O SER HUMANO É MAIS PRECIOSO DO QUE O OURO DE OFIR
Ricardo
André
“Tornarei o homem mais
escasso do que o ouro puro, mais raro do que o ouro de Ofir” (Isaías 13:12, NVI)
Em 2013, o cantor gospel
Anderson Freire gravou a música “Raridade”, que fala a respeito da nossa
raridade diante de Deus, que somos mais preciosos que o ouro de Ofir. A música
tornou-se uma das mais tocadas e ouvidas nos últimos tempos na internet, rádios
e igrejas, popularizando, desse modo, a expressão “ouro de Ofir” Mas, o que é o
ouro de Ofir citado na Bíblia e agora na música “Raridade”? O ouro de Ofir era
um tipo de ouro da mais alta qualidade, que podia ser encontrada em uma região
chamada Ofir. Esse ouro era muito puro e muito raro. Por isso, o ouro de Ofir
se tornou símbolo de raridade e preciosidade.
Este ouro era uma
mercadoria valiosa nos tempos da Bíblia e tinha mais valor que o ouro normal. Ofir
é um lugar do Oriente que, segundo o Dicionário
Bíblico Adventista, “estudos tornaram plausível a localização de Ofir no
sul da Arábia ou na Somália [costa nordeste da África], que provavelmente,
corresponda a Punt, ou possa até abranger essas duas terras” (p. 976, 977).
Alguns estudiosos já sugeriram que Ofir poderia estar localizado na Índia, no
leste da África e na África do Sul. A verdade é que ninguém sabe ao certo sua localização.
Mas o fato é que, nesse lugar, mercadores do mundo todo, inclusive o rei
Salomão, compravam ouro, marfim, prata e madeira de sândalo (1Rs 9:26-28;
10:11). Essas viagens eram feitas em parceria com Hirão, seu aliado rei de Tiro
(2Cr 8:18).
O ouro de Ofir era o
mais precioso metal da época. Sua raridade foi comparada à escassez e à
preciosidade do ser humano. Esse texto de Isaías nos remete a uma reflexão a
respeito do valor do ser humano. Embora o capítulo de Isaías trate dos juízo de
Deus sobre o ímpio império babilônico, que traria assolação (13:9), escapando
alguns poucos justos, os quais por serem poucos seriam tão raros como o ouro de
Ofir, e não afirme diretamente que as pessoas são especiais como o ouro de
Ofir, podemos homileticamente afirmar que a raridade daqueles remanescentes
justos que escaparam da destruição representa a preciosidade do ser humano como
é o ouro de Ofir.
Qual
é o valor do ser humano?
Quanto vale um homem?
Quanto vale uma mulher? Em 2011, a Revista Superinteressante digital publicou
uma matéria com o título “Quanto custa o corpo humano?”. A mesma traz um
cálculo dos “ingredientes essenciais” existentes num corpo de um homem de 70
Kg, realizado pelo bioquímico Etelvino Bechara, da USP. Foi justamente a constituição química do
nosso corpo que ele usou como base para calcular o “preço” de um ser humano. O
resultado do seu cálculo foi o seguinte: “DNA
(0,02% do corpo): 13,2 g de DNA placentário = 9,7 milhões de reais; GORDURA (20%): 14 kg de ácido esteárico
= 400 reais; PROTEÍNA (15,2%): 11 kg
de albumina de soro bovino = 38 mil reais; MINERAIS
(5,6%): 3,9 kg de fosfatos de cálcio, magnésio e zinco, e cloretos de sódio
e potássio = 1 050 reais; AÇÚCARES
(1,6%); 1,1 kg de amido = 410 reais; ÁGUA
(57,6%): 40 litros de água mineral = 15 reais
TOTAL = 9 MILHÕES E 740
MIL REAIS”
Mas, será que valemos
realmente esses míseros 9,7 milhões de reais? Não! Absolutamente! O pecado
destrói nossa autoestima, nos rebaixa e nos estimula a rebaixar os outros. Nós
valemos infinitamente mais do que esse valor. Valemos muito mais que as
caríssimas substâncias de nosso corpo e mais que o ouro de Ofir. A verdade é
que nosso valor é incalculável. Cristo mostrou isso ao morrer na cruz no lugar
de todos os seres humanos pecadores.
