Teologia

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

POR QUE ALGUMAS PESSOAS NÃO ESTARÃO NO CÉU


G. Ralph Thompson*

Há na parábola das dez virgens muitas lições espirituais. As dez professam fé pura; não há diferenças externas entre as cinco prudentes e as cinco loucas; todas parecem cristãs; têm o mesmo comportamento; agem do mesmo modo; todas têm o nome nos livros da igreja, e desfrutam todas de bom conceito na congregação.

A lição que aprendemos aqui é que não basta alguém apresentar-se do melhor modo no sábado e ir à igreja para ser considerado necessariamente um cristão. O que é de mais significativo nesta parábola é que, no que diz respeito ao comportamento das dez virgens, estavam perfeitamente conformes com todas as normas da igreja. Nada havia no comportamento e estilo de vida das cinco virgens loucas que permitisse a censura da Comissão da igreja.

Há uma lição também nas lâmpadas e no óleo. As lâmpadas representam a Palavra de Deus. O óleo representa o Espírito Santo. Quanto tempo os membros da igreja despendem com a Palavra de Deus? Têm o Espírito Santo para iluminar-lhes o entendimento? Possuir a Palavra de Deus não é o bastante. É preciso ter também o Espírito Santo.

"Sem o Espírito de Deus, de nada vale o conhecimento da Palavra. A teoria da verdade não acompanhada do Espírito Santo, não pode vivificar a alma, nem santificar o coração. Pode estar-se familiarizado com os mandamentos e promessas da Bíblia, mas se o Espírito de Deus não introduzir a verdade no íntimo, o caráter não será transformado. Sem a iluminação do Espírito, os homens não estarão aptos para distinguir a verdade do erro, e serão presa das tentações sutis de Satanás” (Parábolas de Jesus, p. 408, 411).

Assim, precisamos do Espírito Santo para nos iluminar a mente, para nos ajudar a transformar em ação aquilo que temos estudado. O conhecimento apenas intelectual da verdade não basta. Precisamos dar uma correspondente resposta do coração. Este conhecimento da Palavra de Deus precisa tomar-se experimental. Precisa afetar nosso estilo de vida. O conhecimento da vontade de Deus tem de tomar-se evidente mediante a transformação do caráter. Precisamos render-nos à vontade de Deus expressa em Sua Palavra.

Virgens Loucas, Não Hipócritas

Eram loucas as cinco virgens, ou hipócritas? Notai o que Ellen G. White diz sobre este grupo: “A classe representada pelas virgens loucas não é hipócrita. Têm consideração pela verdade, advogaram-na, são atraídos aos que creem na verdade, mas não se entregaram à operação do Espírito Santo. Não caíram sobre a rocha, que é Cristo Jesus, e não permitiram que sua velha natureza fosse quebrantada. Essa classe é representada, também, pelos ouvintes comparados ao pedregal. Recebem a Palavra prontamente; porém, deixam de assimilar os seus princípios. Sua influência não permanece neles. O Espírito trabalha no coração do homem de acordo com seu desejo e consentimento, nele implantando natureza nova; mas a classe representada pelas virgens loucas contentou-se com uma obra superficial. Não conhecem a Deus. Não estudaram Seu caráter; não tiveram comunhão com Ele; por isso não sabem como confiar, como ver e viver. Seu serviço para Deus degenera em formalidade” (Idem, p. 411).

Certamente não queremos meramente professar o cristianismo e então chegar ao fim e encontrar a porta fechada. Isto seria a pior das coisas.

Notai que quando as cinco virgens loucas se voltaram para as cinco prudentes e solicitaram o óleo destas, a resposta foi que elas mesmas o fossem comprar. Isto dá eloquente expressão ao importante fato espiritual de que não pode haver claridade, iluminação, com óleo emprestado. A religião de nossos pais, de nossos amigos, de outros membros da igreja, não pode ser creditada a nós. Nossos pais podem ser santos, mas isto não nos garante a entrada no reino. Temos de conhecer o Senhor por nós mesmos. O óleo do Espírito Santo tem de ser derramado em nossa própria vida. Precisamos conhecer a Palavra de Deus por nós mesmos. Não podemos pedir de empréstimo a experiência de outros em nossa posição diante de Deus. Jesus Cristo tem de Se tomar nosso Salvador pessoal. Precisamos conhecê-Lo por nós mesmos. Servimos a Deus em base individual, e é como indivíduos que seremos julgados por Ele. Temos de ir e comprar, nós mesmos.

Há os que se sentem felizes por haverem nascido já como adventistas do sétimo dia, isto é, de pais adventistas, em lares adventistas. Na verdade não existe isto. Todos temos de "nascer de novo", como adventistas do sétimo dia. Precisamos fazer uma decisão individual por Cristo. Este conhecimento não pode ser apenas superficial. Há muitos cristãos que conhecem não a Cristo, mas a respeito de Cristo. O real conhecimento de Cristo tem de ser obtido mediante íntimo relacionamento com Ele como Salvador e Senhor.

