Teologia

domingo, 21 de junho de 2020

QUEM SOMOS: NOSSA IDENTIDADE E NOSSO PAPAEL NESTE MOMENTO DA HISTÓRIA


Robert Costa*

Neste tempo de crise global, é importante ter uma compreensão clara da nossa identidade e do nosso objetivo. Este artigo é para um tempo como este. Foi resumido de uma newsletter do Comitê Executivo da sede mundial da Igreja Adventista. Ted N. C. Wilson. Presidente da Associação Geral.

Nossa igreja é apenas mais uma igreja? O que nos distingue do restante da cristandade? O que justifica nossa existência? Deus responde a essas perguntas. Ele nos vê no contexto do grande conflito: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas Daquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9, NVI).

Essa declaração define nossa identidade e nosso propósito. Mas e o restante do mundo cristão não pode alegar a mesma coisa? Em parte, sim, mas não totalmente, e essa pequena margem faz toda a diferença.

A DIFERENÇA

Somos a igreja que apresenta a verdade em sua totalidade. Muitas igrejas levam pessoas a Jesus. Porém, se as maiores verdades para nosso tempo forem excluídas, será um evangelho incompleto. A Bíblia sempre deveria ser apresentada como um todo. É um engano misturar a verdade com o erro e, mais sutilmente, não dizer toda a verdade. Podemos nos precaver contra isso reavivando nossas origens, identidade, mensagem, compromisso e a missão do nosso lar, púlpitos e salas de aula.

Não somos apenas mais uma igreja. Somos o movimento final que Deus levantou para um tempo profético, com uma mensagem profética, centrada em Jesus e na Sua graça, para restaurar toda a verdade e preparar o mundo para o Seu retorno.

“Os adventistas do sétimo dia foram escolhidos por Deus como um povo peculiar, separado do mundo”, escreveu Ellen White. “Com a grande talhadeira da verdade. Ele os cortou da pedreira do mundo, e os ligou a Si. [...] O maior tesouro da verdade já confiado a mortais, as mais solenes e terríveis advertências que Deus já enviou aos homens foram confiadas a este povo, a fim de serem transmitidas ao mundo” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 138).

O apóstolo Paulo disse que a igreja é “coluna e fundamento da verdade” (1Tm 3:15). Foi para esse propósito que Deus chamou Israel (Dt 7:6-9; 14:2; Is 60:1-3), para ser o Seu povo especial. Ele não deixou a critério deles a escolha de como viver, como adorar e como evangelizar, mas deu instruções específicas.

Infelizmente, o antigo Israel falhou. Porém, o plano de Deus, não terminou ali. No exato momento profético, algo grande aconteceu no Céu, algo “tão essencial ao plano da redenção como foi a morte de Jesus na cruz” (O Grande Conflito, p. 486). Deus abriu os livros. O mundo precisa saber.

CERTIDÃO DE NASCIMENTO PROFÉTICO

Por isso, Deus levantou um povo em meio ao desapontamento, profetizado por Jesus em Sua visão dada a João séculos atrás (Ap 10:5-11), para o compromisso sagrado de restaurar toda a luz da Sua verdade, apresentando “com alta voz” as três mensagens de amor mais solenes jamais reveladas (Ap 14:6-12).

O desapontamento foi a certidão de nascimento do verdadeiro povo de Deus. Se a última igreja não tivesse surgido de uma decepção durante o momento profético, durante o estudo das profecias de Daniel, ela não poderia ser a verdadeira igreja. Foi quando nossos pioneiros estudaram diligentemente as Escrituras para discernir o que tinha acontecido em 22 de outubro de 1844 que compreenderam, pela fé, onde Jesus está ministrando.

Pouco depois, Deus deu a esse povo o dom de profecia, definindo assim as duas características marcantes do remanescente do tempo do fim: aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus, que é o espírito de profecia (Ap 12:17; 19:10). Estes dois componentes aparecem juntos na Escritura e definem o verdadeiro povo de Deus (Is 8:19, 20).

