião de Babilônia
dominava o povo de Deus.
A Babilônia dos dias de
Daniel oferece falsa adoração, deifica o rei e espera a adoração de uma imagem de
“vinte sete metros de altura e dois metros e setenta centímetros de largura”
(Dan. 3:1, NVI). A filosofia da Babilônia é “dobrar ou queimar”: deixar de
adorar como a Babilônia exige é punível com a morte. Babilônia é o epítome de
tudo o que o pecado representa. É o centro de toda idolatria. No Antigo
Testamento, os ídolos eram comuns na adoração babilônica (Jr 50:33-38; 51:17,
47). O governo de Satanás pode ser visto. O Comentário
Bíblico Adventista do Sétimo Dia nos lembra que “o profeta Isaías
identifica Lúcifer como o rei invisível de Babilônia” (v. 7, p. 917). O pecado cresceu tanto ao ponto de Satanás matar
todos aqueles que se opõem à sua vontade e ao seu direito de governar.
No tempo do fim, o
dragão criará uma Babilônia mística por intermédio da qual tentará ocupar o
lugar de Deus e receber a adoração que Lhe é devida. No Apocalipse o termo
Babilônia é empregado “para designar as várias formas de religião falsa” (Ellen
G. White, As Três Mensagens Angélicas,
p. 47 e 48). Babilônia “indica todas as organizações apóstatas e sua
liderança desde a Antiguidade até o fim dos tempo” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, p. 919). “Em
Apocalipse capítulo 17, Babilônia é representada por uma mulher - figura que a
Bíblia usa como símbolo de igreja, sendo uma mulher virtuosa a igreja pura, e
uma mulher desprezível, a igreja apóstata” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 381).
Apocalipse 17 descreve um sistema religioso apóstata, que inclui o catolicismo
romano e suas “filhas”, o protestantismo apóstata (v. 5). Babilônia é
constituída por uma falsa trindade:
a besta do mar (Ap 13:1), o cristianismo apostatado da Idade Média; a besta da
terra (v. 11), o protestantismo apostatado, representado pelos Estados Unidos;
e o dragão, a obra de Satanás por meio do espiritualismo (Ap 16:13, 14). Portanto,
na segunda mensagem do segundo anjo, a antiga cidade de Babilônia é considerada
um tipo ou símbolo do tempo do fim. Representa um falso sistema religioso com
características semelhantes à Babilônia do Antigo Testamento. Os princípios que
guiavam a antiga Babilônia são a estrutura subjacente da Babilônia moderna e
mística. De acordo com a Revelação, ela seduz as nações com o "vinho da
fúria da sua prostituição". Esse “cálice intoxicante de veneno que ela
oferece ao mundo representa as falsas doutrinas que aceitou como resultado de
suas relações ilícitas com os grandes da Terra” (Ellen G. White, As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p.
49). Babilônia espiritual “mudou o dia de repouso, colocando o primeiro dia
da semana onde deveria estar o sétimo” (Ellen G. White, Eventos Finais [CPB, 2011], p. 74).
Todavia, a Babilônia
inclui mais do que a adoração falsa e uma união ilícita entre a Igreja e o
Estado. Também possui um falso caminho de salvação. Enquanto as Sagradas
Escrituras ensinam a salvação pela fé no sacrifício de Jesus Cristo (Atos 4:12;
Apocalipse 13:8), Babilônia promove hereticamente salvação por sacramentos,
indulgências, ensinando que, pelas obras das próprias mãos, a pessoa alcança o
favor de Deus e a salvação. Os deuses babilônicos salvam através de uma mistura
de esforço humano e expiação. Enquanto Cristo intercede por seu povo no
santuário celestial, ela estabeleceu um sistema terrestre rival por meio da
missa e da intercessão sacerdotal e dos santos. Babilônia, portanto, falsificou
toda a mensagem do primeiro anjo. Tanto o seu evangelho como a sua lei são
falsificações. Esta “é uma mensagem que continuará evidentemente
até o fim, uma vez que Babilônia é descrita como se tornando cada vez pior” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo
Dia [CPB, 2011], p. 965, 966).
EXPLORANDO
AS MÚLTIPLAS QUEDAS DA BABILÔNIA
O anjo anuncia a João a
queda da Babilônia (Ap 14:8). O anúncio encoraja todos os santos. A certeza da
queda de Babilônia é definitivamente uma boa notícia para eles. O povo de Deus
há muito espera pela queda do seu inimigo, simbolizado na Babilônia. Quando o
inimigo cai, o povo de Deus fica livre. No tempo de Daniel, o povo esperava a
libertação após os 70 anos de cativeiro, esperando que a queda da Babilônia os
levasse a regressar a casa. Portanto, a queda da Babilônia foi um momento de
grande alegria.