Deixando que Nossas Lâmpadas Brilhem

Nossas lâmpadas devem ser espevitadas e postas a arder, de modo que iluminem com intenso brilho. Somos admoestados a deixar que nossas lâmpadas brilhem. Nesse brilho refletiremos a luz do Sol da Justiça. Pessoas em trevas serão atraídas pela beleza de nossa vida ao refletirmos a luz que Deus faz resplandecer em nosso coração. Certamente que como cristãos devemos orar para que Deus prepare o nosso coração, para que reflita o brilho de Seu caráter, e estejamos prontos a resplandecer sempre, mesmo na escuridão da meia noite.

Enquanto esperamos que o Esposo surja, estejamos certos de que temos dado nossa vida completamente a Jesus Cristo, que Ele é nosso, que devemos refletir Seu caráter. Asseguremo-nos de que por Sua habilitadora graça temos vencido hábitos que nos roubariam as bênçãos espirituais. Quando o Noivo vier, não haveremos de querer ouvir as terríveis palavras: "Não vos conheço".

Na parábola, tanto as virgens loucas como as prudentes são apanhadas em descuido. Subitamente, ouve-se o clamor: "Aí vem o Esposo". Um grupo havia feito preparativos para esta hora de crise. O outro não havia. Um grupo ergue-se depressa e prepara suas lâmpadas, saindo ao encontro do Esposo. O outro procurou desesperadamente ativar lâmpadas que se apagavam. Não basta procurar estar prontos. E preciso estar prontos.

Como diz a serva do Senhor, no dia final "muitos reclamarão admissão no reino de Cristo", dizendo: "Temos comido e bebido em Tua presença, e Tu nos ensinaste nas ruas". E "Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos obras maravilhosas?" Mas a resposta é: "Em verdade vos digo, que não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim. " S. Lucas 13:26, 27; S. Mat. 7:22. Nesta vida eles não haviam entrado em associação com Cristo; por isto mesmo não conheciam a linguagem do Céu, sendo estranhos a seu gozo. "Quem conhece as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus." I Cor. 2:11.

"As palavras mais tristes que caíram em ouvidos mortais são aquelas da sentença: 'Não vos conheço'. Unicamente a comunhão do Espírito que desprezastes poderia unir-vos à hoste jubilosa que estará no banquete das bodas. Não podereis participar dessa cena. Sua luz incidiria sobre olhos cegos, e sua melodia em ouvidos moucos. Seu amor e alegria não fariam soar de júbilo corda alguma do coração entorpecido pelo mundo. Sois excluídos do Céu por vossa própria inaptidão para a sua companhia.

"Não podemos estar prontos para encontrar o Senhor, acordando ao ouvir o brado: 'Aí vem o Esposo!' e então tomar nossas lâmpadas vazias para enchê-las. Não podemos viver apartados de Cristo aqui, e ainda assim estar aptos para a Sua companhia no Céu” (Idem, p. 413, 414).

O dia do juízo será um dia muito triste para os cristãos que apenas atenderam ao Seu chamado com o coração dividido. Por outro lado, que alegria maravilhosa será para aqueles que são caracterizados como sábios! Estes estarão em constante estado de preparação. Estarão confiando não em sua própria justiça, mas na completa justiça de Jesus Cristo. Estarão se regozijando nEle como Salvador e Senhor de suas vidas. Terão experimentado o gozo de pecados perdoados, e terão plena confiança nos méritos de seu Senhor.

Ao aproximar-Se o Esposo, ao estar perto o tempo de Sua vinda, os que são sábios estarão nas pontas dos pés, aguardando ansiosos Sua volta. Partilharão suas alegrias com outros. Serão otimistas, não pessimistas, pois sabem que o Rei, o Esposo, está a caminho.

Logo os céus se abrirão, e do azul do firmamento Cristo surgirá. Os céus se abrirão desmesuradamente, e grande cortejo de anjos acompanhará o Rei, ao descer Ele para receber Sua expectante esposa. Se esperamos ser contados entre esse grupo, temos de estar sem mácula nem ruga ou qualquer coisa semelhante nesse tempo.

Graças a Deus que as imaculadas vestes da própria justiça de Cristo podem ser nossas, e estaremos firmes naquele dia, quando teremos a alegria de olhar para cima e dizer: "Eis que este é o nosso Deus a quem aguardávamos, e Ele nos salvará. Este é o Senhor... e em Sua salvação gozaremos e nos alegraremos”.

 

G. Ralph Thompson, era Vice-Presidente da Associação

Geral na década de 1980.

 

FONTE: Revista Adventista, abril de 1980, p. 9-11.

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