QUANDO DEUS “SILENCIA” – LIÇÕES DO PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO
Ricardo André
“Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que
enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as
palavras do SENHOR” (Amós 8:11, BKJ Fiel 1611)
INTRODUÇÃO
Amós, um profeta
pré-exílico, que exerceu seu ministério entre os anos de 786-746 a.C., previu
um tempo de julgamento divino sobre Israel por causa de sua desobediência e
adoração de ídolos. No versículo 11, ele descreve essa punição como uma fome
espiritual, mais devastadora que a falta de pão ou água. As pessoas procurariam
ansiosamente por uma mensagem de Deus, mas não a encontrariam. Apesar
das recorrentes desobediências e suas consequências, que poderiam ter levado ao
extermínio, Deus guardou Israel.
Segundo o comentário de
rodapé da Bíblia King James Fiel 1611, “a
fome de ouvir as palavras do Senhor indica o período do exílio de Israel e da
Diáspora, quando o povo judeu peregrinou entre as nações, longe de seu Deus e
de Seu Messias” (p. 1343).
Para a escritora cristã
Ellen G. White a fome espiritual de Amós 8:11 é uma realidade escatológica que
ocorrerá no período que precede imediatamente a segunda vinda de Jesus, após o
fechamento do tempo da graça. Quando Cristo encerra sua obra mediadora no
santuário celestial, a voz da misericórdia se cala e o Espírito de Deus é
retirado da Terra. Para os ímpios, as oportunidades de salvação acabam. Ela
interpreta essa fome não como a ausência literal das Escrituras, mas como a
ausência da voz de Deus na vida daqueles que rejeitaram sua mensagem durante o
tempo da graça.
Ela descreveu de forma
dramática a experiência dos ímpios nesse tempo: “Os que não tinham prezado a
Palavra de Deus, iam apressadamente de um lado para outro, vagueando de mar a
mar, e do Norte ao Oriente, em busca da Palavra do Senhor. Disse o anjo: ‘Eles
não a acharão. Há uma fome na Terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de
ouvir as palavras do Senhor. O que não dariam eles por uma palavra de aprovação
da parte de Deus! mas não: devem continuar a ter fome e sede. Dia após dia,
desprezaram a salvação, dando maior apreço às riquezas e prazeres terrestres do
que a qualquer tesouro ou estímulo celestial. Rejeitaram a Jesus e desprezaram
Seus santos. Os sujos devem permanecer sujos para sempre’” (História da Redenção [CPB, 2004], p. 405).
Mas, essa profecia também
é frequentemente aplicada ao chamado Período
Intertestamentário ou Interbíblico,
um dos períodos mais enigmáticos e ao mesmo tempo mais importantes da história
bíblica. São aproximadamente 400
anos entre o livro de Malaquias, o último profeta do Antigo Testamento, e o
aparecimento de João Batista, já às portas do Novo Testamento.
Esse tempo é conhecido
também como “Período do Silêncio”,
marcado pela ausência de profetas divinamente inspirados, como Ageu, Zacarias e
Malaquias, os últimos a falar antes de João Batista. Durante esse tempo, não houve
novas revelações de Deus ao seu povo. A interrupção da linha de profetas
inspirados, que haviam sido a principal forma de Deus se comunicar com Seu povo
no Antigo Testamento, reflete a "fome" da palavra profetizada por
Amós. Mesmo com as Escrituras do Antigo Testamento disponíveis, a falta de uma
voz profética em Israel criou uma profunda aridez espiritual, que perdurou por
quatro séculos. Mas o fato de Deus não falar não significa que Deus não estava
agindo. Ele continuava agindo por trás das cortinas da história.
Malaquias encerra o
Antigo Testamento com uma promessa: Deus enviaria o profeta Elias antes do
grande e terrível dia do Senhor (Ml 4:5, 6). Depois disso, o céu parece
silenciar. Nenhuma nova mensagem. Nenhum profeta. Nenhuma visão. Para muitos,
parecia um abandono. Para os fiéis, era um tempo de expectativa. A
"fome" profética, portanto, criou uma expectativa profunda e um
anseio pela chegada do Messias, que traria a revelação final.
Mas o que estava
acontecendo nesses quatro séculos? Que lições espirituais podemos aprender
desse período?
