Teologia

domingo, 3 de março de 2024

“VOLTANDO PARA CASA”: BOAS NOTÍCIAS DO SEGUNDO ANJO


 Ricardo André

"E seguiu outro anjo, dizendo: Babilônia caiu, caiu aquela grande cidade, porque ela fez todas as nações beberem do vinho da ira de sua fornicação" (Ap 14:8, BKJ 1611)

I – INTRODUÇÃO

Quando Deus criou nossos primeiros pais, Adão e Eva, colocou-os no jardim do Éden, cercado por árvores e animais (Gn 2:7, 8 e 15). Ele mesmo preparou com perfeição o Éden para ser o lar do primeiro casal humano, provido de tudo quanto o homem podia desejar e precisar. É difícil imaginar como deve ter sido o Éden e que paraíso deve ter sido. Após a queda no pecado, eles foram expulsos de seu lar edênico. Segundo Ellen G. White, Adão e Eva “com humildade e indizível tristeza despediram-se de seu belo lar, e saíram para habitar na Terra, onde repousava a maldição do pecado” (Patriarcas e Profetas, p. 61).

Esse foi o primeiro despejo da história da humanidade. A crise foi tão grave que foi necessário que Deus colocasse anjos à porta do jardim (Gn 3:23, 24). Adão e Eva viam sua casa, mas não podiam mais ter acesso a ela. Mas, Deus privou do Éden nossos primeiros pais com tristeza. “Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a impiedade dos homens determinou sua destruição por meio de um dilúvio de água, a mão que plantara o Éden o retirou da Terra. Mas, na restauração final de todas as coisas, quando houver "um novo céu e uma nova Terra", será restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princípio” (Idem, p. 62).

Jesus nos prometeu que teremos o Éden de volta. Ele retornou para o Céu e, desde então, está preparando novamente um lugar para Seus filhos (Jo 14:1-3). A fim de que as pessoas que viveriam nos “últimos dias” se preparassem para regressar ao Éden restaurado, Deus enviou-nos as mensagens dos três anjos, descritas em Apocalipse 14:6-12. Elas são os últimos apelos de Deus a um mundo ferido, aflito e ameaçado de desintegração para renunciar todo o tipo de idolatria e falsidade, e adorarem o Criador, e aceitarem o seu evangelho eterno. É a última mensagem, a última oferta de salvação para este mundo em dificuldade. Elas nos dão segura orientação numa época de relativismo, dúvida, evangelhos falsificados e milagres enganosos. Esses anjos falam para ajudar-nos a discernir o erro e apreciar a verdade como é em Jesus. Em sua essência, são o evangelho, puro e simples apresentado no contexto da “verdade presente” (2 Pe 1:12, ARC)

Historicamente, os Adventistas do Sétimo Dia têm visto seu surgimento e mensagem como enraizados no chamado urgente dos três anjos de Apocalipse 14:6-12, mais familiarmente conhecidos como as três mensagens angélicas. Elas formam o ponto central da identidade Adventista do Sétimo Dia. Cremos que, como parte do povo de Deus fomos comissionados para levar essa mensagem ao mundo inteiro em preparação para o segundo advento de Cristo, o que nos torna um povo singular e vital. No mesmo capítulo o povo de Deus é descrito como aqueles que guardam “os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus” (v. 12) e, no capítulo 12 no verso 17 aparecem como o remanescente que guarda “os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus”.

O conhecimento dessa mensagem, nos dias de hoje, faz com que entendamos porque somos Adventistas do Sétimo Dia. Um povo que tem uma mensagem profética a ser levada a todo mundo, que acredita de forma única na existência do juízo investigativo, no qual acredita na intercessão contínua de Cristo por cada um de nós, sendo um povo que guarda os mandamentos de Deus, inclusive o sábado, e que tem a fé em Jesus, que é “a fé na capacidade de Cristo de nos salvar ampla, completa e totalmente.” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas [CPB, 1987], v. 3, p. 172).

