Teologia

domingo, 27 de março de 2016

AS BOAS NOVAS DA TUMBA VAZIA



Ricardo André

“Ele não está aqui; Ressuscitou” (Mt 28:6). Essas palavras triunfantes, ditas pelo anjo às mulheres, no domingo de manhã diante da tumba vazia de Jesus, são importantíssimas para nós, porque declaram, de modo inequívoco, que o poder da morte foi para sempre quebrado por Aquele que tem as chaves da morte e do sepulcro. O império da morte foi derrotado por Aquele que mergulhou nas profundezas do abismo e de lá retornou vitorioso.

A ressurreição de Cristo – uma verdade revolucionária

Os incrédulos de todas as épocas, entretanto, têm procurado achar outras explicações para a tumba vazia. A primeira delas foi dada pelos escribas e fariseus, que subornaram os soldados em guarda no sepulcro, para que divulgassem a notícia de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus enquanto os guardas dormiam (Mt 28:11-15). Mas como poderiam os soldados saber isso se estavam dormindo?

Segundo a lei, os soldados que fossem encontrados adormecidos eram condenados à morte. Mas a história não diz que aqueles que falharam na guarda do sepulcro foram executados. Ademais, seria ridículo admitir que um grupo de pescadores amedrontados, sem armas, perplexos e confusos, ousasse surpreender os soldados romanos, violando a tumba de Jesus. E como violar a tumba, se uma pesada pedra havia sido colocada à sua entrada?

Se os discípulos tivessem roubado o corpo de Jesus, teríamos de acreditar em algo muito difícil do que a própria ressurreição, isto é, que o fenômeno moral do cristianismo e a pregação do evangelho pelos apóstolos brotou da fraude e da hipocrisia. Teríamos de crer que os apóstolos, tendo ocultado o corpo de Jesus em algum lugar, saíram com incontido entusiasmo e ousadia, prontos a sofrer perseguição e morte por amor do evangelho, pregando o Cristo ressurreto, sabendo que era tudo mentira.

Leon Tolstói escreveu seu grande e criativo romance Guerra e Paz sobre diversas famílias aristocráticas russas durante o tempo da guerra de Napoleão contra a Rússia, no início do século XIX. A história, em si, os personagens, sua vida, eram ficção. Ele criou tudo.

Agora, imagine Tolstói insistindo que essas pessoas, de fato, eram reais e que realmente haviam vivido e feito como ele havia escrito. Suponha também que as autoridades lhe ordenassem para de dizer ao povo que seus personagens eram reais, caso contrário ele seria preso e até morto. A menos que fosse louco, Tolstói pararia, você não acha? Por que morrer insistindo em divulgar uma história que ele havia criado e saber ser mentirosa?

De certo modo, este é o dilema dos críticos da ressurreição de Jesus: por que os escritores da Bíblia haveriam de criar a história de que Jesus havia ressuscitado se isso não houvesse acontecido? Não é porque eles haveriam de ficar ricos, populares ou bem-sucedidos promovendo essa história; ao contrário, eles enfrentaram ostracismo, perseguição, tortura, prisão e, em alguns casos, a morte. Por que passar por tudo isso com uma história criada propositalmente?

Após Sua ressurreição, Jesus apareceu numerosas vezes aos Seus seguidores. Evidentemente, Ele queria que tivessem uma forte convicção sobre quem Ele era e o que havia feito. E funcionou. De um grupo abatido, espalhado e assustado (Mt 26:56; Mc 14:50; Lc 24:17; Jo 20:19) eles se tornaram um grupo espiritualmente poderoso de homens e mulheres que proclamavam corajosamente a vida, a morte e a ressurreição de Jesus, o Messias de Israel e do mundo. Obviamente, eles criam que Jesus tinha ressuscitado, pois dedicaram o restante da vida a proclamar aquela verdade (I Co 15:3-6).

