Ricardo
André
Corpus Christi é uma
expressão oriunda do latim que significa Corpo de Cristo, e compreende uma das
grandes festas móvel da Igreja Católica, celebrada na quinta-feira depois do
domingo da Santíssima Trindade. Ela celebra a presença real e substancial de
Cristo na Eucaristia. (O Catolicismo declara que a hóstia, torna-se
literalmente em Carne e Sangue do Senhor Jesus). O que mais caracteriza é a
procissão, com milhares de fiéis, e os "andores
monumentais que atravessam ruas atapetadas". A procissão pelas vias
públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito
Canônico (cân. 944) que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde
for possível, “para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima
Eucaristia”.
A
Origem da Festa
A origem da Solenidade
do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XII. A Igreja sentiu necessidade
de realçar a presença real do "Cristo todo" no pão consagrado. Esta
necessidade se aliava ao desejo do homem medieval de "contemplar" as
coisas. Surgiu nesta época o costume de elevar a hóstia depois da consagração.
Disseminava-se uma controvertida piedade eucarística, chegando ao ponto das
pessoas irem à igreja mais "verem"
a hóstia do que para participarem efetivamente da eucaristia.
A Festa de Corpus
Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de
agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima
Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. O Papa Urbano IV foi o
cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège na
Bélgica, que recebeu o segredo das visões da freira agostiniana, Juliana de
Mont Cornillon, que exigiam uma festa da Eucaristia no Ano Litúrgico.
Juliana nasceu em Liège
em 1192 e participava da paróquia Saint Martin. Com 14 anos, em 1206, entrou
para o convento das agostinianas em Mont Cornillon, na periferia de Liège. Com
17 anos, em 1209, começou a ter ‘visões’, (que retratavam um disco lunar dentro
do qual havia uma parte escura. Isto foi interpretado como sendo uma ausência
de uma festa eucarística no calendário litúrgico para agradecer o sacramento da
Eucaristia). Com 38 anos, em 1230, confidenciou esse segredo ao arcediago de Liège,
que 31 anos depois, por três anos, será o Papa Urbano IV (1261-1264), e tornará
mundial a Festa de Corpus Christi, pouco antes de morrer.
O Concílio de Trento
(1545-1563), por causa dos protestantes, da Reforma de Lutero, dos que negavam
a presença real de Cristo na Eucaristia, fortaleceu o decreto da instituição da
Festa de Corpus Christi, obrigando o clero a realizar a Procissão Eucarística
pelas ruas da cidade, como ação de graças pelo dom supremo da Eucaristia e como
manifestação pública da fé na presença real de Cristo na Eucaristia.
Em 1983, o novo Código
de Direito Canônico – cânon 944 – mantém a obrigação de se manifestar ‘o
testemunho público de veneração para com a Santíssima Eucaristia’ e ‘onde for
possível, haja procissão pelas vias públicas’, mas os bispos escolham a melhor
maneira de fazer isso, garantindo a participação do povo e a dignidade da
manifestação.
O
que dizem as Sagradas Escrituras?
Os católicos procuram
justificar a festa de Corpus Christi com a Bíblia citando partes dela que
supostamente dão base para o dogma da Eucaristia. Os textos mais frequentemente
usados são os de Mateus 26.26-29; Lucas 22.14-20 e João 6.53-56.
Essa doutrina é
contrária ao bom senso e ao testemunho dos sentidos: o bom senso não pode
admitir que o pão e o vinho oferecidos pelo Senhor aos seus discípulos na Ceia
fossem a sua própria carne e o seu próprio sangue, ao mesmo tempo em que
permanecia em pé diante deles vivo, em carne e osso. É manifesto que Jesus,
segundo seu costume, empregou uma linguagem simbólica, que queria dizer:
"Este pão que
parto representa o meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho
neste cálice representa o meu sangue, que vai ser derramado para apagar os
vossos pecados".