Na primeira visão de Ellen White, Deus estabeleceu claramente a ascensão, o curso e o destino deste movimento. Se a verdade do santuário celestial não for compreendida, o plano da salvação também não será completamente compreendido.

CUIDADO COM AS DISTRAÇÕES

Certas distrações e perigos podem comprometer nossa identidade, nossos propósitos e nossa missão como povo remanescente.

Deixar de apresentar a verdade atual. O evangelho eterno foi o plano de salvação apresentado a Adão e Eva. Há também verdade presente dentro do contexto do evangelho eterno. Qual é a verdade presente para esta hora? As verdades centram-se no lugar santíssimo do santuário celestial, onde Jesus ministra hoje.

Concentrar-se apenas na justiça social e na ajuda humanitária sem levar as pessoas a Jesus e à mensagem plena do evangelho. Muitas entidades seculares fazem um excelente trabalho social. Mas a ajuda e a justiça social não são a nossa missão final como igreja. Passagens em Miquéias 6, Isaías 58 e Tiago enfatizam a ajuda que devemos oferecer aos outros. O próprio Jesus fez boas obras. No entanto, Sua missão não era apenas aliviar o sofrimento, e sim salvar a raça humana. Ele viveu Sua religião, mostrando amor e compaixão dentro do contexto da missão. É importante ajudar as pessoas suprindo suas necessidades temporais, mas não podemos para por aí. Precisamos levar as pessoas ao pé da cruz e à mensagem plena do advento.

Imitar a liturgia, a música e os métodos de crescimento de outras denominações. Para Israel, imitar outros povos produziu resultados catastróficos (Nm 22-24). Alguns buscam ideias de fontes que negam verdades bíblicas importantes, depois aplicam esses métodos em nossas igrejas. O que nos motiva a adotar o estilo de adoração e métodos de crescimento das igrejas que a Bíblia descreve como “Babilônia”? Deus nunca sugeriu que, para alcançar as nações vizinhas, Israel deveria adotar seus métodos ou estilo de adoração.

Enfatizar um adventismo existencialista no qual o discipulado é separado da doutrina. Se falamos apenas do mestre e das Suas virtudes, mas não ensinamos o que Ele nos pede que ensinemos, até que ponto podemos realmente ser bons discípulos? Como os novos crentes podem ensinar aos outros as verdades que não aprenderam?

Quando a pregação deixa de ser profética, doutrinária e centrada em Cristo e se baseia apenas na graça barata, leva à satisfação pessoal, em que é impossível haver um reavivamento genuíno. Um evangelho da graça barata produz liberalismo; um evangelho de advertência produz fanatismo. Nós não somos fanáticos nem liberais. Somos discípulos que recebem e aceitam a graça de viver de forma comprometida.

RESPONSABILIDADE RECEBIDA DE DEUS

Será que compreendemos a responsabilidade que Deus que Deus nos conferiu nestes últimos dias da grande controvérsia entre Cristo e Satanás?

Ellen White escreveu: “Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incidiu a maravilhosa luz da Palavra de Deus. Foram incumbidos de uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem eles permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção” (Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 19).

Que privilégio e responsabilidade? Sabemos como as coisas vão acabar. Uma última geração permanecerá firme e amará tanto o Senhor que será obediente a Ele. Esse fiéis serão selados para a eternidade, estabelecidos em toda a verdade bíblica para que não possam ser tocados. Essa geração participará de coisas maravilhosas, como a chuva serôdia e a terminação da obra de Deus. A Terra será iluminada com a Sua glória (Ap 18:1).

Minha oração é que sejamos essa última geração. Maranata!

*Robert Costa é secretário ministerial associado e coordenador do evangelismo mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

FONTE: Revista Adventista, Junho 2020, p. 22 e 23.

 


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