Tendo em vista a importância das três mensagens angélicas, existem fatores que tornam essa mensagem relevante para se ter uma identidade adventista. Em meio a um tempo de ampla apostasia, temos um povo que guarda os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Esse povo anuncia a chegada da hora do juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. E essa obra coincide com a obra de julgamento no céu, iniciada em 1844, após o término da profecia dos 2 300 dias/anos de Daniel 8:14, e resulta numa obra de arrependimento e reforma na terra.

Todos os três anjos têm uma mensagem restauradora e reformadora para preparar o povo de Deus para a volta de Jesus (Ap 14:14-20). Eles são a resposta de Deus às bestas de Apocalipse 13, é a “verdade presente” necessária e anunciada por aqueles que suportam estes eventos do fim dos tempos. Não é sem razão que Ellen G. White descreveu essas mensagens como “as mais solenes verdades já confiadas a mortais” e sua proclamação como “uma obra da mais solene importância” (Testemunhos Para a Igreja [CPB 2007], p. 19).

Cada uma das mensagens possui um período específico de tempo para seu cumprimento, mas se aplica a outros momentos. Elas tem um início definido, porém não um fim estabelecido. Possuem uma mensagem relevante para seu tempo, mas se conectam com os períodos anteriores e posterior. A terceira se integra às demais apresentando o juízo pré-advento e a segunda vinda de Jesus.

Ellen G. White mostrou nitidamente essa integração entre as três mensagens angélicas quando afirmou que “a primeira e a segunda mensagens foram dadas em 1843 e 1844, e estamos agora sob a proclamação da terceira; mas todas as três mensagens devem ainda se proclamadas” (As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p. 27).

Para isso, Deus Yahweh chamou um povo com uma missão de anunciar essas mensagens ao mundo. Ele não deu uma mensagem simples nem fácil, mas forte e desafiadora. O conteúdo dela é premente, opõe-se ás crenças populares e mexe com poderes religiosos dominantes. Para anuncia-las, Deus precisa de um povo profundo estudioso das Sagradas Escrituras, equilibrado, obediente e comprometido com a missão.

Ellen White afirma que “Deus está chamando Sua igreja hoje, como chamara o antigo Israel, a fim de erguer-se como luz na Terra. Pela poderosa espada da verdade, as mensagens do primeiro, segundo e terceiro anjos, separou-os das igrejas e do mundo para trazê-los a uma santa proximidade Dele. Fê-los depositários de Sua lei, e confiou-lhes as grandes verdades da profecia para este tempo. Como as Santas Escrituras confiadas ao antigo Israel, estas são um sagrado depósito a ser comunicado ao mundo. Os três anjos de Apocalipse 14 representam o povo que aceita a luz das mensagens de Deus, e vão como agentes Seus fazer soar a advertência por toda a extensão e largura da Terra” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p.455, 456). Contudo, este artigo não tem como objetivo analisar as três mensagens angélicas, mas focalizar apenas a segunda mensagem, pouco pregada em nossas igrejas.

Infelizmente, a mensagem do segundo anjo nem sempre tem sido pregada como uma mensagem relevante para nós da igreja, mas sim como uma mensagem que precisa ser proclamada a outros. A nossa prática ignora a nossa crença de que as mensagens dos três anjos deveriam ser uma plataforma central na preparação de todo o povo de Deus para os últimos dias. Como mensagem preparatória, como a mensagem do segundo anjo tem relevância para todo o povo de Deus?

II – O EVANGELHO ETERNO NO MUNDO

O profeta João vê três anjos voando pelo meio do céu proclamando o evangelho eterno no mundo inteiro. Quem são esses anjos de Apocalipse 14:6-12? Estes anjos evidentemente são simbólicos, pois lhes foi confiada a tarefa de pregar o evangelho eterno às multidões. Essa tarefa não foi confiada por Deus a anjos literais, mas a seres humanos. A palavra grega traduzida por “anjo” significa “mensageiro”, como as vezes é traduzida em outras passagens. Esses mensageiros podem ser humanos (Mt 11:10; Mc 1:2; Lc 7:24; 9:52; Tg 2:25). Portanto, “estes anjos representam aqueles que recebem a verdade e com poder abrem o evangelho diante do mundo” (Ellen G. White, A Verdade Sobre os Anjos [CPB, 2010], p. 247), numa ocasião em que “é chegada a hora do Seu juízo” (v. 7). O anjo representa os santos de Deus empenhados na tarefa de proclamar o evangelho eterno por ocasião do início do juízo pré-advento.

