A CAMINHO DO ÉDEN – MAIS PERTO DO QUE NUNCA DE NOSSO DESTINO FINAL
Ellen
G. White*
Hoje, a igreja é
militante. Estamos enfrentando agora um mundo na escuridão de meia-noite, quase
inteiramente entregue à idolatria. Mas está chegando o dia em que a batalha
será travada, e ganha a vitória. A vontade de Deus deve ser feita na Terra
assim como no Céu. Então, as nações não terão outra lei, exceto a do Céu. Todos
farão parte de uma família feliz e unida, envolvida pelas vestes de louvor e
gratidão – as vestes da justiça de Cristo. Toda a natureza, em seu maravilhoso
encanto, oferecerá a Deus uma incessante homenagem de louvor e adoração. O
mundo será inundado pela luz do Céu. […]
Precisamos ter uma
perspectiva do futuro e das bênçãos do Céu. Coloquemo-nos no limiar da
eternidade e ouçamos as alegres boas-vindas àqueles que nesta vida cooperaram
com Cristo, reconhecendo como privilégio e honra sofrer por Sua causa. Ao se
unirem aos anjos, eles lançam suas coroas aos pés do Redentor, exclamando:
“Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e
sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. […] Àquele que está sentado no
trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos
séculos dos séculos” (Ap 5:12, 13).
Salvos
pela graça
Os remidos saúdam os
que os conduziram ao grande Salvador, e todos se unirão no louvor Àquele que
morreu para que os seres humanos pudessem viver à semelhança de Deus. O
conflito está terminado. As tribulações e lutas chegaram ao fim. Cânticos de
vitória enchem todo o Céu quando os remidos estão ao redor do trono de Deus.
Unidos, em júbilo, entoam: “Digno é o Cordeiro, que foi morto” (Ap 5:12), e
vive outra vez, como triunfante vencedor.
Você percebe a
inspiração dessa visão? Já experimentou deixar sua mente se demorar nessa
cena?1
A obra da redenção será
concluída. Onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. A Terra, o
próprio campo que Satanás alega ser seu, será não apenas redimida, mas
exaltada. Nosso pequeno mundo, sob a maldição do pecado, a única mancha escura
na Sua gloriosa criação, será honrado acima de todos os outros mundos do
Universo de Deus. Aqui, onde o Filho de Deus habitou na humanidade; onde o Rei
da Glória viveu, sofreu e morreu – aqui, quando Ele houver feito novas todas as
coisas, será o tabernáculo de Deus com os homens, “com eles habitará, e eles serão
o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Ap 21:4, RC). E
através dos séculos infindos, enquanto os remidos andam na luz do Senhor, hão
de louvá-Lo por Seu inefável Dom – EMANUEL, “DEUS CONOSCO”.2
“Vi um novo céu, e uma
nova Terra. Porque já o primeiro céu e a primeira Terra passaram” (Ap 21:1). O
fogo que consome os ímpios purifica a Terra. Todo vestígio de maldição é
removido. Nenhum inferno a arder eternamente conservará perante os resgatados
as terríveis consequências do pecado.
Apenas uma lembrança
permanece: nosso Redentor sempre levará os sinais de Sua crucifixão. Em Sua
fronte ferida, em Seu lado, em Suas mãos e pés, estão os únicos vestígios da
obra cruel que o pecado efetuou. Diz o profeta, contemplando Cristo em Sua glória:
“Raios brilhantes saíam da Sua mão, e ali estava o esconderijo da Sua força”
(Hc 3:4). Suas mãos, Seu lado ferido de onde fluiu a corrente carmesim, que
reconciliou o homem com Deus – ali está a glória do Salvador, ali está “o
esconderijo da Sua força”. […] E os sinais de Sua humilhação são a Sua mais
elevada honra; através da eternidade os ferimentos do Calvário Lhe proclamarão
o louvor e declararão Seu poder.
Éden
restaurado
“A ti, ó torre do
rebanho, monte da filha de Sião, a ti virá; sim, a ti virá o primeiro domínio”
(Mq 4:8). Chegado é o tempo, pelo qual santos homens têm esperado com anseio
desde que a espada inflamada vedou o Éden ao primeiro casal – tempo “para a
redenção da possessão de Deus” (Ef 1:14). A Terra, dada originariamente ao homem
como seu reino, traída por ele às mãos de Satanás, e tanto tempo retida pelo
poderoso adversário, foi recuperada pelo grande plano da redenção. Tudo que se
havia perdido pelo pecado foi restaurado. “Assim diz o Senhor […] que formou a
Terra, e a fez; Ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que
fosse habitada” (Is 45:18).
O propósito original de
Deus na criação da Terra se cumpre, quando ela é feita a eterna morada dos
remidos. “Os justos herdarão a Terra e habitarão nela para sempre” (Sl 37:29).
Na Bíblia, a herança
dos salvos é chamada de “pátria” (Hb 11:14-16). Ali o Pastor celestial conduz
Seu rebanho às fontes de águas vivas. A árvore da vida produz seu fruto de mês
em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações. Existem torrentes
sempre a fluir, claras como cristal, e ao lado delas, árvores ondeantes
projetam sua sombra sobre as veredas preparadas para os resgatados do Senhor.
Ali as extensas planícies avultam em colinas de beleza, e as montanhas de Deus
erguem seus altivos píncaros. Nessas pacíficas planícies, ao lado daquelas
correntes vivas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante,
encontrará um lar.