“Nos dias do profeta
Daniel, o rio Eufrates literal atravessava a cidade real de Babilônia. As suas
águas abundantes constituíam parte importante do sistema defensivo da antiga
Babilônia. Na noite em que os exércitos de Ciro, comandados por Dario, o medo,
atacaram a cidade em 539 a. C., o nível das águas do rio achava-se muito abaixo
do normal. O ataque ocorreu numa estação em que as águas costumeiramente eram
mais baixas, e alguns historiadores antigos afirmam que as tropas invasoras
escavaram um canal lateral ao rio, a fim de reduzir ainda mais as água deste”
(C. Mervyn Maxwell, Uma Nova era Segundo
as Profeciais do Apocalipse, p. 456, 457). O “secamento” das águas do
Eufrates abriu o caminho para Ciro, o persa, e Dario, o medo, os reis “do
nascente do Sol” (leste), entrarem em Babilônia e a conquistarem, em 539 a. C. (Is
41:2, 25).
“Uma das primeiras
providências do rei Ciro após a tomada de Babilônia, foi decretar a libertação
dos cativos judeus de seu exílio, e permitir-lhes que retornassem a seu lar na
Judeia. Em virtude da generosidade de Ciro, o profeta Isaías falou dele como se
Ele fosse o próprio Jesus Cristo. Isaías retrata a Deus referindo-se a Ciro
como o “Meu Pastor” e como o Seu “ungido”, a pessoa que Ele escolheu para
“subjugar as nações”. No mesmo contexto, Isaías também apresenta a Deus
dizendo: “Eu secarei os teus rios” (Is 44:27-45; Jr 51:36)” (Idem). Algo similar há de acontecer à
moderna Babilônia, o sistema mundial da religião falsa.
A descrição do colapso
da Babilônia do fim dos tempos em Apocalipse é baseada na queda da antiga
Babilônia. Assim como a queda da antiga Babilônia era uma certeza
ordenada por Deus (Is 21:9) para os israelitas dos dias de Daniel, também a
queda da Babilônia do fim dos tempos será uma certeza para o povo de Deus no
fim dos tempos.
O atual povo de Deus
precisa ouvir que a queda de Babilônia significa que eles também podem voltar
para casa. Nosso lar celestial nos espera. Os “reis do oriente” (Apocalipse
16:12) que causaram a queda de Babilônia durante a sexta praga possibilitaram
que voltássemos para casa. O rei Ciro veio do leste para derrotar a Babilônia.
Assim, nosso Rei Jesus, nosso Cristo e nosso Ciro, vem do Oriente para nos
libertar. A queda final da Babilônia significa que estamos totalmente livres e
podemos voltar para casa.
Muitas vezes olhamos
para a queda de Babilônia como algo simplesmente moral. É claro que o povo de
Deus em Babilônia é chamado para não ser moralmente corrompido pelos seus
pecados (Ap 18:4). Contudo, esses pecados levaram à queda e destruição de
Babilônia. Em Apocalipse 18, vemos o destino da Babilônia: “ela será consumida
pelo fogo” (v. 8), “chegou a tua condenação” (v. 10), “foi arruinada” (v. 19),
e “derrubados, para nunca mais serem encontrados” (v. 21, NVI). Nosso Rei
conquistador faz mais do que acabar com as monstruosas depravações da Babilônia
ou aplicar justiça – nosso Rei vem para libertar Seu povo. Nosso Rei vem para
derrotar Babilônia para que possa nos levar para casa “juntos” (1
Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse revela que no tempo do fim, o povo de Deus
será afligido e perseguido por um opressor religioso chamado “Babilônia, a
Grande” (Ap 17:5), e que, em um momento de caos social, crise política, desastres
naturais e colapso econômico, Deus envia seu Ciro do tempo do fim, que é Jesus,
para secar o Eufrates do tempo do fim para libertar o Israel do tempo do fim da
Babilônia do tempo do fim, para que eles possam viver em uma nova Jerusalém. Jesus
reinará eternamente e estabelecerá firmemente Seu trono no Universo para sempre
(Dn 2:44).
A mensagem da queda de
Babilônia contém notícias maravilhosas também para aqueles que estão
prisioneiros na Babilônia. Diante da ampliação de sua queda, Deus faz um
chamado direto ao seu povo que ainda está em Babilônia: “Sai dela, povo meu,
para que não sejais participantes de seus pecados, e para que não recebam suas
pragas” (Ap 18:4, BKJ 1611).
