Ricardo
André
Nos dias de Neemias, o povo de Deus estava desonrando
o sábado de muitas maneiras. As pessoas pisam uva no lagar para a produção do
vinho, transportavam produtos agrícolas e os vendiam no sábado. Então, ele
promoveu entre os judeus uma reforma da observância do sábado e seu
restabelecimento, após o cativeiro babilônico (Ne 13:15-22). Um dos pontos da
reforma era a observância dos limites do sábado, ou seja o início e término do
sábado. Neemias levou a sério esse assunto, e foi até enérgico ao exigir
estrita observância aos limites do sábado. Ele afirmou: “Quando as sombras da tarde
cobriram as portas de Jerusalém na véspera do sábado, ordenei que fossem
fechadas e só fossem abertas depois que o sábado tivesse terminado. Coloquei
alguns de meus homens de confiança junto às portas, para que nenhum carregamento
pudesse ser introduzido no dia de sábado” (Neemias 13:19, NVI). Os
preparativos para a observância do sábado têm seu ponto alto na sexta-feira que
o antecede, como mostra o texto bíblico. No Novo testamento ele é chamado de “Dia
da Preparação” (Lc 23:54).
“Desde a Criação, o dia bíblico começa ao pôr do sol
(...). As festas especiais foram guardadas “de uma tarde a outra tarde” (Lv
23:32), da mesma forma o sábado semanal. Por isso, Neemias ordenou que as
portas da cidade fossem fechadas algum tempo antes do real início do sábado. Ao
agir assim, ele pretendia proteger os “limites” das horas sagradas do santo
sábado de deus. É uma profanação do espírito do sábado realizar atividades
seculares até o último momento permitido” (Comentário Bíblico Adventista, vol.
3, p. 499).
Quero no presente artigo chamar sua atenção para
duas sextas-feiras muito significativas. Ambas falam de dois novos começos para
a raça humana: a sexta-feira da Criação e a sexta-feira da Redenção. Na
primeira, Deus completou, por meio de Seu Filho Jesus Cristo, a Sua estupenda
obra da Criação. Logo após, houve o primeiro sábado. Na segunda, Deus inaugurou
o processo de salvação do homem por meio do sacrifício de Seu filho. Seguiu-se
o primeiro sábado, após a Redenção.
Volvamos nossa imaginação ao Jardim do Éden. Ao
chegar a tarde da sexta-feira, o primeiro casal humano, Adão e Eva já haviam
sido criados e tudo estava preparado para saudar o primeiro sábado. Então, os
dois únicos habitantes humanos da Terra, juntamente com o Criador e os anjos,
diante de um encantador pôr-do-sol, dão as boas-vindas ao “memorial da criação,
“o santo dia do Senhor”.
Agora, volvamo-nos ao Gólgota, em Jerusalém. Ao
chegar a tarde da sexta-feira, Jesus exala o último suspiro e em seguida é
sepultado. “Era o dia da preparação, e começava o sábado”. Assim como Deus
descansou no sábado que se seguiu à sexta-feira da Criação, Jesus, depois de um
fim de semana de sofrimento e dor, descansa no sepulcro, durante o sábado.
Assim como Adão e Eva participaram com o Criador e
os anjos do descanso sabático, lá no Éden (Gn 2:1-3), os seguidores de Jesus,
depois daquele fatídico “dia da preparação” tão tumultuado, se unem ao Salvador
num profundo e significativo descanso sabático, em Jerusalém.
Jesus, após consumar Sua missão sacrifical na
sexta-feira à tarde e descansar durante todo o sábado, fez do sábado o “memorial
da redenção”. Esta é a relação entre o sábado semanal e a justiça
pela fé. Deus nos criou, e Ele mesmo nos salva. Não podemos criar da
maneira que Deus faz. Nada do que façamos pode nos salvar. A salvação é um dom
gratuito de Deus (Ef 2:8-10). O sábado nos ajuda a lembrar que só Deus pode nos
salvar. Nove dos mandamentos de Deus nos orientam sobre o que devemos fazer
para Deus e pelo próximo. O sábado é diferente. Em lugar de nos pôr a trabalhar
para Deus, oferece-nos o Seu descanso. Assim, o sábado representa a própria
substância do evangelho da graça de Deus. Longe de ser uma mensagem legalista,
o sábado é uma mensagem de graça. Somos salvos pela graça, e guardamos o sábado
para viver por ela (Ef 2:8-10).
Na primeira sexta-feira, foi realizada a obra da
Criação; na segunda sexta-feira, foi realizada a obra da redenção. O primeiro
sábado, após a criação, foi um dia de descanso para o Criador; o primeiro
sábado, após a redenção, foi um dia de descanso para o Salvador.
A escritora cristã Ellen G. White afirmou: “A
todos quantos recebem o sábado como sinal do poder criador e redentor de
Cristo, ele será um deleite. Vendo nele Cristo, nEle se deleitam. O sábado lhes
aponta as obras da criação, como testemunho de Seu grande poder em redimir. Ao
passo que evoca a perdida paz edênica, fala da paz restaurada por meio do
Salvador”(O Desejado de Todas as Nações, 289).
O sábado permanece como um monumento eterno da obra
de deus como Criador e Salvador da humanidade. Como símbolo mais importante de
nossas origens, o sábado ajuda a dizer quem somos, por que estamos aqui, e onde
estamos indo (Êx 20:8-11).
Caro amigo leitor Deus colocou uma oportunidade
gloriosa perante nós. No sábado podemos esquecer nossos trabalhos diários e
tomar parte em íntima comunhão com deus. E nesse companheirismo, somos
transformados cada vez mais à semelhança de Deus. Devemos aproveitar o sábado e
usá-lo como Deus planejou que o usássemos. Podemos chamar o sábado uma alegria.
Então, apreciaremos as outras bênçãos que Deus prometeu para as pessoas que “
desviam seu pé de profanar o sábado” (Is 58:13, 14).
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