Também é verdade que anjos literais auxiliam os homens na tarefa de proclamar o evangelho, mas esta não é a ideia que predomina no texto. Diz a serva do Senhor:

“Em todas as partes do mundo, estão anjos de Deus abrindo portas até há poucos cerradas à mensagem da verdade. Da Índia, da África, da China e muitos outros lugares, ouve-se o grito: ‘Passa e ajuda-nos’” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 465).

“Enquanto alguns estão no vale da decisão, os anjos estão unindo os verdadeiros e fiéis servos de Cristo para ajudar essas necessitadas almas. (...) Instrumentalidades angelicais, embora invisíveis, estão cooperando com as visíveis instrumentalidades humanas, formando uma associação beneficente com os homens. Não existe alguma coisa estimulante e inspiradora neste pensamento de que o agente humano fica como instrumento visível para transmitir as bênçãos das instrumentalidades angelicais? (...) As instrumentalidades humanas são as mãos dos instrumentos celestes, pois os anjos se utilizam das mãos dos homens no ministério profético. (...) Esta é a maneira pela qual o Céu ministra o poder vivificante” (Ellen G. White, Minha Consagração Hoje [MM 1989], p. 304, 305).

Simbolizando uma mensagem ou um mensageiro, estes anjos representas um movimento de âmbito mundial; não alguma mensagem nova, mas a mesma mensagem do passado. “O voo do anjos ‘pelo meio do céu’, ‘dizendo com voz forte’ a advertência e sua proclamação a todos os ‘que habitam na Terra, e a cada nação, tribo, língua e povo’, evidenciam a rapidez e extensão mundial do movimento” (Ellen G. White, As Três Mensagens Angélicas, p. 35).

Deus sempre teve apenas um único evangelho. O evangelho eterno nunca muda. Ele foi anunciado primeiro no Éden (Gn 3:15), depois para os filhos de Israel (Hb 4:1-2), e é proclamado de novo a cada geração.

O QUE SIGNIFICA A “BABILÔNIA”?

O anjo anuncia a João que “'Caiu, caiu Babilônia'” (Ap 14:8). É nesse texto que pela primeira vez “Babilônia” é introduzida no livro de Apocalipse. Mas é apenas nos últimos capítulos de Apocalipse que aprendemos sobre a identidade abrangente de Babilônia. No primeiro uso da palavra, João pretende recordar o contexto do tempo de Daniel, quando Babilónia governava o mundo e a falsa religião de Babilônia dominava o povo de Deus.

A Babilônia dos dias de Daniel oferece falsa adoração, deifica o rei e espera a adoração de uma imagem de “vinte sete metros de altura e dois metros e setenta centímetros de largura” (Dan. 3:1, NVI). A filosofia da Babilônia é “dobrar ou queimar”: deixar de adorar como a Babilônia exige é punível com a morte. Babilônia é o epítome de tudo o que o pecado representa. É o centro de toda idolatria. No Antigo Testamento, os ídolos eram comuns na adoração babilônica (Jr 50:33-38; 51:17, 47). O governo de Satanás pode ser visto.  O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia nos lembra que “o profeta Isaías identifica Lúcifer como o rei invisível de Babilônia” (v. 7, p. 917). O pecado cresceu tanto ao ponto de Satanás matar todos aqueles que se opõem à sua vontade e ao seu direito de governar.

