Teologia

domingo, 22 de março de 2020

OS SÁBIOS RESPLANDECERÃO COMO ESTRELAS


Ricardo André

“Os que têm o entendimento e são sábios resplandecerão com o fulgor do firmamento; e todos quantos se dedicam a conduzir muitas pessoas à verdade e à prática da justiça, serão como as estrelas: brilharão para sempre, por toda a eternidade!” (Daniel 12:3, VKJ).

Nesse texto bíblico temos uma belíssima promessa do Antigo Testamento. É uma descrição poética da felicidade que aguarda os santos de Deus, e que subsistirá para sempre.

Segundo os estudiosos, o regozijo eterno que Deus tem reservado para o seu povo, é um dos temas mais destacados do livro de Daniel. O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o Céu, serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu reino será reino eterno (Dn 7:27).

O anjo Gabriel prometeu que os sábios resplandecerão como as estrelas sempre e eternamente. Nenhuma comparação poderia ser mais impressionante. O significado parece ser que cada um dos justos será como uma estrela brilhante e bonita e que, em número, ordem e harmonia, eles se parecerão com as constelações celestes à noite. Nada pode ser mais sublime do que olhar para o céu em uma noite clara e pensar no número e na ordem das estrelas acima de nós como um emblema dos justos no mundo celestial.

As pessoas do nosso século de todas as diferentes culturas buscam avidamente brilhar como estrelas, nalguma esfera da vida. E, para alcançar a glória, muitos entregam-se a pesquisas intelectuais e científicas, outros procuram ouro, status, posição, beleza ou fama. É impressionante como as pessoas buscam obter sucesso, como fazem de tudo para atingir a fama. Em muitas situações até usam artifícios duvidosos para alcançar notoriedade nacional e internacional. Gostam de aparecer diante dos holofotes da mídia, dos microfones e nas primeiras páginas dos jornais e revistas.

Lemos, por vezes, nos jornais estes títulos distintos: “O homem mais rico do mundo”. Um dos mais famosos cientistas da atualidade”. “A rainha da beleza”, entre outros. Essa é a era do estrelismo, em que as pessoas buscam aparecer, atrair para si popularidade.

Porém, virá o dia em que a glória de Deus eclipsará qualquer governante terrestre, qualquer ator e atriz de cinema, o mais brilhante cientista ou bilionário, quando Ele reivindicar este mundo como Sua propriedade. Mas, “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente. Mas, quem são esses sábios que deverão brilhar eternamente? Como esses sábios vieram a se tornar puros?

Quem são os sábios?

Como já dissemos no início desse artigo, o texto de Dn 12:3 constitui poesia hebraica. Portanto, os “sábios” da primeira linha são os mesmo que conduzem “à justiça” na terceira linha. Dn 12:10 também fala dos sábios. O texto define-os como aquele que “entenderão”, ou seja, as pessoas que compreenderão o sentido prático das profecias do livro de Daniel. O mesmo verso identifica os “os sábios” como aqueles que são “purificados, embranquecidos e provados”.

Portanto, os sábios de Daniel 12 – os que brilharão como as estrelas para sempre e eternamente – são que 1º) compreenderam as boas novas de salvação ao estudarem as profecias de Deus, servem a Deus e guardam Seus mandamentos; 2º) compartilharam essas boas novas com outros e 3º) se tornaram puros.

Os sábios são puros

De que modo os sábios podem tornar-se puros? Apocalipse 7:14 diz que os santos “lavaram as suas vestiduras, e as alvejaram no sangue do Cordeiro”. Note esta última porção do texto, e que destaca a única forma pela qual as providências de purificação se tornam efetivas: “No sangue do Cordeiro”. Nesta expressão “é explicado o motivo para a pureza das vestiduras. Os santos não são triunfantes por si mesmos, mas por causa da vitória conquistada por Cristo na cruz. A relação entre justiça e vitória, ambas simbolizadas por vestes brancas, é demonstrada nesta passagem. [...] A justiça de Cristo conquistou a vitória. Ao aceitar Sua justiça, os pecadores se tornam, ao mesmo tempo, justos e vencedores” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 869).

Só há purificação por meio do sangue de Cristo. Em relação a isso Ellen G. White escreveu: “Devido ao pecado, nossa condição não é natural, e deve ser sobrenatural o poder que nos restaure, do contrário, não tem valor. Existe unicamente um poder capaz de quebrar o domínio do mal no coração dos homens, e esse é o poder de Deus em Jesus Cristo. Unicamente por meio do sangue do Crucificado existe purificação do pecado. Sua graça, tão-somente, nos habilita a resistir e subjugar as tendências de nossa natureza caída” (A Ciência do Bom Viver, p. 428).

Diz mais Ellen G. White: “É Cristo formado no interior que torna alguém digno de receber a imarcescível coroa da vida. [...] Este é o nosso tempo de  lavar e passar a ferro; tempo em que devemos limpar as vestes do nosso caráter no sangue do cordeiro. Diz João: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (Jo 1:29). [...] Não devemos deixar que ele os tire? Não devemos despedir nossos pecados?” (Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p. 1264).

Como se vê, somente quando aceitamos a Jesus como nosso Salvador e Senhor das nossas vidas, e permitimos que Ele aplique Seu simples remédio contra o pecado – sangue purificador, temos a certeza dos pecados perdoados e a esperança da vida eterna.

Li certa vez que, numa certa noite Martinho Lutero, o grande reformador do século XVI, sonhou que viu o diabo em pé à sua frente, tendo não mão um rolo de pergaminho, que chegava até o chão, embora só fosse desenrolado parcialmente. No pergaminho Lutero viu a longa e aparentemente interminável lista de seus pecados. Ele notou, porém, que o diabo encobria uma parte do rolo com a mão. Lutero mandou que o diabo retirasse a mão, mas sem sucesso. O diabo se recusava a retirar a mão. Então ele repetiu a ordem no nome de Cristo. O diabo tirou a mão, e Lutero leu as palavras: “O sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7).

Por isso que Lutero foi capaz de escrever: “Portanto, o Cristo que é aceito pela fé e que vive no coração, é a verdadeira justiça do cristão, em razão da qual Deus nos considera justos e nos concede a vida eterna” (Luther’s Works; St. Louis, Missouri: Concordia, 1963, v. 26, p. 130).

O apóstolo Paulo chama Jesus de Justiça de Deus para com os pecadores. “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21, NVI). Portanto, os santos tornam-se puros porque aceitam a Cristo pela fé. O Sumo Sacerdote do santuário celestial sempre vive para fazer intercessão por eles (Hb 7:25). Este é o seu serviço cotidiano. E durante o antitípico Dia da Expiação, tempo de julgamento, em sentido muito especial, Ele evoca a Si uma obra especial de purificação, de tal forma que, encerrando-a, possa dizer: “Perante o Senhor, vocês estarão puros de todos os seus pecados” (Levítico 16:30, NVI).

Quando Miguel se “levantar” (Dn 12:1), e do pó se erguerem todos os santos filhos de Deus, por ocasião da Sua segunda vinda, posso ver com o olhar da imaginação como será glorioso e feliz encontro com os nossos queridos que dormem e naquele dia erguer-se-ão para brilhar como as estrelas, para sempre e eternamente. Com transbordante emoção o filho abraça o pai... quanta saudade! Irmão abraça irmão, tios, sobrinhos, netos e avós... que abraço gostoso! Marido e mulher abraçam-se para nunca mais se separarem. É o início da eternidade, No lar dos remidos, não haverá morte, lágrimas, nenhum cortejo fúnebre, nenhuma expressão de pesar.

