QUAL É O PERÍODO DA VIDA ADEQUADO PARA ALGUÉM ENTREGAR A VIDA A DEUS?
Ricardo André
O sábio Salomão,
consciente da brevidade da vida aconselha, de forma maravilhosa e pertinente, a
todas as pessoas a lembrarem-se de Deus nos dias da juventude. Ele diz: “Lembre-se
do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e
antes que se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho satisfação
neles” (Eclesiastes 12:1, NVI). Lembrar-se de Deus é lembrar-se de que Ele nos
ama supremamente, que Ele nos ama com cada fibra do Seu Ser, e como resposta a
esse amor entregamos a nossa vida a Ele em nossa tenra idade, em nossa
juventude, a fim de que tenhamos uma velhice mais feliz. Lembrar-se
do Criador é algo urgente na vida de qualquer ser humano, é algo que não pode
ser protelado, não pode ser deixado para depois. Algo que não é para a velhice,
mas que precisa ser experimentado ainda “nos dias da tua mocidade”.
Quando obedecemos o
conselho do sábio Salomão, se torna mais fácil encarar e viver a velhice - fase
tão temida pela maioria das pessoas - mas tão gratificante para quem chega a ela com
a consciência de ter vivido bem a mocidade. Lembrar-se de Deus é dar a vida “em
flor” a Ele. E para justificar o conselho, o sábio diz: “[...] antes que venham
os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: "Não
tenho satisfação neles”. Imagine se alguém lhe desse, como presente, umas
flores murchas e sem vida, que você faria? Por certo, jogaria fora...
Por que dar a vida a
Deus depois de arruinada, quando já pouco ou nada podemos fazer para Ele? É uma
honra para Deus dar-lhe alguém a vida em pleno vigor, com forças e tempo para
muito empreender e fazer pelo céu. O
verdadeiro êxito da vida está em dedicá-la a Deus e ao Seu serviço. Vale a pena
nesta idade da vida não se esquecer de Deus. Ele está interessado nos jovens e
convida-os a fazerem seus amigos. Mas em geral a tendência dos jovens é deixar
Deus para mais tarde, e alguns nunca se lembram dEle.
O tempo voa. Passa tão
rapidamente que nós nem damos conta da sua passagem, tão ocupados estamos com
as coisas desta vida - o curso universitário, o emprego, o casamento, com todas
as suas alegrias e problemas, a chegada dos filhos, e mais alguns problemas,
e... já passou tanto tempo, não tardam os netos, e... nós sempre ocupados e, às
vezes, esquecidos do principal - lembrarmo-nos do nosso Criador para O adorar,
amar e servir.
A juventude é o tempo
áureo da vida, quando são tomadas as grandes decisões. A decisão mais
importante que um jovem, moço ou moça, possa tomar é dar o coração a Deus. Isso
não quer dizer que Deus não aceita a pessoa com idade avançada. O Senhor Jesus
está sempre disposto a aceitar o pecador penitente, a qualquer tempo e com
qualquer idade. Quanto melhor, porém, é decidir-se por Cristo na juventude, de
maneira que se possa dedicar ao Seu serviço toda uma vida de utilidade.
Meu
encontro com Jesus em minha mocidade
Na primeira metade do ano de 1984, decidi seguir o
conselho de Salomão. Tornei-me um cristão adventista do sétimo dia, depois de
participar de uma série de estudos bíblicos, num Evangelismo Público, realizado
pela Igreja Adventista da Cidade do Cabo de Santo Agostinho/PE. Convencido de
que os ensinos e crenças adventistas estavam em perfeita harmonia com as
Sagradas Escrituras, decidi me batizar naquele ano. Porém, a Comissão
Administrativa da igreja entendeu que eu não poderia me batizar naquele momento
por conta da minha tenra idade (tinha 11 anos) e por meus pais não serem
adventistas para me ajudar e apoiar em minha caminhada cristã. Temeram que eu
logo abandonasse a igreja. Me incentivaram a frequentar mais a igreja. Foi
exatamente isso que fiz. Mesmo não sendo batizado já me considerava um crente adventista.
Frequentava todos os cultos e guardava o sábado.
O momento esperando com muita expectativa chegou no ano
seguinte. Fui batizado na Igreja do Cabo de santo Agostinho, em Pernambuco, no
dia 17 de agosto de 1985, e fui logo integrado ao Grupo do Bairro São
Francisco. Era ainda uma criança com apenas 12 anos de idade, mas com uma firme
convicção de que estava tomando a melhor decisão da minha vida, e de que Cristo
estava conduzindo minha decisão. Aquele foi um dia muito feliz para mim, que
marcou indelevelmente minha vida. Esse ano (2022) fará 37 anos que entreguei
minha vida a Jesus através do batismo. Nunca me arrependi da decisão que tomei
naquele ano.