No tempo do fim, o dragão criará uma Babilônia mística por intermédio da qual tentará ocupar o lugar de Deus e receber a adoração que Lhe é devida. No Apocalipse o termo Babilônia é empregado “para designar as várias formas de religião falsa” (Ellen G. White, As Três Mensagens Angélicas, p. 47 e 48). Babilônia “indica todas as organizações apóstatas e sua liderança desde a Antiguidade até o fim dos tempo” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, p. 919). “Em Apocalipse capítulo 17, Babilônia é representada por uma mulher - figura que a Bíblia usa como símbolo de igreja, sendo uma mulher virtuosa a igreja pura, e uma mulher desprezível, a igreja apóstata” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 381). Apocalipse 17 descreve um sistema religioso apóstata, que inclui o catolicismo romano e suas “filhas”, o protestantismo apóstata (v. 5). Babilônia é constituída por uma falsa trindade: a besta do mar (Ap 13:1), o cristianismo apostatado da Idade Média; a besta da terra (v. 11), o protestantismo apostatado, representado pelos Estados Unidos; e o dragão, a obra de Satanás por meio do espiritualismo (Ap 16:13, 14). Portanto, na segunda mensagem do segundo anjo, a antiga cidade de Babilônia é considerada um tipo ou símbolo do tempo do fim. Representa um falso sistema religioso com características semelhantes à Babilônia do Antigo Testamento. Os princípios que guiavam a antiga Babilônia são a estrutura subjacente da Babilônia moderna e mística. De acordo com a Revelação, ela seduz as nações com o "vinho da fúria da sua prostituição". Esse “cálice intoxicante de veneno que ela oferece ao mundo representa as falsas doutrinas que aceitou como resultado de suas relações ilícitas com os grandes da Terra” (Ellen G. White, As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p. 49). Babilônia espiritual “mudou o dia de repouso, colocando o primeiro dia da semana onde deveria estar o sétimo” (Ellen G. White, Eventos Finais [CPB, 2011], p. 74).

Todavia, a Babilônia inclui mais do que a adoração falsa e uma união ilícita entre a Igreja e o Estado. Também possui um falso caminho de salvação. Enquanto as Sagradas Escrituras ensinam a salvação pela fé no sacrifício de Jesus Cristo (Atos 4:12; Apocalipse 13:8), Babilônia promove hereticamente salvação por sacramentos, indulgências, ensinando que, pelas obras das próprias mãos, a pessoa alcança o favor de Deus e a salvação. Os deuses babilônicos salvam através de uma mistura de esforço humano e expiação. Enquanto Cristo intercede por seu povo no santuário celestial, ela estabeleceu um sistema terrestre rival por meio da missa e da intercessão sacerdotal e dos santos. Babilônia, portanto, falsificou toda a mensagem do primeiro anjo. Tanto o seu evangelho como a sua lei são falsificações. Esta “é uma mensagem que continuará evidentemente até o fim, uma vez que Babilônia é descrita como se tornando cada vez pior” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2011], p. 965, 966).

EXPLORANDO AS MÚLTIPLAS QUEDAS DA BABILÔNIA

O anjo anuncia a João a queda da Babilônia (Ap 14:8). O anúncio encoraja todos os santos. A certeza da queda de Babilônia é definitivamente uma boa notícia para eles. O povo de Deus há muito espera pela queda do seu inimigo, simbolizado na Babilônia. Quando o inimigo cai, o povo de Deus fica livre. No tempo de Daniel, o povo esperava a libertação após os 70 anos de cativeiro, esperando que a queda da Babilônia os levasse a regressar a casa. Portanto, a queda da Babilônia foi um momento de grande alegria.

“Nos dias do profeta Daniel, o rio Eufrates literal atravessava a cidade real de Babilônia. As suas águas abundantes constituíam parte importante do sistema defensivo da antiga Babilônia. Na noite em que os exércitos de Ciro, comandados por Dario, o medo, atacaram a cidade em 539 a. C., o nível das águas do rio achava-se muito abaixo do normal. O ataque ocorreu numa estação em que as águas costumeiramente eram mais baixas, e alguns historiadores antigos afirmam que as tropas invasoras escavaram um canal lateral ao rio, a fim de reduzir ainda mais as água deste” (C. Mervyn Maxwell, Uma Nova era Segundo as Profeciais do Apocalipse, p. 456, 457). O “secamento” das águas do Eufrates abriu o caminho para Ciro, o persa, e Dario, o medo, os reis “do nascente do Sol” (leste), entrarem em Babilônia e a conquistarem, em 539 a. C. (Is 41:2, 25).

