MARXISMO CULTURAL: O ENGANO POR DETRÁS DO CONCEITO
Ricardo André de Souza*
Em 1938
deveria ocorrer eleições presidenciais no Brasil. A Constituição Federal
determinava que Getúlio Vargas cumpriria seu mandato e não poderia se
candidatar à reeleição. Vargas, porém, pretendia permanecer no poder. Para que isso
fosse possível, em fins de 1937, o serviço secreto do Exército brasileiro noticiou
a descoberta de um documento contendo um plano atribuído a um judeu comunista,
de nome Cohen, o Plano Cohen, que tencionava acabar com o regime democrático no
Brasil e a tomada do poder pelos comunistas.
No programa
de rádio Hora do Brasil, o suposto
plano foi anunciado e lido para seus ouvintes. Também foi divulgado nos
jornais, causando insegurança na população. Estava concretizado o desejo
golpista do presidente: se o perigo vermelho ameaçava o Brasil, Vargas não poderia
deixar o governo. De acordo com as notícias, o plano seria executado mediante
greves gerais, manifestações populares, incêndios de prédios públicos, saques,
depredações e atentados contra a vida de autoridades civis e militares.
Todavia, “o
plano, como se soube depois, era falso e foi concebido pelo oficial
integralista Olímpio Mourão Filho”.1 E foi, com base nessa fraude e
em nome do combate ao “perigo comunista”, que o presidente Getúlio Vargas
solicitou imediatamente ao Congresso autorização para decretar o estado de
guerra pelo prazo de 90 dias, durante o qual a polícia prendeu grande número de
adversários de Getúlio Varga. Estava pronto o cenário para que Vargas desse o
golpe e instaurasse a Ditadura do Estado Novo, que foi desfechado em 10 de
novembro de 1937. A fraude do Plano Cohen só foi revelada após a extinção do
Estado Novo, em 1945, quando o general Góes Monteiro a denunciou e isentou-se
de qualquer culpa no caso.
Treze anos
depois desse episódio no Brasil, em fevereiro de 1950, o senador norte-americano
Joseph McCarthy, visando impressionar a opinião pública e conseguir votos para
reeleger-se, blefou publicamente: disse que tinha uma lista contendo mais de
200 comunistas que trabalhavam no Departamento de Estado estadunidense. A verdade
era que a lista não existia. Ao registrar a fala nos anais do Senado, usou
outro número, 57. Em outras ocasiões, disse 81. E assim por diante. A denúncia,
ampliada e divulgada pelos jornais, inaugurou uma verdadeira cruzada
anticomunista nos Estados Unidos, conhecida como “caça aos comunistas”.
A sombra da
conspiração comunista evocada por McCarthy manteria a sociedade americana sob
tensão – e provocaria diversas injustiças – por muitos anos. O minúsculo
Partido Comunista foi colocado na ilegalidade; os jornais, a televisão e o
cinema sofreram uma devassa; e centenas de pessoas que trabalhavam nesses meios
de comunicação foram presas sob acusação de serem comunistas, tendo suas
carreiras destruídas. Até Charles Chaplin, o criador do personagem Carlito, foi
denunciado e perseguido pelo macarthismo, sendo obrigado a se exilar.
A política
de “caça aos comunistas” foi justificada por teorias da conspiração inventadas
pelo senador McCarthy há 70 anos, nos EUA, e no Brasil há 83 anos, pelo
Presidente Vargas. Porém, a criação de teorias da conspiração para fins escusos
e com consequências nocivas para a sociedade pode ser observada nos dias atuais
no mundo, inclusive no Brasil. Elas podem ser definidas “como crenças
explicativas utilizadas para compreender as ações de grupos ou organizações que
se unem em um acordo secreto e tentam atingir um objetivo oculto, sendo este
percebido como ilegal ou malévolo”2.
Temos
percebido que a direita no Brasil, nos últimos anos, vem falando frequentemente
sobre um suposto “marxismo cultural” que está em processo de desenvolvimento no
Brasil. As redes sociais têm sido inundadas por uma enxurrada de textos e
vídeos produzidos por diversos líderes religiosos, padres e pastores alinhados
à direita política, alertando cristãos contra os perigos do suposto “marxismo
cultural” para a vida cristã e para a sociedade, reproduzindo, desse modo, o
discurso da direita reacionária. Afinal, que coisa é essa que
cristãos de todos os matizes chamam de “marxismo cultural”? Existe realmente
esse movimento?
Este artigo
consiste justamente em uma análise cuidadosa acerca da gênese, desenvolvimento,
alcance e principais postulados do suposto marxismo cultural, e visa determinar
o quanto ele realmente representa uma vertente do pensamento marxista - ou
trata-se somente de mais uma teoria da conspiração. Essa perspectiva traz à
lembrança o pensamento do matemático e filósofo britânico Clifford (1845-1879),
que em seu ensaio de 1876, A Ética da
Crença, acertadamente escreveu que “é sempre errado, para qualquer um e em
qualquer lugar, acreditar em algo com base em evidência insuficiente”.3
Clifford defende que acreditar em algo para
o qual não temos provas ou argumentos é imoral e ilegítimo. Comumente, aqueles
que advogam as teorias da conspiração são incapazes de provar suas alegações,
ou seja, suas evidências são insuficientes. Desse modo, como afirma o cientista
político Michael Barkun, o conspiracionismo torna-se "uma questão de fé em vez de prova".4
Passados 144 anos, o imperativo de Clifford talvez tenha se tornado um
requisito civilizacional de sobrevivência.
A Origem e
desenvolvimento da teoria de um “Marxismo Cultural”
Foi na
década de 1990 que se construiu a teoria do marxismo cultural, quando o desconhecido
norte-americano chamado Michael Minnicino, a partir de uma leitura
distorcida dos pensadores da Escola de Frankfurt, os quais propunham um modelo
de marxismo que pudesse ser uma alternativa à revolução violenta, a partir da
análise do contexto social e cultural das sociedades industriais, escreveu o artigo New Dark Age: Frankfurt School
and ‘Political Correctness’ (A Nova Era
das Trevas: Escola de Frankfurt e o "Politicamente Correto"),
publicado na revista Fidelio do Schiller Institute, edição de 1992. Nesse
artigo, Minnicino delineia o suposto plano desse grupo de dissidentes do
marxismo para a tomada do poder pelos comunistas. Segundo Minnicino, a
estratégia primária dos filósofos da Escola de Frankfurt consistia na
destruição da cultura ocidental, marcada pelos valores judaico-cristãos, e essa
eliminação ocorreria por meio de ataques culturais que desprezariam os valores do
cristianismo, da família cristã e da nação, abrindo espaço para uma nova visão
de mundo e um sistema de controle, envolvendo liberação sexual e um declínio
moral e estético. Embora não tenha empregado a expressão “marxismo cultural”, ele
foi o primeiro entre os ideólogos das teorias conspiratórias a associar a
Escola de Frankfurt ao politicamente correto e à “decadência dos valores
tradicionais”, estratégia operada por intelectuais judeus contra os valores do
Ocidente cristão. Ele afirmou:
“Um deles
foi liderado por Georg Lukács, um aristocrata húngaro, filho de um dos
principais banqueiros do Império Habsburgo. Treinado na Alemanha e já um
importante teórico literário, Lukács tornou-se comunista durante a Primeira
Guerra Mundial, escrevendo ao entrar para o partido: "Quem nos salvará da
civilização ocidental?" Lukács estava bem preparado para a tarefa do
Comintern: ele fora um dos comissários da cultura durante o breve Soviete
húngaro em Budapeste em 1919; na verdade, os historiadores modernos vinculam a
brevidade do experimento de Budapeste às ordens de Lukács exigindo educação
sexual nas escolas, fácil acesso à contracepção e o afrouxamento das leis de
divórcio - tudo isso repugnou a população católica romana da Hungria. Fugindo
para a União Soviética após a contra-revolução, Lukacs foi levado para a
Alemanha em 1922, onde presidiu uma reunião de sociólogos e intelectuais de
orientação comunista. Esta reunião fundou o Instituto de Pesquisa Social.
