Teologia

sábado, 13 de junho de 2020

MUITOS ESTÃO EM BUSCA DO “DEUS-MOSCA DE ECROM” MODERNO


Ricardo André

Em 2 Reis 1, encontramos um dramático relato da vida de um rei de Israel, que possui relevante lições espirituais para nós hoje. No versículo 2 lemos: “Certo dia, Acazias caiu da sacada do seu quarto no palácio de Samaria, e ficou muito ferido. Então enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria” (NVI). Acazias era rei de Israel e filho de Acabe. De acordo com o relato bíblico, ele caiu de uma janela em um dos andares superiores de seu palácio, em Samaria (2Rs 9:30), e ficou bastante doente. Provavelmente estivera inclinado nessa janela feita de tiras finas de madeira, que não estava bem fixada. Repentinamente ela se desprendeu aberta, e ele caiu. Foi um grande tombo para o monarca. Sem dúvida sofrendo de ferimentos internos, permanecia em grave condição de saúde. Querendo saber a respeito do seu futuro, se sararia de seus ferimentos, Acazias, em vez de voltar-se para Deus, o Grande Médico, enviou mensageiros a Ecrom, uma das principais cidades filisteias, para saber seu prognóstico através de um falso deus, cujo nome é repulsivo somente de pronunciar: Baal-Zebube, que significa literalmente “senhor das moscas”. (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 2, p. 932).

De acordo com o comentário da Bíblia de Estudo Andrews, Baal-Zebube era “o deus da cura (Mt 12:24-27), adorado na cidade filisteia de Ecrom. O nome significa ‘Senhor das moscas’ e pode se tratar de uma distorção do nome original Baal-Zebul que significa “Baal é o príncipe” (p. 475). “Supunha-se que o deus de Ecrom dava informações por meio de seus sacerdotes sobre eventos futuros. Grande número de pessoas ia buscar informações sobre isso; mas as predições ali pronunciadas e as informações dadas procediam diretamente do príncipe das trevas” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 2, p. 1148).

Acazias escolheu rejeitar o verdadeiro Deus

Acazias poderia ter tido um futuro brilhante, pois, em seus dias, ainda habitava em Israel o profeta Elias. Por certo, ele soube do que Elias fizera com seu país, quando fechou os céus para que não chovesse e, por mais de três anos, não caiu um pingo de água (1 Rs 17:1-7). Também estava ciente do destino que tiveram os profetas de Baal e os do poste-ídolo (1 Rs 18:20-40). Segundo Ellen G. White, “durante o reinado de seu pai, Acazias tinha testemunhado as maravilhosas obras do Altíssimo. Ele vira as terríveis evidências que Deus havia dado ao apostatado Israel, da maneira como Ele trata os que põem de lado obrigatórios reclamos de Sua lei. Acazias tinha agido como se essas terríveis realidades fossem apenas tolas histórias” (Profetas e Reis, p. 209). Acazias decidiu lançar sua sorte com esse detestável deus-mosca de Ecrom. Seu coração tinha, provavelmente, sido endurecido contra o Senhor através da má influência de sua infame mãe Jezabel.

“O fato de Acazias enviar uma delegação a fim de consultar o deus de Ecrom constituía desprezo público e aberto para com o Senhor. Isso era um insulto à Majestade do Céu, que não podia ser admitido sem repreensão. Israel devia aprender que os deuses dos filisteus eram impotentes para salvar na hora extrema e que o Senhor está assentado em Seu trono eterno” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 2, p. 933).

Ellen G. White afirma que, ao ele “suplicar ajuda ao pior inimigo de seu povo, proclamava aos pagãos que tinha mais confiança nos seus ídolos do que no Deus do Céu” (Profeta e Reis, p. 211).

Os mensageiros, porém, voltaram rapidamente. Foram interceptados por Elias, que lhes perguntou se não havia Deus em Israel para que Acazias passasse para a região costeira a fim de buscar auxílio desse deus estúpido. Sem meias palavras, o profeta ordenou aos homens do rei que voltassem e informassem a Acazias que ele ia morrer.

Quando os mensageiros descreveram a barba fluente, a cabeleira e a vestimenta de pelos de camelo, Acazias conheceu imediatamente as marcas de identificação. “É Elias, o tesbita”, disse ofegante (v. 7, 8).