Sobre isso, Ellen G.
White escreveu: “Apesar das trevas espirituais e do afastamento de Deus
prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos
verdadeiros seguidores de Cristo ainda faz parte delas. Há muitos deles que
nunca souberam das verdades especiais para este tempo” (As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p. 104). Por conta disso,
ela aconselha a respeito da maneira adequada de pregar o evangelho para essas
pessoas: “Deus tem pedras preciosas em todas as igrejas e não cabe a nós fazer
uma denúncia abrangente do mundo professamente religioso, mas, com humildade e amor,
apresentar a verdade toda, como ela é em Jesus” (Idem, [CPB, 2023], p. 105).
Deus ama os Seus filhos e filhas que ainda estão dentro de Babilônia. Por isso,
não devemos usar a segunda mensagem angélica para acusar ou combater, mas para
amar, testemunhar e buscar aqueles que o Senhor está preparando para se unir a
Seu povo.
Portanto, o chamado de
Deus para Seu povo sair de Babilônia é uma mensagem de misericórdia. Esta
mensagem revela claramente que a porta da misericórdia ainda está aberta – que
a localização de uma pessoa não determina o seu destino. O amor de Jesus nos
corações daqueles que são chamados de “meu povo” (Ap 18.4) na Babilônia é mais
importante para Deus do que seus distintivos e rótulos. Com que urgência o
coração de Deus roga que Seu amor alcance até mesmo aqueles que estão na
Babilônia para ajudá-los a perceber que não estão onde Ele deseja que estejam?
Quão importante é para o povo de Deus soar como Deus ao aprender a pronunciar
essas palavras com compaixão.
Portanto, o chamado
para que saiam da Babilônia é um chamado de incrível misericórdia e graça. Eles
são chamados a ir para um lugar melhor e servir a um evangelho melhor do que um
evangelho limitado pela crença em um inferno sempre ardente. Eles também podem
ir para casa porque a queda de Babilônia não precisa os incluir. Eles podem
ficar livres das experiências enganosas e das falsas promessas da Babilônia.
Esta mensagem de liberdade e libertação para aqueles que ouvem e respondem dá
continuidade às maravilhosas boas novas do primeiro anjo.
Muitas vezes as pessoas
que estão presas à confusão ouvem que a cruz é tão pequena que Deus só pode
colocar o pecado, os pecadores e Satanás no inferno. Este inferno, eles
aprendem, continua eternamente. Quão maravilhosa é a boa notícia de que Jesus é
mais poderoso do que eles jamais imaginaram. Jesus veio para lidar com o pecado
de forma completa e definitiva. Agora podem acreditar na promessa feita a Adão
de que a cabeça de Satanás será esmagada (Gn 3.15). Este é o plano soberano de
Deus. A mensagem que temos de partilhar com Babilônia sobre o evangelho eterno
é um conceito mais amplo do amor de Deus e do que Jesus fez através da Sua vida
e morte. Este evangelho maior ensina que o pecado tem um fim e que a vitória de
Jesus sobre o pecado é final e conclusiva.
A queda da Babilônia do
fim dos tempos está diretamente ligada às pragas em Apocalipse 16:12–16. A
queda física da antiga Babilônia ecoa através do ressecamento do Eufrates,
assegurando assim ainda mais ao povo de Deus do fim dos tempos que a Babilônia
do fim dos tempos terá o mesmo destino que a sua antecessora. Somente Jesus
derrota Babilônia (v. 15,16), e Sua guerra é em nome dos santos. A queda da
Babilônia é o Armagedom. Como afirma Hans LaRondelle: “O Armagedom e a
destruição da Babilônia universal são, portanto, idênticos” (Carruagens da Salvação, p. 100). Jesus
vem buscar os proclamadores destas três mensagens e aqueles que deixaram
Babilônia. Assim, a pregação da volta de Jesus é parte integrante da mensagem
do segundo anjo. A volta de Jesus é uma mensagem cheia de esperança, antecipada
pelos santos há milênios (Ap 22.20). Esta mensagem significa que todos podemos
voltar para casa e estar com Jesus para sempre.