Conquanto fosse muito jovem, a compreensão de que eu
fazia parte de um movimento profético (Ap 10), que possuía uma mensagem
profética a ser anunciada ao mundo, denominada no Apocalipse 14 de “Evangelho
Eterno”, descritas nas três mensagens angélicas, passei a trabalhar
intensamente durante os anos da minha adolescência para anunciar a vinda de
Jesus e seus ensinos para muitas pessoas. Dei muitos estudos bíblicos a muitas
pessoas, a vários colegas e amigos. Muitas pessoas entregaram-se a Jesus
através do meu trabalho missionário. Alguns permanecem firme em Jesus até hoje.
Outros, infelizmente, se afastaram da igreja, mas receberam a mensagem do
evangelho eterno, e poderão algum dia regressarem a igreja.
Com a fase adulta o meu desejo de levar outras pessoas
a Jesus e ajudá-las a se prepararem para o segundo advento de Jesus não mudou.
Continuei ministrando estudos bíblicos aos amigos, agora na cidade de
Lagarto/SE, onde moro desde 1993. Desde cedo descobri que o compassivo Jesus
era de fato meu amigo. E me amava e me deu tantas coisas boas, sempre oferecendo
mais do que mereço, Ele nunca deixou faltar nada. E me proveu a subsistência em
muitos momentos difíceis, me deu novas oportunidades, me deu uma família (minha
base), dois empregos. Há 23 anos sou professor de História das Redes Públicas
Estadual e Municipal de Sergipe. Fui ancião da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Lagarto I (2000-2008) e da Igreja Central de Lagarto (2010-2019). Fui também Diretor
de Publicações e Diretor do Minicentro de Pesquisas Ellen G. White da IASD
Central de Lagarto de 2016 a maio de 2020. Meu maior interesse é participar da
grande obra da pregação do Evangelho, alcançando muitas pessoas pelo
conhecimento da Palavra, ajudando a preparar outros filhos de Deus para a breve
volta de Jesus Cristo à Terra.
Hoje, olho pra trás e vejo os milagres que Deus me concedeu.
Por me amar, simplesmente.
Ellen G. White encontra-se
com Jesus em sua tenra idade
Ellen White passou uma experiência maravilhosa em sua
juventude ao encontrar-se com Jesus. Realmente ela seguiu o conselho do sábio
Salomão ao encontrar a Cristo em sua mocidade.
Ellen cresceu num lar Metodista e quando ainda bem
jovem desenvolveu um amor intenso pelo Mestre Jesus. Aos oito anos de idade
ouviu falar que Jesus poderia voltar dentro de alguns anos. Esse pensamento foi
um choque para a pequena Ellen. Um dia, a caminho da escola, pegou um pedaço de
papel no qual havia a mensagem de que Cristo poderia voltar em poucos anos. “Fui
tomada pelo terror”, escreveu. “Uma impressão tão profunda se formou em minha
mente [...] que mal consegui dormir por várias noites e eu orava continuamente
para estar pronta quando Jesus viesse” (Life Sketches of Ellen G. White, p. 20,
21).
Foi em Portland, Maine que, aos nove anos de idade,
Ellen sofreu um acidente que mudou completamente o curso de sua vida. Foi
através desse acidente que ela foi chamada para ser a Serva do Senhor, para ser
a transmissora de boas novas e conforto para o povo de Deus, tão pesaroso e
triste pelo desapontamento de 1844. Foi através daquela experiência que o
Senhor a preparou para uma vida de serviço à Igreja Adventista, como profetisa
e conselheira.
Às vezes não entendemos o porquê de alguns
acontecimentos em nossa vida e estamos certos de que o mesmo ocorreu com Ellen,
em sua juventude. Ela foi abruptamente transformada no outona de 1836, ao
voltar para casa com sua irmã Elisabete. Uma coleguinha de escola, mais velha,
irada e impensadamente atirou-lhe uma pedra, que a deixou inconsciente. Mas foi
aquele espinho na carne que transformou numa grande profetisa para o Senhor.
Realmente o Senhor protegeu a jovem Ellen e cobriu sua
cabeça naquele dia, quando a colega de classe lhe atirou a pedra que mudaria
sua vida e a de todos nós. Depois de receber a pedrada, e ao voltar a si mais
tarde, encontrava-se numa pequena loja, toda ensanguentada. Um senhor muito
afável ofereceu-se para leva-la em sua charrete, mas ela recusou com medo de
sujá-la de sangue. Caminhou um pouco, ia quase desmaiando e teve que ser
carregada por sua irmã e uma colega de escola por uns 800 metros.
