SÁBADO – O INDESTRUTÍVEL MONUMENTO COMEMORATIVO DA CRIAÇÃO E DA REDENÇÃO
Ricardo André
Os adventistas do sétimo dia são
mundialmente conhecidos por, entre outras coisas, sustentar alguns ensinamentos
bíblicos distintivos (que só eles creem e pregam), entre eles a guarda do
sétimo dia da semana, o sábado, como dia de descanso e adoração ao Deus
Criador. O nome “Igreja Adventista do Sétimo Dia” traduz essa convicção. O nome
aponta para dois ensinamentos fundamentais da denominação: o segundo advento de
Cristo e o sétimo dia (sábado). Uma parte do nome aponta para a redenção, e a
outra parte do nome aponta para a criação. Esses dois ensinos fundamentais
promovem a unidade e a comunhão entre eles. Com poucas exceções na cristandade,
somente eles seguem a doutrina do sábado.
Embora nosso primeiro objetivo seja
exaltar a Jesus e revelar ao mundo a Sua graça salvadora, o sábado é uma
intrincada parte dessa mensagem cristocêntrica. Há base bíblica para a guarda
do sábado? Qual é o seu o significado? Por que o sábado é um dia
especial?
Sábado, Memorial do poder criador de
Deus
Há base bíblica para essa crença
essencial adventista. Senão, vejamos: As Sagradas Escrituras revelam que ao final da criação em seis dias,
Deus separou o sétimo dia, como o sábado do Senhor e colocou nele uma tríplice
distinção para que fosse um indestrutível monumento comemorativo: “E
abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua
obra, que Deus criara e fizera” (Gn 2:1-3). Gênesis deixa nítido
que o próprio Deus colocou no sábado, o sétimo dia, três grandes distinções: 1)
Ele descansou; 2) Ele santificou; 3) Ele descansou.
Descansou, não porque estivera
cansado, pois a Bíblia afirma que Deus não se cansa (Is 28:10). Descansou para
comemorar a criação e dar exemplo ao homem de que, todo aquele dia deveria ser
de descanso e adoração ao Criador. Santificou ou tornou santo, separado entre
os demais dias da semana, para der dedicado exclusivamente a Deus. Abençoou-o,
tornando-o bendito e feliz. “A bênção sobre o sétimo dia subentendia que, dessa
forma, ele era declarado objeto especial do favor divino e um dia que traria
bênçãos a Suas criaturas” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, p.
203). Esses três atos distintivos que estabeleceram o sábado como dom
especial de Deus para a humanidade mostram claramente que ele é diferente dos
outros dias da semana. Assim o sábado deve ser para nós um dia
alegre, de feliz comunhão com Deus, agradável e cheio de amor. Ele permite que
experimentemos a realidade do paraíso na Terra e confirmemos a criação de Deus
em seis dias.
Uma das verdades mais profundamente
arraigadas da Bíblia é que no jardim do Éden, em um mundo perfeito, criado por
um Deus perfeito, o sétimo dia foi separado do restante da semana e
santificado. É maravilhoso saber que o próprio Deus “descansou” no sétimo dia.
Isso mostra a seriedade com que esse dia deve ser considerado, porque o próprio
Deus descansou nele!
Ao descansar, abençoar e santificar
esse dia, Deus também ordenou que todos O imitassem na observância do mesmo.
Quando assim fizermos, estaremos reconhecendo que Deus é o Criador e O
homenageando como tal. Deus nos ordena: “Lembra-te do dia de sábado,
para santificá-lo. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra: Mas o sétimo
dia é o sábado do Senhor teu Deus: nele não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu
filho, nem tua filha, teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro que está dentro tuas portas: Porque em seis dias o Senhor fez os céus
e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto
abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou” (Êx 20:8-11, KJV). Portanto,
cada sétimo dia é uma dia especial que Ele “abençoou e santificou”.
O Novo Testamento revela que Jesus e
os apóstolos guardaram o sábado. A participação de Jesus nas reuniões de sábado
na Sinagoga revela que Ele o apoiava como o dia de descanso e adoração (Lc
4:16, 31). Alguns de seus milagres foram feitos no sábado para ensinar a
dimensão da cura (física e espiritual) que resulta da celebração do sábado (Lc
13:10-17). Os apóstolos e os primeiros cristãos entendiam que Jesus não havia
abolido o sábado; eles também o guardavam e participavam da adoração nesse dia
(At 13:14, 42, 44; 17:2; 18:1-4). Em seu desejo de seguir o exemplo de Jesus,
os adventistas do sétimo dia, observam o sétimo dia, o sábado.