A queda da Babilônia
espiritual vem acontecendo de forma progressiva, ao longo dos tempos. Ela está
confusa, mas ainda não caiu por completo. Sua queda completa ocorrerá ainda no
futuro. A mensagem do segundo anjo é em grande parte uma mensagem futura. Ainda
estamos esperando que “todas as nações” sejam enganadas. Sobre isso,
Ellen G. White escreveu: “A Escritura Sagrada declara que Satanás, antes da
vinda do Senhor, operará "com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,
e com todo o engano da injustiça"; e "os que não receberam o amor da
verdade para se salvarem" serão deixados à mercê da "operação do
erro, para que creiam a mentira". II Ts. 2:9-11. A queda de Babilônia se
completará quando esta condição for atingida, e a união da igreja com o mundo
se tenha consumado em toda a cristandade. A mudança é gradual, e o
cumprimento perfeito de Apocalipse 14:8 está ainda no futuro” (O Grande Conflito, p. 389, 390).
O longo processo desta
queda moral culmina, como no caso da Babilônia literal (Dn. 5:26-28), numa
completa destruição escatológica da Babilônia espiritual. Para esta libertação
final devemos esperar até que a culpa de Babilônia seja completa e a misericórdia
de Deus se esgote (Ap 18:5-8). O fim dos sistemas que matariam o povo de Deus é
saudado por um retumbante grito de aleluia (Ap 19:1). O reinado do pecado na
terra acabou para os santos. Eles estão voltando para casa. Não admira que a
celebração supere qualquer celebração anterior no planeta Terra. Estas
reflexões adicionais não contradizem o que sempre ensinamos sobre a queda moral
de Babilônia, mas antes expandem-nas e mostram que Apocalipse 14:8 é mais do
que uma queda moral. A queda da Babilônia é uma mensagem de que Jesus voltará
em breve. Como tal, esta mensagem prepara o povo de Deus para aquele “grande e
terrível dia do Senhor” (Malaquias 4:5). É a esperança que purifica (1Jo 3:3),
e é a volta de Jesus que nos lembra quais pessoas devemos ser (2Pe 3:11). As
boas novas da volta de Jesus são uma mensagem preparatória para todas as
pessoas.
Podemos confiar na
promessa de Jesus: “E quando eu for e vos preparar um lugar, eu voltarei
novamente, e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, ali possais
estar vós também” (Jo 14:3, BKJ 1611). Em breve, iremos para casa. O Senhor
Jesus estará para sempre conosco. Não seremos mais expulsos; não lutaremos por
uma casa ou emprego; não haverá mais morte, lágrimas, luto ou dor (Ap 21:4);
não vamos mais enterrar nossos queridos; nunca mais veremos tragédias naturais;
não haverá mais corrupção, violência, medo, sequestro ou roubo. Nunca mais! A
Nova Terra é o nosso verdadeiro lugar de descanso.
Falando sobre a nova
Terra, Ellen G. White escreveu: “Existem torrentes sempre a fluir, claras como
cristal, e ao lado delas, árvores ondeantes projetam sua sombra sobre as
veredas preparadas para os resgatados do Senhor. Ali as extensas planícies
avultam em colinas de beleza, e as montanhas de Deus erguem seus altivos
píncaros. Nessas pacíficas planícies, ao lado daquelas correntes vivas, o povo
de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar” (O Grande Conflito, p. 675).
CONCLUSÃO
O segundo anjo fala de
um sistema que tem tentado ativamente esconder o evangelho e tudo o que Jesus
fez por nós. O segundo anjo anuncia que as obras e a salvação de Babilônia
caíram enquanto o povo de Deus está destinado a voltar para casa. Cada uma
dessas três mensagens de Apocalipse 14 é de fato uma mensagem de amor que vem
do coração de Deus não apenas para alertar os ímpios, mas para preparar o povo
de Deus para o que está por vir. Como mensagens de misericórdia, são boas
notícias. Se conseguirmos reformular o nosso foco, poderemos ver o verdadeiro
coração de Deus e os Seus propósitos em fazer com que estas mensagens sejam
entregues a todos. Eles são oportunos, verdadeiros e ainda são nossa mensagem e
mandato. Como mensagens preparatórias para o povo de Deus, elas nos ajudam a
ver as coisas da perspectiva de Deus. Eles podem ser resumidos de forma
bastante sucinta: Deus odeia o pecado e Jesus vence para que possamos voltar
para casa juntos.
Caro amigo leitor, a
última mensagem de salvação deve ir a todo o mundo com extraordinário poder e
graça. Unamo-nos a Deus e a Seus servos na grande obra da pregação do evangelho.
Coloque o seu melhor a serviço da causa do Senhor, pois em breve Jesus voltará.
“O fim de todas as coisas está às portas, e o que tiver que ser feito pela
salvação de pessoas deve ser feito rapidamente” (Ellen G. White, Perto do Céu [MD 2013], p. 69).
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