Teologia

sábado, 27 de fevereiro de 2016

EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO



Ricardo André

Em 16 de julho de 1915, com 87 anos de idade, Ellen G. White, escritora cristã e possuidora do genuíno dom profético, faleceu em sua casa, em Elmshaven, Deer Park, Califórnia. As últimas palavras registradas como tendo sido proferidas ao seu filho William C. White, no dia 09 de julho (dias antes de sua morte), por essa serva de Deus foram: “Eu sei em quem tenho crido.” (Ellen G. White: Mulher de Visão, p. 536).

Essas palavras de Ellen G. White, que expressa confiança e certeza, me impressionaram bastante e me levaram a pensar: quão bem conhecemos nós o Deus em quem cremos? A pergunta é importante e muito pessoal. Penso que podemos conhecer a Deus, mas conhecer a Deus não significa que nós O compreendemos. Ter um profundo conhecimento pessoal de Deus significa que nos sentimos seguros em Sua presença e buscamos Sua companhia. Conhecer a Deus é relacionar-se com Ele de modo profundo e íntimo. E, “quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais intensa será nossa felicidade (Ellen G. White, O Desejado de todas as Nações, p. 331). Caro leitor, deixe-me falar sobre três coisas que cheguei a conhecer de Deus por meio de minha própria experiência, ao longo dos meus 31 anos de vida cristã, e que me torna uma pessoa feliz.

Deus é meu Criador

Primeiro, eu conheço a Deus como meu Criador. A criação é um evento estranho, incomum e maravilhoso. A própria Bíblia admite isso. Ele fez o mundo por Sua palavra (Hb 11:3). Nós não podemos fazer o mesmo. A criação é um milagre. Ela aparece diante de nossos olhos já na primeira página da Bíblia e sem qualquer introdução. Assim ela é mostrada no Livro Santo: “No princípio criou Deus.” (Gn 1:1) Não admira que muitos, mesmo alguns cristãos, têm dificuldade de aceitar a criação como modelo explicativo da origem do mundo e de tudo o que há nele. Há, de fato, muitas interrogações.

Como sou feliz pelo fato de que o Senhor não nos deixou cegos a respeito de nossas origens! O Gênesis é a revelação de Deus a nós sobre essas origens, e apresenta uma visão radicalmente diferente da que a maioria dos cientistas apresenta. Para eles, o relato de Gênesis constitui uma página ingênua de folclore hebreu. Em sua cegueira espiritual, repetem: "No princípio a ameba, o infusório ou o paramécio”. E aí temos uma em contraposição duas filosofias antagônicas: uma proclama “no princípio o Criador”, e a outra, “no princípio o acaso”.

Realmente, ao contrário da “visão científica”, que diz que estamos aqui por acaso, o livro de Gênesis diz que estamos aqui porque Deus nos criou, que nossa existência resultou do ato proposital de uma Deus amoroso (Jo 3:16; I Jo 4:8; Rm 5:8) que criou os seres humanos “à Sua imagem, à imagem de Deus o[s] criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27). Nesta simples declaração descobrimos a nossa nobre origem. Não somos um protoplasma evoluído ... ou símios educados. Não somos um agrupamento de átomos organizados ao acaso.

Viemos de Deus, e “nEle vivemos e nops movemos e existimos. (...) Pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida e a respiração e todoas as coisas” (At 17:28 e 25). “Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Colossenses 1:16,17, NVI).

Há, entretanto, algo que me assobra: Esse Deus criador Se revela ao homem, dizendo: “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jeremias 31:3). Ao contemplar a as belezas naturais e a estudar as Sagradas Escrituras para conhecer melhor esse Deus compassivo comecei a me sentir seguro na presença do meu Criador e a procurar Sua companhia mais intensamente do que antes.

Você pode pensar, porém, que isso é muito simplista e muito infantil. Como podemos conhecer nosso Criador sem primeiro resolver todas as questões acerca do mundo que Ele criou — questões acerca dos fósseis primatas encontrados na África, das eras do gelo na Escandinávia, da coluna geológica, dos dinossauros e assim por diante?

Concordo que essas questões são difíceis e, francamente falando, eu não tenho encontrado respostas satisfatórias a todas elas. Mas então penso numa criança parada na esquina, esperando para cruzar uma rua de tráfego intenso. Ela estende o braço, apega-se à mão de seu pai e então se sente segura. É assim que eu me relaciono com meu Criador. É claro que há questões e problemas. Há mistérios no mundo. Mas quando tomamos Sua mão, sentimo-nos seguros.

