Ricardo
André
“Procure vir logo ao
meu encontro, pois Demas, amando este mundo, abandonou-me e foi para
Tessalônica [...]” (2 Timóteo 4:9,10, NVI).
Este é o capítulo final
na história de um homem que uma vez foi um autêntico cristão. Pouco
se sabe, por intermédio das Escrituras, acerca de Demas. Ele aparece apenas três vezes no
Novo Testamento. Em Colossenses 4:14, Paulo envia saudações de Demas para os
irmãos de Colossos. Em Filemom 24, o apóstolo menciona Demas como um de seus
cooperadores. Portanto, através desses comentários de Paulo sobre Demas,
percebemos que, até certo momento de sua vida, ele estava envolvido nas
atividades da igreja. Ele foi um fiel colaborador e companheiro do apóstolo
Paulo. Teve o privilégio de ser um ministro, um associado do grande apóstolo
dos gentios. O propósito de Paulo era conquistar o mundo para o Senhor Jesus
Cristo. Demas não somente vivia os sonhos de Paulo como também partilhava de
seus esforços missionários. Quando os perigos e ameaças se levantavam, ali
estava Demas. Quando uma nova igreja cristã se erguia, Demas estava junto. De
repente, abandona Paulo num momento de grande crise e vai para Tessalônica,
talvez sua cidade natal.
E com tristeza Paulo
escreveu: “Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para
Tessalônica” (2Tm 4:10). Pelo ganho mundano, Demas trocou toda alta e nobre
consideração. Com que pouco discernimento ele fez a troca!” (Ellen G. White,
Atos dos Apóstolos, p. 455). Com certeza, o apóstolo deve ter ouvido várias
vezes os irmãos das igrejas perguntarem por Demas. Um dos grandes exegetas da
Bíblia considerava este versículo um dos mais tristes da Bíblia. Temos de
pensar em Demas muito mais com simpatia do que com condenação, pois há muitos
“Demas” entre nós nos dias atuais. Ao falar desse assunto penso com tristeza em
meu coração em diversos jovens e adultos também que conheço, muitos dos quais
são meus amigos que, à semelhança de Demas, não mais estão na igreja, que
decidiram viver longe de Deus e perto das fantasias e tentações oferecidas por
este mundo contaminado pelo pecado.
O
que houve com Demas?
Cometeu Demas algum
crime que o obrigou a deixar Roma? Apoderou-se do que não lhe pertencia? Caiu
Demas em adultério? Não! Demas não é culpado de nenhum desses crimes ou
pecados. O inimigo que ocasionou a ruína de Demas parece tão inofensivo que nem
mesmo é considerado inimigo. O que levou Demas ao fracasso foi seu amor ao
“mundo”.
A Bíblia Viva diz que “Demas
abandonou Paulo por que gostava das coisas boas desta vida” e a Bíblia
na Linguagem de Hoje diz que “Demas se apaixonou por este mundo” (2Tm
4:10). A visível implicação das palavras de Paulo é que se alguém ama
este mundo, ele cessará de amar a Deus. Implica que o amor do mundo e o amor do
Senhor Jesus Cristo não podem habitar num mesmo coração. A teologia dessa
afirmação do apóstolo é o mesmo ensinada
em toda a Bíblia.
O apóstolo João diz: “Não
amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está
nele” (1 João 2:15, NVI). Tiago usa de maior ênfase, quando diz que o “amigo do
mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4:4). O amante do mundo não é somente
alguém que não ama a Deus mas um inimigo pessoal de Deus.
A escritora cristã
Ellen G. White a esse respeito escreveu: “O amor do mundo exclui o amor de
Deus, fazendo com que nossos mais altos interesses sejam subordinados às
considerações mundanas” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 405).
Não
ameis o mundo
Que mundo somos
admoestados a não amar? Certamente não é este universo físico de montanhas e
vales, rios e oceanos, nuvens e florestas. Durante a obra da criação, Deus se esmerou
em pôr beleza na menor planta silvestre para que a vida do homem recebesse
maior significação e colorido. “Eis que tudo era muito bom” (Gn 1:31). Como
cristãos, deveríamos apreciar mais as belezas da Criação.
Também não somos impedidos
de amar os seres humanos (vizinhos, clientes, nossos colegas de escola e de
trabalho). Devemos amá-los porque Cristo morreu por eles também; devemos servi-los,
devemos ajuda-los, mas não devemos misturar-nos com os seus programas que
ofendem a Deus.
Amar o mundo, como
alguém afirmou, é “a pessoa se tornar escravizada a qualquer coisa do mundo que
impeça que ele se torne semelhante a Jesus”. Amar o mundo é ser conduzido pelo
amor próprio. Assim, o texto de Paulo poderia ser lido: “Demas me abandonou,
escolhendo fazer o que lhe agradava”.
Este desejo de agradar
a nós mesmos, sempre nos leva para longe de Deus. Demas foi muito infeliz ao
abandonar Paulo, pois não compreendia então que aquele que se entrega às
atrações deste mundo perde o amor do Pai.
A visível implicação
das palavras de Paulo é que se alguém ama este mundo, ele cessará de amar a
Deus. Implica que o amor do mundo e o amor do Senhor Jesus Cristo não podem
habitar num mesmo coração.