I
- CONTEXTO HISTÓRICO
Embora seja chamado de
"silêncio", este período foi repleto de eventos históricos e
culturais que moldaram o mundo do Novo Testamento, como a ascensão e queda de
impérios e o surgimento de diferentes grupos religiosos e políticos. Durante
esse intervalo, quatro grandes impérios dominaram o povo judeu e influenciaram
a chegada do Messias:
1.
Domínio Persa
O Império Persa dominou
a Palestina entre 539 a.C. e 331 a.C., após a conquista da Babilônia por Ciro,
o Grande. Durante esse período, o rei persa, Artaxerxes I, permitiu que os judeus
retornassem a Jerusalém (o ano era 457 a. C.), após o exílio na Babilônia, e sob
a liderança de Esdras e Neemias reconstruíram Jerusalém, sua administração,
autonomia nacional e o Templo, em preparação para a vinda do Messias (Esdras
7:1-10 e 8:1-14). Mas ainda os judeus viviam sob domínio estrangeiro.
2.
Domínio Grego – Alexandre, o Grande
Depois veio Alexandre,
o Grande, conquistando o mundo e espalhando a cultura e a língua grega. “O
pensamento da humanidade em todo mundo Mediterrâneo foi afetado pela
disseminação das ideias helênicas e pelo conceito de Alexandre de um império
mundial de raças e povos unidos com língua, literatura e cultura comuns. O
período helenístico introduzido por Alexandre abriu o caminho para a
civilização greco-romana, em que o judaísmo se modificou e o cristianismo
cresceu espalhando-se pelo mundo” (Comentário
Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 7, 8). A língua hebraica já não
era mais comum entre o povo, e por isso surgiu a famosa tradução do Antigo
Testamento para o grego, conhecida como Septuaginta.
Essa tradução mais tarde seria essencial para a pregação do evangelho, pois
permitia que os escritos sagrados fossem compreendidos em todo o império.
3.
Domínio dos Selêucidas e a Revolta dos Macabeus
Após a morte de
Alexandre, seus generais – Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco - dividiram o território. Os judeus ficaram no
meio das disputas entre selêucidas e ptolomeus. “Em uma batalha decisiva em
201/200, próximo a Panium, não muito longe do monte Hermom, o exército egípcio
foi derrotado. O resultado que o Egito perdeu a Palestina para o império
selêucida” (Idem, p. 12). O domínio
do império selêucida na Palestina foi um tempo de opressão religiosa. Antíoco
Epifânio, rei selêucida, tentou forçar os judeus a abandonar sua fé, proibiu a
circuncisão, o sábado, mataram muitos judeus e profanou o templo. “Em 168 a.
C., [...] Epifânio marchou para a Palestina, entrou em Jerusalém e, com
deslealdade, saqueou o templo, paralisou a oferta da manhã e da tarde, ergueu
um altar idólatra diante do templo para o sacrifício de porcos, queimou alguns
edifícios e destruiu partes da muralha da cidade” (Idem, p. 15).
Foi nesse contexto que
surgiu a resistência dos Macabeus. Sob a liderança de Judas Macabeu e outros
membros de sua família, mais tarde conhecidos como macabeus ou hasmoneu, os
judeus heroicamente lutaram e derrotaram definitivamente as forças de Antioco
Epifânio, em 165, em Bete-Sur, poucos quilômetros a sudoeste de Jerusalém,
retomaram o templo, um novo altar de sacrifícios foi erguido e reacenderam a
chama da identidade judaica. “No dia 25 de quisleu (165), Judas rededicou o
templo e, desde então, esse dia tem sido lembrado pela festa conhecida hoje
como Chanucá (“festa das luzes”), referida no NT como a Festa da Dedicação (Jo
10:22)” (Idem, p. 16).
Muitos morreram
defendendo a fé em um tempo em que Deus “não falava”, mas continuava guiando os
acontecimentos.
4.
Domínio Romano
Depois disso, veio
Roma. O Império Romano, entre 27 a.C. e 476 d.C., conquistou praticamente todo
o mundo antigo conhecido. Seu domínio expandia-se da Península Ibérica (onde
estão Portugal e Espanha), o Norte da África, até o Oriente Médio. Nesse
período o mundo estava vivendo um processo de globalização, os diversos povos e
nações estavam interligados. O mundo foi unificado por estradas, leis e uma
relativa paz, a famosa “Pax Romana”. Os judeus viviam debaixo da vigilância
romana, esperando o Messias. Surgiram grupos religiosos como os fariseus, zelosos pela lei e pela
tradição, evitavam o contato com o mundo supostamente contaminado; os saduceus, ligados ao templo e ao poder.