Durante a década seguinte, o Instituto elaborou o que se tornaria a operação de
guerra psicológica de maior sucesso do Comintern contra o Ocidente capitalista”.5
Minniciano
afirma ainda que “a tarefa da Escola de Frankfurt era, então, primeiro, minar o
legado judaico-cristão por meio de uma ‘abolição da cultura’ (Aufhebung der
Kultur no alemão de Lukács); e, segundo, determinar novas formas culturais que
aumentariam a alienação da população, criando assim uma ‘nova barbárie’”.6
A narrativa
desenvolvida por Minnicino denuncia nitidamente a natureza conspiratória da
mesma. Quem ler todo o seu artigo, logo perceberá tratar-se de uma teoria da
conspiração, pois narra um plano maquiavélico dos marxistas para tomar o poder.
Podemos, então, afirmar que esse texto tornou-se a gênese da teoria da
conspiração “Marxismo cultural”. Desde a época de sua publicação, pessoas
ligadas aos setores mais conservadores da direita estadunidense da época
passaram a discutir o termo e disseminar a teoria. Embora
a teoria tenha se originado nos Estados Unidos durante a década de 1990, ela
entrou no discurso dominante na década de 2010 e é promovida globalmente. Hoje,
essa teoria da conspiração é promovida por políticos de direita, líderes
religiosos fundamentalistas, comentaristas políticos na mídia impressa e televisiva
e terroristas da supremacia branca nos EUA.
Mas, foi o terrorista
norueguês de extrema direita Anders Behring Breivik, de 32 anos, que matou oito
pessoas com um carro-bomba em Oslo, e horas depois, na ilha de Utoeya, fuzilou
69 jovens, em 2011, quem primeiro trouxe o termo "marxismo cultural"
à atenção do mundo. Em sua declaração de fé, num manifesto de mais de 1500
páginas, batizado de An European
Declaration of Independence (Uma Declaração Europeia de Independência), é
quase inteiramente dedicada à promoção do conceito. Numa leitura rápida do seu
texto percebe-se claramente tratar-se de um jovem perturbado e tomado por
delírios de grandeza. “Sempre levarei comigo a certeza de ser um campeão do
conservadorismo cultural, talvez o maior da Europa desde 1950”,7 diz
o atirador em seu manifesto. “Sou um dos muitos destruidores do marxismo e,
assim, um herói da Europa, salvador de nosso povo e da cristandade. Um exemplo
perfeito que deveria ser copiado, aplaudido e celebrado. Saberei que fiz tudo
para deter o genocídio cultural e demográfico dos europeus e reverter a islamização
da Europa.”8
De fato, essa teoria conspiratória
serviu de inspiração para uma série de outros ataques desde então, realizados
por terroristas da supremacia branca nos Estados Unidos da América e por isso
ganhou projeção internacional, a exemplo do suposto atirador no ataque a uma
sinagoga em Poway, Califórnia, na primavera de 2019, que matou um e feriu
outros três.
Coube ao escritor
William S. Lind e ao político Paul Gottfrie, autointitulados paleoconservadores
norte-americanos, batizarem essa teoria conspiratória de “Marxismo cultural”.
Segundo
William S. Lind, “o marxismo cultural é um ramo do
marxismo ocidental, diferente do marxismo-leninismo da antiga União Soviética.
É comumente conhecido como “multiculturalismo” ou, menos formalmente,
politicamente correto. Desde o início, os promotores do marxismo cultural sabiam
que poderiam ser mais eficazes se ocultassem a natureza marxista de seu
trabalho, daí o uso de termos como “multiculturalismo”. O marxismo cultural
começou não na década de 1960, mas em 1919, imediatamente após a Primeira
Guerra Mundial. A teoria marxista previu que, no caso de uma grande guerra
europeia, a classe trabalhadora em toda a Europa se levantaria para derrubar o
capitalismo e criar o comunismo. Mas quando a guerra veio em 1914, isso não
aconteceu. Quando finalmente aconteceu na Rússia em 1917, os trabalhadores de
outros países europeus não apoiaram. O que deu errado? De forma independente,
dois teóricos marxistas, Antonio Gramsci na Itália e Georg Lukacs na Hungria,
chegaram à mesma resposta: a cultura ocidental e a religião cristã tinham
cegado tanto a classe trabalhadora para seu verdadeiro interesse de classe
marxista que o comunismo era impossível no Ocidente até que ambos poderia ser
destruído. Em 1919, Lukács perguntou: "Quem nos salvará da civilização
ocidental?" Naquele mesmo ano, quando se tornou vice-comissário da cultura
no efêmero governo do bolchevique Bela Kun, na Hungria, um dos primeiros atos
de Lukács foi introduzir a educação sexual nas escolas públicas da Hungria. Ele
sabia que, se pudesse destruir a moral sexual tradicional do Ocidente, ele
teria dado um passo gigantesco para destruir a própria cultura ocidental”.9
O religioso
e político conservador Paul Michael Weyrich, cofundador da “Free Congress
Foundation” e colega de William Lind, tinha aversão ao “Politicamente correto”
ou o “marxismo cultural”. Em 16 de fevereiro de 1999, ele publicou uma “Carta aos Conservadores”, na qual descreve o Marxismo cultural como um esforço
deliberado para minar "nossa cultura tradicional, ocidental, judaico-cristã".10
Em síntese,
os intelectuais e religiosos de direita, entendem que o “marxismo cultural”
representa uma ação conjunta de governos e instituições para demolir os valores
do Cristianismo e impor um relativismo cultural, bem como leis a favor do
aborto, do casamento homoafetivo, entre outras coisas, além de um controle
estatal da economia e da cultura que implantaria o comunismo paulatinamente,
sem a necessidade de uma revolução armada da classe trabalhadora, como previa o
velho Marx. Logo, o “marxismo cultural” é inimigo do Cristianismo. Ainda
segundo eles, a televisão, os livros escolares, as universidades, as músicas, a
arte em geral, e toda a educação, assim como a justiça e a estrutura do Estado,
estariam sendo alterados microscopicamente para, depois de um tempo de
modificações acumuladas, promover um momento ideal para a revolução comunista,
que dessa vez seria silenciosa e sem derramamento de sangue. É a partir dessas
ideias enganosas que a direita mobiliza os cristãos em torno dos seus objetivos
e os atrai para seu campo político.
Os principais proponentes da teoria no Brasil
Em vez de rastrear todos os teóricos do Marxismo cultural no Brasil, vou me concentrar em dois dos principais proponentes dessa teoria da conspiração: Olavo Luiz Pimentel de Carvalho e Paulo Ricardo de Azevedo Júnior. O primeiro é um influenciador digital, autoproclamado filósofo, que já foi astrólogo. É um ícone da direita brasileira. Atualmente reside em Richmond, Virgínia, nos EUA. Se abeberou de fontes norte-americanas, adotando a concepção de que era necessário combater o “marxismo cultural”, tornando-se, desse modo, o principal expoente da aludida teoria. Não somente isso. Olavo de Carvalho tornou-se peça essencial na formação gradual da extrema direita no Brasil contemporâneo, desde que fundou em 1998 o blog Sapientiam Autem Non Vincit Malitia e que suas ideias foram expandidas principalmente pelo Orkut e pelo site Mídia sem Máscara. Ele oferece aulas on line para doutrinar seus seguidores e torná-los soldados na cruzada contra o suposto marxismo cultural. O segundo é um padre católico, extremamente conservador, escritor e professor do Instituto Bento XVI, da Diocese de Lorena (São Paulo). Possui posições políticas alinhadas a direita e reproduz em seu canal de Youtube as teorias conspiratórias do autointitulado filósofo Olavo de Carvalho.
