Ricardo
André
INTRODUÇÃO
Ao final do memorável Sermão
da Montanha, Jesus deu um conselho a seus discípulos, dizendo-lhes: “Entrem
pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à
perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e
apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mateus
7:13, 14, NVI). Nas suas palavras, Jesus descreve sinteticamente dois
caminhos, sendo cada um descrito por seus marcos visíveis e por seu fim. Eles
conduzem a dois destinos distintos. Um deles conduz através duma porta estreita
que, vista de fora, não tem nada que a recomende, a vida eterna. Estranhamente,
poucos encontram esta estrada. Está tão deserta que facilmente pode ser
perdida. De outro lado, há uma avenida larga, ampla, espaçosa e extensa, com
muitos fatores convidativos e que impelem a progredir nela. Ao seu fim há um
portal amplo e imponente. Mas esta estrada e este portão, com todas as
qualidades que os recomendam, com todos os convites para satisfazer-se no viver
livre e desenfreado do mundo, conduz à destruição. Seu fim é a condenação
eterna. O que se nota de imediato nestes
versículos é a natureza absoluta da escolha que se nos apresenta. Todos nós
preferiríamos ter muito mais opções do que uma só, mas há uma só escolha,
porque só há duas possibilidades. Só há dois destinos possíveis. Somos confrontados a tomar uma decisão entre
escolher um ou outro caminho. Moisés também tornou isso explícito, ao dizer
para o povo de Israel: “Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal (...)
a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas (…)” (Deuteronômio
30:15-19; Jeremias 21:8). Todos os seres humanos devem escolher sempre entre o
reino de Satanás e o reino de Deus; a cultura prevalecente ou a cultura cristã.
O
CAMINHO LARGO
O que é o caminho largo
de que falou Jesus? É o estilo de vida adotado pela grande maioria das pessoa
do mundo, em que há muito espaço nele para a diversidade de opiniões e a
frouxidão moral. É o caminho da tolerância e da permissividade. É a vida
desligada da lealdade a Jesus. As pessoas podem fazer ou ser o que desejar. Não
tem freios nem limites de pensamento ou de conduta. Se você se sente bem,
faça-o. Se o deixa eufórico, beba-o. Os resultados desse modo de vida são lares
desfeitos, filhos abandonados, a AIDS aumentando em números geométricos, as
cadeias repletas de criminosos e contraventores, e a corrupção tomando conta de
quase todos os setores da sociedade. Enfim, essa é a correnteza na qual se
envolvem todos os que acham que têm o direito de fazer o que pensam e de imitar
o que os outros fazem.
Os que palmilham este
caminho seguem as suas próprias inclinações, isto é, os desejos do coração
humano em sua degradação. Superficialidade, egoísmo, hipocrisia, religião
mecânica, falsa ambição, condenação; estas coisas não precisam ser aprendidas
ou cultivadas. É preciso esforço para resistir a elas, e nenhum esforço para
praticá-las. Por isso o caminho é largo e fácil. É o caminho aparentemente
bonito, atraente aos olhos e que parece ser verdadeiro, mas termina em morte
eterna (Provérbios 14:12).
Obviamente, não há
limites para a bagagem que as pessoas podem levar com elas. Não precisam deixar
nada para trás, nem mesmo seus pecados, a justiça própria ou o orgulho, a
cobiça, o preconceito, o ódio e os vícios.
O caminho do mundo, dos incrédulos, daqueles que não são discípulos do
Reino, é fácil de ser percorrido, pois tem amplo espaço para receber todos os
tipos de pessoas, com muitas e diferentes ideias sobre os alvos e valores da
vida. O caminho largo é o caminho da grande massa, por onde trilham todos os
que andam o caminho do eu, a rota do pecado, que é o afastamento de Deus. É a
estrada do fluxo cultural.
O
CAMINHO ESTREITO
Por outro lado, o
caminho de Jesus é estreito e possui igualmente uma porta estreita. Por que o
caminho que conduz a vida eterna é estreito? Porque ele é assinalado por
restrições. É estreito porque se baseia no amor a Deus e a Seus princípios
delineados na Sua Palavra, e porque leva as pessoas a tratarem seu corpo com
respeito. O caminho de Jesus é estreito porque proíbe retaliações, ódio,
concupiscência e espírito condenatório. É estreito porque ordena àqueles que o
percorrem que seja misericordiosos e pacificadores. É a estrada contracultural.
“O caminho ao Reino é
difícil porque exclui todo o egoísmo e obriga a andar com poucas pessoas. Ser
parte da maioria é sempre mais atraente. Viver com a minoria produz uma
sensação de pouca importância e de fracasso. É um sacrifício. Mas o glamour da
maioria é enganoso e o preço cobrado por isso pode ser a destruição. É muito
melhor entrar pela porta estreita” (Mario Veloso, Mateus: Contando a História
de Jesus Rei, CPB: 2006, p. 95).
