Teologia

terça-feira, 25 de julho de 2017

A BOA NOTÍCIA DA CRUZ: CRISTO NOS LIBERTOU DA MALDIÇÃO DA LEI



Ricardo André

Quando Adão e Eva pecaram, transgredindo a lei de Deus, trouxeram sobre si a maldição do pecado - a fatídica condenação de morte eterna. O amorável Deus os advertira de que morreriam no dia que desobedecessem (Gn 2:17). “A advertência feita a nossos primeiros pais - “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:17), não implicava que devessem eles morrer no próprio dia em que participassem do fruto proibido. Mas naquele dia a irrevogável sentença seria pronunciada. A imortalidade lhes era prometida sob condição de obediência; pela transgressão despojar-se-iam da vida eterna. Naquele mesmo dia estariam condenados à morte” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 60).

O pecado deles atingiu não somente a eles, mas a toda sua prole. O apóstolo Paulo salienta que o pecado de Adão trouxe condenação à morte eterna para toda humanidade. Ele afirma: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5:12, NVI). De acordo com Paulo, pela desobediência de um só homem todos foram feitos pecadores. Adão escolheu o pecado ao invés de Deus! Voluntariamente ele mudou sua natureza, sua tendência original e portanto, como ele continha em si todos os homens “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23, NVI). Como podemos ver, há uma relação orgânica e vital entre Adão e a raça humana. Potencialmente ele era a raça humana. Não pode haver duas raças. Aí está a razão do homem “ser pecador”. Ele é pecador porque faz parte da raça humana da qual Adão é o pai. De Adão, afirma Ellen G. White, nada recebemos “senão a culpa e a sentença de morte” (Orientação da Criança, p. 475). De acordo com ela, o egoísmo profundamente arraigado em nosso ser “nos veio por herança” (Historical Sketches, p. 138 e139, citado em Revista Adventista, Abril de 2004, p. 5).

Segundo o apóstolo Paulo pende sobre nós a sentença de morte: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23, NVI).

Como resultado do pecado de Adão e Eva, um de seus filhos, Caim, se tornou assassino, e toda a raça humana se viu envolvida em pecado e sofrimento. Sim, o pecado nos prejudica. Adão e Eva e todos os outros pecadores de lá para cá têm experimento torturante culpa, suor e lágrimas, violência e derramamento de sangue, depressão e solidão.

Portanto, desde Adão o destino da raça humana foi determinado a permanecer em escravidão aos poderes da destruição. A morte tornou-se soberana, e reina sobre toda a existência. Esta é a sorte comum desde Adão. Todos nós nos encontramos sob a condenação de morte – morte eterna. Não podemos fazer nada para nos salvar da maldição do pecado. Nada do que fizermos por nós mesmos pode restaurar a imagem de Deus, Sua glória ou Seu caráter dentro de nós à sua condição antes da entrada do pecado. Não podemos purificar nossa alma ou ascender degrau por degrau em alguma escada para o Céu. Não podemos ser justificado por nossos esforços (Gl 2:16; 3:10-12). Tampouco podemos evitar a sentença de morte que pende sobre nós. Mesmo a obediência a lei não livra-nos do perigo iminente de morte. “A lei não podia redimir aos que haviam atraído sobre si a maldição, a qual incluía a todos os que alguma vez haviam buscado a justificação por meio dela. A libertação da maldição só pode ser alcançada pela fé em Cristo. Embora sob a tutela da lei nos tempos do AT, todos os que escolheram servir ao Senhor encontraram a salvação pela fé no Messias prometido. A lei não era sua salvadora, mas apenas seu “aio” [Gl 3:24] para levá-los ao Salvador e os ajudar a entender as provisões que o Céu para a sua salvação. A lei, em si, é boa, pois o próprio Deus a ordenou, mais é impotente para salvar do pecado” (Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 1056, 1057).

Cristo tornou-Se maldição por nós

Porém, a boa notícia é que, mais de dois mil anos atrás Jesus tomou sobre si a condenação do nosso pecado. Tomou sobre Si a maldição da morte. O apóstolo Paulo revela como Cristo nos libertou da maldição da lei (a eterna separação de Deus): “Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: "Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro" (Gálatas 3:13, NVI). “A palavra redimir significa “comprar de volta”. Ela representa o ato de pagar o preço do resgate para libertar reféns ou escravos. Visto que o salário do pecado é a morte, a maldição por não guardar a lei era frequentemente a sentença de morte. O resgate pago pela nossa salvação não foi insignificante: custou a Deus a vida de Seu Filho (Jo 3:16). Jesus nos resgatou da maldição, tornando-Se nosso portador de pecados (12 Co 6:20; 7:23). Ele voluntariamente tomou sobre Si nossa maldição e sofreu em nosso favor toda a penalidade do pecado (2 Co 2:21). Paulo citou Deuteronômio 21:23 como prova bíblica. Segundo o costume, uma pessoa estava sob maldição de Deus se, após a execução, o corpo fosse pendurado num madeiro. A morte de Jesus na cruz foi vista como um exemplo dessa maldição. Não é de admirar, então, que a cruz tenha sido uma pedra de tropeço para alguns judeus que não podiam conceber a ideia de que o Messias fosse amaldiçoado por Deus. Mas esse foi exatamente o plano de Deus. Sim, o Messias sofreu a maldição, mas ela não era dEle, era nossa!” (Lição da Escola Sabatina, 3° Trimestre de 2017, p. 62).