A dor não pode existir
na atmosfera do Céu. Ali não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres,
manifestações de pesar. “A morte já não existirá, já não haverá luto, nem
pranto, nem dor […] porque as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4). “Nenhum
morador de Jerusalém dirá: Estou doente; porque ao povo que habita nela
perdoar-se-lhe-á a sua iniquidade” (Is 33:24).
Deus
habita entre nós
Ali está a Nova
Jerusalém, a metrópole da Nova Terra glorificada, como “uma coroa de glória na
mão do Senhor, um diadema real na mão do teu Deus” (Is 62:3). “Sua luz era
semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como cristal
resplandecente.” “As nações andarão à sua luz; e os reis da Terra trarão para
ela a sua glória e honra” (Ap 21:11, 24, RC). Diz o Senhor: “Exultarei por
causa de Jerusalém, e Me alegrarei no Meu povo” (Is 65:19); “Eis aqui o
tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu
povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21:3, RC).
Na cidade de Deus “não
haverá noite”. Ninguém necessitará de repouso nem o desejará. Não haverá
cansaço em fazer a vontade de Deus e oferecer louvor a Seu nome. Sempre
sentiremos o frescor da manhã, e sempre estaremos longe de seu fim. “Não
necessitarão de lâmpada nem de luz do Sol, porque o Senhor Deus os alumia” (Ap
22:5). A luz do Sol será sobrepujada por um brilho que não é ofuscante e,
contudo, suplanta incomensuravelmente o fulgor de nosso Sol ao meio-dia.
A glória de Deus e do
Cordeiro inunda a santa cidade, com luz imperecível. Os remidos andam na glória
de um dia perpétuo, independentemente do Sol.
“Nela não vi templo,
porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21:22). O
povo de Deus tem o privilégio de manter franca comunhão com o Pai e o Filho.
“Agora vemos por espelho em enigma” (1Co 13:12). Contemplamos a imagem de Deus refletida
como que em espelho, nas obras da natureza e em Seu trato com os homens; mas
então O conheceremos face a face, sem um véu protetor de separação. Estaremos
em Sua presença, e contemplaremos a glória de Seu rosto.
A
alegria dos salvos
Ali os remidos
conhecerão como são conhecidos. O amor e a compaixão que o próprio Deus plantou
em cada um encontrarão ali o mais verdadeiro e suave exercício. A comunhão pura
com os seres santos, a vida social harmoniosa com os bem-aventurados anjos e
com os fiéis de todos os tempos, que lavaram suas vestes e as branquearam no
sangue do Cordeiro, os sagrados laços que reúnem “toda a família nos Céus e na
Terra” (Ef 3:15) – tudo isso concorre para constituir a felicidade dos remidos.
Ali, mentes imortais
contemplarão, com deleite que jamais se fatigará, as maravilhas do poder
criador, os mistérios do amor que redime. Ali não haverá adversário cruel
algum, enganador, para nos tentar ao esquecimento de Deus. Todas as faculdades
se desenvolverão, serão ampliadas todas as capacidades. A aquisição de
conhecimentos não cansará o espírito nem esgotará as energias. Ali os mais
grandiosos empreendimentos poderão ser levados avante, alcançadas as mais
elevadas aspirações, as mais altas ambições realizadas; e surgirão ainda novas
alturas a atingir, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender,
novos objetivos a aguçar as faculdades do espírito, da alma e do corpo.
Todos os tesouros do
Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Livres da mortalidade,
alçarão voo incansável para os mundos distantes – mundos que choravam de
tristeza ante o espetáculo da desgraça humana, e ressoaram com cânticos de
alegria ao ouvir as novas de uma vida resgatada. Com indizível deleite, os
filhos da Terra entram de posse da alegria e sabedoria dos seres não caídos.
Participam dos tesouros do saber e entendimento adquiridos durante séculos e
séculos, na contemplação da obra de Deus. Com visão desanuviada, olham para a
glória da criação, achando-se sóis, estrelas e sistemas planetários, todos na
sua indicada ordem, a circular em redor do trono da Divindade. Em todas as
coisas, desde a mínima até a maior, está escrito o nome do Criador, e em todas
se manifestam as riquezas de Seu poder.
E, ao transcorrerem os
anos da eternidade, trarão mais e mais abundantes e gloriosas revelações de
Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a
reverência e a felicidade aumentarão. Quanto mais aprendem os homens acerca de
Deus, mais Lhe admiram o caráter. Ao revelar-lhes Jesus as riquezas da redenção
e os estupendos feitos do grande conflito com Satanás, o coração dos resgatados
vibrará com mais fervorosa devoção e, com tamanha arrebatadora alegria,
dedilharão as harpas de ouro e milhares de milhares, e milhões de milhões de
vozes se unem para avolumar o potente coro de louvor.
“Ouvi a toda a criatura
que está no Céu, e na Terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas
as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao
Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o
sempre” (Ap 5:13, RC).
O grande conflito
terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está
purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta
criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os
domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos,
todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito júbilo,
declaram que Deus é amor.3
*Ellen
G. White (1827–1915) foi uma das pioneiras da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. Os adventistas acreditam que ela exerceu o dom de
profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério ativo.
Referências
1. The Adventist Review
and Sabbath Herald, 17 de dezembro de 1908.
2. O Desejado de Todas
as Nações, p. 26.
3. O Grande Conflito,
p. 674-678.
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