Duas vezes o rei enviou uma força de 50 homens para prender Elias, mas cada vez o profeta assentou-se no alto de uma colina e mandou descer fogo do céu para consumir os homens forte de Acazias. Porém, o capitão da 3ª força estava desgostoso com o impenitente rei, e suplicou por misericórdia. O anjo do Senhor disse a Elias que não temesse, mas entregasse ao rei a mensagem de morte pessoalmente. Acazias escolhera permanecer obstinado e sofreria as consequências. Ele morreu de sua enfermidade que contraíra em sua queda, “segundo a palavra do Senhor, que Elias falara” (v. 17).

“Como rei de Israel, num momento em que Deus estava pronto a Se manifestar de forma espetacular, Acazias tivera diante de si oportunidade incomum de conduzir o povo para longe dos caminhos do mal, para as sendas da justiça e da paz. Ele, porém, falhou. Permaneceu até a morte com a mensagem da repreensão divina soando aos ouvidos. Esse é o fim dos que resistem ao espírito de Deus e O desafiam” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 2, p. 934).

Baal-Zebube moderno

O ser humano sempre tem buscado conhecer o futuro. São milhões de pessoas que consultam todos os dias os jornais lendo o horóscopo, buscando alguma resposta para suas dúvidas. Elas buscam direção nos horóscopos sobre o rumo que devem seguir em assuntos tão importantes como a profissão, casamento e os negócios. A incerteza quanto ao futuro deixa as pessoas inseguras, inquietas, indecisas e preocupadas. Inseguras, as pessoas se apegam a qualquer coisa que lhes pareça dar alguma orientação: advinhos, médiuns espíritas, necromantes, horóscopos e outros recursos estranhos, os quais em vez de oferecer saída para a dúvida humana, às vezes põem mais dúvida ainda. Estes são alguns dos deuses-moscas modernos. Os desvios que fazemos, em nossa teimosia e orgulho, a fim de não nos encontrarmos com Deus sempre nos conduzirão a um beco sem saída.

À semelhança do rei Acazias, muitos hoje se voltam para o charlatanismo, o ocultismo, o espiritismo, as religiões orientais ou qualquer fonte em busca de conhecimento do passado e do futuro, bem como a cura para suas doenças, menos a verdade de Deus. “No âmbito das falsas religiões, quando Satanás promete curar, é só para atrair as pessoas para sob o controle de sua vontade cruel, e, então, governá-las com poder aparentemente impossível de quebrar” (Ibdem, p. 933). As pessoas hoje podem não prestar homenagens aos deuses do paganismo clássico, mas estão adorando inocentemente ou não a Satanás como fez Acazias, rei de Israel. “Os apóstolos de quase todas as formas de espiritismo sustentam possuir poder para curar. Eles atribuem este poder à eletricidade, ao magnetismo, aos assim chamados "remédios de simpatia", ou a forças latentes contidas na mente do homem. E não são poucos, mesmo neste século cristão, os que vão a esses curandeiros, em vez de confiar no poder do Deus vivo e na habilidade de médicos bem qualificados” (Profetas e Reis, p. 211).

O resultado da obra dos curandeiros nos “centros espirituais de recuperação” tem sido lamentável. Tem deixado atrás de si legiões de pessoas desiludidas e perplexas, ao descobrirem que a melhora física produzida pela excitação emocional não era duradoura.

Toda prática ocultista é proibida por Deus. Ao orientar os israelitas que deveriam possuir a terra prometida de Canaã, Ele disse: “Quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, não procurem imitar as coisas repugnantes que as nações de lá praticam. Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos; que seja médium ou espírita ou que consulte os mortos. O Senhor têm repugnância por quem pratica essas coisas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, o seu Deus, vai expulsar aquelas nações da presença de vocês. Permaneçam inculpáveis perante o Senhor, o seu Deus” (Deuteronômio 18:9-13, NVI).

Só Deus é que conhece o futuro, e Ele tem interesse de introduzir-nos nesse futuro (Amós 3:7). Desde a antiguidade é aconselhado ao crente em Deus a buscar seu futuro no Senhor. A Bíblia diz em Isaías 8:19, 20: “Algumas pessoas vão pedir que vocês consultem os adivinhos e os médiuns, que cochicham e falam baixinho. Essas pessoas dirão: “Precisamos receber mensagens dos espíritos, precisamos consultar os mortos em favor dos vivos!” Mas vocês respondam assim: “O que devemos fazer é consultar a lei e os ensinamentos de Deus. O que os médiuns dizem não tem nenhum valor.” (NTLH). A “lei e os ensinamentos de Deus” correspondem a Bíblia Sagrada. Somente ela oferece seguras respostas para as dúvidas e incertezas humanas.