Quando conhecemos a Deus desse modo, confessamos sem hesitação ou reserva: Creio em Deus Pai, o Todo Poderoso, Criador dos céus e da Terra. Eu sei em quem tenho crido. Sinto-me seguro na presença de meu Criador e busco Sua companhia.

A vontade de Deus para minha vida

Segundo, eu conheço a Deus pela aceitação de Sua vontade para minha vida.

A vontade de Deus é que O conheçamos pessoalmente,  nos aproximemos dEle, passemos a amá-Lo e obedecê-Lo de todo o coração. (Jo 17:3; 14:15; Mateus 22:37, 38; Tiago 4:8) A vontade de Deus para nós é nosso bem-estar e a vontade divina está revelada em Sua lei. Isso também pode parecer muito simples; apesar disso, a vontade de Deus é uma coisa estranha para muitas pessoas. Para alguns de nós, a vontade de Deus é estrita, opressiva, legalista, dura e crítica. Por essa razão, até mesmo alguns cristãos não buscam conhecer seriamente a vontade de Deus e obedecê-la seriamente. Em vez disso, eles tentam evitá-la e assim seguir a própria vontade.

“Os seus mandamentos [de Deus] não são difíceis de obedecer” (1 João 5:3, Bíblia na Linguagem de Hoje). Isso não quer dizer que sempre vai ser fácil obedecê-los. Mas, com Cristo em nossa vida, a observância da lei torna-se possível. O apóstolo Paulo afirma: “Pois Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade dele, tanto no pensamento como nas ações” (Filipenses 2:13, NTLH).

A lei de Deus se destina a mostrar-nos como agir e viver com mais responsabilidade. A lei de Deus consiste em dez mandamentos divididos em duas tábuas. Vamos começar pela parte mais fácil, a segunda tábua, que ensina como nos relacionarmos com os outros. Não cobice aquilo que pertence a outro; esteja satisfeito com o que você tem. Não minta para o seu próximo; diga-lhe a verdade. Não tome para si aquilo que é dos outros. Respeite a esposa de seu amigo; não cometa adultério. Não mate ninguém; você não deve tirar a vida dos outros. “Mas, como podemos aprender a viver em harmonia com essas exigentes proibições?”, podemos perguntar. A resposta está no mandamento positivo da segunda tábua, o qual aponta para o cerne de todos os relacionamentos: honre seu pai e sua mãe. É aqui que tudo começa, em casa com pai, mãe e filhos. Se as coisas vão bem em casa, então elas vão bem na vizinhança, no país e no mundo. A vontade de Deus não é nenhum mistério, nem algo que cause medo. Ela começa por um bom e seguro lar.

Mas, perguntamos: Quem nos deu esses princípios e porque deveríamos atentar para eles? A resposta é encontrada na primeira tábua — os quatro mandamentos que tratam de nosso relacionamento com Deus. O Autor desses mandamentos não é qualquer um. Eles vêm de Deus e representam Sua vontade. Quem é esse Deus? Não podemos vê-Lo ou sequer fazer uma imagem dEle. Bem, será que posso falar com Ele? Sim, de alguma forma, em oração e meditação, mas não usando Seu nome de modo leviano.

O que então devemos fazer para conhecermos esse Deus e Sua vontade? Isso nos leva ao mandamento positivo correspondente situado na primeira tábua, o quarto. Ele contém a surpreendente mensagem: o Doador da lei, que estabeleceu esses elevados padrões éticos para nós e que exige tanto de nós, começa oferecendo-nos uma dádiva — um dia à parte, um tempo sagrado, um tempo de repouso (Êxodo 20:8-11). Esse dia é o sábado instituído na semana da criação (Gn 2:1-3). Esse é o dia no qual aprendemos a conhecer a Deus na segurança de Sua presença. Uma vez que captemos o profundo significado do quarto mandamento, todas as questões anteriores são resolvidas. Nós O conhecemos ao sentir-nos seguros em Sua presença e ao Lhe buscarmos a companhia no Seu dia (Isa. 58:13-14).