Lamentavelmente o inimigo de Deus,
Satanás, induz os homens a desprezarem o mandamento do sábado, e o resultado é
que existem homens e mulheres que negam a existência de Deus e buscam no
evolucionismo a origem da vida. Chegando ao absurdo de admitir que os símios
deram origem aos seres humanos. A escritora cristã, Ellen G. White,
escreveu: “Tivesse sido o sábado universalmente guardado, os
pensamentos e afeições dos homens teriam sido dirigidos ao Criador como objeto
de reverência e culto, jamais tendo havido idólatra, ateu, ou incrédulo” (O
Grande Conflito, p. 438).
Nesse mandamento, Deus declara que em
seis dias criou os céus, ao mar e a Terra e tudo que nele há. Nada é obra do
acaso, tudo foi criado por Ele.
O sábado é o dia reservado por Deus para que O encontremos e O adoremos. Para que observemos o desabrochar da flor e a frondosa árvore da mata. Para que paremos e ouçamos o canto dos passarinhos e contemplemos o cintilar das estrelas. Ao fazê-lo, espontaneamente brotará de nossos lábios um cântico de louvor ao Criador.
Sábado, memorial da Redenção
Outra bela dimensão do sábado é que
ele é um sinal da nossa libertação do pecado. O sábado é o memorial de que Deus
salvou Israel da escravidão egípcia para o descanso que prometeu na terra de
Canaã (Dt 5:12-15). Apesar do fracasso de Israel em entrar plenamente nesse
descanso devido à sua repetida desobediência e idolatria. Deus ainda promete
que “resta um repouso para o povo de Deus” (Hb 4:9). Todo os que desejam entrar
nesse repouso podem fazê-lo pela fé na salvação oferecida por Jesus. A
observância do sábado simboliza esse repouso espiritual em Cristo e a confiança
apenas em Seus méritos, e não em obras, para nos salvar do pecado e nos dar a
vida eterna (Hb 4:10; Mt 11:28-30). Assim, ao contrário de qualquer outro
mandamento, o sábado aponta para Jesus, não somente como Criador (Gên. 2:2;
Col. 1:16), mas também como Redentor (Deut. 5:14 e 15).
A mensagem do primeiro anjo de
Apocalipse 14 é um chamado para que "toda a nação, e tribo, e língua, e
povo" (verso 6) adore "Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as
fontes das águas" (verso 7). Essa linguagem faz uma alusão inconfundível
ao mandamento do sábado, com sua referência à criação (Êx 20:8-11). O Deus da
criação, que instituiu o sábado como memorial de Seu poder criador, deve ser
adorado e reverenciado. Esta adoração envolve a observância do sábado, um
memorial semanal dAquele que fez "o céu, e a terra, e o mar, e as fontes
das águas". Portanto, não podemos estar certos de nosso alto chamado a
menos que espalhemos a bênção do sábado em todos os lugares.
Nas palavras de Ellen G. White, “Enquanto
o fato de que Ele é o nosso Criador continuar a razão por que O devemos adorar,
permanecerá o sábado como sinal e memória disto. (...) A guarda do sábado é um
sinal de lealdade para com o verdadeiro Deus, ‘Aquele que fez o céu, e a Terra,
e o mar, e as fontes das águas’. Segue-se que a mensagem que ordena aos homens
adorar a Deus e guardar Seus mandamentos, apelará especialmente para que
observemos o quarto mandamento” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 437,
438).
Alguns afirmam que a observância do
quarto mandamento é servidão legalista. Todos os que o observam, porém,
conhecem a beleza, a alegria e a bênção que acompanham o sábado. Aqueles cuja
primeira pergunta acerca do sábado é: "O que é proibido fazer?"
jamais conheceram a experiência do sábado. Por quê? Porque aqueles que
verdadeiramente guardam o sábado sabem que a questão fundamental não é sobre o
que não podemos fazer mas sobre o que o Senhor permite que façamos nesse dia
especial.
Na verdade, estamos livres no sábado
para gastar 24 horas concentrando-nos somente nas coisas do Senhor, livres para
deixarmos de lado todas as coisas terrenas, livres para nos regozijarmos no
Senhor e em Sua bondade, sem que nenhuma coisa secular nos interrompa.
Nenhum outro mandamento nos prove uma
interrupção semanal das coisas temporais de nossa existência. Nenhum outro
mandamento abre a oportunidade para nos deleitarmos em Deus durante 24 horas,
sem interrupções. Nenhum outro mandamento nos dá a liberdade de dizer:
"Pertenço a Deus, primeiro pela criação e depois pela redenção, e por um
dia inteiro vou me regozijar na minha criação e redenção."
Reparadores de brechas
As Escrituras nos admoestam a
chamar "ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor" (Isa.