Diferentemente dos fariseus, os saduceus possuíam uma forte preocupação pelos
interesses seculares da nação, seus interesses eram primeiramente políticos; os
escribas, intérpretes da lei; os essênios, separados em vida de pureza. Eles
puseram em prática os princípios mais severos do farisaísmo, a exemplo do
separatismo, ao ponto de se afastarem da sociedade e, consequentemente, terem
uma vida monástica.
As sinagogas, que não
existiam nos dias de Moisés, agora se espalhavam e serviam como centros de
ensino e culto fora do templo. “A sinagoga serviu, talvez mais do que qualquer
outra instituição, para preservar a religião, a cultura e a consciência étnica
dos judeus. Nas sinagogas jamais eram realizados sacrifícios, como no templo de
Jerusalém e, portanto, não eram consideradas lugares de culto, no seu sentido
mais elevado” (Idem, p. 44).
E Deus? Silencioso, mas
presente. Invisível, mas atuante. Sem falar, mas preparando tudo. Quando Paulo
diz em Gálatas 4:4 que “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho”,
ele está dizendo que nada foi por acaso. Ele agiu através das mudanças geopolíticas
e culturais para criar um mundo propício para a mensagem do Evangelho. A língua
grega facilitava a pregação. As estradas romanas abriam caminho aos
missionários. A expectativa messiânica estava viva. O silêncio de Deus não foi
vazio — foi estratégico. Deus estava preparando o palco para a
vinda de Jesus!
Com relação à primeira
vinda de Cristo, Ellen White escreveu: “As nações estavam unidas sob o mesmo
governo. Falava-se vastamente uma língua, a qual era por toda parte reconhecida
como a língua da literatura. [...] Fazia séculos que as Escrituras haviam sido
traduzidas para o grego, então vastamente falado no império romano” (O Desejado de Todas as Nações, p. 32, 33).
Nesse texto, Ellen G. White nitidamente descreve o mundo do primeiro advento de
Jesus como sendo um mundo globalizado, uma vez que as nações daquele período
estavam unidos sob o mesmo governo, falava-se amplamente uma língua, o grego, a
língua em que os livros eram escritos.
E então, após quatro
séculos, para ser mais preciso 390 anos, uma voz rompe o silêncio:
“Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus!” Surge João Batista, o
cumprimento da profecia de Malaquias, preparando o caminho do Senhor. O
silêncio termina em anúncio. A espera termina em revelação.
II
- LIÇÕES ESPIRITUAIS PARA HOJE
Mas o que aprendemos
com isso?
1.
DEUS TRABALHA NO SILÊNCIO
Mesmo sem profetas e
sem novas mensagens, Deus não havia desaparecido. Ele estava preparando tudo
para a plenitude dos tempos (Gálatas 4:4).
A vida cristã não é
marcada somente por situações positivas: triunfos e conquistas, há também os
períodos de dor, incerteza, tratamento e, talvez, a situação de maior
dificuldade de se entender ou de lidar é com o silencio de Deus! Uma das
maiores inquietações do ser humano é a "espera". Afinal, o silêncio
de Deus enquanto tudo acontece, nos torna mais ansiosos. Uma sala pode se
tornar apavorante, quando estamos sozinhos. São várias as razões que nos levam
à sala de espera: morte, divórcio, desemprego, traição, entre outros. Nas
salas de espera da vida, sofremos de impotência e abandono diversas vezes.
A solidão se torna
nossa companheira em alguns momentos. Porém, são nesses momentos que entendemos
tudo, pois estamos vivendo um momento importante, profundo e singular.