A partir
das publicações deles, pastores e padres conservadores alinhados à direita
política passaram a divulgar essa teoria conspiracionista nas igrejas e nas
redes sociais. Além deles, diversos sites da direita também começaram a
disseminar a teoria, a exemplo do Instituto Mises Brasil. Os jornalistas Felipe
Moura Brasil, Reinado Azevedo e Rodrigo Constantino, ícones da direita brasileira, também tornaram-se
divulgadores do marxismo cultural.
Segundo
Olavo de Carvalho, em seu artigo de 08 de junho de 2002, intitulado “Do Marxismo Cultural”, escrito em sua coluna no jornal O Globo, “um
cérebro marxista nunca é normal. O filósofo húngaro Gyorgy Lukacs, por exemplo,
achava a coisa mais natural do mundo repartir sua mulher com algum interessado.
Pensando com essa cabeça, chegou à conclusão de que quem estava errado não era
a teoria: eram os proletários. Esses idiotas não sabiam enxergar seus
“interesses reais” e serviam alegremente a seus inimigos. Estavam doidos.
Normal era Gyorgy Lukács. Cabia a este, portanto, a alta missão de descobrir
quem havia produzido a insanidade proletária. Hábil detetive, logo descobriu o
culpado: era a cultura ocidental. A mistura de profetismo judaico-cristão,
direito romano e filosofia grega era uma poção infernal fabricada pelos
burgueses para iludir os proletários. Levado ao desespero por tão angustiante
descoberta, o filósofo exclamou: ‘Quem nos salvará da cultura ocidental?’”11
Olavo ainda
afirma que esta foi uma sacudida que os próprios socialistas tomaram, após se
depararem com a impossibilidade da revolução comunista internacionalista. “Stálin
recomendava que os partidos comunistas ocidentais recrutassem, antes de tudo,
milionários, intelectuais e celebridades do ‘show business'12, assevera
ele sem apresentar uma única fonte. É improvável que Stálin tenha feito essa
“recomendação”, pois como comunista acreditava que a única força social capaz
de construir o socialismo era a aliança da classe operária, não desta com os
milionários (a burguesia). É o que se depreende, por exemplo, do seu panfleto Sobre os fundamentos do leninismo, escrito
em maio de 1924, onde ele se expressa da seguinte maneira:
“A ditadura
do proletariado surge não sobre a base da ordem burguesa, mas no processo da
sua demolição, depois da derrubada da burguesia, no curso da expropriação dos
latifundiários e dos capitalistas, no curso da socialização dos meios e dos
instrumentos essenciais de produção, no curso da revolução violenta do
proletariado. A ditadura do proletariado é um Poder revolucionário que se apoia
na violência contra a burguesia.”13
Seja dito
de passagem, que Josef Stálin desde a sua juventude “carregava dentro de si um
ódio feroz contra a [...] burguesia”.14 Assim sendo, não faz sentido
Olavo atribuir a ele a “recomendação” aos socialistas para recrutarem os
milionários para a causa socialista se ele os odiava. É mais provável ser isso
mais uma invencionice do Olavo de Carvalho.
À
semelhança do americano Minnicino e dos membros da “Free Congress Foundation”,
Olavo de Carvalho aponta o filósofo marxista Antonio Gramsci e a revolução
cultural, Marcuse, Adorno e Max Horkheimer (dirigentes da Escola de Frankfurt a
partir de 1931) e a própria Escola de Frankfurt, como os que lançaram as bases
do Marxismo cultural, sendo, portanto, responsáveis pela destruição da cultura
ocidental, único objetivo de tais pensadores. Ainda segundo Olavo, “Como
[a Escola de Frankfurt] não falava em revolução proletária nem pregava
abertamente nenhuma truculência, a nova escola foi bem aceita nos meios
encarregados de defender a cultura ocidental que ela professava destruir”.15
A partir de suas ideias estapafúrdias, o “filósofo” inspirou a guerra cultural levada a cabo aos trancos e barrancos pela tropa bolsonarista instalada em Brasília. Foi exatamente em função dessa "guerra cultural", que o presidente Jair Bolsonaro nomeou Ricardo Veléz Rodrigues e depois Abraham Weintraub para o Ministério da Educação, Ernesto Araújo para Ministério das Relações Exteriores. Todos discípulos de Olavo de Carvalho. Foram colocados estrategicamente nessas pastas para fazerem a guerra contra a Educação, considerados por eles aparelhados pela esquerda, e contra os países socialistas ou progressistas que mantém relações comerciais com o Brasil, a exemplo da China.
De acordo
com o padre Paulo Ricardo de Azevedo, o “Marxismo cultural é um
movimento ideológico que pretende implantar a revolução marxista. Não através
dos meios armados ou de uma movimentação de violência, mas por meio da
transformação da cultura ocidental. Na verdade, o Ocidente é uma cultura que
está toda baseada, desde o tempo dos antigos filósofos gregos, principalmente
depois do Cristianismo, na espiritualidade.”16
Ainda
segundo o padre, “o marxismo cultural, no Brasil, já conseguiu a hegemonia
cultural e da mídia. Pela política da dominação de espaços, já dominaram a
classe falante (jornalistas, cineastas, psicólogos, padres, juízes, políticos,
escritores) que é formada no pensamento do marxismo cultural. Não existe
nenhuma universidade brasileira que seja exceção... principalmente as
católicas. Tudo isso é fruto de um descaso histórico dos conservadores, que
permitiu que o marxismo cultural tomasse conta das universidades. Em qualquer
curso universitário é possível constatar tal realidade através de um ódio
frontal e fundamental ao cristianismo, aos valores cristãos e mais
especificamente ao catolicismo tradicional”.17
Importante ressaltar que,
quando o PT chegou ao Governo Federal, em 2002, com a eleição do Lula para
presidente da República, percebeu-se nitidamente que o discurso da teoria
conspiratória se intensificou. A partir de então tornou-se comum pastores e
padres conservadores alardearem que existia um plano maquiavélico por trás do
governo do PT, uma escalada alternativa para a sociedade comunista que seria
pautada em pequenas mudanças gradativas na cultura e nas instituições ao invés
da tomada do poder à força, modelo de implantação do comunismo supostamente
fracassado no século passado. Por conta disso, o PT e a esquerda passaram a ser
demonizados pela direita obtusa e obcecada, bem como por muitos cristãos
que se tornaram presas fáceis desse engodo. Neste contexto, muitas vezes, os
petistas ou simpatizantes do partido, ao defenderem políticas sociais, escutaram
de muitos cristãos que “isso é influência da praga do marxismo cultural”. Isso
porque os cristãos influenciados por essa teoria consideravam (e ainda
consideram), que ser de esquerda era quase um crime, e diziam que, com as
políticas sociais implementadas pelos governos do PT, “a ditadura comunista
estava sendo implantada no Brasil”. Até a política de desarmamento implementada
pelo governo Lula, em 2003, baseada no Estatuto
do Desarmamento, foi acusada pelos teóricos da conspiração de ser parte
desse plano. Alguns diziam que o governo do PT queria desarmar a população para
impor sua dominação e permanecer no poder. Isso tornou-se uma paranoia.