É
na Cruz que o valor do ser humano e significado são determinados
A cruz estabelece para
sempre o valor incrível do ser humano. Só existe um lugar na Terra onde o valor
e significado humano é definido para sempre. E esse lugar foi em uma colina
chamada Calvário (Gólgota). Aqui, de forma que não podemos ver e nem imaginar
(a não ser dentro da Divindade), o valor dos seres humanos diante de Deus foi
revelado para sempre diante dos anjos e do Universo expectante. Aqui, mais do
que em qualquer outro lugar no Universo, revela-se a verdadeira natureza e o
caráter amoroso e misericordioso de nosso Criador.
Por termos sido
sequestrados pelo inimigo de Deus, Satanás, Cristo nos resgatou, nos
comprou. O apóstolo Pedro lembra-nos que o resgate espiritual pago por nossa
redenção está fora do valor monetário. Ele afirmou: “Pois vocês sabem que não
foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos
da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas
pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido
antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês” (1
Pedro 1:18-20, NVI).
Portanto, nosso resgate
do poder do pecado não se deu por meio “de coisas perecíveis como prata ou
ouro”, mas por meio do sangue de Jesus derramado na cruz. Nada pode ser
comparado com o valor do sangue de Jesus. Somente o sangue de Jesus poderia nos
salvar. Este fato deixa claro que para Deus nosso valor é inestimável, pois
custou a morte de Seu único Filho. Ele nos ama com cada vibra de Seu Ser
a
despeito de O amarmos ou não. Ele ama de tal forma cada ser humano que Jesus
teria morrido até por um só (Jo 3:16).
A escritora cristã
Ellen G. White falou belamente a respeito do valor do ser humano a partir da
cruz. Há quatro citações maravilhosas em seus escritos que tratam dessa verdade
cristalina, e que me impressionam bastante, as quais transcreveremos abaixo:
“Um ser humano é de
valor infinito; seu preço é revelado pelo Calvário” (Obreiros Evangélicos, p.
184).
“O ser humano é de
infinito valor. Esse valor só pode ser estimado pelo preço pago a fim de
redimi-lo. O Calvário! O Calvário! O Calvário exprimirá o real valor de um ser
humano! (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 188).
“Jamais poderemos
entender o valor do ser humano, até que compreendamos o grande sacrifício feito
pela redenção humana no Calvário. O pecado de Adão no Éden mergulhou a
humanidade em desesperançada desgraça. Entretanto, no plano da salvação,
providenciou-se uma via para que todos escapem, se cumprirem os requisitos. Foi
concedida uma segunda oportunidade pelo sacrifício do Filho de Deus. Temos uma
batalha a travar, mas podemos sair vitoriosos pelos méritos do sangue de Cristo”
(A Caminho do Lar [MD 2017], p. 134).
“É só pela cruz que
podemos avaliar o valor do ser humano. O valor dos homens por quem Cristo
morreu é tal que o Pai ficou satisfeito com o preço infinito que pagou pela salvação
do homem ao entregar o próprio Filho para morrer por sua redenção. Que
sabedoria, misericórdia e amor em sua plenitude são aí manifestados! O valor do
homem só é conhecido indo ao Calvário. No mistério da cruz de Cristo podemos
fazer uma estimativa do homem” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 634, 635).
Caro amigo leitor,
alguém já te disse que você não presta, não serve para nada, que não tem valor
nenhum? Você se sente desprezado, humilhado? Você se sente sem valor por causa
de erros cometidos no passado? Deus fica triste com o pecado mas Ele não mede
seu valor de acordo com o que você faz, seus sucessos, sua inteligência, sua
aparência. Você é mais precioso do que o ouro puro e mais raro do que o ouro
fino de Ofir. Deus lhe ama por aquilo que você é. E as Sagradas Escrituras
dizem que fomos criados “a imagem e semelhança de Deus” (Gn 1:26). Em meio a
suas imperfeições, Deus vê beleza e grande potencial. Deus lhe ama tanto que
ele deu seu maior tesouro para estar com você seu único filho. Jesus morreu e
ressuscitou para você poder conhecer o amor de Deus, que restaura, corrige e
transforma sua vida e salva. Não permita que alguém lhe diminua. Você é muito
importante para Deus!
Quando obtemos um senso
de nosso valor na cruz, podemos evitar os altos e baixos que atravessamos
quando nossa autoimagem se baseia na apresentação ou nas opiniões inconstantes
de outros. Quando nos virmos sob a luz da cruz, desenvolveremos a força para
superar o pecado, a confiança para derrotar Satanás e alegria que vem de saber
quem somos. Não admira que Paulo tenha dito: “Quanto a mim, que eu jamais me
glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o
mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6:14).
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