Não há ninguém, de
mediano bom senso, que compreenda no sentido literal estas expressões
simbólicas do Salvador. A razão humana não pode admitir tampouco o pensamento
de que o corpo de Jesus, tal qual se encontra no céu (Lc 24.39-43; Fp 3.20-21),
esteja nos elementos da Ceia.
Biblicamente, a Ceia é
uma ordenança e não uma Eucaristia; era empregado o pão e não a hóstia; é um
memorial, como se lê em 1 Coríntios 11:25,26, e sua simbologia está em
conformidade com o método de ensinamento do Senhor Jesus, que usou muitas
palavras de forma figurada: "Eu sou a luz do mundo" (Jo 8.12);
"Eu sou a porta" (Jo 10.9); "Eu sou a videira verdadeira"
(Jo 15.1). Quando Jesus mencionou na última Ceia os elementos "pão" e
"vinho", não deu qualquer motivo para se crer na transubstanciação.
Se na frase "isto
é o meu corpo" o verbo "ser (é)" implica a conversão
literal do pão no corpo de Cristo, segue-se igualmente que nas palavras
"eu sou o pão da vida" (Jo 6.35) o verbo "ser (sou)" deve
implicar igual mudança, ensinando-nos que Cristo se converte no pão, de modo
que, se o primeiro é uma "prova" da transubstanciação, o segundo
demonstra necessariamente o contrário; se o primeiro demonstra que o pão pode
converter-se em Cristo, o segundo demonstra que Cristo pode converter-se em pão,
o que é um verdadeiro absurdo, mas é isto o que a lógica dessa filosofia nos
leva a entender.
Esse versículo é muito
importante, pois nos explica que comer a carne e beber o sangue de Jesus é
somente crer e ter fé nele, recebendo-o; nada mais que isso. É justamente isso
que significa o alimento do seu corpo: "Porquanto a vontade daquele que me
enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida
eterna" (Jo 6:40). Jesus rechaça qualquer tipo de confusão quanto
a isso quando arremata: "O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida" (Jo 6:63).
Jesus estava falando espiritualmente, não fisicamente. Estava explicando que a
vida vem por meio da fé nele, e não comendo o seu corpo.
Comer
no Sentido Claramente Espiritual
A conclusão a que
chegamos, lendo o contexto, é que o "alimentar-se" de Jesus (seu
corpo), por meio da sua carne e do seu sangue, é a mesma figura de linguagem
utilizada por ele em João 4.14: "Mas aquele que beber da água que eu lhe
der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de
água que salte para a vida eterna". Assim como essa "água" era
espiritual, a bebida e a comida também, tanto é que quando os discípulos
entenderam de modo literal essa mensagem Jesus prontamente os corrigiu
explicando que: "O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita;
as palavras que eu vos disse são espírito e vida" (Jo 6.63). O
"alimentar-se" de Cristo seria "crer nele", quando então o
Pai entregaria seu Filho na cruz para ser sacrificado por nossos pecados.
Muitos pais da igreja primitiva concordavam com este ponto de vista, entre eles
Agostinho; considerado um dos maiores doutores da Igreja Católica. Se temos que
nos apegar à literalidade absoluta de Seus dizeres, então devemos também
imaginar que as palavras que Ele proferia viravam espíritos que saíam
esvoaçando pelo céu com vida própria!
Simbolismos
claros e evidentes
O apóstolo Paulo é,
indubitavelmente, o grande teólogo e sistematizador da fé cristã. Assim, convém
atentar bem à sua exposição didática do sentido das palavras de Cristo na
cerimônia da comunhão, que ele “regula” para a comunidade cristã:
“Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi
traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto
é o Meu corpo que é partido por vós; fazei isto em MEMÓRIA DE MIM” (I Cor.
11:24).
Isto se harmoniza com o
que Cristo estipulou:
“Semelhantemente também, depois de cear, tomou
o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no Meu sangue; fazei isto,
todas as vezes que beberdes, EM MEMÓRIA DE MIM”. Semelhantemente, depois da
ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é
derramado por vós” (Lucas 22:19, 20).