Historicamente o
marxismo sempre causou pavor e ódio nos setores conservadores do empresariado,
sobretudo entre os setores conservadores das igrejas cristãs em todo o mundo,
desde que ele fora idealizado pelos pensadores alemães Karl Marx e Friedrich
Engels. Em todo o mundo, os governos capitalistas de direita, apoiados por
esses setores conservadores da sociedade perseguiram os adeptos do socialismo e
aqueles que possuíam ideias marxistas durante vários momentos da história. No
Brasil, em junho de 1922, três meses após sua fundação, o Partido Comunista
Brasileiro (PCB) foi fechado, pelo governo de Epitácio Pessoa, passando a atuar
na ilegalidade e tendo vários de seus membros presos. Continuou funcionando na
clandestinidade durante o Governo Vargas e durante a Ditadura civil-militar
(1964-1985). Com o retorno da democracia, os partidos de inspiração marxistas
obtiveram o direito de atuar livremente no Brasil, mas a direita reacionária
logo tratou de criar uma estratégia discursiva para instaurar um ambiente de
terror psicológico: importaram dos Estados Unidos a teoria do marxismo cultural
e passaram a disseminá-la através das redes sociais, conquistando a simpatia de
muitos cristãos reacionários. Dessa forma, virou moda chamar de marxismo
cultural qualquer coisa que seja feita pelos pobres. Então, para a direita
conservadora, falar de Bolsa Família, cotas raciais, ascensão social e aumento
do poder aquisitivo das classes menos favorecidas é um modo de implementar a revolução
socialista, falar de investimentos sociais é algo inaceitável. Defender a
igualdade de direitos entre homens e mulheres, ser contra a redução da
maioridade penal, defender os Direitos Humanos é coisa do “marxismo cultural”.
As aulas de história são doutrinação marxista, simplesmente pelo fato de que na
aula de história terá assuntos relacionados ao socialismo. Esses conservadores
ignoram o fato de que, não há como falar do século XX sem falar das revoluções
socialistas.
Importante destacar que,
foi com base nessa narrativa, que esse mesmo grupo de cristãos conservadores -
representados pela “Bancada Evangélica” (também chamada de “Bancada da Bíblia”)
no Congresso Nacional - queriam aprovar o Projeto de Lei 7180/14, do movimento
Escola Sem Partido, que tramitava desde 2014, e arquivado em dezembro de 2018. O
famigerado Projeto versava exatamente sobre essa suposta “doutrinação” dos
professores sobre os alunos, bem como as discussões de gênero. Além desse,
outros 10 projetos que tratavam da mesma matéria foram anexados a este, entre
os anos de 2015 a 2018. Todos esses projetos propunham a proibição ao
Ministério de Educação (MEC) “distribuir livros às escolas públicas que versem
sobre orientação à diversidade sexual de crianças e adolescentes” e “proibir a
doutrinação política, moral, religiosa ou ideologia de gênero nas escolas”.
Não dando-se por
vencido, o advogado Miguel Nagib, líder do movimento Escola Sem Partido (ESP),
usou para escrever a chamada “versão 2.0” do anteprojeto do movimento, a
deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL/DF) assina o “novo” projeto de lei 246/19 que
tramita na Câmara sobre o tema. A aludida deputada apresentou esse projeto no
seu primeiro dia de trabalho na Câmara.
Importante dizer que a
narrativa de que os professores das Ciências Humanas “doutrinam aluno sob sua
tutela”, em detrimento dos conteúdos, não passa de um discurso falacioso sem
qualquer correspondência com a realidade. É preciso ficar claro que professor
não doutrina, professor ensina. Doutrinação era o que o nazismo e o fascismo
faziam: pegar uma criança e educar quase num processo de lavagem cerebral até
ele entrar nas Forças Armadas e servir à pátria. Não é o que vemos aqui no
Brasil.
A imensa maioria dos
professores em nosso país acredita que a principal missão da escola é formar
cidadãos, e não apenas ensinar os conteúdos científicos. E formar cidadãos
pressupõe a ideia de despertar o senso crítico para que o estudante tenha uma
visão política e crítica sobre a realidade. E, a atitude socialmente crítica é
emancipação. Ela combate e rompe com o desenvolver enciclopédico e elitista das
escolas tradicionais. Educar é analisar as realidades e a nossa sociedade,
selecionando aquilo que é urgente para ser conhecido, discutido,
problematizado. Se analisar criticamente as realidades é um problema, que
possamos subverter a lógica do pensamento único.
Como professor há 22
anos na escola pública de ensino, tenho o entendimento de que a escola deve ser
um ambiente de prática libertadora, onde todos que constituem a comunidade
escolar podem se colocar, se contrapor, a partir da pluralidade de temas – com
respeito às minorias e de combate a todo tipo de discriminação, seja de etnia,
gênero, orientação sexual, religião. Ocorre que não é o que estabelece o
Projeto de Lei de "Escola Sem Partido", que é mais apropriado
denomina-lo de "Lei da Mordaça", porque é exatamente isso que esse
projeto pretende fazer, impedir o professor de desenvolver o pensamento crítico
no ambiente escolar.
Quando esses integrantes do movimento Escola Sem Partido, que também disseminam a teoria da conspiração marxismo cultural, defendem que a escola precisa ser “neutra” em relação a todas as questões, demonstram nítido desconhecimento tanto do papel da escola quanto da natureza do conhecimento com o qual ela lida. Eles ignoram que é a ideia da convivência múltipla, diversa, que caracteriza a sociedade humana, principalmente a nossa. Ocorre que essa é também uma sociedade que tem preconceito. Como a escola sabe que a sociedade brasileira tem forte discriminação de gênero e de raça, tem desigualdade social, é preciso que ela trabalhe isso. Ao tocar numa questão racial na sala de aula, o professor não está racializando a sociedade brasileira, como dizem os integrantes do movimento Escola Sem Partido. Existe racismo no Brasil. E a escola tem que trabalhar uma educação que seja antirracista. Ela tem que contribuir para que as pessoas respeitem as diferenças, respeitem o outro.
Voltando ao tema do
marxismo cultural. Ao analisar essa postura contrária de muitos cristãos, aqui
no Brasil, no que se refere as políticas sociais para as minorias, percebe-se
claramente que eles querem imitar a ala ultraconservadora da direita cristã dos
Estados Unidos. Eles não entendem, por exemplo, que políticas sociais e para
minorias que eles chamam de “marxismo cultural” são de caráter socialdemocrata,
corrente política e econômica que ganhou muito espaço na Europa Ocidental
capitalista, em países como França, Holanda, Espanha, Suécia e Áustria, depois
da Segunda Guerra Mundial.
Ao invés de propor a
destruição do capitalismo, a social democracia busca implementar políticas
econômicas a fim de amenizar os efeitos desse sistema perverso. Tais políticas
baseiam-se nas teorias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946),
que entre outras coisas, defendia a intervenção do Estado na economia, a fim de
implantar políticas econômicas que garantissem o pleno emprego dos
trabalhadores. O primeiro país a adotar um programa socioeconômico inspirado
nas ideias de Keynes foram os EUA como uma estratégia de superação da Grande
Depressão, programa conhecido por New Deal (Novo Acordo). Por adotar as ideias
Keynesianas de apoio aos desempregados – como na instituição do salário mínimo
-, as ações do New Deal é considerada por muitos estudiosos como precursoras do
Estado de bem-estar social, uma
perspectiva política e econômica na qual o Estado promove a manutenção de um
regime de pleno emprego e o aumento da renda dos trabalhadores, o que
resultariam em aumento da demanda interna, crescimento econômico e melhora das
condições sociais. Fato é que, o keynesianismo e o Estado de bem-estar social
implementado, respectivamente, nos EUA e nos países da Europa Ocidental não
tornaram esses países em comunistas, uma vez que esses sistemas
sócio-econômicos são completamente distintos. E a diferença fundamental é que o
Estado de bem-social é implementado dentro do capitalismo, sem a sua supressão,
enquanto que o comunismo é implantado a partir da abolição da propriedade
privada, ou da destruição do capitalismo.