“Uma das primeiras providências do rei Ciro após a tomada de Babilônia, foi decretar a libertação dos cativos judeus de seu exílio, e permitir-lhes que retornassem a seu lar na Judeia. Em virtude da generosidade de Ciro, o profeta Isaías falou dele como se Ele fosse o próprio Jesus Cristo. Isaías retrata a Deus referindo-se a Ciro como o “Meu Pastor” e como o Seu “ungido”, a pessoa que Ele escolheu para “subjugar as nações”. No mesmo contexto, Isaías também apresenta a Deus dizendo: “Eu secarei os teus rios” (Is 44:27-45; Jr 51:36)” (Idem). Algo similar há de acontecer à moderna Babilônia, o sistema mundial da religião falsa.

A descrição do colapso da Babilônia do fim dos tempos em Apocalipse é baseada na queda da antiga Babilônia. Assim como a queda da antiga Babilônia era uma certeza ordenada por Deus (Is 21:9) para os israelitas dos dias de Daniel, também a queda da Babilônia do fim dos tempos será uma certeza para o povo de Deus no fim dos tempos.

O atual povo de Deus precisa ouvir que a queda de Babilônia significa que eles também podem voltar para casa. Nosso lar celestial nos espera. Os “reis do oriente” (Apocalipse 16:12) que causaram a queda de Babilônia durante a sexta praga possibilitaram que voltássemos para casa. O rei Ciro veio do leste para derrotar a Babilônia. Assim, nosso Rei Jesus, nosso Cristo e nosso Ciro, vem do Oriente para nos libertar. A queda final da Babilônia significa que estamos totalmente livres e podemos voltar para casa.

Muitas vezes olhamos para a queda de Babilônia como algo simplesmente moral. É claro que o povo de Deus em Babilônia é chamado para não ser moralmente corrompido pelos seus pecados (Ap 18:4). Contudo, esses pecados levaram à queda e destruição de Babilônia. Em Apocalipse 18, vemos o destino da Babilônia: “ela será consumida pelo fogo” (v. 8), “chegou a tua condenação” (v. 10), “foi arruinada” (v. 19), e “derrubados, para nunca mais serem encontrados” (v. 21, NVI). Nosso Rei conquistador faz mais do que acabar com as monstruosas depravações da Babilônia ou aplicar justiça – nosso Rei vem para libertar Seu povo. Nosso Rei vem para derrotar Babilônia para que possa nos levar para casa “juntos” (1 Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse revela que no tempo do fim, o povo de Deus será afligido e perseguido por um opressor religioso chamado “Babilônia, a Grande” (Ap 17:5), e que, em um momento de caos social, crise política, desastres naturais e colapso econômico, Deus envia seu Ciro do tempo do fim, que é Jesus, para secar o Eufrates do tempo do fim para libertar o Israel do tempo do fim da Babilônia do tempo do fim, para que eles possam viver em uma nova Jerusalém. Jesus reinará eternamente e estabelecerá firmemente Seu trono no Universo para sempre (Dn 2:44).

A mensagem da queda de Babilônia contém notícias maravilhosas também para aqueles que estão prisioneiros na Babilônia. Diante da ampliação de sua queda, Deus faz um chamado direto ao seu povo que ainda está em Babilônia: “Sai dela, povo meu, para que não sejais participantes de seus pecados, e para que não recebam suas pragas” (Ap 18:4, BKJ 1611).

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Apesar das trevas espirituais e do afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo ainda faz parte delas. Há muitos deles que nunca souberam das verdades especiais para este tempo” (As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p. 104). Por conta disso, ela aconselha a respeito da maneira adequada de pregar o evangelho para essas pessoas: “Deus tem pedras preciosas em todas as igrejas e não cabe a nós fazer uma denúncia abrangente do mundo professamente religioso, mas, com humildade e amor, apresentar a verdade toda, como ela é em Jesus” (Idem, [CPB, 2023], p. 105). Deus ama os Seus filhos e filhas que ainda estão dentro de Babilônia. Por isso, não devemos usar a segunda mensagem angélica para acusar ou combater, mas para amar, testemunhar e buscar aqueles que o Senhor está preparando para se unir a Seu povo.