Por três semanas ficou semiconsciente, à beira da morte
e os vizinhos e amigos pensaram que Ellen morreria. Depois de três semanas
naquele estado semiconsciente, voltou a si, e ficou estupefata ao olhar-se no
espelho e verificar que seu rosto estava deformado. A pobre Ellen virou um
esqueleto! Até seu pai ao voltar de uma viagem, não a reconheceu. Não poderia
crer que aquela era sua pequena Ellen que havia deixado em casa alguns meses
antes, e considerada uma menina feliz e alegre. (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 9-13).
Mas foi naquela cama, ao recobrar a consciência, que
lhe veio a percepção de que estava morrendo. Os vizinhos vieram oferecendo o
roupão para o funeral. Ali no leito de dor, a pequena Ellen de nove anos,
pensando que ia morrer, fez as pazes com Deus e durante todo aquele tempo não
ficou com medo de morrer.
Esse foi o primeiro passo da conversão da menina Ellen.
Foi ali no leito de dor que o Senhor falou ao coração daquela jovem e
protegeu-a, preparando-a para um grande ministério em favor de Sua Igreja. Anos
mais tarde, Ellen compreendeu que aquele infortúnio em sua vida era uma bênção
disfarçada. Ela afirmou: “Eu nunca teria conhecido Jesus se não tivesse sentido
a tristeza a tristeza que tornou sombrio meus primeiros anos e me fez buscar
conforto nele” (Ellen White: Mulher de
Visão, p. 15).
Muitas vezes somos assolados por tristezas e pesares e
não entendemos o porquê. Não seria o caso de o Senhor nos estar preparando para
grandes coisas em Sua Obra?
Sabemos que vivemos num mundo de pecado e sofrimento e
que o inimigo procura destruir-nos. Mas, como no caso de Jó, muitas vezes o
Senhor permite que Satanás chegue para mais perto de nós e nos aflija. A mão
divina estará sobre nós e nunca permitirá que sejamos afligidos ao ponto de não
podermos suportar. Jesus está sempre abrindo as janelas para que possamos
vislumbrar Seu amor e carinho por nós.
No ano de 1840 Ellen assistiu, com os pais, à reunião
campal metodista em Buxton, Maine, e lá, com a idade de 12 anos, entregou o
coração a Deus. “Na tarde de domingo do dia 26 de junho de 1842, ela e outras
dez pessoas foram batizadas nas águas da acidentada baía de casco, em Portland”
(Ellen White: Mulher de Visão, p. 15).
E nesse mesmo dia foi recebida como membro da igreja metodista.
Com outros membros da família, Ellen assistiu às
reuniões adventistas em Portland em 1840 e 1842, aceitando plenamente os pontos
de vista apresentados por Guilherme Miller e seus companheiros, e
confiantemente aguardou a volta do Salvador em 1843, e depois em 1844. Ela
relata: "Este foi o ano mais feliz de minha vida. Meu coração transbordava
de alegre expectativa" (Testemunhos
Para a Igreja, v. 1, p. 54). Ellen era fervorosa obreira missionária,
trabalhando com seus jovens companheiros, e fazia sua parte em proclamar a
mensagem do advento. Muitas vezes trabalhava longas horas com abnegação a fim
de poder obter os meios para propagar a preciosa mensagem a outros.
A juventude de Ellen não diminui a amargura do grande
desapontamento de 22 de outubro de 1844 e, assim como outros, ela buscou
fervorosamente a Deus por luz e direção nos dias de perplexidade que se
seguiram. No tempo crítico, quando muitos estavam vacilando ou abandonando sua
experiência adventista, juntou-se Ellen Harmon a quatro outras irmãs no culto
familiar enquanto estava na casa de um companheiro de fé, no sul de Portland,
numa manhã do fim de dezembro. A esse respeito, de quando ela estava ajoelhada
humilde e tranquilamente em oração, diz ela: “o poder de Deus veio sobre mim como
eu nunca dantes sentira” (Vida e Ensino,
pág. 57). O revestimento do poder trouxe-lhe a primeira visão, na qual a
essa menina de 17 anos foi mostrada a jornada do povo do advento da decepção de
1844 à Cidade de Deus (Primeiros
Escritos, p. 13-31). Seguiu-se pronta ordem para ela ir e relatar o que lhe
fora revelado. Seus sentimentos são descritos da seguinte maneira: “Depois que
saí da visão, estava excessivamente perturbada. Dirigi-me ao Senhor em oração e
roguei-lhe que passasse a responsabilidade sobre outra pessoa. Parecia-me que
não a poderia suportar. Fiquei sobre o meu rosto por longo tempo, e toda luz
que pude obter, foi: Dá a conhecer aos outros o que te revelei” (Vida e Ensino, p.65). Aquela jovem
ergueu-se da oração para assumir a responsabilidade e falar por Deus,
desempenhando-se muito bem e fielmente por 70 anos.