"É muito difícil
quando estamos diante de provações e corremos ao Senhor clamando a sua
misericórdia, na esperança de uma resposta imediata, mas, tudo o que ouvimos é
o silêncio. Simplesmente não há mais respostas. Não há um movimento de Deus,
uma palavra, um sussurro sequer, parece que Deus se afastou, que não está
presente mais, não está atuando em nosso favor, nos abandonou, enfim, nada
acontece! “Deus se cala”, somos levados ao desespero, então
dizemos onde está Deus, o que aconteceu? Será que estou em pecado, será juízo
de Deus sobre a minha vida, isso é fruto de algum deslize? Então fazemos como
Habacuque: “Ó SENHOR, até quando clamarei, e tu não me escutarás? Ainda que
grite: Violência! Tu não salvarás?” (Hc. 1:2, BKJ Fiel 1611).
Quando Deus parece calado,
Ele está preparando algo maior! O silêncio de Deus
prepara um romper glorioso. Quando Deus parece calado, Ele está posicionando o
cenário para algo maior. Depois do silêncio, veio João. Depois de João, veio
Jesus. Depois da cruz, veio a ressurreição. E depois da provação, vem o
testemunho.
A história demonstra
que mesmo nos momentos de aparente silêncio, Deus está trabalhando, preparando
o palco e guiando os acontecimentos para cumprir o Seu plano. Ele
permite fracassos, falhas, humilhações (fruto desse silêncio), para que nós
possamos olhar para o céu e dizer: “Quem tenho eu no céu, a não ser a ti? Não
há ninguém sobre a terra que eu deseje mais do que a ti” (Sl.73:25, BJK Fiel
1611). Ele
quer nos aperfeiçoar, fazer-nos pessoas melhores para Ele. Deus
quer que nos pareçamos com Jesus, cujo caminho incluiu perda, dor, rejeição e o
Calvário. Por que conosco seria diferente?
É preciso que tenhamos
sempre
em mente que nossa espera pela vontade de Deus deve assemelhar-se à espera das
sentinelas pelo amanhecer. Elas não têm relógio, mas têm certeza de que o sol
raiará e o dia chegará. Lembre-se de confiar no Senhor em meio às salas de
espera da vida.
2.
SILÊNCIO NÃO É ABANDONO
O povo achava que Deus
tinha se afastado, mas Ele estava cumprindo promessas feitas séculos antes. Nunca
interprete o silêncio de Deus como ausência de Deus.
Quando Deus silencia,
Ele não se ausenta. Pode ser que você ore, clame e não escute resposta. Pode
ser que o céu pareça fechado e o tempo se arraste. Mas o silêncio de Deus não é
descuido; é preparação. Enquanto você não vê nada acontecendo, Deus está
movimentando pessoas, estruturas, caminhos e tempos. Ele trabalha por trás do
véu. José não ouviu Deus na prisão, mas Deus o estava conduzindo ao palácio. Jó
não ouviu explicações, mas o Senhor estava escrevendo sua restauração.
O silêncio de Deus não
dura para sempre, terminado os
propósitos de Dele, Ele voltará a falar conosco, da mesma forma que com
o apóstolo Paulo, no livro de Atos, Capítulo 18: ele estava em Corinto, pregando
na sinagoga acerca de Jesus e estava sendo resistido, estava confuso, estava
querendo desistir e naquele momento não tinha uma direção clara do que fazer –
Deus estava em silêncio – mas logo depois, Deus quebrou o silêncio dizendo: “Então
o Senhor falou a Paulo durante a noite, em uma visão: Não temas, mas fala e não
te cales, porque eu sou contigo, e nenhum homem lançará mão de ti para te
ferir, porque tenho muitas pessoas nesta cidade” (v. 9 e 10).
Assim como com Paulo,
Deus voltará falar conosco, trará sinais da Sua fidelidade e veremos que todo
esse período contribuiu – e muito – para nossa vida!
3.
O MUNDO FOI PREPARADO PARA JESUS
A língua grega
unificava povos. As estradas romanas conectavam regiões. A sinagoga espalhava a
Palavra. Deus coordena a história antes de agir visivelmente.
4.
A FÉ PRECISA CRESCER MESMO SEM EMOÇÕES
Sem sinais, sem
profetas, sem milagres… mas havia esperança!
Quando não ouvimos a
voz de Deus, precisamos confiar no que Ele já disse.
5.
