Teologia

quinta-feira, 1 de abril de 2021

DEMONSTRAR AMOR E BONDADE PARA COM NOSSOS QUERIDOS ENQUANTO ESTÃO VIVOS


Ellen G. White*

Quando a morte reclama um dos nossos, que lembranças nos ficam do tratamento recebido por ele? São os quadros pendurados nas paredes da memória aprazíveis para neles nos determos? São eles recordações de bondosas palavras proferidas, ou de simpatia dispensada ao devido tempo? Repeliram seus irmãos as ruins suspeitas de pessoas intrometidas e indiscretas? Defenderam-lhe a causa? Foram eles fiéis à inspirada recomendação: “Que... consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos”? 1 Tessalonicenses 5:14. “Eis que ensinaste a muitos, e esforçaste as mãos fracas.” Jó 4:3. “Confortai as mãos fracas, e fortalecei os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Esforçai-vos, não temais.” Isaías 35:3, 4.

Quando aqueles com quem nos associamos na igreja estão mortos, quando sabemos que seu relatório nos livros do Céu está encerrado, e que eles devem enfrentar esse registro no juízo, quais são as reflexões de seus irmãos quanto à atitude que tiveram para com eles? Qual foi sua influência sobre eles? Quão claramente é invocada agora toda palavra áspera, toda ação desavisada! Quão diferentemente se conduziriam, caso tivessem outra oportunidade!

O apóstolo Paulo deu graças a Deus pelo conforto a ele dado na dor, dizendo: “Bendito seja o Deus e Pai... de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus.” 2 Coríntios 1:3, 4. À medida que Paulo sentia o conforto e calor do amor de Deus penetrando em seu coração, refletia a bênção sobre os outros. Disponhamos de tal maneira nossa conduta, que os quadros pendurados nas paredes de nossa memória não sejam de tal sorte que não suportemos refletir sobre eles.

Depois que aqueles com quem convivemos estiverem mortos, jamais haverá oportunidade de retirar qualquer palavra a eles dirigida, ou de apagar da lembrança qualquer dolorosa impressão. Atentemos, pois, para os nossos caminhos, para que não ofendamos a Deus com nossos lábios. Seja afastada toda frieza e desinteligência. Abrande-se o coração em ternura diante de Deus, ao Lhe recordarmos o misericordioso trato para conosco. Permitam que o Espírito de Deus, qual chama santa, consuma todo lixo empilhado à porta do coração, e deixem Jesus entrar; então, Seu amor fluirá para os outros por nosso intermédio em ternas palavras, e pensamentos e ações. Então, se a morte nos separar de nossos amigos, para não mais nos encontrarmos até que nos achemos perante o tribunal de Deus, não nos envergonharemos ao ver aparecer o registro de nossas palavras.

Quando a morte cerra os olhos, e as mãos se dobram sobre o peito silencioso, quão pronto mudam os sentimentos de desinteligência! Não há má vontade nem amargura; as desatenções e as injustiças são perdoadas, esquecidas. Quantas palavras de amor são ditas acerca do morto! Quantas boas coisas em sua vida são evocadas! Louvores e boas apreciações são agora francamente expressas; caem, porém, em ouvidos que nada ouvem, coração que já não sente. Houvessem essas palavras sido ditas quando o fatigado espírito tanto delas carecia, quando os ouvidos as podiam escutar e o coração sentir, que aprazível quadro haveria sido deixado na memória! Quantos, ao estarem respeitosos e em silêncio junto a um morto, recordam com vergonha e dor as palavras e atos que causaram tristeza ao coração agora para sempre quieto! Tragamos agora toda beleza, amor e bondade que nos for possível, à nossa vida. Sejamos considerados, agradecidos, pacientes e longânimos em nossas relações uns com os outros. Que os pensamentos e sentimentos que encontram expressão em torno do moribundo e do morto sejam introduzidos no convívio diário com nossos irmãos e irmãs em vida.

*Ellen G. White (1827–1915) foi uma das pioneiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os adventistas acreditam que ela exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério ativo.

 

FONTE: Trecho do livro Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 489-490.

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