Quando Ellen relatou, tremendo e relutantemente, essa
visão aos crentes em Portland, foi ela aceita como luz de Deus. Atendendo à
direção do Senhor, Ellen viajou com amigos e parentes de um lugar para outro,
conforme a oportunidade, relatando aos grupos esparsos de adventistas o que lhe
fora revelado, tanto na primeira visão, como nas que se sucederam.
Desde 1844 até 1915 – ano de sua morte – ela recebeu
mais de 2000 visões e sonhos proféticos. Através das mensagens que chegavam por
meio da Serva do Senhor deram estabilidade, crescimento e solidez ao
Remanescente Fiel. Por meio de seus Testemunhos, ela orientou o sistema
educacional adventista, a obra de publicação, a reforma pró-saúde.
Durante os 70 anos de serviço à Igreja, como profetiza
e conselheira, Ellen G. White viveu e trabalhou na América do Norte, Europa e
Austrália, aconselhando, estabelecendo novas frentes de trabalho, pregando e
escrevendo. Que mensageira maravilhosa! Como poderíamos negar sua pena
inspirada que produziu 100.000 páginas para a Igreja? Suas 2.000 visões têm
norteado a Igreja Adventista através dos anos e seus conselhos maravilhosos
conservam a Igreja unida, apesar dos vendavais de crítica e discórdia.
Durante toda a sua vida ela escreveu mais de 5.000
artigos e 49 livros; mas hoje, incluindo compilações de seus manuscritos, mais
de 150 livros estão disponíveis em inglês, e cerca de 90 em português. O poderoso
livro Caminho a Cristo, transformador de vidas, já foi traduzido para
mais de 165 idiomas. Acredita-se que ela é a escritora mais traduzida em outras
línguas em todo o mundo e a escritora mais traduzida na América, tanto do sexo
masculino, como feminino.
Na manhã do sábado, 13 de fevereiro de 1915, ao entrar
Ellen White em seu confortável gabinete de estudos, tropeçou e caiu, e viu que
não podia levantar-se. Foram buscar auxílio e logo se verificou que o acidente
era sério. O exame de raios-X revelou uma fratura no quadril, e a Sra. White
ficou durante cinco meses confinada à cama ou na cadeira de rodas.
Suas palavras a amigos e parentes durante as últimas
semanas de vida indicam um sentimento de alegria, e o senso de ter realizado
fielmente a obra que o Senhor lhe confiara, confiança de que a obra de Deus
avançaria até seu triunfo final, mas a preocupação de que os membros
individuais da igreja, especialmente nossos jovens, reconhecessem o tempo em
que estávamos e o sério preparo necessário para encontrar o Senhor em Sua
vinda. No dia 09 de julho de 1915, seu filho William C. White, “orou e disse a
sua mãe que entregariam tudo nas mãos de Jesus. Então, ela respondeu, falando
por meio de um fraco sussurro: ‘Eu sei em quem tenho crido’” (Ellen White: Mulher de Visão, p. 537).
Os trabalhos da vida de Ellen White terminaram a 16 de
julho de 1915, na idade madura de oitenta e sete anos bem passados, e foi posta
a descansar ao lado do esposo no cemitério de Oak Hill, em Battle Creek,
Michigan. Embora a voz esteja silente e a pena infatigável descansando,
contudo, as preciosas palavras de instrução, conselho, admoestação e
encorajamento sobrevivem, para guiar a igreja remanescente até o fim do
conflito e o dia da vitória final.
Indubitavelmente, Ellen G. White obedeceu o conselho do
sábio Salomão, entregando sua vida a Jesus ainda na sua tenra idade, e teve uma
vida de serviço ao Senhor, chegando a velhice muito feliz realizando a obra que
o Senhor lhe designara.
Caro leitor, aproveita a tua juventude, a tua
maturidade, a tua vida, para servir ao Senhor com todo o teu coração e no tempo
próprio. Ele te dará a
Comentários
Postar um comentário