Os
adventistas e o marxismo cultural
O mundo
evangélico é sempre um campo fértil para o desenvolvimento de teorias
conspiratórias. Impressiona-nos a facilidade que eles têm de acreditar em
teorias da conspiração. Indiscutivelmente, uma das razões que permitem a
circulação de ideias conspiracionistas entre evangélicos está relacionada a
crença no fim do mundo, ou seja, como os cristãos (especialmente evangélicos) acreditam
que um dia a história chegará ao seu ponto final, eles tendem a acreditar mais
nas teorias de conspiração. Durante a década de 1990, muitas teorias
conspiratórias se disseminaram no meio evangélico, entre elas, a da “Nova Era”
(não negamos a existência do movimento, mas os crentes fizeram uma paranoia
dele), crente não podia comprar camisetas de marcas com certos símbolos, não
podia comprar produtos de certas marcas. Quem não se lembra do boato que
circulava dizendo que o dono da “Procter and Gamble”, empresa multinacional
norte-americana de produtos de cuidados pessoais e higiene, teria ido ao “Jô
Soares”, ou “Faustão”, ou algum outro programa, dependendo da variação do
boato, onde ele teria dito que a empresa estava a serviço de Satanás e que iria
destruir o cristianismo? Os crentes procuravam “Nova Era” em tudo.
Durante a
implantação da tecnologia do “código de barras”, aquela “etiqueta” hoje
onipresente nos produtos de supermercado que o operador de caixa encosta num
sensor e já aparece o preço na tela do computador, muitas igrejas evangélicas
orientaram seus membros a boicotar os produtos que tivessem o código de barras
porque isto seria a “marca da besta”. Diziam que o computador reconhecia como
“666”. Vimos muitos crentes com medo, na época, de pegar produtos com códigos
de barras, até que o boicote ficou insustentável e essa paranoia perdeu sua
força.
E muitas
outras teorias de conspiração já pudemos acompanhar entre igrejas e indivíduos
evangélicos que abraçam estas teorias de maneira as vezes fanática e paranoica.
Ouvimos muitas vezes crentes dizendo que há uma conspiração illuminati para
dominar o mundo e implantar a Nova Ordem Mundial, crentes dizendo que demônios
em forma de répteis controlavam os bancos do mundo, crentes dizendo que o “Foro
de São Paulo” organiza exércitos comunistas para fazer guerra civil no Brasil,
crentes bolsonaristas dizendo que a China criou o corona vírus com apoio da ONU
e outras instituições globalistas para usar a COVID-19 como arma biológica e
forçar os países do Ocidente a aderir a quarentena/lockdown, iniciando um
experimento mundial de preparação para um futuro governo comunista internacional,
e assim por diante.
Agora a
teoria de conspiração adotou uma plataforma mais secular: A política. Vinte e
nove anos após o fim da “Guerra Fria”, que dividiu o mundo em “Capitalistas e
Socialistas”, lideranças e idealistas evangélicos ressuscitam a paranoia de
parte da segunda metade do século 20 e combatem o “comunismo”. Com isso vemos
uma união contra a conspiração do “comunismo”, ou “marxismo cultural”, que
segundo os ideólogos, é a estratégia atual empregada pelos comunistas para
tomar o poder, grupos evangélicos historicamente conflitantes, como calvinistas
e pentecostais, batistas e luteranos, evangélicos e católicos, entre outros,
grupos que às vezes nem se consideram como irmãos entre si, se unem para
dividir palcos, palanques, púlpitos e altares para se defenderem contra a
conspiração da vez, fazendo isso sem amor pelo próximo, mas querendo neutralizar
e combater o próximo, em nome de teorias da conspiração.
Impressiona-nos
mais ainda ver que os adventistas, que sempre foram vistos como um grupo dentre
os cristãos mais sensatos e racionais, embarcando nessa paranoia, acreditando
em notícias e histórias falsas e sendo por elas influenciadas, depois que foram
arrastados pela “onda bolsonarista”. À semelhança de vários pastores
evangélicos, diversos pastores adventistas, bem como muitos membros leigos, há
muito mergulharam de cabeça no estudo desse assunto, tendo como fonte o
autodeclarado filósofo Olavo de Carvalho. Vez por outra via-se algumas
produções em forma de textos e vídeos alertando os crentes adventistas dos
“perigos” do marxismo cultural.
Mas, foi
somente recentemente que a teoria foi incorporado ostensivamente no discurso de
alguns líderes adventistas que ocupam posições mais elevadas na Obra, como é o
caso do Pastor Rafael Rossi, Líder de Comunicação da IASD para a América do
Sul. Recentemente, ele realizou um seminário virtual para departamentais de
jovens e desbravadores acerca desse polêmico assunto. Nos parece que a referida
palestra foi realizada para alertar os pastores departamentais de jovens dos
“perigos” da influência desse suposto Marxismo cultural na igreja. Na
realidade, a palestra é uma nítida reação de um pequeno grupo de pastores alinhados
à direita política, inconformados com a constatação da existência de vários
fieis adventistas espelhados pelo Brasil que possuem concepções políticas de
esquerda. O vídeo foi postado no YouTube, que logo viralizou nas redes sociais,
que sem um motivo claro foi posteriormente removido da plataforma.
Curiosamente,
no vídeo, o aludido pastor informa que há um grupo de estudos na Divisão
Sul-Americana (DSA), e que o mesmo estudou o tema Marxismo Cultural, e
parece-nos que a palestra foi fruto do “estudo” desse grupo. Ocorre que, o Pr.
Rossi quando apresentou o conceito e os postulados do “Marxismo cultural” não
citou sequer uma fonte, em que se baseou para explicar o marxismo cultural. Ele
não apresentou uma obra ou artigo científico de valor acadêmico tratando sobre
o Marxismo cultural.
Uma vez que
os grupos ligados a direita política, inclusive os bolsonaristas são
disseminadores dessa teoria conspiratória, o vídeo do Pr. Rossi escancara o alinhamento
político desse grupo de pastores idealizadores da palestra com a direita, bem
como sua crença na teoria conspiratória.
Em outubro
passado, o Dr. Rodrigo Silva, pastor e apresentador do Programa “Evidências”,
da TV Novo Tempo, numa palestra no Canal do UNASP no You Tube deixou nítido a
influência dessa teoria no seio do adventismo no Brasil, ao afirmar: “[...] Quando
você diz: “a igreja tem que entender que tomar a causa da mulher, do negro e do
homossexual não é marxismo”. Leiam Bauman. Na forma como está sendo colocada é
marxismo. Ponto! É marxismo! Eu não concordo com aquele filósofo do presidente
lá, o Olavo de Carvalho. Muitas coisas que ele fala é muito arrogante. [...] Eu
discordo de Olavo de Carvalho em muitos pontos, mas a expressão “marxismo
cultural ela tem fundamentação teórica, sim, senhor! Está ali. Estude isso. E a
igreja está atenta para isso, para não perder a sua identidade”18.
Para uma análise desse discurso enviesado do Dr. Silva veja o artigo Breve Análise do Discurso
Controverso do Dr. Rodrigo Silva.
É
lamentável ver alguns pastores adventistas tornarem-se olavistas, aterrorizadores
de plantão, tentando convencer os incautos de que tudo à nossa volta é conspiração
comunista. Eles são obreiros remunerados para transformar os servos de Deus em
neuróticos, “caçadores de bruxas”.
Ekkehardt
Mueller, diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica na sede mundial da
IASD, afirmou claramente que “não condescendemos com teorias da conspiração e
não as proclamamos publicamente. Elas não podem ser comprovadas. A necessidade
de se retratar ou a comprovação de que estavam erradas podem causar prejuízos à
causa de Deus”.19 Que os pastores envolvidos na disseminação dessa
teoria da conspiração perceba esse risco de desencadear graves prejuízos a
igreja, e avaliem se vale a pena insistir nisso.
Marxismo
Cultural não existe
Apesar de
todo o aranzel da incrível teoria do “marxismo cultural”, permanece inalterável
esta verdade: Ele não existe e nunca existiu. Embora reconheçamos que há
partidos e movimentos sociais no Brasil, cuja pauta consiste na defesa de leis
a favor do aborto, do casamento homoafetivo, entre outras coisas, não acredito
que isso faça parte de um plano maquiavélico de dominação da cultura que levará
paulatinamente a implantação do comunismo. Seja dito de passagem, que leis que
favorecem o casamento homoafetivo e o aborto foram aprovados nos EUA e em alguns
países da Europa Ocidental. No entanto, esses países continuam capitalistas, e
não há nenhuma tendência no sentido desses países adotarem o socialismo por
conta dessas mudanças. Logo, essa é uma teoria fantasiosa que só existe no
mundo fechado dos reacionários. Isso não passa de mito, pelas seguintes razões:
1) Não se pode denominar esse suposto movimento de Marxismo. Diversos teóricos de direita, liberais e antimarxistas apontam
que o marxismo cultural é uma espécie de fantasma inexistente utilizado para
atacar a esquerda. Um deles é Gary North, economista neoliberal e membro do
Instituto Mises, uma das instituições de pesquisa sobre economia liberal -
portanto de direita - com maior representatividade na atualidade.
North
escreveu: “Qualquer indivíduo que considere que marxismo cultural é marxismo
não entende nada de marxismo. No
entanto, tal postura é muito comum em círculos conservadores. Trata-se de um grande erro estratégico porque
representa, acima de tudo, um erro conceitual. O coração, a mente e a alma do
socialismo marxista ortodoxo é um só: o conceito de determinismo econômico.
Marx argumentou que o socialismo é historicamente inevitável porque haverá uma
inevitável transformação do modo de produção da sociedade. Ele argumentou que o
modo de produção é a subestrutura de uma sociedade, e que a cultura geral é a
superestrutura. Segundo ele, as pessoas se apegam a uma visão específica das
leis, da ética e da política de uma sociedade somente por causa de seu
comprometimento a um modo específico de produção. Se esse modo de produção for
alterado, o apego das pessoas às leis, à ética e à política será alterado.
[...] Essa posição de Marx ganhou vários defensores exatamente porque ela era
puramente econômica/materialista. Marx criou uma teoria que descartava a
necessidade de qualquer explicação histórica; no fundo, era uma teoria que se
baseava na ideia de que ideias não são fundamentais para a transformação da
sociedade. Marx acreditava que a arena decisiva da luta de classes é o modo de
produção, e não a batalha das ideias. Ele via as ideias como um desdobramento
secundário do modo de produção. Sua visão era essa: ideias não têm
consequências significativas. Retire esse postulado do marxismo, e o que sobra
não mais será marxismo. É por isso que sempre me espanto quando vejo analistas
conservadores aceitando a ideia de marxismo cultural”.20
Como North apontou, para
Marx, a dialética ocorre da infraestrutura (a base material e concreta da
sociedade) para a superestrutura, num processo histórico de mudanças. As mudanças ocorrem no campo da economia,
que produzem as mudanças no campo das ideias, do direito e da política.
Portanto, não são as ideias que causam as transformações sociais, mas as
condições materiais dos homens é que produzem as suas ideias e o seu modo de
agir na sociedade. Ele acreditava que a história é movida a partir da luta de
classes, dos conflitos entre as forças produtivas e as relações de produção.
Ele enxerga que as classes sociais têm interesses diferentes e que é o embate
entre elas que faz girar o mundo.
Sobre isso, Marx
afirmou: “A história de todas as sociedades até nossos dias é a história da
luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e
servo, mestre de corporação e aprendiz; em resumo, opressores e oprimidos,
estiveram em constante antagonismo entre si, travando uma luta ininterrupta,
ora aberta, ora oculta - uma guerra que terminou sempre ou com uma
transformação revolucionária de toda a sociedade ou com a destruição das
classes em luta”21
Há na história um
clássico exemplo que ilustra muito bem isso: o modo de produção feudal. A
nobreza medieval tinha a propriedade da terra e todas as outras estruturas
foram criadas a partir da propriedade da terra pela nobreza. Quem estudou
feudalismo sabe muito bem disso. Mas, surgiu uma outra classe, a burguesia.
Após as Cruzadas, ela foi se fortalecendo, acumulando riqueza ao longo dos
séculos através do comércio, até chegar os séculos XVI e XVII e, especialmente ao
século XVIII, quando esta ocupa um lugar de destaque na sociedade. Como ela
possuía dinheiro, capital, fez aliança com o rei e financiou-o, que deu um
golpe na nobreza. Quando chega o século 18, a burguesia já tem acesso à
tecnologia, adquire todo aparato industrial, compra as máquinas. Agora temos
uma síntese, que é uma nova sociedade, a sociedade capitalista, moderna,
industrial e urbana. Essa nova síntese aconteceu por causa dessa tensão entre
os opostos. Para Marx, portanto a dialética não se deu no campo das ideias,
mas, primeiro no campo das condições materiais da existência, que vão repercutir
no campo das ideias, da política e da moral.
Assim, para a teoria
marxista, a luta de classes seria “o motor da história”. É ela que impulsiona a
história, desencadeando os processos históricos. Marx considera que todas as
mudanças históricas fundamentais são causadas pela luta de classes. Portanto, o
marxismo percebe a luta de classes como meio para o fim dessa exploração, bem
como para a instituição de uma sociedade onde os produtores de riqueza seriam
os detentores de sua produção. Em outras palavras, a classe trabalhadora
destruiria o capitalismo por meio da revolução armada, tomando para si os meios
de produção e o governo, suprimindo a burguesia e os seus meios de hegemonia e
manutenção do poder, que constituem os conjuntos chamados infraestrutura e
superestrutura, e construiria uma nova sociedade, na qual as terras e as
empresas pertenceriam à coletividade. Tudo seria de todos, e os frutos,
distribuídos de acordo com o trabalho de cada um. Ninguém teria condições de
explorar o seu próximo. Sendo, então, uma sociedade sem classes, justa e
igualitária, em que toda a propriedade seria comum, cada indivíduo teria
liberdade para exercer qualquer tipo de ofício e suas necessidades seriam
asseguradas pela comunidade. Ele chamou essa sociedade de socialista, que por
último, evoluiria para o comunismo.
Conforme declarado por North,
um antimarxista, não há qualquer conspiração marxista que vise implantar o
socialismo por meio de uma revolução cultural. Portanto, Marxismo cultural não
passa de pura invencionice e simplismo ideológico do discurso reacionário.