Jesus disse: “Se
alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e
siga-me” (Mateus 16:24). Paulo disse: “Já estou crucificado com Cristo
e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). Para entrar
no caminho apertado, precisamos deixar nosso lixo para trás: o pecado, a
ambição egoísta, a cobiça. A porta estreita é, pois, a porta da abnegação e da
obediência. Jesus era sincero. Ele ensinou claramente que as pessoas não podem
entrar no reino com os braços cheios da bagagem deste mundo. No entanto, essa é
uma coisa difícil de fazer. Afinal de contas, gostamos de nosso lixo. É
interessante observar que, no trecho paralelo em Lucas 13:24, Jesus ensina a
porta que conduz ao caminho da vida eterna não é de fácil acesso. "Esforcem-se
para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar
e não conseguirão”, afirmou Jesus. O problema não é que a salvação seja
difícil. Jesus está de braços abertos, convidando a todos que venham a Ele. O
problema é que muitos de nós tentamos entrar pela porta carregando a bagagem do
mundo.
A Bíblia não conhece
religião fácil, que diz: Apenas creia e seja salvo. Ao contrário, a religião de
Jesus ordena: “Creia, seja transformado, viva os princípios da Palavra de Deus
e seja salvo”. Contudo, tornar-se como Jesus vai contra nossa inclinação
natural. Envolve uma luta, um combate interno, tanto contra as potestades do
mal como contra nós mesmos.
Render-se é uma
batalha. A escritora cristã Ellen G. White afirma que “a vida cristã é uma
batalha e uma marcha. Mas a vitória a ser ganha não é obtida por força humana.
O campo de luta é o domínio do coração. A batalha que temos a ferir - a maior
de quantas já foram travadas pelo homem - é a entrega do próprio eu à vontade
de Deus, a sujeição do coração à soberania do amor. A velha natureza, nascida
do sangue e da vontade da carne, não pode herdar o reino de Deus. As tendências
hereditárias, os hábitos antigos, devem ser renunciados” (O Maior Discurso de
Cristo, p. 141). Felizmente, não somos deixados sozinhos nessa batalha. Deus
nos oferece o Espírito Santo e o ministério dos anjos. Ele está pronto a nos
dar toda ajuda quando pedimos e buscamos. Ele conhece tanto as nossas fraquezas
como a intensidade da batalha. Ele está mais disposto a perdoar-nos e
ajudar-nos do que imaginamos. O campo de batalha é cada coração humano. Cada
pessoa precisa escolher entrar pela porta estreita.
Como encontrá-la? Jesus
disse: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo” (João 10:9).
Alguns costumam dizer: “Todos os caminhos levam a Deus”. Isso não é verdade!
Foi Jesus quem disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao
Pai senão por mim” (João 14:6). Portanto, “aquele que deseja entrar no reino
dos céus, que quer ter “vida” e “vida em abundância, deve entrar por meio dEle;
não há outro caminho (Jo 10:7-10)” (Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p.
371).
CONCLUSÃO
Jesus contrasta dois
caminhos, duas portas, dois destinos. Ambas as portas estão abertas e
convidando as pessoas. Uma abre sobre uma rua larga e cheia de gente que
caminha para a destruição eterna. A outra porta abre-se para um caminho
estreito e escassamente povoado que conduz à vida eterna. De acordo com as
palavras de Jesus, há apenas dois caminhos: o difícil e o fácil (não existe um
caminho do meio), nos quais se entra por duas portas, a larga e a estreita (não
existe outra porta), que terminam em dois destinos, a destruição e a vida (não
há uma terceira alternativa). Pela graça de Deus, aquele que trilhar o primeiro
caminho, inevitavelmente haverá de passar pela porta que conduz à vida; é
igualmente certo, porém, que aquele que se mantém no segundo caminho eventualmente
haverá de entrar pela porta que conduz à destruição.
Caro amigo leitor, qual
estrada escolhe? Você pode escolher o caminho da vida, em que viaja com Deus,
ou o caminho da morte, em que se acha bom o suficiente para chegar ao destino sozinho.
A decisão sábia é o caminho da vida. Ele é estreito, a porta de entrada é
igualmente estreita, a batalha talvez seja renhida, mas todos quantos
verdadeiramente desejarem entrar, poderão fazê-lo e o farão, quando submeterem
a vontade e o coração a Jesus. Ele quer que você abandone o seu “lixo”. Leve
isso a sério.
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