A
Grande Decisão na Vida de Demas
Penso que Demas tinha
um coração dividido – amava a Deus e ao mundo. Enquanto viajava, ao fazer suas
visitas, se encantava com as lidas carruagens dos romanos. Seus olhos fitavam
com admiração a linda mobília dos romanos. Ficava empolgado com as modas
daquele tempo. Sua mente achava-se cativa pelo “brilho” das ruas de Roma. Só
podemos imaginar, mas o fato é que Demas amou o presente século. Ficava
encantado com as coisas fúteis deste mundo e partiu. Desejando agradar a si
mesmo, abandonou Paulo e o Cristo de Paulo, viajando para Tessalônica. “O
desejo de honras terrenas pode impedir que um cristão combata com sucesso ‘o
bom combate’ e complete sua ‘carreira’” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7,
p. 368).
Paulo havia dito que o
Senhor viria para aqueles que amavam a Sua vinda e não este mundo. Demas foi
traído pelo brilho efêmero do mundo e suas atrações. Notamos, outrossim, que
tinha um coração errante. Ia de romaria a romaria. De uma cidade para outra, de
uma experiência para outra, de um porto para outro, num esforço desesperado de
encontrar paz para sua vida atribulada. É a última vez que ouvimos falar de
Demas. Como filho pródigo, ele vagou de lugar para lugar. Não sabemos se à
semelhança daquele jovem desventurado, Demas voltou para Cristo. Esperamos que
a influência de Paulo tenha sido tão positiva em sua vida que tenha abandonado
seus caminhos e retornado ao lar.
À semelhança de Demas,
muitos jovens abandonam a igreja para irem à “Tessalônica” (o mundo) por estar
apaixonado por este mundo, por amar o presente século em vez de amar a Cristo,
por gostar das “coisas boas desta vida”. Em outras palavras, o jovem quer
“curtir a vida”, aproveitar sua juventude longe de Deus. Mas será que vale a
pena?
Muitos são os caminhos
seguidos pelos homens os quais conduzem a destruição. Há lugares duvidosos,
antro de extravagância e vício, sedutores, centro de iniquidades, que atraem as
multidões. São poucos os que, cruzando os seus portais, conseguem retroceder.
O caminho que se abre
diante de nós hoje poderá levar-nos para longe de Deus; poderá conduzir-nos a
um hábito pecaminoso, a uma vida de escravidão.
O caminho que temos à
nossa frente poderá conduzir-nos à apostasia. Poderá parecer-nos um caminho
atraente, mas nos leva inevitavelmente a um destruidor abismo. Antes de trilhá-lo,
cumpri-nos observar que caminho segue a multidão.
Muitos são os motivos
que levam uma pessoa a abandonar a Cristo e sua Igreja. Mas, indubitavelmente, o
fator mais determinante para que um jovem abandone a igreja é a falta de
comunhão com Deus, isto é, falta de ler a Bíblia, de orar e de testemunhar.
Acredito profundamente que, quando alguém rompe com a igreja, é porque já
rompeu antes com Cristo. Por trás de cada apostasia há o drama de uma Bíblia
abandonada. Logo, o que conservará um jovem na igreja é uma vida de oração, de
estudo da Bíblia e testemunho pessoal.
Os jovens precisam
inspirarem-se na vida de Marcos. Como era vida de Marcos? Ellen G. White
descrevem-na assim: “Desde os primeiros anos de sua profissão de fé, a
experiência cristã de Marcos tinha-se aprofundado. Ao estudar mais acuradamente
a vida e a morte de Cristo, ele tinha obtido mais clara visão da missão do
Salvador, Suas provas e conflitos. Lendo nas cicatrizes das mãos e pés de
Cristo as marcas de Seu serviço pela humanidade, e até onde leva a abnegação
para salvar os perdidos e prestes a perecer, Marcos se dispôs a seguir o Mestre
na senda do sacrifício. Então, compartilhando a sorte de Paulo, o prisioneiro,
Marcos compreendeu melhor que nunca, que é infinito lucro ganhar a Cristo, e
infinita perda ganhar o mundo e perder a alma por cuja redenção o sangue de
Cristo foi derramado. Em face de severa adversidade e prova, Marcos continuou
firme, um sábio e amado auxiliar do apóstolo” (Atos dos Apóstolos, p. 455).
Cada jovem deve
escolher o exemplo que deseja seguir: Demas ou Marcos. “Possuindo apenas
riquezas e honras mundanas, Demas era, de fato, pobre, por muito que ele
pudesse orgulhosamente chamar de seu; enquanto Marcos, escolhendo sofrer por
amor de Cristo, possuía riquezas eternas, sendo considerado no Céu herdeiro de
Deus e co-herdeiro de Seu Filho” (Ibid., p. 455).
Conclusão
Encerrando esse estudo deixo
o seguinte conselho de Paulo para os jovens que perderam o fervor espiritual e pensam
em abandonar a igreja: “Deus quer que nos voltemos da vida ímpia e dos prazeres
pecaminosos para uma vida correta no temor de Deus dia a dia, aguardando
ansiosamente aquele tempo em que se verá a Sua glória – a glória do nosso
grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 2:12, 13, Bíblia Viva).
Vivemos nos últimos
dias da história da Terra. Por que não trabalharmos com aqueles que abandonaram
o redil do Senhor? Por que não orarmos por aquele irmão, aquela filha, aquele
pai, aquele jovem... que foi para Tessalônica?
Irmão, amei esse estudo! E como temos visto os jovens se renderem a ilusão... temos, sim, que orar e muito, pedindo a Deus, que nossos filhos e jovens, tenham a sabedoria necessária para não crer em distrações!!
ResponderExcluirAmém!Louvado seja Deus! Fique com Deus. Obrigado, irmã Shirley Barreto, por apreciar nosso texto. Abraço afetuoso!!!!
ResponderExcluir