A verdade é que, as
mudanças culturais ocorridas no mundo ocidental estão mais relacionadas com
a contracultura, que começou a partir de meados da década
de 1960, nos EUA (que disseminou a máxima "sexo, drogas e rock'n
roll" entre os jovens) do que com o marxismo. O movimento contracultura
surgiu para questionar normas e padrões estabelecidos socialmente. Mas, os
movimentos de contracultura questionaram não só os padrões de comportamento
social, como também a religião, a sexualidade, as instituições sociais (como a
família, o casamento, a Igreja, a escola, o Estado, a polícia, o exército e o
trabalho) e os padrões estéticos.
Não obstante existirem
jovens nesse período que sonhavam com a revolução socialista, como é o caso do intelectual
e militante socialista Tariq Ali, que participou altivamente, nos anos 1960 e 1970,
do movimento da contracultura, o movimento de contracultura, em geral, não era necessariamente
vinculado ao marxismo. Foi nesta década que surgiu o movimento hippie, que
incitou milhares de jovens a cultuarem o amor livre, o desprendimento das
convenções e o desenvolvimento de um mundo alternativo ao sempre tão criticado
“sistema”. Os hippies não sonhavam com uma revolução socialista como a russa,
chinesa ou a cubana, e preferiam preferia “paz e amor” para transformar o mundo,
em vez da guerrilha. Seus heróis não eram Lênin, Mao ou Che Guevara, mas
Gandhi, sábios chineses antigos e gurus indianos. À época a contracultura era
mais um produto dos Rolling Stones, os Beatles, The Doors e de outras bandas
norte-americanas que do Marxismo. Por exemplo, entre os dias 15 e 18 de agosto
de 1969, aconteceu em uma fazenda na cidade de Bethel, no estado de Nova York,
o famoso Woodstock Music and Art Fair (Feira de Música e Arte Woodstock), que
foi um festival de música. Os cerca de 500 mil jovens que compareceram ali, se reuniram
para ouvir música rock, cantar, namorar, fumar, tomar banho pelado no rio,
entre outras atividades. Até onde sabemos, nem os organizadores do evento nem
os cantores que se apresentaram eram militantes marxistas ou comunistas. Portanto, é um erro histórico tentar rastrear
a contracultura ao marxismo.
2) A narrativa construída por Olavo de Carvalho e
outros teóricos da direita a respeito do marxismo cultural é eivada de
inverdades. Estes comumente afirmam que a referida
estratégia, ou seja, a da dominação pela cultura, nasceu das análises culturais
da Escola de Frankfurt e do filósofo marxista Antonio Gramsci com seu conceito
de hegemonia cultural. No entanto, nem Gramsci, nem Marcuse pensaram sequer em
uma maneira de aplicar o marxismo cultural. Estes não deixaram em nenhuma de suas
obras um plano concatenado de tomada do poder pelos comunistas a partir da
destruição dos valores judaico-cristãos do Ocidente. Isso é, como já
demonstramos, uma narrativa construída por Minniciano a partir de extratos das
obras desses pensadores marxistas, e depois reproduzidas por outros ideólogos
em várias partes do mundo ocidental. Até porque criticar de forma incisiva
aspectos da cultura burguesa que favorece o capitalismo não significa que isso
em si seja um plano de tomada do poder.
Afirmar que
Lukács e Gramsci acreditavam que a estratégia para se chegar ao socialismo era a
dominação cultural é falsa. Vale ressaltar que ambos eram comunistas. Eles
jamais negaram a revolução armada, nem disseram que a revolução aconteceria
única e exclusivamente pelo meio cultural. Isso é antimaterialista e, pior,
pode cair no campo do idealismo. Na realidade, Gramsci propõe como estratégia a
médio e longo prazo uma “guerra de posição” (a disputa pela hegemonia mantida
pelo Estado burguês), em cenários adversos
e marcados pela iniciativa histórica dos adversários, para a construção de uma
hegemonia pela via do consenso (revolução passiva) antes de alcançar o nível de
domínio coercitivo, ou seja, a tomada do poder pela revolução armada. Embora
nos Cadernos do Cárcere ele tenha defendido a construção da contra-hegemonia
pelos trabalhadores na sociedade, ele nunca ignorou “guerra de movimento”, que
fora típica dos bolcheviques. Ele acreditava que a insurgência e possibilidade
de uma revolução só ocorre no momento em que os trabalhadores e trabalhadoras
na sociedade civil estiverem organizados em negar a ideologia dominante, ao
reconhecer que a existência da sociedade civil não garante plena liberdade de
ação. É o que se depreende da leitura de um de seus artigos do L’Ordine Nuovo, Socialismo
e Fascismo, de abril de 1921. Ele escreveu:
“A ação
sindical de defesa, a constituição de organismos e de experimentos socialistas
em regime burguês, a conquista de um número cada vez maior de postos nos
organismos através dos quais os burgueses governam a sociedade, nada disso
basta hoje, nada disso tem mais serventia. É preciso fazer algo diverso se não
quisermos ser esmagados e perder tudo. É preciso que os operários, os
trabalhadores de todas as categorias tornem-se dominadores de toda a sociedade,
que tenham o poder e o exerçam através de novas instituições, capazes de dar à
sociedade uma nova forma e uma férrea disciplina de ordem e de trabalho para
todos. É preciso que todas as demais lutas se subordinem àquela que visa a
conquista do poder, à criação do novo Estado dos operários-camponeses”.22
Quando ele afirma aqui que todas as demais formas de lutas da classe
trabalhadora devem estar submetidas “àquela que visa a conquista do poder, à criação do novo Estado dos
operários-camponeses”, ele está se referido nitidamente à revolução socialista
propugnada por Marx e Engels.
É fato que,
Georg Lukács, Antonio Gramsci e a grande maioria dos escritores marxistas
criticam a cultura burguesa, porém, não vejo algo de ruim nisso. A cultura
burguesa é, indubitavelmente, uma cultura classista, machista, racista, que
jamais deve ser a cultura de uma sociedade socialista idealizada por Karl Marx,
que na perspectiva do pensamento marxista ela faz parte da superestrutura, cuja
mudança radical ocorre quando o modo de produção capitalista é alterado.
3) Não há estudos acadêmicos que apoiem essa teoria da conspiração
ou algo semelhante, simplesmente porque ela não existe. Ela não tem base em fatos e não há nenhum movimento
intelectual com esse nome. A Escola de Frankfurt, comumente apontada pelos
teóricos da direita como a que lançou as bases do marxismo cultural, era, na
verdade, um grupo relativamente pequeno de estudiosos marxistas, etnicamente
judeus, que desenvolveram uma abordagem interdisciplinar crítica ao
capitalismo. Por conta desses teóricos terem sido judeus, alguns ao abordarem a
temática do “marxismo cultural” acusam seus ideólogos de antissemitas. Esses
estudiosos da Escola de Frankfurt procuraram entender por que a revolução
socialista preconizada pelo pensamento marxista tradicional ainda não havia
acontecido na Europa Ocidental, onde parecia ter sido bloqueado por forças
incluindo nacionalismo, burocracia, consumismo e fascismo. Entre os nomes associados
à Escola de Frankfurt estão Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse,
Erich Fromm, Walter Benjamin, LeoLowenthal, Franz Neumann e Otto Kirchheimer.