Portanto, Paulo
simplesmente considerava os elementos da Santa Ceia como pão e vinho, e não o
corpo do Senhor transubstanciado. O pão representava o corpo do Senhor e o
vinho, o sangue. Todas as vezes que nos reunimos para celebrar a Santa Ceia
fazemos isto sempre em memória do Senhor, pois ele mesmo disse: "fazei
isto em memória de mim".
Nesta última passagem
temos mais uma reflexão muito importante: quando Cristo realiza a primeira
Ceia, Ele o faz no contexto da Páscoa, que era uma cerimônia que recordava a
saída do povo do Egito, quando se comia o Cordeiro Pascoal — símbolo do próprio
Cristo — e ervas amargas, representativas das dificuldades que enfrentaram na
saída do Egito (ver Núm. 9:2, 11).
Portanto, temos aí um
contexto claro de simbologia: Cristo fala sobre todos comerem do pão e beberem
do vinho, também como MEMORIAL do quebrar de Seu corpo e do derramar do Seu
sangue. Um detalhe, porém, que muitos deixam de perceber é que naquele ato, nem
o corpo de Cristo havia sido quebrado, nem o Seu sangue derramado!
Ou seja, a própria
primeira Ceia JÁ É SIMBÓLICA. Isso é por demais óbvio. Os elementos
distribuídos representavam indiscutivelmente um evento futuro—a morte de
Cristo. Por que hoje a Ceia não teria também esse sentido simbólico do evento
passado? É “em memória” do acontecimento da paixão e morte de Cristo, tal como
a própria Páscoa era realizada em memória da saída do Egito.
Se a teoria da
transubstanciação pudesse ser algo viável, há um grande erro da doutrina
católica ao suprimir o vinho dos católicos, pois estão a comer da carne física
de Jesus, mas essa seca, sem sangue algum. Portanto, são enganados pelo clero
que, por medida de economia, suprimiu os pedaços de pão que poderiam
representar simbolicamente o Sacrifício de Jesus, e ainda suprimiram o vinho
dado aos apóstolos, da mesma forma.
Os apóstolos seguiram o
costume bíblico de ministrar a ceia sob esses dois emblemas: pão e vinho. A
igreja pós-apostólica(6) também seguiu o mesmo exemplo, como vemos ao analisar
as obras patrísticas(7) dos primeiros séculos. Os católicos precisam rodear e
florear suas explicações para esclarecer o fato de o sacerdote dar apenas um
dos emblemas (pão) ao fiel, o que é uma clara desobediência ao mandamento do
Mestre. Jesus foi taxativo ao dizer "bebei dele TODOS". A
Igreja explica que “a carne de Jesus já possui o sangue”, ao que lhe
respondemos: Então Jesus “se enganou” ao dar de beber do vinho a todos os seus
apóstolos, dizendo:
“Eis o meu sangue”.
Bastaria, então, ter dado de comer a eles somente o pão. Essa ordem de fato não
se pode cumprir na Igreja Católica. Por mais argumentos que inventem, a verdade
continua inalterável: Jesus e os apóstolos nunca mudaram o mandamento.
Portanto, Jesus instituiu as duas espécies (Mt 26.26,28), e os apóstolos
seguiram esta ordenança (I Co 11.23-28). Isto só veio a ser mudado nos
concílios de Constança e, posteriormente, reafirmado no de Trento. No entanto,
voltamos a reafirmar que a ordem de Cristo foi mais que explícita: "Na
verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e
não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último
dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue
verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece
em mim e eu nele" (Jo 6.53-56).
Como se pode ver a doutrina da Eucaristia trata-se
simplesmente de mais uma falácia do catolicismo romano. São ensinos de homens
que não encontram nenhum respaldo na Palavra de Deus.
OBRAS CONSULTADAS
·
Enciclopédia Britannica do Brasil
publicações Ltda.
·
Consultoria Doutrinária, 1ª edição, CPB,
1979.
·
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário