Ricardo
André
Introdução
Foi mais ou menos no
outono de 29 A.D. João e seu irmão Tiago foram chamados por Jesus para
tornarem-se discípulos dEle quando começou Seu ministério na Galileia. Através
desse estudo pretendo me aprofundar um pouco mais na vida de João, o grande
apóstolo do Senhor, entender seu comportamento e compará-lo ao comportamento de
muitos de nós em nossa presente época. E o mais importante, extrair as lições espirituais para nossa vida.
Quando Jesus andava à
beira do Mar da Galileia, Tiago e João estavam no barco com seu pai, Zebedeu,
consertando suas redes. Ele os chamou para
a obra de “pescadores de homens”, e o relato de Lucas nos informa:
“Arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, O seguiram”.(Lc 5:10 e
11; ver também Mt 4:18-22; Mc 1:19 e 20). Mais tarde, foram escolhidos para ser
apóstolos do Senhor Jesus Cristo (Mt 10:2-4).
As Sagradas Escrituras
revelam que João era possuidor de uma personalidade cheia de defeitos e falhas.
Logo no começo do seu ministério como apóstolo, Jesus deu-lhe o sobrenome de
“Boanerges, que significa filhos do trovão” (Mt 3:17). Este título, por certo,
indica que tanto João como seu irmão, Tiago, eram briguentos, que eles tinham
uma natureza combativa e egoísta.
O caráter defeituoso de
João ficou evidente quando e seu irmão viram uma aldeia samaritana recusarem
receber Jesus. Estes “filhos do trovão” pediram para fazer descer fogo do céu
para aniquilar os habitantes dela, apesar de Cristo não ter insistido em permanecer
entre os samaritanos. Para surpresa deles, Jesus os repreendeu, dizendo: “Vocês
não sabem de que espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a
vida dos homens, mas para salvá-la” (Lc 9:55,56).
Esse episódio mostra
claramente que João tinha mau gênio e tinha desejo de vingança. Anteriormente,
João tentara impedir que certo homem expulsasse demônios em nome de Jesus. Mas
Jesus o repreendeu e o corrigiu (Lc 9:49-56). Esse incidente revela que João
era também exclusivista quanto aos seguidores de Jesus.
João também era
egoísta. Ele revelou seu egoísmo quando, com seu irmão, buscou lugares de honra
ao lado de Jesus em Seu futuro reino (Mt 20:20-24; Mc 10:35-40).
Por que mesmo sabendo
que João tinha, por natureza, graves defeitos de caráter, Deus o chamou para o
ministério apostólico?
João,
o Apóstolo do Amor – Uma Surpreendente Obra da Graça
Embora Cristo
conhecesse as suas fraquezas e deficiências de caráter, Ele também percebeu,
por trás de suas fraquezas, a sinceridade do seu coração. João queria ser semelhante
a Jesus. Similarmente, embora Cristo conheça nossas falhas de caráter, Ele
também percebe, por trás de nossas fraquezas, a sinceridade de nosso coração.
Paradoxalmente, João
ficou conhecido como o apóstolo do amor por sua ênfase no amor em suas cartas.
João ficou conhecido como “o apóstolo a quem Jesus amava”. (Jo 21:20). Isso
certamente, é um reflexo da transformação do seu caráter. Certamente a vida de
João fora milaculosamente transformada. Tanto é que ele pôde falar do amor do
Pai como nenhum outro dos discípulos poderia. Seu testemunho talvez seja o mais
forte que podemos encontrar no Novo Testamento.
Qual foi o segredo de
tal maravilhosa transformação? Como nosso caráter pode ser transformado para a
glória de Deus, como foi o caráter de João?
O
Segredo de Uma Nova Vida
Em sua primeira
epístola, João dá as mais claras indicações desse processo:
1) Ter certeza do amor
de Deus. Ele afirmou: “Nós amamos porque ele nos
amou primeiro” (I Jo 4:19). Foi o amor de Jesus que transformou as tendências egoístas
de João na beleza da santidade.
É muito importante
perceber que Deus não nos ama simplesmente porque nós O amamos. João explica
que é o contrário: Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro! Nosso amor a
Deus só pode ser uma resposta ao Seu amor por nós. João havia aprendido, no
decorrer dos anos, que seu caráter devia refletir o de Cristo. E, submetendo-se
a vontade e à influência do Espírito Santo, ele foi transformado pelo amor de
Deus.
Ao tempo em que
escreveu os diversos livros do Novo Testamento que levam seu nome, João era um
idoso patriarca que havia crescido à semelhança de Jesus.
A escritora cristã
Ellen G. White, a respeito dessa transformação de João escreveu: “A beleza da
santidade que o havia transformado irradiava de seu semblante com a glória de
Cristo. Com adoração e amor contemplou ele o Salvador até que assemelhar-se a
Ele e com Ele familiarizar-se, tornou-se-lhe o único desejo, e em seu caráter
se refletia o caráter de seu mestre” (Atos dos Apóstolos, p. 545).
João deixa claro que
Deus deu Seu Filho como “sacrifício expiatório” (Jo 4:9 e 10). Quer dizer que
Deus enviou Seu Filho para sofrer, não apenas os insultos e rejeição humana,
mas também a penalidade divina pelos pecados do mundo. É neste sentido que
podemos compreender as últimas palavras de Jesus no evangelho de João: “Está
consumado!” (Jo 19:30). O preço infinito foi pago. Esta foi a maior evidência
do amor de Deus.