Deus Sempre Me Ama

Terceiro, eu conheço a Deus porque Ele me ama supremamente. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo o que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16, NVI). Um terrível abismo de pecado nos separa de Deus (Is 59:2, 3). Como nossa pecaminosidade e rebelião nos condenaram à morte eterna (Rm 6:24), Seu amor por nós levou Cristo a vir a este mundo, “para que todo o que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus veio ao mundo para revelar como Deus é realmente. Ele religou pecadores salvos com seu Deus, restabelecendo um relacionamento de amor entre Si e as pessoas que criou. Sempre impressionou-me muito saber que nosso Senhor e Salvador teria dado Sua vida mesmo por um único pecador. Além disso, Paulo diz que até podemos entender se alguém estiver disposto a morrer por um amigo, mas Cristo deu Sua vida por nós quando ainda éramos inimigos (Rom. 5:7-8). Considere o que significa amar uma raça humana pecadora. Estaríamos dispostos a morrer por um viciado em drogas com acusações múltiplas de abuso de crianças? Nós poderíamos estar dispostos a arriscar nossa vida doando um órgão para salvar nosso filho que morreria se nós não fizéssemos a doação, mas daríamos a vida pelo viciado estuprador? Morreríamos por uma mulher que afogou seus dois filhos para poder casar-se com um homem que não queria as crianças? Estaríamos dispostos a morrer por uma mulher que pagou dois mil reais para mandar matar o marido, a fim de poder herdar a fortuna que ele havia ganhado na loteria e então casar-se com o namorado ilícito? Provavelmente não. Deus entretanto, deu Seu filho para morrer “pelos ímpios”. Temos de pensar com bastante cuidado na palavra amor, especialmente porque ela expressa a terceira dimensão de nosso conhecimento de Deus.

Ellen G. White assim se expressou sobre o infinito amor de Deus: ““Todo o amor paterno que passou de  geração a geração através do coração humano, todas as fontes de ternura que romperam no coração humano, não são mais que um pequeno regato para o oceano infinito, inesgotável de Deus. A língua não o pode narrar; a pena não pode descrever. Você pode meditar nele cada dia de sua vida; pode estudar diligentemente as Escrituras a fim de compreendê-lo; pode fazer uso de toda energia e habilidade que Deus lhe tenha dado, esforço de compreender o amor e compaixão do Pai Celestial; ainda assim, há um infinito à frente. Você pode estudar esse amor por séculos, mas nunca poderá compreender plenamente o comprimento e a largura, a profundidade, do amor de deus, ao dar Seu Filho para morrer pelo Mundo” (Ellen G. White, Testimonies for the Church, vol. 5, p.740).

Todos temos algo a aprender sobre o amor de Deus. A Bíblia nos diz que “Deus é amor” (I Jo 4:8), mas, diferente do nosso, Seu amor nunca perde a intensidade. Ele sempre permanece forte e cálido. Deus é Alguém que nos ama sempre com cada fibra de Seu Ser. Ele é Alguém cujo amor é firme, não importando as circunstâncias. Amor que levou o Seu Filho a ir voluntariamente para o Calvário e morrer por nossos pecados. Esse amor divino move o coração de crianças e suas avós, de jovens enamorados, de formandos da universidade, de famílias inteiras, dos filósofos, dos inclinados à religião e até dos ateus, levando-os a arrepender-se e entregar o coração e a vida a Jesus.

Dwight L. Moody, o grande evangelista batista, disse a respeito do amor: “Se eu tão-somente pusesse fazer com que os homens entendessem o real sentido das palavras do apóstolo João, ‘Deus é amor’, eu tomaria esse único texto e iria de um lado para outro do mundo proclamando essa gloriosa verdade. Se puder convencer uma pessoa de que a ama, você lhe conquistou o coração. Se você puder realmente fazer com que as pessoas creiam que Deus as ama, nós a veríamos aglomerando-se para entrar no reino do Céu” (The Way to God, p. 7).

Caro amigo leitor, Deus ama a você e a mim, não importa a idade, o sexo, a raça, a religião ou a procedência geográfica. Todos nós somos Seus filhos! Nos momentos difíceis não é fácil manter em nossa mente o conhecimento de Deus com nitidez. Mas, precisamos estar sempre centrados nele. Nos tempos de calamitosa destruição e catástrofe, à medida que este mundo ruma para o seu final, precisamos ter a certeza de que Ele é o nosso Criador e o Criador do mundo todo. Quando a lei e a ordem parecem não mais existir, os injustos são arrogantes e os inimigos de Deus pecam a olhos vistos, precisamos conhecer a vontade de Deus e Suas exigências éticas, porquanto apenas elas podem trazer paz à nossa vida, família e sociedade. Quando o amor se transforma em ódio ou se torna irrelevante por omissão ou descuido, e aqueles com quem nos relacionamos se tornam nossos inimigos, precisamos conhecer o Deus que ama sempre e incondicionalmente a todos os Seus filhos. O amor de Deus é incondicional. Creio que é isso o que Ellen White tinha em mente quando pronunciou suas últimas palavras: “Eu sei em quem tenho crido.”

Caro amigo leitor, não queres responder ao incomensurável amor de Deus por você, entregando-se inteiramente e sem reserva ao nosso querido Deus? Em caso afirmativo, faça-o imediatamente! Corra agora para os braços de amor de Jesus!!


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