Portanto, o chamado de Deus para Seu povo sair de Babilônia é uma mensagem de misericórdia. Esta mensagem revela claramente que a porta da misericórdia ainda está aberta – que a localização de uma pessoa não determina o seu destino. O amor de Jesus nos corações daqueles que são chamados de “meu povo” (Ap 18.4) na Babilônia é mais importante para Deus do que seus distintivos e rótulos. Com que urgência o coração de Deus roga que Seu amor alcance até mesmo aqueles que estão na Babilônia para ajudá-los a perceber que não estão onde Ele deseja que estejam? Quão importante é para o povo de Deus soar como Deus ao aprender a pronunciar essas palavras com compaixão.

Portanto, o chamado para que saiam da Babilônia é um chamado de incrível misericórdia e graça. Eles são chamados a ir para um lugar melhor e servir a um evangelho melhor do que um evangelho limitado pela crença em um inferno sempre ardente. Eles também podem ir para casa porque a queda de Babilônia não precisa os incluir. Eles podem ficar livres das experiências enganosas e das falsas promessas da Babilônia. Esta mensagem de liberdade e libertação para aqueles que ouvem e respondem dá continuidade às maravilhosas boas novas do primeiro anjo.

Muitas vezes as pessoas que estão presas à confusão ouvem que a cruz é tão pequena que Deus só pode colocar o pecado, os pecadores e Satanás no inferno. Este inferno, eles aprendem, continua eternamente. Quão maravilhosa é a boa notícia de que Jesus é mais poderoso do que eles jamais imaginaram. Jesus veio para lidar com o pecado de forma completa e definitiva. Agora podem acreditar na promessa feita a Adão de que a cabeça de Satanás será esmagada (Gn 3.15). Este é o plano soberano de Deus. A mensagem que temos de partilhar com Babilônia sobre o evangelho eterno é um conceito mais amplo do amor de Deus e do que Jesus fez através da Sua vida e morte. Este evangelho maior ensina que o pecado tem um fim e que a vitória de Jesus sobre o pecado é final e conclusiva.

A queda da Babilônia do fim dos tempos está diretamente ligada às pragas em Apocalipse 16:12–16. A queda física da antiga Babilônia ecoa através do ressecamento do Eufrates, assegurando assim ainda mais ao povo de Deus do fim dos tempos que a Babilônia do fim dos tempos terá o mesmo destino que a sua antecessora. Somente Jesus derrota Babilônia (v. 15,16), e Sua guerra é em nome dos santos. A queda da Babilônia é o Armagedom. Como afirma Hans LaRondelle: “O Armagedom e a destruição da Babilônia universal são, portanto, idênticos” (Carruagens da Salvação, p. 100).   Jesus vem buscar os proclamadores destas três mensagens e aqueles que deixaram Babilônia. Assim, a pregação da volta de Jesus é parte integrante da mensagem do segundo anjo. A volta de Jesus é uma mensagem cheia de esperança, antecipada pelos santos há milênios (Ap 22.20). Esta mensagem significa que todos podemos voltar para casa e estar com Jesus para sempre.

A queda da Babilônia espiritual vem acontecendo de forma progressiva, ao longo dos tempos. Ela está confusa, mas ainda não caiu por completo. Sua queda completa ocorrerá ainda no futuro. A mensagem do segundo anjo é em grande parte uma mensagem futura. Ainda estamos esperando que “todas as nações” sejam enganadas. Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “A Escritura Sagrada declara que Satanás, antes da vinda do Senhor, operará "com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça"; e "os que não receberam o amor da verdade para se salvarem" serão deixados à mercê da "operação do erro, para que creiam a mentira". II Ts. 2:9-11. A queda de Babilônia se completará quando esta condição for atingida, e a união da igreja com o mundo se tenha consumado em toda a cristandade. A mudança é gradual, e o cumprimento perfeito de Apocalipse 14:8 está ainda no futuro” (O Grande Conflito, p. 389, 390).