Jesus não veio apenas
falar aos pecadores sobre o amor de Deus, mas especificamente redimir a humanidade
por meio de Sua morte sacrifical. Esta é a verdade fundamental do evangelho
para João. Foi esta grande verdade do amor de Deus que impressionou
profundamente a João levando-o a uma completa modificação da sua vida. Ele
nunca deixou de maravilhar-se de que seu Pai Celestial o tenho amado primeiro,
e quer tornar-nos cônscios dessa maravilha.
Portanto, quando à
semelhança de João nos conscientizarmos de que o nosso Deus verdadeiramente nos
ama com cada vibra do Seu Ser, seremos todos transformados à sua semelhança. É
o amor de Deus que toca nossa vida.
Ellen G. White fala de
forma encantadora sobre o incomensurável amor de Deus ao escrever: “Todo o amor
paterno que passou de geração a geração através do coração humano, todas as
fontes de ternura que romperam no coração humano, não são mais que um pequeno
regato para o oceano infinito, inesgotável de Deus. A língua não o pode narrar;
a pena não pode descrever. Você pode meditar nele cada dia de sua vida; pode
estudar diligentemente as Escrituras a fim de compreendê-lo; pode fazer uso de
toda energia e habilidade que Deus lhe tenha dado, esforço de compreender o
amor e compaixão do Pai Celestial; ainda assim, há um infinito à frente. Você
pode estudar esse amor por séculos, mas nunca poderá compreender plenamente o
comprimento e a largura, a profundidade, do amor de deus, ao dar Seu Filho para
morrer pelo Mundo” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 740).
2) A Certeza de que
Somos Filhos de Deus. João possuía uma profunda certeza
de que era filho de Deus. Ele surpreendia-se com o amor perdoador de Deus e o
apreciava tanto que exclamou ao final de sua vida: “Vede que grande amor nos
tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus” (Jo 3:1). A
realidade e a experiência do amor de Deus lhe trouxeram a certeza de ser aceito
com filho de Deus.
Todos nós necessitamos
de alimento, ar puro, meios de desenvolvimento e liberdade para tomar decisões.
Mas acima de todas necessidades físicas, mentais e sociais está a necessidade
de ser amados. Os bebês que não recebem nenhum afeto acabam morrendo na
infância.
Continuamos
necessitando de amor quando nos tornamos adultos. Felizes os que pertencem a
uma família bem unida que lhe dá o amor e a ternura que necessitam! Infelizmente,
alguns não têm esse privilégio. Conseguem imaginar como
deve ser devastador ter de arranjar-se por si mesmo, sem amor?
Um dos privilégios de
ser cristão é saber que além de nossos familiares e amigos, há um Deus no céu
que nos ama supremamente. Tanto é que Ele nos deu Jesus Cristo como oferta de
sacrifício. Jesus humilhou-se a Si mesmo. Baixou da Coroa de glória para a
coroa de espinhos, enfrentou o Getsêmani e o Gólgota para nos salvar.
Ellen White afirmou: “Assumindo
a natureza humana Cristo elevou a humanidade. Os homens caídos são colocados na
posição em que, mediante a conexão com Cristo, podem na verdade tornar-se
dignos do no de filhos de Deus” (Caminho a Cristo, p. 15).
Nos momentos finais da
vida de Jesus, esteve ao lado do Salvador. “Quando Jesus foi preso no Getsêmani,
João O seguiu até o palácio do sumo sacerdote, onde o discípulo era conhecido;
e, mais tarde, até o Calvário (Jo 18:15; 19:26). Na cruz, Jesus confiou sua
mãe, Maria, aos cuidados de João (Jo 19:27). [...] A tradição, apoiada em
Apocalipse 1:11, sugere que, durante os últimos anos de sua vida, João esteve
no comando das igrejas na província romana da Ásia Menor, com sede em Éfeso. De
lá, ele foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos (v. 9), mas entende-se
que foi libertado quando Nerva se tornou imperador em 96 d. C. [...] Após sua
libertação João residiu em Éfeso e morreu durante o reinado de Trajano (98-117
d. C.), de acordo com a tradição. Perto do fim da sua vida. João escreveu o
livro do Apocalipse, o evangelho e as três epístolas que levam o seu nome”
(Dicionário Bíblico Adventista, p. 744).
Conclusão
Certamente o perfil
psicológico de João encontra similaridade em muitas pessoas hoje. Amigo, se
este é o seu caso, não desanime. Existe esperança para você.
A transformação do
caráter de João é um testemunho do poder do evangelho, do poder do amor de Deus
na vida do cristão. O aparecimento da semelhança com Cristo no caráter de João,
foi indubitavelmente um milagre do amor divino.
Caro amigo leitor, não
quer você receber em sua vida o toque do amor de Deus para a transformação de
sua vida? Você só precisa ir ao encontro de Jesus quando Ele te chama, vinde a
mim. Quando Jesus nos chama é porque ele quer derramar sobre nós do seu amor
transformador. Não quer você responder ao amor de Deus, tendo em vista o que
Ele já fez, entregando-se inteiramente e sem reserva a Ele? Faça isso hoje!
Amém!
ResponderExcluirQue maravilhoso é o amor de Jesus Cristo.
Obrigado Senhor.
Realmente, sim, o amor de Jesus é maravilhoso! Devemos tudo a esse amor. Amém!!
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