Há vários textos bíblicos onde Deus reprova o ocultismo em todas as suas formas (Deuteronômio 18:9-14; Isaías 8:19; Levíticos 19:31; 20:6, 27; 2 Re 21:6; Ezequiel 13:18; Malaquias 3:5). Nestes textos a Bíblia se posiciona contra todo e qualquer tipo de manifestação espiritualista (cartomancia, feitiçaria, macumba, candomblé, umbanda, espiritismo kardecismo, necromancia, parapsicologia, hipnose).

Ocorre que, ao buscar no ocultismo algum auxílio para as questões da vida, a pessoa se afasta de Deus e de Sua proteção, e se envolve com forças malignas a fim de adquirir poder, defender-se de outras forças parecidas, descobrir o que acontecerá no futuro (1 Samuel 28) ou simplesmente satisfazer a curiosidade.

As Escrituras condenam as práticas espiritualistas de tal modo que afirmam que todos aqueles que continuarem praticando-as ficarão fora do reino dos céus (Ap 22:15) e serão castigados no lago de fogo e enxofre ao final do milênio (Ap 21:8). Isto porque, segundo a Palavra do Senhor, tais práticas não condizem com a verdade revelada de Deus acerca do estado dos mortos. A descrição bíblica da morte é a de terminação (Jó 7:21; 14:12). Quando alguém morre, nada permanece, visto que o fôlego da vida retorna a Deus e o corpo se decompõe nos elementos básicos dos quais é formado (Salmo 146:4; Eclesiastes 12:7; cf. Gênesis 2:7; Jó 33:4; Eclesiastes 9:5, 6, 10). Logo, o estado do morto é de absoluta inconsciência, e que só alcançarão a imortalidade na ressurreição por ocasião da volta de Jesus (ver Salmo 6:5; 13:3, 115:17; Eclesiastes 9:5, 6 e 10; João 14:1-4; 1 Tessalonicenses 4:13-18) e serem de origem diabólica e demoníaca (Apocalipse 16:14; 2 Coríntios 11:11-14; 2 Tessalonicenses 2:9-10). Sendo assim, Deus “abomina” tais experiências.

Assim como o rei Acazia, no passado, desonrou a Deus pondo sua confiança “nos seus ídolos do que no Deus do Céu, de igual maneira homens e mulheres desonharam-nO quando tornam da Fonte de força e sabedoria para solicitar auxílio ou conselho dos poderes das trevas” (Ibdem).

Diz mais Ellen G. White: “Aqueles que não estão ligados a Deus estão ligados ao inimigo de Deus, e o inimigo trabalhará junto com eles para levar-nos a falsos caminhos. Não honramos a Deus quando deixamos de lado o único Deus verdadeiro para consultar o deus de Ecrom. É feita a pergunta: “porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar [...] [o] deus de Ecrom?” [2Rs1:3]” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 2, p. 1148).

Os filhos de Deus devem confiar que Ele o protegerá das forças malignas sobrenaturais (Efésios 6:10-18) e que cuidará de seu futuro. Há apenas um Deus capaz de satisfazer nossas buscas e necessidades.

A quem você vai buscar: Baal-Zebube ou o Deus do Céu?

Josué estava com cento e dez anos de idade, quando exortou o povo de Israel a temer ao Senhor e lançar fora os deuses pagãos. Foi seu discurso de despedida. Ele mesmo já havia tomado uma decisão categórica: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24:15). Antes, porém, ele fez um veemente apelo ao povo: “Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se, porém, não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas, eu e a minha família serviremos ao Senhor" (Js 24:14,15, NVI).

Caro amigo leitor, no mundo de hoje, o mesmo conselho é dirigido a cada um: temer ao Deus verdadeiro, ou inclinar-se perante os deuses criados pelo arqui-inimigo de Deus. A quem vamos adorar? Busque a Deus enquanto há tempo. Clame-O enquanto está perto e o reconheça como Senhor e Salvador da sua vida, mas principalmente como Senhor. Aprenda a depender de Deus.

Querido Deus e bom Pai que estás no Céu, por favor, perdoe-nos pelas muitas vezes em que nos esquecemos que estás perto e buscamos por respostas nos lugares errados. Por favor, ajude-nos a lembrar de trazer nossas orações e perguntas a Ti. E se descobrirmos que estamos no caminho errado, nos ajude a estarmos dispostos a nos humilhar e mudar de rumo. Amém.

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