58:13). A palavra para "deleite" vem de uma raiz
hebraica que significa "agradável", "delicado", ou
"suave". Assim, o Senhor deseja que consideremos o sábado como um
deleite. Ele não somente deseja que o consideremos como um prazer, mas que
ensinemos outros a amá-lo também. No verso 12, o Senhor convida a Seu povo para
serem reparadores de brechas: "Os que de ti procederem
edificarão os lugares antigamente assolados, e levantarás os fundamentos de
geração em geração; chamar-te-ão reparador de brechas, e restaurador de veredas
com moradias. A brecha foi feita na lei, onde o quarto mandamento foi quebrado. E
somos chamados para reparar a brecha. Em outras palavras, o remanescente
fiel (Ap 12:17), o povo de Deus deve realizar a obra de engrandecer a lei de
Deus, restaurando a verdadeira adoração ao Deus Criador nos termos do
mandamento que ordena a observância do sábado como dia de repouso (Ap 14:6, 7),
edificar os lugares antigamente assolados e levantar os fundamentos de geração
a geração. Tanto a profecia de Isaías 58:12-14 como a de Apocalipse 14:6, 7
apontam para a restauração da observância do santo sábado. O verdadeiro sábado
precisa ser restituído à sua legítima condição de santo dia de repouso.
O movimento adventista foi suscitado
por Deus para, entre outras coisas, restaurar o verdadeiro dia de guarda, e dá
ao mundo um testemunho semanal do poder criador de Deus. Isto implica não
somente a proclamação da vigência do quarto mandamento, mas inclui também a
responsabilidade de uma demonstração de como observá-lo na letra e no espírito.
É o Remanescente o “restaurador de brechas”, no sentido de reavivar as
verdades da Palavra de Deus enterradas por séculos de negligência.
“O sábado está sendo restaurado ao lugar de direito na lei de Deus e na vida das pessoas. Mas uma vez ensinam-se a homens e mulheres os caminhos do Senhor. Eles são convidados a entrar na cidade de Deus e a assumir seu lugar no templo vivo que está sendo construído (I Co 3:9-11, 16; Ef 2:20-22; 2 Tm 2:19; I Pe 2:4-9)” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 4, p. 326). A reforma do Sábado teve início nos primeiros dias do movimento adventista, e os pioneiros compreenderam a importância dessa mensagem.
Diz Ellen White: "A
brecha feita na lei quando o sábado foi mudado pelo homem, deve ser reparada. O
remanescente de Deus, em pé diante do mundo como reformadores, deve mostrar que
a lei de Deus é o fundamento de toda reforma perdurável, e que o sábado do
quarto mandamento deve permanecer como memorial da criação, uma lembrança
constante do poder de Deus." (Profetas e Reis, p. 646 e 647).
E nós podemos ser esses reparadores,
não somente proclamando a verdade do sábado, mas - o que é mais importante -
vivendo-a. Não somente devemos ser capazes de defender biblicamente o sábado,
mas - através de nossa experiência - devemos ser capazes de testemunhar sobre o
que o sábado significa para a nossa vida, um testemunho que os opositores não
podem refutar. Sem dúvida, a observância do sábado nos faz diferentes. Há mais
de 3.000 anos, o Senhor disse à nação de Israel: "... serás por povo Seu
próprio, como te tem dito, e que guardarás todos os Seus mandamentos" (Dt.
26:18). Ele, certamente, quer que o Israel espiritual seja "Seu povo
peculiar" também. Se guardarmos "todos os Seus mandamentos"
(especialmente o quarto) em um mundo em que os pós-modernistas os ignoram e em
que os cristãos os alteraram para sua própria conveniência, seremos o povo
peculiar que o Senhor deseja que sejamos.
O sábado é, fundamentalmente, um
teste de lealdade para com Deus. Ellen White escreveu: "Todo aquele que se
apega a uma aliança divina e eterna, feita e apresentada a nós como um sinal e
marca do governo de Deus, liga-se à áurea corrente da obediência, da qual cada
elo é uma promessa. Demonstra que considera a Palavra de Deus como estando
acima da palavra de homens, e o amor de Deus como sendo preferível ao amor
humano. Aqueles que se arrependem da transgressão e se voltam à lealdade,
aceitando o sinal de Deus, mostram ser súditos fiéis, prontos a fazer a Sua
vontade e a obedecerem os mandamentos. A verdadeira observância do sábado é o
sinal de lealdade a Deus" (Comentário Bíblico Adventista, Comentários de
Ellen G. White, vol. 7, p. 1097).
O sábado é, realmente um dia
especial, proclamemo-lo eloquentemente como o monumento que Deus designou para
memorial tanto da criação como da redenção! Estando entesourado no tempo, está
disponível a todos, em todos os lugares, não importando riqueza, influência ou
origem étnica.
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