Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2018

PAULO E A LEI

Imagem
Leandro Velardo Considerações exegéticas sobre Romanos 6:14 Entre os diversos temas que se destacam em Romanos, a relação significativa entre “lei” e “graça” foi um dos mais estimados pelo apóstolo Paulo. No entanto, na história do cristianismo, essa correspondência se tornou, usando uma expressão popular, um “tabu” teológico. Por isso, no pensamento e na experiência de não poucos cristãos, a declaração do Salmo 85:10 é estranha e distante: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (ACF). Ellen White não nos deixou no escuro quanto à identidade do autor último desse raciocínio: “O engano de Satanás é que a morte de Cristo introduziu a graça para tomar o lugar da lei.” Em uma espécie de paráfrase de Romanos 3:31, ela ainda acrescentou: “Essa preciosa graça oferecida aos homens por meio do sangue do Salvador estabelece a lei de Deus.”1 Debaixo da lei ou da graça?2 Quando lemos a declaração “não estais debaixo da lei, e sim da gra...

A PRIMEIRA PEDRA

Imagem
Ricardo André Na manhã do 8º dia da Festa dos tabernáculos 1 , ocorreu um incrível incidente na vida de Jesus, que está repleto de lições objetivas e espirituais para todos nós. Assim que os primeiros raios do sol começam a desafiar a completa escuridão da noite anterior, Jesus deixa o Monte das Oliveiras, deixando também para trás as árvores que tinham sido o Seu refúgio durante a noite, e Se encaminha para o templo (João 8:1, 2) 2 . É quando Ele está assentado num dos terraços do templo, à luz ainda anêmica da manhã, falando de pérolas perdidas e filhos desgarrados, que os judeus trouxeram, à presença de Jesus, uma mulher encontrada em adultério e pediram-Lhe que sentenciasse o castigo que ela merecia. Ela é colocada no meio dos Seus ouvintes, atraindo para si todos os olhares. “E disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério” (João 8:4). Seus acusadores eram os representantes da Lei e da Religião, os escribas e fariseus. Mas não se limitara...

UM SANTUÁRIO NO TEMPO

Imagem
Elijah Mvundura* Ignorar o sábado é, na verdade, recusar-se a adorar a Deus, rejeitando-O como nosso Originador Nos Salmos, nos deparamos com o povo de Israel em adoração. Sua adoração principal ocorria no sábado, “um santuário no tempo”.1 Esse conceito, de santuário no tempo, em vez de um lugar, representa uma reestruturação radical da cosmologia pagã. Os deuses pagãos se revelavam em lugares e pelos elementos da natureza. Porém o Deus de Israel é santo, qadosh, que significa “separado”. Ele é separado, independente de toda a realidade criada. E o lugar de Seu encontro com os seres humanos é no tempo, no sábado, e na História. Como Abraham Heschel, acertadamente, destaca: “Quando a História começou, havia apenas uma santidade no mundo, a santidade do tempo.”2 Na verdade, a primazia do tempo sobre o espaço como lugar de culto pode ser inferida também da construção do tabernáculo (espaço sagrado), a qual foi precedida pela lembrança de se manter a santidade do sábado (Êx...

A SEGUNDA BESTA

Imagem
Márcio Costa* O desenvolvimento da compreensão adventista a respeito de Apocalipse 13:11 Se você for a um dos Centros de Pesquisa Adventista espalhados pelo mundo, seguramente verá desenhos, pinturas ou até mesmo peças de gesso que representam feras com chifres, cabeças ou asas nas formas mais assustadoras possíveis. Essas imagens estão descritas no livro de Daniel e Apocalipse e ilustram os poderes geopolíticos apresentados nas profecias, a fim de ajudar o observador a ter uma dimensão daquilo que o profeta visualizou. As bestas em profecias geralmente estão relacionadas com a perseguição daqueles que seguem a Deus. Elas trabalham em associação com o dragão (Satanás) e “pelejam contra os santos” ou forçam a adoração a ele. A partir de 1843, o milerismo, movimento iniciado por Guilherme Miller que está na gênese da Igreja Adventista do Sétimo Dia, passou a usar painéis gráficos para apresentar sua compreensão escatológica. Em 1850, esse recurso, avançado para a época, f...

EM BUSCA DA ETERNIDADE

Imagem
Ricardo André Os seres humanos têm sempre diante de si um grande desafio: ninguém quer morrer. Particularmente, não tenho medo de morrer, mas não quero morrer. Ninguém em perfeita condições mentais quer morrer, pelo contrário, quer viver o maior número possível de anos na face da terra. Quer viver eternamente cada dia. Isso ocorre porque não fomos criados para a finitude e limitação desta vida mundana. Fomos criados para viver para sempre – e em plenitude, por isso que a morte nos causa tanta perplexidade. E a vida terrena, tanta ansiedade. Este desejo humano é inevitável e universal. Segundo as Sagradas Escrituras, ele existe em nossos corações porque fomos criados “à imagem e semelhança de Deus” (Gn 1:26-28) para vivermos precisamente desta maneira. Como revela o texto de Eclesiastes 3:11: Deus “pôs no coração humano o anseio pela eternidade”. Fomos criados para viver feliz e eternamente. Morremos por causa do pecado que entrou no mundo através do primeiro casal humano,...

A PRESCIÊNCIA DIVINA: RELATIVA OU ABSOLUTA?

Imagem
Alberto Ronald Timm, PhD A doutrina da presciência divina tem sido marcada por vários conflitos ao longo da história do cristianismo. Já no início do século V, encontramos a controvérsia pelagiana, na qual, de um lado estava Agostinho, defendendo a doutrina da predestinação e da "graça divina irresistível", e do outro, Pelágio e Céstio, superenfatizando a "liberdade da vontade humana". [1] Durante o período da Reforma dos séculos XVI e XVII, podemos salientar que, mesmo entre os adeptos da Confissão de Augsburgo (1530), houve por algum tempo desacordo entre alguns teólogos sobre a questão "da eterna presciência e eleição de Deus". [2] Porém, como ponto culminante, podemos considerar a reação que o calvinismo produziu especialmente na Holanda, e que envolveu os Países Baixos protestantes. A maior expressão dessa reação encontramos em Jacó Arminius (1560-1609) e seus discípulos, cuja doutrina é conhecida como arminianismo. Essa controvérsia ...