Paulo agora resumiu a base de sua mensagem evangélica nas seguintes palavras: “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21, NVI). Neste texto Paulo mostra-nos algo importante para o desenvolvimento do plano da salvação, ou seja, Cristo tendo vida original, escolheu ser nosso substituto, assumindo assim os pecados do homem, mas sem ser contaminado por Ele. Em outras palavras, Jesus nunca pecou, mas tornou-Se pecado por nós, morrendo na cruz. Tomou sobre Si toda a vergonha e culpa por nossos pecados. Indubitavelmente este é o ponto mais profundo em toda a história da redenção. Estudaremos esta questão por toda a eternidade. Sobre isso a escritora cristã Ellen G. White, escreveu: “Sobre Cristo como nosso substituto e penhor, foi posta a iniquidade de nós todos. Foi contado como transgressor, a fim de que nos redimisse da condenação da lei. A culpa de todo descendente de Adão pesava-Lhe sobre a alma. A ira de Deus contra o pecado, a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniquidade, encheram de consternação a alma de Seu Filho. Toda a Sua vida anunciara Cristo ao mundo caído as boas novas da misericórdia do Pai, de Seu amor cheio de perdão. A salvação para o maior pecador, fora Seu tema. Mas agora, com o terrível peso de culpas que carrega, não pode ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-Lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Tão grande era essa agonia, que Ele mal sentia a dor física.

Cristo morreu a nossa morte para que possamos viver a Sua vida. Esta é a grande boa notícia que erradia da cruz. Quando cínicos sacerdotes bradaram: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se” (Mt 27:42), ele falaram uma verdade eterna. Jesus morreu a fim de que pudesse substituir a pena de morte sob a qual nos encontramos pela promessa de vida eterna (Rm 6:23). Jesus experimentou toda a angústia que os pecadores vão experimentar “quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 753). Ele experimentou a maldição do pecado, que é a separação de Deus, culminando na morte. Ele provou “a morte por todo homem” (Hb 2:9). Na cruz, “Ele temia que o pecado fosse tão ofensivo, que Sua separação houvesse de ser eterna” (Idem, p. 753).

Diz mais Ellen G. White:

“Não foi, porém, a lança atirada, não foi a dor da crucifixão, que produziu a morte de Jesus. Aquele grito soltado ‘com grande voz’ (Mateus 27:50 e João 23:46) no momento da morte, a corrente de sangue e água que lhe fluiu do lado, demonstravam que Ele morreu pela ruptura do coração. Partiu-se-lhe o coração pela angústia mental. Foi morto pelo pecado do mundo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 772). Que Salvador! Que Redentor!

Para que Jesus Se dispôs a morrer, levando nossos pecados? “(...) Para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21, NVI). Tornar-se justiça de Deus tem dois aspectos bem conhecidos:

1) Jesus não apenas perdoa e apaga nossos pecados, mas coloca em nossa conta no Céu o crédito do registro de Sua vida sem pecado. “Não somos justificados com base em nossa fé, mas com base na fidelidade de Cristo por nós, que reivindicamos para nós por meio da fé. Cristo fez o que todos deixaram de fazer: só Ele foi fiel a Deus em tudo o que fez. Nossa esperança está na fidelidade de Cristo, não na nossa. Essa é a grande e importante verdade que, dentre outras, inflamou a reforma Protestante, uma verdade q      eu continua sendo tão crucial hoje quanto foi no tempo em que Martinho Lutero começou a pregá-la há séculos” (Lição da Escola Sabatina, 3º Trimestre de 2017, p. 47).

Sobre essa importante verdade da justiça de Cristo imputada ao pecador, Ellen G. White afirmou:

“A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas é ele incapaz de a apresentar. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé pode ele apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a alma arrependida e crente, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama Seu Filho. Assim é que a fé é imputada como justiça; e a alma perdoada avança de graça em graça, de uma luz para luz maior. Pode dizer, alegremente: "Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela Sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." Tito 3:5-7” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 367).

 2) E se isso não fosse suficiente, Ele está conosco todos os dias, compartilhando conosco a Sua justiça e enriquecendo nossa vida com Sua Presença enquanto crescemos nEle. Como já enfatizamos acima, na cruz, Jesus tomou nosso lugar, recebeu a punição que era nossa e agora nos oferece Sua justiça por meio da fé (Rm 1:17; Fp 3:9). É a partir daí que as obras aparecem na vida cristã, não como a base da salvação, mas como resultado dela. Não praticamos boas obras para que sejamos salvos, mas porque já experimentamos a salvação em nossa vida.

Porque Jesus fez isso?

Só há uma resposta. E essa resposta tem uma só palavra: Amor. E o amor de Cristo “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Coríntios 13:7). “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Romanos 5:8, NVI). A maior demonstração do amor de Deus por nós foi Cristo ter escolhido morrer para que pudéssemos ter vida eterna e eterna felicidade. Esta vivência de amor que vem de Deus para nós, é que garante a salvação e redenção, a certeza de que, a cada momento o homem pode ter esperança de uma vida eterna. Caro amigo leitor, diante de tal amor, tudo o que podemos fazer é cair a Seus pés e adorá-Lo em gratidão.

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