A escritora cristã Ellen G. White escreveu: Durante esses dias que Cristo passou com os discípulos, eles adquiriram nova experiência. Ao ouvirem o querido Mestre explicar-lhes as Escrituras à luz de tudo quanto acontecera, sua fé foi inteiramente firmada nEle. Chegaram ao ponto em que podiam declarar: ‘Eu sei em quem tenho crido’. II Tim. 1:12. Começaram a compreender a natureza e extensão de sua obra e a reconhecer que deveria proclamar ao mundo as verdades a eles confiadas. Os acontecimentos da vida de Cristo, Sua morte e ressurreição, as profecias que apontavam para esses acontecimentos, os mistérios do plano da salvação, o poder de Jesus para remissão de pecados – de todas essas coisas haviam eles sido testemunhas e deviam torna-las conhecidas ao mundo. Deviam proclamar o evangelho de paz e salvação mediante o arrependimento e o poder do Salvador” (Atos dos Apóstolos, p. 27).

Nossa esperança de ressurreição fundamenta-se na ressurreição de Cristo

A única explicação aceitável para a turma vazia é a ressurreição. E porque Ele ressuscitou, nossa esperança não é vã. O apóstolo Paulo afirma que sem a ressurreição, nossa fé é “vã” (I Co 15:17). Sem ela, tudo seria escuridão e morte. O desespero teria a palavra final, e nossa pregação seria loucura. Foi a ressurreição que projetou a igreja e levou o Novo Testamento a ser escrito. Ela confere credenciais à pregação. Confere poder para realizarmos obras de amor e compaixão em nome de Jesus Cristo. Se não cremos nela, não somos seus discípulos.

Além disso, a ressurreição é confortadora. Sem ela, na presença da morte, não veríamos significado em nada. O apóstolo Paulo afirma que Jesus é “as primícias dos que dormem” (I Co 15:20). Ele é o penhor da vida para todos os que adormeceram nEle. Esta é a confiança e nossa certeza, nossa fortaleza e refúgio. Tudo o que temos agora é um sono temporário; o castigo final, a punição eterna que o pecado traz já foi resolvido na cruz. Os redimidos, vivos ou falecidos, estão simplesmente esperando pela consumação do que Cristo fez por eles. Nossa ressurreição para a vida eterna é a consumação final. Ao depositar nossos queridos, amigos e parentes na sepultura, ainda podemos cantar o hino Porque Ele Vive, do HASD, 70:

1. Deus enviou Seu Filho amado
Para sofrer em meu lugar;
Na cruz morreu mas vivo agora está,
Pois ressurgiu e para sempre viverá.

Coro:
Porque Ele vive, posso crer no amanha;
Porque Ele vive, temor não há
Eu sei que minha vida não será mais vã,
Pois meu futuro em Suas mãos agora está.

2. Quão grato é viver com Cristo,
E desfrutar Seu doce amor,
E certo estar de Sua proteção,
Nos dias calmos ou nas horas de aflição.

3. E quando, enfim, chegar a hora
De aqui cessar o meu viver,
Não temerei, pois Cristo vivo está,
E eu viverei , pois, vida nova me dará.

As palavras de Cristo ressoam em meio à dramática realidade: “Porque Eu vivo, vós também vivereis” (Jo 14:19). Porque Ele vive, a morte não é o ponto final. Louvado seja Deus!

Após anunciar as mulheres que Jesus havia ressuscitado, o anjo disse: “Venham ver o lugar onde ele jazia. Vão depressa e digam aos discípulos dele: ‘Ele ressuscitou dentre os mortos (...)” (Mateus 28:6,7, NVI). Note especialmente que o anjo não disse apenas: “Venham ver”, mas também:  “Vão depressa e digam”. Portanto, caro amigo leitor, vá hoje, e conte a seus colegas de trabalho e de escola, aos seus familiares e a seu companheiro de ônibus ás boas novas da tumba vazia.


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