O Dia da Expiação/Dia de julgamento acha-se em andamento desde 1844, ao término da profecia dos 2.300 dias/anos de Dn 8:14. Jesus ainda ergue Suas mãos perfuradas pelos cravos em favor de toda e qualquer pessoa. Achamo-nos agora no tempo oportuno para “afligir nossas almas” (Lv 16:29-31) – a fim de nos certificarmos de que tudo está em perfeita paz entre nós e Ele e, tanto quanto possível, entre nó e os nossos semelhantes. Este é o dia da expiação. A você foi perdoada uma dívida de dez mil talentos. Tem você perdoado aos outros, que lhe devem estes insignificantes “cem denários”? (Mt 18:23-35).  Foi toda a amargura varrida de sua alma pelo seu precioso sangue? Certamente você não desejará aninhar sentimentos maus em seu coração durante toda a eternidade! Agora é o tempo de nos tornarmos “um” com Deus, de sermos purificados de todo o pecado contra Ele ou contra outras pessoas.

Para nós e nossos filhos

“As coisas encobertas pertencem ao Senhor, ao nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre [...]” (Deuteronômio 29:29, NVI). Sempre que você pensar nos sábios que brilharão como estrelas para todo o sempre, não exclua as crianças! Deus deseja ter idosos e crianças em Seu reino. “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas" (Mateus 19:14, NVI), disse Jesus. “Estas preciosas palavras devem ser estimadas, não somente por toda mãe, mas também por todo pai. Estas palavras são um encorajamento aos pais para que insistam com os filhos para irem a Sua presença, e pedir no nome de Cristo que o Pai permita que Sua bênção repouse sobre toda a família” (Ellen G. White, O Lar Adventista, p. 275, 276).

As criancinhas pequenas que amam seu Salvador, são pequenas joias, verdadeira joias. Cristo as ama e elas Lhe pertencem. Os pais devem falar isso a seus filhos e conduzi-los a Ele.

Você deseja compartilhar as verdades do “evangelho eterno” (Ap 14:6-12)? Talvez você não tenha suas próprias crianças. Mas você conhece outras crianças, que fazem parte de sua família mais ampla, a que inclui a vizinhança. É igualmente provável que existam em sua família pessoas de meia idade – pais, sogros, ou o seu cônjuge. E por certo você tem algum amigo e outras pessoas que são suas conhecidas. Você pode perfeitamente compartilhar com elas o amor de Deus, pela graça de Deus, você poderá “conduzir muitos à justiça”. A respeito disso, Ellen G. White escreveu: “Todo seguidor de Jesus tem uma obra a fazer como missionário de Cristo, na família, na vizinhança, na vila ou cidade em que reside. Todos os que se consagraram a Deus são veículos de luz. Deus os torna instrumentos de justiça para comunicar a outras a luz da verdade” (Serviço Cristão, p. 18).

Caro amigo leitor, estamos a caminho do lar eterno. Mais um pouquinho e participaremos da felicidade absoluta no paraíso de Deus. Não queres deixar tudo o que pertence a este mundo de lado e seguir a Jesus de todo coração? Jesus já pagou o preço por nós. Glória infinita e alegria perpétua estão à nossa espera.

Que dia glorioso quando nos encontrarmos com o nosso Pai celestial, quando contemplarmos a nova Cidade, a Nova Jerusalém, o lugar do nosso descanso, e passearmos pelos outros planetas! Há tanta gente para conhecer! Há tantos novos irmãos. Cada sábado teremos a oportunidade de louvar e adorar o nosso Deus e agradecer mais uma vez por Sua infinita misericórdia, amorável paciência e por ter enviado Seu Filho para morrer na cruz do Calvário, por nós!

Ellen G. White afirma: “Foi-me revelada a glória do mundo eterno. Quero dizer-vos que vale apena alcançar o Céu. Deve ser o objetivo de nossa vida habilitar-vos para o convívio dos remidos, dos santos anjos, de Jesus, o Redentor do mundo” (Maranata, o Senhor Vem [MM 1977], p. 353.

Que possamos todos nós, muito em breve, ver o nosso “Príncipe” por ocasião de Sua vinda, e possamos no lar eterno “brilhar” com os santos “como estrelas, sempre e eternamente”.



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