O longo processo desta queda moral culmina, como no caso da Babilônia literal (Dn. 5:26-28), numa completa destruição escatológica da Babilônia espiritual. Para esta libertação final devemos esperar até que a culpa de Babilônia seja completa e a misericórdia de Deus se esgote (Ap 18:5-8). O fim dos sistemas que matariam o povo de Deus é saudado por um retumbante grito de aleluia (Ap 19:1). O reinado do pecado na terra acabou para os santos. Eles estão voltando para casa. Não admira que a celebração supere qualquer celebração anterior no planeta Terra. Estas reflexões adicionais não contradizem o que sempre ensinamos sobre a queda moral de Babilônia, mas antes expandem-nas e mostram que Apocalipse 14:8 é mais do que uma queda moral. A queda da Babilônia é uma mensagem de que Jesus voltará em breve. Como tal, esta mensagem prepara o povo de Deus para aquele “grande e terrível dia do Senhor” (Malaquias 4:5). É a esperança que purifica (1Jo 3:3), e é a volta de Jesus que nos lembra quais pessoas devemos ser (2Pe 3:11). As boas novas da volta de Jesus são uma mensagem preparatória para todas as pessoas.

Podemos confiar na promessa de Jesus: “E quando eu for e vos preparar um lugar, eu voltarei novamente, e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, ali possais estar vós também” (Jo 14:3, BKJ 1611). Em breve, iremos para casa. O Senhor Jesus estará para sempre conosco. Não seremos mais expulsos; não lutaremos por uma casa ou emprego; não haverá mais morte, lágrimas, luto ou dor (Ap 21:4); não vamos mais enterrar nossos queridos; nunca mais veremos tragédias naturais; não haverá mais corrupção, violência, medo, sequestro ou roubo. Nunca mais! A Nova Terra é o nosso verdadeiro lugar de descanso.

Falando sobre a nova Terra, Ellen G. White escreveu: “Existem torrentes sempre a fluir, claras como cristal, e ao lado delas, árvores ondeantes projetam sua sombra sobre as veredas preparadas para os resgatados do Senhor. Ali as extensas planícies avultam em colinas de beleza, e as montanhas de Deus erguem seus altivos píncaros. Nessas pacíficas planícies, ao lado daquelas correntes vivas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar” (O Grande Conflito, p. 675).

CONCLUSÃO

O segundo anjo fala de um sistema que tem tentado ativamente esconder o evangelho e tudo o que Jesus fez por nós. O segundo anjo anuncia que as obras e a salvação de Babilônia caíram enquanto o povo de Deus está destinado a voltar para casa. Cada uma dessas três mensagens de Apocalipse 14 é de fato uma mensagem de amor que vem do coração de Deus não apenas para alertar os ímpios, mas para preparar o povo de Deus para o que está por vir. Como mensagens de misericórdia, são boas notícias. Se conseguirmos reformular o nosso foco, poderemos ver o verdadeiro coração de Deus e os Seus propósitos em fazer com que estas mensagens sejam entregues a todos. Eles são oportunos, verdadeiros e ainda são nossa mensagem e mandato. Como mensagens preparatórias para o povo de Deus, elas nos ajudam a ver as coisas da perspectiva de Deus. Eles podem ser resumidos de forma bastante sucinta: Deus odeia o pecado e Jesus vence para que possamos voltar para casa juntos.

Caro amigo leitor, a última mensagem de salvação deve ir a todo o mundo com extraordinário poder e graça. Unamo-nos a Deus e a Seus servos na grande obra da pregação do evangelho. Coloque o seu melhor a serviço da causa do Senhor, pois em breve Jesus voltará. “O fim de todas as coisas está às portas, e o que tiver que ser feito pela salvação de pessoas deve ser feito rapidamente” (Ellen G. White, Perto do Céu [MD 2013], p. 69).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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