O SILÊNCIO TERMINA NUMA VISITAÇÃO
O "silêncio"
desse período foi quebrado de forma dramática com a chegada de João Batista, o primeiro
dos profetas do Novo Testamento e o precursor de Cristo. Sua voz ecoou no
deserto, anunciando que "o Reino de Deus está próximo", um momento
aguardado com anseio pelo povo. Depois de 400 anos, João Batista também
anuncia: “O Cordeiro de Deus!” (Jo 1:29). Com a vinda de Jesus, a Palavra de
Deus se fez carne, encerrando a "fome" e a "sede"
espirituais com a plenitude da revelação. Todo silêncio de Deus precede uma
manifestação divina.
III.
APLICAÇÃO FINAL
Caro amigo leitor, talvez
hoje você esteja vivendo o seu “intertestamento”. Um período sem respostas, sem
sinais, sem novidades aparentes. Pode ser na família, na saúde, nas finanças ou
na alma. Mas lembre-se: Deus não está em silêncio porque te esqueceu, mas
porque está gestando algo. O tempo do silêncio não é o fim — é a sala de espera
do milagre. O Deus que ficou “calado” por 400 anos nunca deixou
de escrever a história!
Quando Ele não fala,
Ele prepara. Quando Ele silencia, Ele constrói. Quando Ele some dos ouvidos,
aparece na história.
Atente para este lindo
pensamento: “Quando nossas orações ficam aparentemente sem resposta, devemos
nos apegar à promessa, pois virá, por certo, a ocasião de serem atendidas, e
receberemos a bênção de que mais necessitamos. Pretender, no entanto, que a
oração seja sempre atendida exatamente do modo e no sentido particular que
desejamos é presunção” (Ellen G. White, Caminho
a Cristo, p. 96).
O mesmo Deus que
preparou estradas romanas e unificou línguas para receber o evangelho está
preparando caminhos na sua vida. O mesmo Deus que parecia calado, mas conduzia
impérios, move hoje as peças da sua história. A pergunta não é se Ele está
agindo, mas se você está confiando.
E assim como após o
silêncio veio uma voz clamando no deserto, Deus também fará surgir uma resposta
no tempo certo. João Batista não surgiu antes nem depois — surgiu na hora
marcada. Jesus não nasceu antes nem depois — nasceu na plenitude dos tempos.
Deus não se atrasa. Deus não se adianta. Ele opera no tempo que Ele mesmo cria.
Ellen G. White ensina
que Deus, em Seu amor, oferece auxílio em todas as
dificuldades, com mil maneiras de prover as necessidades, e que aqueles que dão
a Deus o lugar supremo em seu serviço verão as dificuldades desaparecerem. Ela
afirmou: “Nosso Pai celeste tem mil maneiras de nos prover as necessidades, das
quais nada sabemos. Os que aceitam como princípio dar lugar supremo ao serviço
de Deus verão desvanecidas as perplexidades e terão caminho plano diante de si”
(A Ciência do Bom Viver [CPB, 2015], p.
481).
Por isso, não desista
no silêncio. Não abandone a fé quando o céu parece quieto. Deus está preparando
algo. A história não terminou em Malaquias — ela estava sendo costurada para
Mateus. E a sua história não termina no seu deserto — ela está sendo alinhavada
para a promessa. A oração da fé nunca é perdida. Embora a
resposta possa não vir imediatamente ou da forma desejada, devemos nos apegar
às promessas de Deus e confiar que a resposta virá no tempo certo.
CONCLUSÃO
Por
meio de Malaquias Deus prometeu: "Vejam, eu
enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor” (Ml
4:5, NVI). Quase 400 anos depois a
promessa se cumpriu com a o nascimento de João Batista, que veio “no espírito e
poder de Elias” (Lc 1:17), isto é, que pregaria uma mensagem semelhante à de
Elias, e que preparou um povo para o primeiro advento de Cristo. Portanto, o
silêncio termina quando a promessa chega.
Concluo dizendo: o
silêncio de Deus nunca é ausência, é estratégia. Quando Ele cala, Ele constrói.
Quando Ele não fala, Ele organiza. Quando Ele silencia, Ele prepara você e o
caminho para aquilo que virá.
E pode ter certeza:
depois do silêncio, sempre vem uma voz. Depois da espera, sempre vem a promessa.
Depois da noite, sempre vem o amanhecer.
Que Deus nos ajude a
confiar, mesmo quando Ele parece calado. Amém!

Comentários
Postar um comentário