Quando os nazistas chegaram ao poder, a Escola de Frankfurt trocou a Alemanha
pelos Estados Unidos e se restabeleceu em Nova York na Columbia University. O "Instituto
de Pesquisa Social" da Escola de Frankfurt existe até hoje (agora
localizado novamente na Alemanha), e o movimento intelectual mais amplo que foi
fundado é conhecido como “Teoria Crítica”, a qual “desejava transpor a sua
teoria contracorrente ao que se escrevia no meio académico então, na primeira
metade do século XX, para as pessoas e para aquelas a quem cabia viver e
produzir vida”23. Embora alguns membros da Escola de Frankfurt
tivessem influência, alguns livros de Erich Fromm e Herbert Marcuse foram
influentes em alguns ativistas da Nova Esquerda na década de 1960 - as teorias
da conspiração do "marxismo cultural" exageram muito a influência e
poder da escola.
Além disso, não existe um campo acadêmico
conhecido como “Marxismo Cultural”. Ressalte-se que os estudiosos da Escola de
Frankfurt são chamados teóricos críticos, não marxistas culturais. Estudiosos
em vários outros campos que muitas vezes são colocados na categoria de
"Marxista cultural", como pós-modernistas e estudiosos feministas,
também não chamam seus campos de estudo de marxismo cultural, nem compartilham
uma simetria ideológica perfeita com a Teoria Crítica. O termo “cultural”
aparece muito ocasionalmente na literatura de vários teóricos marxistas
contemporâneos, mas não há um padrão de usá-la para apontar especificamente
para a Escola de Frankfurt – um filósofo marxista conhecido por sua análise da
cultura contemporânea e da pós-modernidade, o americano Frederic Jameson, por
exemplo, usa o termo, mas seu uso do termo "cultural" refere-se a sua
estética, não a um compromisso específico com a Escola de Frankfurt. Em resumo,
o marxismo cultural não existe. Ele não é apenas uma teoria da conspiração, mas
não há movimento intelectual com esse nome.
Conclusão
Diante do
exposto, o chamado “marxismo cultural”, representa uma teoria enganosa. Não
passa de um expediente conspiratório patético e infundado. Mesmo assim, tem
ganhado adeptos entre multidões enormes de pessoas que leem a revista Veja,
apoiam Bolsonaro, MBL ou seguem canais de gente com posições políticas
desequilibradas como Olavo de Carvalho, o metaleiro de extrema direita Nando
Moura e o padre Paulo Ricardo.
A narrativa
do marxismo cultural, que é de natureza direitista, cumpre as funções de
demonizar a esquerda, bem como de arregimentar os cristãos em torno dos
projetos da direita no Brasil. Nesses últimos cinco anos, essa teoria foi
empregada estrategicamente pelos líderes religiosos (católicos e evangélicos)
no Brasil para demonizar a esquerda e arregimentar os cristãos em torno de
candidatos ligados à direita política, inclusive elegendo Bolsonaro presidente
da República. Durante a campanha eleitoral de 2018, para presidente, os pastores
e padres conservadores orientavam os fiéis a não votarem no candidato do PT,
porque este representava o marxismo cultural, que pretendia destruir os valores
da família, queria ensinar as crianças nas escolas a serem LGBTQIA+, por meio
do suposto “Kit gay”, entre outros impropérios.
A fim de
evitar o engano das teorias da conspiração, os cristãos precisam prementemente
acatar a recomendação do profeta messiânico:
“O Senhor
me advertiu firmemente de que não pensasse como todos os outros. Disse ele:
“Não chame tudo de conspiração, como eles fazem; não viva com medo do que eles
temem. Considere o Senhor dos Exércitos santo em sua vida; é a ele que você
deve temer. Ele é quem deve fazê-lo estremecer; ele o manterá seguro […]’” (Isaías
8:11–14, NVT).
*Ricardo
André de Souza é
pedagogo, professor de História da Educação Básica das Redes Municipal e
Estadual de Sergipe.
REFERÊNCIA:
1. JÚNIOR,
Alfredo Boulos. História sociedade & cidadania. 2ª ed. São Paulo: FTD:
2015, p. 726.
2. REZENDE,
Alessandro Teixeira. Teorias da conspiração: significados em contexto brasileiro.
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2019000101001#B02
3.
CLIFFORD, William K. A Ética da Crença. 1879, trad. de Desidério Murcho, p.70.
4. BARKUN,
Michael (2003). A Culture of Conspiracy: Apocalyptic Visions in Contemporary
America. University of California Press, p. 7. In: Wikipédia, A enciclopédia
livre.
5. MINNICINO, Michael. New
Dark Age: Frankfurt School and ‘Political Correctness’. Disponível em: < https://archive.schillerinstitute.com/fid_91-96/921_frankfurt.html>
Acesso em: 10 de out. 2020.
6. Idem
7. Manifesto completo
de Anders Behring Breivik “2083 - Uma Declaração Europeia de Independência”.
Disponível em: <https://publicintelligence.net/anders-behring-breiviks-complete-manifesto-2083-a-european-declaration-of-independence/>
Acesso em: 15 de out. 2020.
8. Idem
9. LIND, William S. O
que é o marxismo cultural? Disponível em: <http://www.marylandthursdaymeeting.com/Archives/SpecialWebDocuments/Cultural.Marxism.htm>
Acesso em: 10 de out. 2020.
10.WEYRICH, Paul Michael.
“Carta aos Conservadores de Paul M. Weyrich”. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20000411172504/http://www.nationalcenter.org/Weyrich299.html>
Acesso em 20 de out. 2020.
11. CARVALHO, Olavo de. Do Marxismo Cultural. Disponível em:
< http://www.olavodecarvalho.org/semana/06082002globo.htm> Acesso em 09 de out 2020.
12. Idem
13. STALIN,
Joseph. Sobre os Fundamentos do Leninismo. Disponível em <https://www.marxists.org/portugues/stalin/1924/leninismo/cap04.htm> Acesso em 25 de jan 2021.
14.
DOROTHY, HOOBLER, Thomas. Os Grandes Líderes: Stalin. São Paulo: Editor: Juan
Carlos Chacon Friori. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 12.
15. CARVALHO,
Olavo de. Do Marxismo Cultural. Disponível em: < http://www.olavodecarvalho.org/semana/06082002globo.htm> Acesso em 09 de out 2020.
16. AZEVEDO, Paulo
Ricardo de. O Marxismo Cultural e a Igreja do Brasil. Disponível em: https://www.espacojames.com.br/?cat=1&id=6526.
Acesso em: 15 de out 2020.
17. AZEVEDO, Paulo
Ricardo de. A infiltração do marxismo cultural no Brasil. Disponível em: <https://padrepauloricardo.org/aulas/a-infiltracao-do-marxismo-cultural-no-brasil>
Acesso em: 16 de out 2020.
18. Maratona
Espiritual: Adventismo em tempos líquidos. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=pULZq8Wtt8s>
Acesso em: 20 de out 2020.
19. Revista Adventista,
agosto 2020, p. 15.
20. NORTH, Gary.
Marxismo Cultural é um paradoxo. Disponível em: <https://www.mises.org.br/article/1896/marxismo-cultural-e-um-paradoxo>
Acesso em: 18 de out 2020.
21. MARX, Karl. O
Manifesto do Partido Comunista. São Paulo, Editora Martin Claret, 2010, (Col. A
Obra Prima de Cada Autor), p. 45.
22. GRAMSCI, Antonio.
Cartas do Cárcere. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, v. 2, p.
62.
23. BRANDÃO, Lucas. A
escola de Frankfurt e a Teoria Crítica. Disponível em: <https://www.comunidadeculturaearte.com/a-escola-de-frankfurt-e-a-teoria-critica/>
Acesso em: 25 de jan de 2021.
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